Testemunho de Hermione



 


- Este é o depoimento de Hermione Granger. 6 de maio de 1997, sede provisória da Ordem da Fênix em Richmond.


Hestia Jones voltou a se sentar. Harry e Hermione se encararam. Após o depoimento de Draco Malfoy, ele e a mãe foram levados por alguns membros da Ordem para outro cômodo daquela mansão, ficando semente Hestia, o Sr. Weasley, Harry e Hermione, para ouvirem o testemunho da mesma.


- Srta. Granger – começou Hestia – o Sr. Draco Malfoy anunciou em seu depoimento a existência de uma aliança entre vocês dois antes e durante a guerra, em base de troca de informações sobre os planos de Lord Voldemort. Você confirma a existência dessa aliança?


- Sim, eu confirmo – disse Hermione ainda encarando Harry.


- É de popular conhecimento a aversão que os Malfoy sentem pelos nascidos trouxas. E Draco Malfoy sempre a importunou muito em todos esses anos em Hogwarts, não é mesmo? Como então puderam fazer uma aliança? Imagino que também sentisse certa repulsa por ele.


- Sim, eu sentia. Mas isso não tinha nada a ver com o nosso acordo, nenhum assunto pessoal foi incluso. Quando falávamos sobre o acordo, deixamos nossas diferenças e desavenças de lado, porque nada era mais importante.


- Por que fizeram esse acordo? Por que ele era tão importante?


- Porque ele era algo que poderia fazer toda a diferença para com os caminhos que a guerra estava tomando. E realmente ele fez diferença, muita diferença.


 - O Sr. Malfoy disse que lhe passava informações sobre Voldemort. Que informações seriam essas?


- Ele me dizia o que Voldemort planejava sobre Harry. Depois ele começou a me contar mais algumas coisas, mas o foco sempre foi Harry. Ele me passava essas informações para que eu pudesse ajudar Harry a se desviar delas ou fazer algo melhor a respeito.


- E como tudo isso começou? Quando vocês fizeram o acordo?


- Foi na metade do nosso sexto ano em Hogwarts, – Hermione voltou a olhar Harry que tinha uma expressão confusa e surpresa no rosto, também havia mais alguma coisa indecifrável que estava lhe assustando – umas duas ou três semanas antes das férias de natal. Eu e o Ronald havíamos nos tornado monitores e houve uma reunião naquela noite. O Malfoy também estava lá... Já era tarde, a reunião havia acabado e o Rony voltou para a Grifinória com Lilá Brown, na época eles estavam namorando, e como eu e ele havíamos brigado, preferi esperar um pouco antes de ir. Fui a última a deixar a sala. Malfoy me esperava do lado de fora. Achei que ele ia me provocar ou me xingar, como regularmente fazia. Mas daquela vez foi diferente...


 


[FLASHBACK]


Ela saiu e fechou a porta atrás de si.


Nunca havia tido uma reunião tão tediosa quanto aquela que acabava de ter e ainda haviam lhe dado lugares e horários horríveis para fazer as rondas noturnas. A única coisa que queria agora era voltar para o dormitório, tomar um banho quente, capotar na cama e esquecer que Ronald Weasley existia.


Ia virar o corredor para pegar um atalho, quando teve que parar porque um vulto saiu da escuridão e barrou seu caminho.


Era Draco Malfoy. Diferente daquele ar arrogante que ele sempre mantinha, naquele momento seu semblante estava sério.


- O que quer Malfoy? Não tenho tempo para sua impetulância agora – disse Hermione desviando dele para continuar andando.


- Espere Granger – ele se colocou novamente na frente da garota – Eu preciso conversar com você.


- Conversar? Desde quando você conversa com sangues-ruins?


- Desde quando tenho uma proposta a fazer a um deles. Sim Granger, isto é sério, eu só quero que você me escute. E não, não vou te agredir, seja verbal ou fisicamente.


- E como posso confiar em você? Depois de todos esses anos. Quer que eu vá para um lugar onde possamos conversar sem que ninguém ouça já que o que me tem a dizer é tão sério assim, imagino.


- Realmente teremos que ir para outro lugar. Quanto a confiança, acho que terá que tê-la se quiser saber o que eu estou disposto a lhe contar.


