Um Brinde à Vitória

A vassoura quebrou, o caldeirão furou, a bola de cristal embaçou... Por Merlin, que dificuldade em postar este capítulo! Mas acho que ficou divertido! Um pouco de amor e (bom) humor deixam a vida muito melhor, não concordam? 

Abraços,
Morgana 

P.S¹: Sempre que faço uma “análise psicológica” de Hermione, chego à conclusão que ela é insegura. Aposta tudo na inteligência, que é onde sabe que sai ganhando, porque não se acha bonita. Daí a escolha da música incidental. Sem falar que tem o ritmo perfeito para o capítulo.
P.S²: Estou pretendendo fazer algumas mudanças no próximo capítulo, o último que marca o tempo de relativa paz em Hogwarts. Se tudo sair como planejo, até sexta estará on line.
P.S³: Para Lulu e todos que curtiram a participação especial de Minerva, aviso que ela vai voltar à cena. \o/

 

* * * * *

 

 

Ao desejar boa sorte ao amigo, Hermione o cumprimentou com um beijo, como já havia feito no quinto ano. Dessa vez Ron não ficou envergonhado ou surpreso, mas simplesmente feliz por receber mais um gesto carinhoso da amiga. “Você vai ser brilhante! Tenho certeza”, disse. O rapaz sorriu e seguiu para o campo com uma postura confiante.

A menina fez questão de se sentar em frente ao gol, para acompanhar todos os movimentos do ruivo e dar força ao amigo. Logo ele avistou a menina, que sorriu e acenou com a mão. Ron respondeu com um sorriso tímido, e um leve balançar da cabeça. Durante o jogo, trocaram poucos, mas significativos olhares.

Pelo visto o chá da professora Minerva continuava a fazer efeito. Ron estava mais tranquilo que nunca e fez ótimas defesas. A menina vibrava cada vez que o ruivo defendia um gol. Ele também comemorava com entusiasmo e, quando os seus olhos se encontravam com os de Hermione, mesmo se por breves segundos, o coração do rapaz se enchia de felicidade. Como era bom saber que dava algum motivo para a amiga se orgulhar dele.

Quando o apito final marcou o fim do jogo, Hermione desceu correndo a arquibancada. Sabia exatamente para onde queria ir: até os braços do rapaz que tanto amava. Ele realmente tinha sido fabuloso.

Mione correu com tanta velocidade e se atirou com tal vontade ao pescoço do ruivo que os dois se desequilibraram. O rapaz segurou a amiga com força para que não caíssem e, depois do pedido de desculpas, a morena começou a rir, logo sendo acompanhada pela gargalhada do ruivo. “Você foi mesmo fantástico, Ron! Parabéns”, disse Hermione assim que saiu da crise de riso.

Ela anunciou que iria abraçar Gina e, pouco depois, Ron e a amiga se encontravam novamente na saída do campo. “Vai ter comemoração na sala comunal e dessa vez você não vai faltar”, disse o rapaz em tom imperativo. Hermione, sorridente, deu o braço ao amigo e respondeu: “Com certeza! E vou ficar perto de você para evitar que seja atacado pela Lilá”.

- Que besteira, Mione! Lilá não é tão boa em feitiços como você. Com certeza não vai me atacar com pássaros – disse de forma divertida.

- Mas ela tem outras armas. Melhor não correr esse risco – respondeu com um sorriso no canto dos lábios.

Como era bom ver Ron tão feliz! Esse pensamento fazia com que Hermione ficasse ainda mais radiante. Naquele momento ela não se preocupava em esconder o seu sentimento pelo rapaz. Estava tão enamorada por ele, tão contente de estar ao seu lado, como jamais se sentira. Acreditava que aquela noite seria inesquecível. Aliás, já estava sendo.

Ron e Hermione chegaram ao salão comunal da Grifinória de braços dados e receberam muitos olhares curiosos. Na ausência de Harry, Gina levou o troféu, que logo passou pelas mãos de outros integrantes da equipe, até finalmente chegar a Ron. Pouco depois, o capitão do time, após cumprir a detenção com Snape, entrava na sala comunal, sendo aplaudido por todos.

Levantando e sacudindo o troféu, Ron berrou para o amigo: “Vencemos! Vencemos! Quatrocentos e cinquenta a cento e quarenta! Vencemos!” O que aconteceu em seguida foi tão inesperado que o ruivo quase precisou se beliscar para ver se não estava sonhando.

Gina correu ao encontro de Harry e o que deveria ser um abraço entre amigos se transformou num beijo apaixonado. Hermione ficou surpresa e feliz ao mesmo tempo. Logo se lembrou do ruivo, que estava poucos metros atrás, e foi rápido até ele, antes que o amigo tivesse alguma reação irracional.

Ao ver a fisionomia estática e assustada do ruivo, a menina percebeu que ele não estava gostando daquela cena romântica. “Ron, por favor, não fale nada com eles agora”, pediu. O rapaz olhou para a Hermione com expressão muito séria e permaneceu quieto. “Você não deve reclamar. Gina não poderia escolher um namorado melhor”, continuou.

“Não sei por que minha irmã precisa passar de um namoro a outro rápido assim. Mas você tem razão. Se ela não pode ficar sem namorado, melhor que seja o Harry”, por fim falou Ron. Não era exatamente isso que Hermione esperava ouvir, mas pelo menos o amigo se mostrava resignado com a situação.

Mesmo baqueado, Ron fez um discreto aceno com a cabeça para Harry, que buscava a aprovação do amigo, como quem dissesse “se não tem jeito, que seja assim”.

