POV - Astoria



POV - Colocando os Pingos nos Is (Astoria)




Astoria estava sentindo mais falta de sua casa e sua família como nunca sentiu em todos os anos que esteve em Hogwarts. Talvez fosse o fato de ter quase os perdido, pois mesmo que não tenham participado tão ativamente da guerra, era fato que qualquer bruxo poderia ser morto em questão de segundos por qualquer um dos lados envolvidos.


Era agradecida, pois teve a liberdade de escolher no que acreditar, e acreditou em Harry Potter. Era estranho, ainda mais ela sendo uma puro sangue descendente de uma linhagem sonserina, ficar ao lado do vulgo “eleito”, mas ela ficou, porque ela sabia que nada do que se levantava contra todos era bom e tinha a certeza de que viver em um mundo onde alguns se vangloriam, humilham e inferiorizam outros jamais seria realmente bom.


Abriu os olhos ainda cansada. Seu primeiro final de semana em Hogwarts depois de tanta luta, tanta dor e desespero. Se espreguiçou. Passaria o dia lendo. Isso seria o melhor. Terminaria mais um, o que sua mãe lhe enviou dois dias depois que chegou, Coraline. Estava adorando. Sairia. Iria ler sob as árvores no lago e, quem sabe, com sorte, encontrasse seu mais novo amigo em potencial. Sabia que Draco Malfoy não era uma pessoa fácil, e que dificilmente seria seu amigo, mas ela tinha certa ligação com ele, embora não entendesse muito bem qual, e se perguntava, as vezes, se ele tinha essa mesma sensação.







Quando ela chegou no lago, percebeu que o lugar não estava muito bom para leituras. Muita gente, muita bagunça, muito corre-corre. O clima frio de setembro fazia com que as pessoas tentassem se esquentar e a gritaria era ensurdecedora algumas vezes, mas quem era ela para reclamar se a própria já havia feito muito barulho pelos arredores do castelo. Procurou, enfim, uma árvore mais afastada, muito próxima do lago e da Floresta Proibida, afastou um pouco as folhas outonais que caiam douradas das copas das árvores e sentou.


Abriu o livro e começou sua viagem. Era interessante como a maioria dos puro-sangues renegavam as maravilhas do mundo trouxa, fato que não condizia em nada com ela. Ela adorava. Adorava a música, a literatura, os costumes e tudo o que os envolvia. Era tão grata de não ter sido criada em uma família tão tradicionalista e totalmente “trouxa” como muitos foram, como a do Draco foi.


Draco. Novamente esse garoto em sua cabeça. Onde será que ele estava? Não seria possível que ele fosse passar todo o final de semana enfurnado dentro do dormitório masculino e que não saísse um único momento, nem que fosse para tomar um ar.


Suspirou olhando a página do livro, vendo as letras em sequência formando frases que ela não conseguia distinguir. Não conseguia se concentrar e isso a frustrava. Estava pensando demais no tal Malfoy e isso a estava incomodando, mas por que pensava dessa forma nele, era isso o que tentava entender ou compreender.


Gostou muito de conhecê-lo melhor durante a viagem que os levou de volta ao castelo, pensou até em manter certa proximidade dele, mas ele nunca lhe dava abertura, realmente. Sempre estava com aquela cara fechada e sisuda em todas as aulas, em todos os momentos, nas horas da comida, no Salão Comunal… Como poderia se aproximar de uma pessoa que não queria que ninguém se aproximasse?


Focou os olhos rapidamente nas páginas do livro, ele estava vindo e não a viu, embora se dirigisse para um lugar bem próximo a ela. Ele estava com calças retas, usava um moletom esverdeado por cima de uma camisa, sapato social lustroso, mas o cabelo não estava em seu estado normal, não estava minunciosamente penteado com o que parecia ser 10 kg de gel fixador. Estava despojado, talvez tivesse saído do banho há pouco. Draco Malfoy estava normal.