Hermione olhou desconfiada para ele. Ele devia estar aprontando alguma, afinal desde quando Draco Malfoy ficava mais de meia hora sem ofendê-la? Mas alguma coisa em seu semblante e em seu olhar parecia lhe dizer que o garoto falava a verdade.


Com um aceno de cabeça dela, Draco começou a andar rumo às escadas, ela o seguiu. Cinco minutos depois estavam em frente à sala precisa.


- Vá em frente – ele disse.


Ela passou em frente a tapeçaria três vezes e pediu bem forte em seus pensamentos: “um lugar seguro para conversarmos e onde não se possa usar magia”.


Ela sabia que mesmo sem poderem usar as varinhas, numa luta corpo-a-corpo, ele teria chances muito maiores de ganhar dela, mas ela temia os feitiços que ele poderia conhecer.


Quando olhou para a tapeçaria de novo, havia uma porta de ferro no lugar, na qual Malfoy segurava aberta, esperando ela passar.


A sala precisa era agora uma grande sala redonda muito clara, com paredes brancas e um carpete bege no chão, no centro havia dois sofás magentas. Cada um se sentou em um, ficando de frente um para o outro.


Hermione estava ficando ansiosa, Malfoy continuava sério e parecia que tinha ficado mudo também.


- Vamos Malfoy, pare de enrolar, não tenho a noite toda.


- Como sempre apressadinha, não Granger? Agora apenas me escute, não me interrompa e fique até eu terminar. O que eu vou lhe falar vai parecer ridículo, absurdo e até mesmo uma cilada. Mas não é nada disso... Apenas não me interrompa – ela acenou e ele tomou fôlego – Eu sei que você e o santo Potter sabem que meu pai é um comensal da morte, mas acho que não sabem que minha mãe não é e nem eu sou ou pretendo ser, como Potter tanto tem insinuado. Por favor, já pedi para não me interromper – ele exclamou quando a garota fez questão de abrir a boca para dizer alguma coisa – Eu sei o que vocês pensam sobre mim e sei que pensam que estou tramando alguma coisa, e sim, realmente estou, mas isso não vem ao caso.


“O que você precisa saber é que eu sou totalmente contra ao que o Lorde das Trevas vem planejando. Eu não quero ver seus planos em ação, não quero fazer parte deles. Só sei deles porque o Lorde conta quase tudo ao meu pai ou a minha tia Bellatrix, e é ai que você entra. Mas antes, há outra coisa que você deve saber. Sei que muitos do seu lado, e isso inclui principalmente você, Potter e o Weasley, desconfiam do Snape, de sua lealdade a Dumbledore. Pois bem, saiba que Snape é um agente duplo nessa guerra, mas não age por Voldemort e sim por Dumbledore. Pois bem, saiba que Snape é sem dúvidas o homem mais leal e de confiança que Dumbledore poderia ter ao seu lado.”


Ele fez uma pausa, sua boca já estava seca, e essa foi a deixa para Hermione começar a perguntar as milhões de dúvidas que surgiram em sua mente. A primeira foi:


- Se for verdade, onde eu entro nisso tudo?


- Eu te disse que não quero ver o Lorde das Trevas realizando seus planos, não quero fazer parte deles e não quero ficar do lado dele nessa guerra.


- Está dizendo que quer se tornar partidário de Dumbledore, Malfoy? – Ok, aquilo estava ficando, de fato, ridículo.


- Não Granger. Estou dizendo que quero me tornar partidário do Potter.


Hermione ficou paralisada, não sabia o que dizer ou o que fazer. Ele não estava falando sério, não podia... Malfoy, se juntando ao lado dos mocinhos? Absurdo!


- Olha Granger, sei que deve achar que estou mentindo, mas deixe-me terminar – ela acenou, ainda sem saber o que dizer – Já faz um tempo que penso em fazer isto. Mas eu não poderia simplesmente bater na porta da Ordem da Fênix e dizer “Oi, vim me juntar a vocês”. Então fiz o mais lógico, fui falar com Dumbledore. Ele negou. Sei o que deve estar pensando: Dumbledore nunca negaria ajuda a alguém, principalmente a um de seus alunos. Mas foi exatamente o que ele fez. Então não me restou outra escolha se não falar com Snape. Snape no começo do ano fez um voto perpétuo com minha mãe, prometendo me ajudar numa missão que o Lorde passou a mim no começo do ano. Então o chantageei.


“Já havia começado a minha missão e disse a Snape que não terminaria nem a primeira etapa dela se ele não me ajudasse. Ele falou então com Dumbledore, este disse que ia pensar e me disse para ir falar novamente com ele amanhã. Depois disso tive que abrir o jogo com Snape, contei a ele todas as minhas intenções para com esta guerra. Então criamos um plano.


Eu sempre pareci orgulhoso demais para dizer que tinha aceitado a ajuda dele, então começamos a fazer algumas ‘cenas’ por ai. Enquanto todos achavam que estávamos brigados, estávamos pensando como eu ajudaria a Ordem, já que Dumbledore não me daria o apoio que tanto protege o Snape, para eu poder ser um agente duplo também. Então descobrimos a melhor forma de colaborar com o seu lado sem me expor tanto: passando informações. É claro que Snape já faz isso com Dumbledore, mas Snape fica sabendo parte do que o Lorde realmente planeja, e a parte que ele não sabe é justamente a que é sobre o Potter. O que acontece é que é essa a parte que eu mais sei. E é ai que você entra.


Hermione ainda digeria tudo aquilo. Ele realmente falava sério? Dumbledore negando ajudá-lo? Snape, um homem por inteiro de Dumbledore? Informações, que informações seriam essas que alguém...


Foi ao que ela entendeu.


- Você quer que eu seja a intermediaria entre você e Dumbledore?


- Não, eu quero que você seja a receptora direta das minhas informações, sem intermediário.


- Mas como isso daria certo? Dumbledore desconfiaria logo de cara das minhas fontes.


- Você precisa fazer mais jus a sua fama, Granger. As informações não são para Dumbledore tomar providencias que ajudem o Potter, elas são para você fazer isso. Afinal, quem melhor do que a melhor amiguinha dele, que ele confia tanto, para lhe fazer tomar as escolhas certas, em?


- Mas por que eu? – ela estava ficando cada vez mais confusa – Dumbledore poderia fazer mui...


- Dumbledore está velho! – ele gritou impaciente, interrompendo-a – Ele não sabe o que faz, está cada vez mais indeciso! Como não percebe isto? Somente este ano ele está preocupado se Potter realmente conseguirá matar Voldemort e isso só por causa da minha missão! Não vê, Granger? Potter não conta as coisas tão regularmente para Dumbledore como antes, não é?


- Como sabe disso?


- As únicas pessoas – ele continuou, como se ela não tivesse perguntado nada – para quem o Potter ainda conta tudo, tudo o que acontece são...


- Eu e o Rony – ela que interrompeu agora, começando a realmente entender aonde ele queria chegar. Malfoy parecia nervoso e muito ansioso agora.


- E como eu não confio na competência do Cenoura Ambulante... O que importa é que Potter conta tudo a você e confia plenamente em você e nos seus conselhos. Se você tivesse as informações que eu tenho, se você soubesse o que Voldemort planeja para o Potter, você poderia instruí-lo a ir pelo caminho contrário, evitar que tais planos se concretizem, entende? É brilhante.


- Porque nunca desconfiariam da gente.


- Exato. Nós apenas teríamos que manter as aparências, agir como sempre, o que não será difícil já que não viraríamos amigos nem nada parecido por causa disso tudo.


- Claro que não. Apenas teríamos... um certo tipo de respeito entre nós para fazer isso funcionar.


- Certo. Nós vamos agir normalmente, só nos falaríamos quando eu tivesse algo importante a lhe dizer.


- Como seria isso? Desconfiariam se nos vissem sumindo e conversando do nada.


- Aposto que você não ficou contente com sua programação de monitoria. Parte delas é nas masmorras, já de madrugada, não é? Parte das minhas são perto da torre da Grifinória no mesmo horário. 


- Como conseguiu isso?


- Snape. E um dos monitores-chefes é da Sonserina.


- Então Snape sabe e saberia de tudo?


- Sim, mas nunca fale com ele sobre isso. Ele é um ótimo oclumente, mas é melhor ele não saber demais. Então o que me diz Granger?


- Realmente, seria magnífico se tudo isso fosse verdade. Eu não acredito em você, Malfoy.