Escondeu o rosto discretamente por trás do livro quando ele se sentou sobre uma roxa abaixo de uma árvore. O observou procurar pequenos gravetos e lançá-los em direção ao lago. Observou também quando ele floreava a varinha trazendo pequenas pedrinhas para perto dele, as lançando novamente em seguida. E ele suspirava enquanto fazia isso. O pensamento parecia estar tão longe dali, tão concentrado em mundo particularmente seu.


Ele parecia tão frágil sendo observado daquela forma. Seus olhos não tinham mais aquele brilho maldoso que ela conheceu há alguns anos. Eles pareciam cansados, entristecidos, sobrecarregados de… culpa, talvez. E ela tinha tanta vontade de conversar com ele, de lhe abraçar, de lhe oferecer ajuda, mesmo que ela não fizesse ideia da ajuda que poderia oferecer, até que sentiu seu coração prender e o ar faltar: ele a viu, e viu que ela o olhava. Tentou disfarçar novamente, mas deve ter sido um total desastre porque ele pareceu rir, muito de leve, mas riu. E que sorriso bonito ele tem, mesmo assim, acanhado, tímido. Ela lembrava de seu sorriso, mesmo que ele não o tenha dado muitas vezes desde que voltaram à escola.


Draco Malfoy sempre foi um mistério para ela. Sua irmã falava dele como o cara mais metido de toda Hogwarts, afinal, ele gostava de ser conhecido assim. Filho do ilustríssimo senhor Lucius Malfoy e da digníssima Narcisa Black Malfoy, qualquer título que viesse para ele era pouco. Dafne sempre falava que ele era do tipo que tinha o que queria a hora que queria e que não sabia aceitar um não como resposta. Ela também contava como ele sempre aprontava contra o Potter e os seus amigos e como essas coisas sempre faziam o professor Snape - que Merlin o guarde - tirar pontos da Grifinória. E ela se irritava. Tinha amigos na grifinória. Nunca gostou desse duelo entre as casas, sempre achou que as casas poderiam ser amigas de verdade, mas isso agora parecia algo tão distante… Ele parecia tão diferente.


Observou que durante a semana ele teve várias oportunidades de irritar a Granger, a Weasley e até mesmo a Brown, mas não o fez, ficou calado, na dele, sorvendo todas as informações e pensando em algo que Astoria adoraria saber o que era. Ele estava distante, distraído, até agora que a viu o olhando novamente e ela não pode evitar aquela reação idiota de se esconder atrás do maldito livro enquanto sentia suas bochechas queimarem.  


Pensou em se aproximar depois de ser flagrada novamente. Ele estava sozinho, ela não conseguia se concentrar e não via nada demais em ter uma conversa saudável e próspera com seu colega de Casa. Respirou e olhou discretamente os arredores de onde estava. Estava frustrada por se sentir tão estúpida diante de algo tão normal. Estavam praticamente sós e ela decidiu. Marcou o livro com o dedo indicador e levantou, limpando a calça com as mãos, retirando aquelas folhas e tentando parecer um pouco mais apresentável. Mas por que iria querer me mostrar mais apresentável? Nunca me importei com isso, afinal. Balançou a cabeça afastando aquele pensamento sem sentido e caminhou em sua direção. Quase não conseguiu conter uma risada ao ver como ele se assustou ao perceber que ela se aproximava dele. E ela não conseguia conter aquela sensação estranha, como se aquilo fosse a coisa mais importante que ela poderia fazer. Respirou fundo, mas estancou. Disfarçou. Voltou ao seu lugar sob a árvore ao ver sua colega Pansy Parkinson lhe tapar os olhos com as mãos, com a car de namorada apaixonada mais estúpida que ela já viu.


E ela o beijou, o que deixou Astoria ainda mais enojada. Por mais que tentasse, não conseguia se concentrar no livro, no barulho dos outros alunos, o vento frio de setembro, muito menos nas águas do lago. A sua atenção estava toda voltada para os dois. Pansy de costas para ela, claramente empolgada enquanto ele a olhava, levando uma conversa tranquila e despojada. E Astoria desejou no fundo de seu ser ter uma escuta. Algo que lhe permitisse ouvir o que eles falavam, porque ali, naquela distância e escondida por trás de seu livro, não conseguia ouvir ou ler os lábios dele. E ela se irritou.