- É claro que não... Quer uma prova de que o que estou falando é verdade? Então esteja amanhã, às 22 horas no gabinete de Dumbledore. Vá protegida com a capa da invisibilidade do Potter, terá que ser muito discreta para ele não te perceber lá.


- Por que eu faria isso? Por que confiar em você e nas suas supostas informações?


- Por Mérlin, Granger! Receba as informações, depois faça o que quiser com elas, está bom?!


Ela acenou com a cabeça, se levantou e estava quase na porta quando ele a chamou.


- Ah Granger. Amanhã, depois da reunião com Dumbledore, terei uma ronda perto da Grifinória. Quero que me encontre perto da biblioteca, à meia-noite, não se atrase.


Ela assentiu novamente e foi até a porta, porém antes de abri-la, ela voltou-se de novo para o loiro.


- Posso fazer um pergunta, Malfoy? – ele concordou – Porque me corrigiu quando supus você tomar partido de Dumbledore, e você disse que não seria partidário dele e sim do Harry?


- Porque todos vêm seu lado como o lado nobre de Dumbledore e de Potter. A verdade é que Dumbledore não vai durar muito.


- O que quer dizer?


- Que Dumbledore estará morto até este ano letivo acabar.


[FIM DO FLASHBACK]


 


- Está dizendo que você sabia que Dumbledore seria assassinado e que não fez nada para impedir? – interrompeu Hestia Jones gritando indignada.


Todos ali olhavam para ela com desdém. Procurou o olhar de Harry e teve medo do olhar dele.


- Você teria acreditado? – perguntou ainda olhando para Harry, mas referindo-se também a Hestia.


- Como? – Hestia perguntou.


- Você, se fosse você! Se um adolescente estivesse lhe dizendo que Dumbledore morreria em pouco tempo, você teria acreditado? – ela encarou a mulher, que por sua vez abaixou o olhar culpada – Eu não acreditei. Sabia que Draco Malfoy era fraco demais para matar alguém e pensava, na época, que era impossível comensais entrarem em Hogwarts.


- Pois veja: Snape era partidário de Dumbledore e o matou, e realmente os comensais conseguiram entrar em Hogwarts algum tempo depois, pelo armário sumidouro que Malfoy passou o ano consertando.


- Eu só soube no dia do funeral de Dumbledore que era a isso que Malfoy se referia quando me disse que realmente tramava algo... Eu sempre fui boa em juntar as coisas, descobrir o que realmente acontece por trás das ações das pessoas... Sempre que perguntava ao Malfoy sobre isso, ou ele me enrolava, ou mudava de assunto dizendo que eu tinha que me preocupar com o Harry e não com Dumbledore. Tem idéia da culpa que senti por não ter apenas acreditado nessa parte de tudo aquilo que ele me falou?


- Então quer dizer que ele dizia a verdade o tempo todo? Sobre passar informações sobre o que Voldemort planejava a respeito de Harry?


- Sim, e a minha primeira prova foi no dia seguinte.


- Na reunião de Dumbledore?


- Sim, eu fui. E realmente Dumbledore se negou a ajudar Malfoy... Na verdade ele não ajudaria Draco até que este provasse que realmente queria nos ajudar. Mas ninguém poderia saber sobre o nosso acordo e ele não podia revelar sobre sua missão, senão Voldemort mataria seus pais. Ele me contou depois da reunião.


 


[FLASHBACK]


Ela se cobriu novamente com a capa da invisibilidade que havia pego mais cedo escondida de Harry.


Fazia quase duas horas que esteve no escritório de Dumbledore e ainda estava indecisa sobre o que pensar a respeito do que ouvira lá.


Malfoy dizia a verdade, Dumbledore realmente se recusara ajudá-lo. Nunca tinha visto o diretor ser tão... repulsivo. Ele havia sido frio e calculista, mas deu uma alternativa a Malfoy, porém este não a aceitou. Por que ele não tinha aceitado? Seria muito mais fácil ter a ajuda de Dumbledore...


Ele estava perto da porta da biblioteca a esperando. Assim que a viu, ele abriu a porta e entrou fazendo e menor barulho possível. Ela o seguiu. Ele a guiou até um canto escuro e afastado, perto da sessão restrita, e só olhou para ela depois que lançou um Abaffiato em volta deles.


- Então Granger, teve sua prova?


- Por que não contou a Dumbledore sobre sua missão? Ele teria aceitado isso como prova para te ajudar?


- Eu não posso contar a ninguém sobre minha missão. Seria muito arriscado se o Lord das Trevas descobrisse.


- Mas seria mais seguro do que me passar informações. Com Dumbledore do seu...


- Você não entende, Granger! – ele a interrompeu – Eu não posso nem passar pelo o mínimo risco do Lorde descobrir que eu se quer pensei em contar sobre a missão.


- Posso perguntar por quê?


- Porque quando ele nos dá ordens, também nos dá chantagens para garantir que as cumpriremos. Se ele descobrir que falei da minha missão com alguém, ele mata não só a mim, mas como os meus pais também.


A garota baixou a cabeça, estava meio envergonhada pela insistência.


- Então, o que aconteceu no gabinete de Dumbledore foi prova o suficiente para você de que eu realmente quero ajudar?


- Sim, foi. Temos um acordo Malfoy?


- Não, Granger, nós temos uma aliança. Por qualquer risco que eu passar, você também será exposta ao perigo.


- Eu sei disso.


- Ótimo. Tem uma coisa que você precisa saber. Sabe o que é uma Horcrux?


- Não.


- Horcrux é um objeto em que uma pessoa pode ocultar um pedaço da própria alma, assim, se essa pessoa tiver seu corpo aniquilado, ela não morrerá já que ainda existe uma parte de sua alma viva.


- Está brincando? É realmente possível algo dessa magnitude existir?


- É tão real que o Lord tem sete delas.


- O que? Está dizendo que Voldemort é sete vezes imortal? Como? Como você sabe disso?


- Não importa como eu sei, mas posso até dizer que você conhece pelo menos uma delas. Lembra quando a Câmera Secreta foi aberta? Como foi que Voldemort conseguiu controlar a mente da Weasley?


- Através do diário.


- E o diário só tinha esse poder por...


-... por possuir uma parte da alma dele?


- Exato. E Potter a destruiu quando perfurou o diário com o dente do basilisco. Somente cinco coisas fazem uma Horcrux deixar de existir, quatro as destroem e a última faz com que essa parte da alma se junte novamente a outra. As que destroem são: veneno de basilisco, lágrimas de Fênix, Fogomadito e a Espada de Gryffindor. A que faz as partes da alma se juntar é nada mais e nada menos do que remorso, mas tenho certeza que Voldemort nunca se arrependeria por fazer tais coisas que o impedissem de morrer, até porque juntar as partes de alma seria no mínino agonizante.


- Quais são as outras Horcrux?


- Snape está trabalhando nisso, junto de Dumbledore. Aposto que ele ainda vai demorar um pouquinho para contar ao Potter sobre elas.


- Então eu não devo contar ao Harry sobre elas?


- Você não teria como explicar para ele de onde tirou isso. Você não acha esse tipo de informação aqui na biblioteca.. É isso que Dumbledore e o Potter têm feito em todas essas reuniões secretas, tentam achar pistas sobre as Horcrux. Em breve Potter saberá e você terá que ajudá-lo a achar-las e destruí-las.


- Mas Dumbledore já não está as destruindo?


- Ele não achou e nem sabe quais são todas ainda.


- Então o que você quer que eu faça?


- Mais do que nunca você não deve se distanciar do Potter. Ouça tudo o que ele diz, absorva cada mínimo detalhe do que ele falar sobre suas reuniões com Dumbledore. Cada minúscula coisa pode ser importante no futuro.


[FIM DO FLASHBACK]


 


- Você sempre soube das Horcrux? – Harry perguntou.


- Só fiquei sabendo alguns meses antes de você me contar. E eu nem fiquei sabendo tanto assim, Dumbledore lhe contou e lhe explicou muito mais coisas do que eu poderia lhe dizer na época.


- Certo, Srta. Granger. O que aconteceu depois? – Hestia impediu que Harry debatesse aquele assunto.


- Algumas semanas depois, durante a festa de natal do prof. Slughorn, Malfoy e Snape fizeram uma ceninha fingindo que estavam brigando para o Harry ver. Ele só falou comigo sobre isso depois das férias porque no dia seguinte eu fui pra casa e ele pra Toca passar o natal com os Weasley. Só voltei a falar com o Malfoy também no dia que voltei para Hogwarts.