Como pode se enganar assim, pensando que ele poderia ter mudado, estar melhor? Claro que não. Continuava com as suas amizades de sempre, com sua namoradinha fútil de sempre, com suas ideias maldosas de sempre. Claro, era Draco Malfoy. No mínimo ela foi algum tipo de aposta que ele fez com seus amigos igualmente doentes como ele, já que essa prática era tão comum nos anos passados. Enganar as pessoas e depois as humilhar em público. Mas ela não seria mais uma idiota a cair na conversa do Malfoy.


Suspirou profundamente e se levantou logo após Pansy sair. Caminhou na direção dele e não conseguiu desviar o seu olhar do dele. Não sabia porque, mas se sentia enganada por ele. Estava triste por ter sido estúpida em acreditar que ele poderia ter mudado. Viu que ele a olhou com ansiedade, mas jamais voltaria a cogitar a ideia de ser sua amiga. Não mais. Não seria enganada e tratada como idiota. Passou direto para o Castelo sem nem olhar para trás, mesmo que sentisse seus olhos sobre ela.


Precisava se concentrar. Precisava deixar pra lá. Precisava virar essa página e continuar.

~~~~~~~~

Oi Galera, obrigada por chegarem até aqui. Como prometido, capítulo bônus de Natal - atrasado - pra vocês. Espero que gostem. Eu só quis mostrar como a Astoria tem reagido ao Draco e a tudo o que tem acontecido. Não ficou nada muito profundo, até porque seria inadequado, mas eu acho que ficou legal. Espero que gostem também.
Final de semana entra mais um. 


*Dos comentários:


 


Tati Hufflepuff: Ah sim, já percebi sua delicadeza quanto a personagens que não gosta.
A Pansy nem é de todo má, ela apenas é... não sei kkkk mas acredito que ela ainda vai perturbar um pouquinho a vida do Draquinho antes de dar o fora de vez, só não sabemos como e espero que ele seja esperto o suficiente pra perceber.


 


Luiza Snape: Mas é lógico, claro e evidente que eu adoro seus comentários. Adoro leitores que interagem, é muito bom mesmo, e eu não sei se o Draco vai demorar a conquistar o coração da Tory, ela já parece tão envolvida. Talvez ele tenha que batalhar um pouco mais pra convencê-la que merece confiança, talvez isso... Mas vamos ver o que os próximos capítulos nos reservam.


 


Beijocas e até lá.

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Comentários (3)

  • Dani_Ela

    Desculpe não ter comentado no cqpítulo anterior, Andye! Mas mesmo assim, adorei o POV da Astoria, achei bem esclarecedor quanto os pensamentos e sentimentos, por mais que ela ainda não saiba, que nutre pelo Draco. Estou na espera do próximo capítulo! Beijos,Dani. 

    2013-12-27
  • Tati Hufflepuff

    Esse caítulo foi tão lindinho!!Foi muito bom ver o ponto de vista da Tory com relação as coisas que aconteceram tanto na guerra quanto entre ela e Draco. Visivelmente ela está interessada nele e ele nela... Só que os dois não estão sabendo lidar com isso e ficam se enganando...Quero ver como vai ser agora, porque ela não curtiu nadinha o beijo da Pansy (insira aqui a palavra vaca) e por mais que seja difícil, ela está decidida a não dar uma chance pro Draquinho...Esperando pelo próximo! Adorei conhecer mais sobre a Tory!;*** 

    2013-12-26
  • Luiza Snape

    Porque a vaca da Pansy não morreu e se eu fosse a Tory teria usado uma orelha extensível. Hahhahahaa , que bom que vc gosta dos meus comentários! :D  Quero ver um Draco feliz! Não vejo a hora do próximo cap. Boas festas :*

    2013-12-26
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