 


[FLASHBACK]


- Snape me disse que Dumbledore conseguiu destruir mais uma Horcrux.


Draco e Hermione estavam escondidos atrás de uma das estufas do jardim. Haviam acabado de voltar das festas de final de ano via Pó de Flu para Hogwarts. Ambos ainda estavam com trajes de viagem.


- O que era?


- Uma pedra negra de um anel, que parece ter pertencido Servolo Gaunt, que parece ter sido um ancestral do Lord.


- Como ele foi destruído?


- Snape não me disse, mas acho que foi com a espada.


- Certo, são três a menos, já que a que ele usou para dividir o corpo com o Quirrell podemos eliminar pelo o que aconteceu aquela noite quando o Harry sobreviveu, né?


- Isso.


- Ok, eu tenho que ir, os meninos já devem estar chegando.


- Eu te procuro quando souber de mais alguma coisa.


Hermione voltou para dentro do castelo e subiu as escadas rumo a sala comunal. Quando entrou no corredor da Grifinória, ela viu Rony, Gina e Harry.


 


- Bolas festivas – disse Rony, confiante, quando chegaram ao quadro da Mulher Gorda, que estava bem mais pálida do que o normal e fez uma careta à voz alta do garoto.


- Não – respondeu ela.


- Como assim “não”?


- Há uma nova senha. E, por favor, não grite.


- Mas estivemos fora, como é que...?


- Harry! Gina!


Hermione corria em sua direção, de rosto muito corado, trajando capa, chapéu e luvas.


- Cheguei há umas duas horas, dei um pulinho lá embaixo para visitar Hagrid e Bicuço, quero dizer, Asafugaz - disse sem fôlego – tiveram um bom natal?”


(Harry Potter e o Enigma do Príncipe – p. 275 / J. K. Rowling)


 


[FIM DO FLASHBACK]


 


- Depois disso, tudo que o Malfoy me falava eu ficava sabendo pouco tempo depois por Harry.


- E ele nunca falava da missão com você?


- Só houve um dia em que nós estávamos conversando e ele meio que deixou escapar que ele não podia mais enrolar e que em breve sua missão iria se realizar. Ele parecia aterrorizado com as novas ameaças que Voldemort tinha feito a mãe dele. Mais tarde Harry o pegou chorando no banheiro e eles brigaram.


- O dia do Sectumsempra – Harry lembrou.


- Sim, esse mesmo – a garota confirmou – Malfoy começou a achar que tudo estava mais arriscado do que nunca. Ficou meio paranóico, sabe? Ele quase quis desistir do nosso acordo, mas então Snape o convenceu com outra idéia. Os dois então começaram a me ensinar Oclumência.


- Que nível de oclumente você é, Srta. Granger? – perguntou Hestia.


- Nível eu não sei, mas agora eu sou boa, muito boa. Foi muito útil ter aprendido, começamos a ter mais confiança no que fazíamos... Mas pouco tempo depois aconteceu a invasão dos comensais na escola e a morte de Dumbledore. Naquele dia ele e Harry haviam saído para ir atrás de uma Horcrux e Harry nos deu um pouco da poção Felix Felicis porque achava que alguma coisa ia acontecer enquanto eles estivessem fora. Tive a confirmação quando Malfoy me mandou um aviso pedindo para que eu não saísse da torre da Grifinória logo em seguida.


- Ele se preocupou com você? Em te avisar?


- Os comensais que vieram à Hogwarts aquele dia não eram muito fãs de nascidos trouxas. Se algum deles tentasse ler a minha mente e descobrisse tudo que o Malfoy já havia me revelado. Na época eu ainda não era tão boa oclumente para passar por algum tipo de tortura.


- O que houve depois daquela noite? Draco Malfoy fugiu com os comensais. Como voltaram a se falar?


- Depois do funeral de Dumbledore, Harry disse para mim e para o Rony que ele iria atrás das Horcrux, não voltaria a Hogwarts para cursar o sétimo ano, e nós falamos que iríamos com ele. Sabia que além de qualquer acordo ou interesse, eu devia ir com o Harry – ele e Hermione trocaram olhares – Voltei para a torre da Grifinória para arrumar as minhas coisas, não havia ninguém, mas tinha um pacote de livros que falavam sobre Artes das Trevas e que continham todas as informações que a gente precisaria saber sobre as Horcrux. Snape tinha pegado eles de Dumbledore e os deixado ali para mim...


“... Então nós fomos embora de Hogwarts e logo eu iria para a Toca para o casamento de Gui e Fleur, depois eu, Harry e Rony já partiríamos atrás das Horcrux. Mas antes de ir para lá eu recebi uma mensagem do Malfoy. Ele dizia que depois de fugir de Hogwarts tudo havia saído bem e que sentia pela morte de Dumbledore. Disse que Voldemort estava criando um plano louco de sair matando todos os bruxos nascidos trouxas logo após que assumisse o Ministério, e que ele iria começar naquela noite matando a professora de estudo dos trouxas, Caridade Burbage. Ele também mandou uma lista com alguns objetos que podiam significar alguma coisa para Voldemort a ponto de serem Horcrux, mas não foi tão útil quanto eu esperava.


Ela pausou e Hestia conjurou um copo de água, que ela bebeu num gole só.


- Depois disso ficamos muito tempo sem nos comunicarmos, mais de seis meses. Eu, Harry e Rony começamos a acampar por diversos lugares, permanecíamos pouco tempo no mesmo lugar e sempre estávamos bem protegidos por muitos feitiços. Por um tempo Rony esteve longe, mas depois ele voltou e trouxe a espada de Gryffindor. Os meninos contaram como haviam conseguido resgatá-la e que foi uma corça prateada que os guiou até ela. Eu sabia que o patrono de Snape era uma corça e resolvi verificar.


 


[FLASHBACK]


 


“Hermione guardou a Horcrux destruída na bolsinha de contas, voltou para a cama e se acomodou sem dizer mais nada.


Rony passou a nova varinha a Harry.


- Foi o melhor que se poderia esperar, imagino – murmurou Harry.


- É. Poderia ter sido pior. Lembra aqueles passarinhos que ela lançou contra mim?


- Ainda não eliminei essa possibilidade – respondeu a voz abafada de Hermione debaixo das cobertas, mas Harry viu Rony sorrindo quando tirou os pijamas marrons da mochila”.


(Harry Potter e as Relíquias da Morte – p. 302 / J. K. Rowling)


 


Não demorou muito para os garotos estarem dormindo num sono pesado depois do que aconteceu no bosque.


Hermione abriu os olhos. Saiu cuidadosamente da cama, temendo fazer algum barulho. Vestiu dois suéteres mais um casaco grosso, pegou sua varinha, que Harry havia deixado em cima da mesa da cozinha, e saiu noite a fora.


Já devia ser de madrugada, o frio estava muito mais cortante, sentiu como se fosse congelar a qualquer instante. Apertou mais casaco contra si e começou a caminhar na direção onde Harry e Rony haviam dito que ficava o poço.


Rony...


Não sabia o que pensar sobre sua volta. Sentia-se tão segura agora que ele estava ali, como se uma voz lhe dissesse “vai ficar tudo bem, as coisas vão melhorar”. Ela suspirou.


Babaca! Isso sim era o que ele era. Achava que depois de abandoná-los e os deixarem passar por todos aqueles riscos sozinhos, podia simplesmente voltar dizendo que estava profundamente arrependido com aquele sorriso bobo estampado no rosto junto com aquele olhar suplicante e brilhantemente azul. ‘Chega Hermione! Pelas barbas de Merlin! Não é hora pra ficar pensando nisso...’


Havia chegado ao poço. Ele era pequeno e sua superfície negra estava rachada, exatamente como Harry descreveu. Olhou dentro dele, iluminando com a luz da varinha, e não encontrou nada. Então rodeou o poço tentando ver alguma falha entre as pedras, nada também. Começou a andar em volta dele, por entre as árvores e seguiu pela direção oposta a da barraca. Depois de uns 50 metros achou o lugar.


Era uma árvore como qualquer outra, mas havia muita pouca neve em sua volta comparada com as demais, era quase possível ver o solo de terra da floresta no início do tronco.


Não foi fácil achar a lasca na árvore, a lasca certa que continha um pedaço de pergaminho preso.


 


“H espero que vocês estejam se saindo bem e que estejam já no final da busca e destruição de todas as p.a. Ele parece estar sempre ocupado procurando algo que não informou a ninguém e que ninguém sabe o que é, mas mesmo assim está protegendo e verificando as p.a. cada vez mais. Por aqui as coisas estão bem, apesar de Aleto e Amico estarem tentando fundar um centro de ensino para jovens comensais, S ainda mantém tudo em ordem. Ele desconfia que minha tia possa ter uma p.a, mas não tem certeza. Vou passar minhas férias da páscoa em casa, então poderei investigar melhor. Mas por Merlin, concentre seus amiguinhos a encontrar essas benditas coisas, não podem perder mais tempo. E cuidado com o tabu, vocês podem realmente se dar mal dizendo o nome dele. E só mais uma coisa: se tiver um rádio por ai, tente ouvir o Observatório Potter, a próxima senha será Alvo.


D.”


 


Hermione jogou o pergaminho no chão e ficou observando a letra fina de Draco Malfoy queimar no papel quando ela lhe lançou um feitiço. Quando só restaram cinzas, ela as espalhou com o pé para se misturarem a neve, deu meia volta e voltou para o acampamento. Os meninos ainda dormiam feito pedras. Ela tirou o casaco e os suéteres, reforçou o aquecimento dentro da barraca e se enfiou embaixo das cobertas na cama.


Eles não podiam perder mais tempo mesmo. Agora mais do que nunca tinha que convencer Harry a ir atrás das Horcrux e esquecer de vez aquelas benditas Relíquias.


[FIM DO FLASHBACK]


 


- P.a. era como nós nos referíamos as Horcrux, significa partes da alma... Somente em março nós ouvimos o Observatório Potter e que Harry desistiu de ir atrás das Relíquias. Mas logo depois, na páscoa, fomos capturados por Lobo Greyback por causa do tabu e fomos levados para a mansão Malfoy. Bellatrix decidiu que eu seria a primeira a ser torturada e prenderam os outros no porão... Se não fosse pela Oclumência e pelo feitiço que o Draco lançou, acho que eu teria virado um lanchinho para o Greyback de vez.


- Desculpe, mas disse de Draco Malfoy lançou um feitiço em você quando foi torturada?


- Sim, um feitiço de compartimento. Quando o bruxo lança esse feitiço numa pessoa, elas passam a compartilhar as mesmas sensações e sentimentos. Se a pessoa está feliz, o bruxo também fica feliz. Se a pessoa está mal humorada, o bruxo também fica com mal humor. Se a pessoa está sofrendo...


- Então o Malfoy dividiu a dor da tortura com você? – perguntou Hestia, tão espantada quanto Harry e o Sr. Weasley.


- Sim, ele o fez – ela esboçou um mínimo sorriso no canto dos lábios – Eu só tive que exagerar nos gritos e nas lágrimas, enquanto ele teve que se segurar e fingir que estava em perfeito estado.


- Conseguiram se falar através de Legimência?


- Quando parei de ser torturada, fingi que havia desmaiado e ele só me alertou que o tempo estava acabando. Pedi pra ele arranjar alguma forma de nos dar algumas varinhas. Ele concordou e disse que Voldemort planejava ir para Hogwarts em breve, suspeitava que houvesse alguma Horcrux lá. Realmente, só fomos nos ver novamente em Hogwarts, quando estávamos atrás de uma Horcrux na sala precisa. Crabbe quase nos matou e o Malfoy ficou furioso, ele realmente queria que nós... que Harry derrotasse Voldemort... Então houve toda aquela confusão e finalmente a batalha. Se vocês olharem as memórias de alguns bruxos, perceberão que os Malfoy não lutaram na batalha final, apenas se preocuparam uns com os outros... E foi isso. A guerra acabou e desde lá eu fiquei apenas com o Harry e os Weasley, não tinha visto ele até hoje.


- Certo – concordou Hestia tirando a pena de repetição rápida e pegando outra para que Hermione assinasse o depoimento – Já pode ir Srta. Granger.


Harry se levantou com ela. Ele foi até a porta e a segurou aberta para ela passar. Assim que a porta foi fechada, Hermione procurou o olhar do amigo, mas ele fez questão de desviar. Agora sim as coisas iriam se complicar...


 


 

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Comentários (1)

  • Déia Santos

    O modo como vc justificou as coisas nesse capitulo foi tão bom q ninguém diria q não faz parte da historia real. Parabéns, tá cada vez melhor

    2011-04-07
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