Logo após deixar o troféu em uma mesa central do salão, Ron foi buscar uma cerveja amanteigada. Em comemorações especiais como aquela as bebidas eram liberadas pelos diretores da casa para alunos maiores de 16 anos, mas com o consumo limitado.

Hermione pensou em seguir Ron para conversar melhor sobre a cena que acabaram de presenciar, mas ficou paralisada ao ver Fred e Jorge entrando pelo retrato da Mulher Gorda.

- Oi, Mionizinha! Soubemos da vitória da nossa antiga casa e viemos comemorar com vocês – anunciou Fred.

- Onde está Roniquinnho? Queremos dar parabéns a ele! – completou Jorge.

A menina disse que ele havia ido buscar uma cerveja. Ficou contente por Harry e Gina terem saído da sala a tempo de não encontrar com os gêmeos. Percebeu que Fred e Jorge ofereciam uma bebida aos alunos. “Quem será louco de aceitar algo desses dois?”, perguntava a si mesma.

Lino Jordan assumiu a função de DJ da festa, colocando uma música animada. Alguns estudantes foram para o centro da sala dançar. Minutos depois, Ron finalmente apareceu. Estava mais sorridente que o normal e, para a surpresa da menina, afirmou:

- Você está cada dia mais linda, Mione. O que está acontecendo? Está sob o poder de alguma magia?

- Ron! Que brincadeira é essa? Você é que deve estar sob o poder de alguma magia para me falar isso – contrapôs a menina.

Definitivamente, ele não estava em seu estado normal, pensou a menina olhando intrigada para o ruivo. Jamais havia falado que ela era bonita e agora dizia que estava cada dia mais linda. O que estaria acontecendo com Ron? Antes que pudesse chegar a alguma conclusão, o rapaz a puxou pelo braço dizendo: "Vamos dançar, Mione! Adoro essa música". Hermione tentou falar que não queria, mas logo os dois já estavam na pista.

A morena nunca vira o amigo tão animado. Não imaginava que o ruivo tivesse também tanto ritmo e desenvoltura. No Baile de Inverno, Ron não havia sequer se aproximado da pista. Em algumas ocasiões festivas, na Toca, já havia visto o rapaz dançar. Mas foram momentos tão raros, que Mione não deixou de se surpreender ao ver a performance dele. Como não tinha muito hábito de dançar, apesar de não lhe faltar bom controle motor, Hermione começou a dar os primeiros passos de forma muito tímida. Logo estava se soltando e se divertindo muito com o amigo.

Já dançavam há um bom tempo quando Ron anunciou que iria pegar mais alguma bebida. Se antes estava um pouco mais animado que o normal, mas mantinha o ritmo, a sua volta ao salão foi um verdadeiro desastre. Começou a fazer coreografias chamativas, esbarrando nos outros alunos que estavam próximos e falando em voz alta: "Vamos lá, Mione! Você está muito presa. Precisa se soltar mais, aprender a descontrair". As palavras do menino surtiram o efeito contrário e a bruxinha ficou paralisada e sem ação.

Ao virar-se para o lado procurando ajuda, a menina avistou os gêmeos, que davam risadas abafadas. Hermione fulminou os dois com o olhar. Agora sabia quem eram os culpados pelas atitudes estranhas do amigo. Os irmãos entenderam a mensagem e em dois segundos estavam ao lado dela e de Ron.

- Venha, Ron! Vamos parar de dançar e tomar um pouco de ar fresco - disse Jorge, colocando a mão nas costas do irmão e o empurrando para fora da pista.

- Hei, espera! Estou me divertindo muito com a Mione - argumentou o rapaz.

- E você vai se divertir ainda mais daqui a pouco - falou Fred com uma piscadela.

Convencer o irmão mais novo a parar de dançar foi mais difícil do que imaginavam. Ron dizia não estar cansado, afirmava que aquela comemoração era muito especial e, enquanto houvesse música, não deixaria a pista. Foi a vez de Hermione agir. A menina falou para o amigo que havia dado um jeito no joelho e não poderia mais dançar e o convidou a acompanhá-la até a mesa. "Vou daqui a pouco, Mione. Amo esta música que está tocando", argumentou o rapaz iniciando outra curiosa coreografia.

Vendo o desespero da menina, que não queria que o amigo fizesse um papel ridículo - a essa altura muitos alunos olhavam Ron dançando e davam risadas -, os gêmeos decidiram ficar na pista com ele. Pouco depois se cansaram e, ao perceberem que era inútil tentar convencê-lo a parar, se dirigiram à mesa onde estava a morena.

- Ron parece muito fraco à magia. Com ele todo feitiço faz um efeito mais forte – disse Fred.

- Vamos tentar preparar um antídoto, mas, se nossos prognósticos estiverem certos, o efeito vai passar até amanhã de manhã – continuou Jorge.

- Sentem vocês dois aqui e me expliquem exatamente o que deram para o Ron – disse a menina com a autoridade que já demonstrara outras vezes como monitora da Grifinória.

Os rapazes fizeram caretas, mas obedeceram. Explicaram para Hermione que haviam servido para o irmão um “simples coquetel”, uma misturava de algumas gotas da poção do amor com a Exultare, que tinha como efeito produzir otimismo, animação e alegria. “É ótima para dias de comemoração, como esse”, argumentou Jorge. “Mas acho que a mistura com cerveja amanteigada não fez muito bem a Roniquinho”, completou Fred.

Hermione olhou incrédulo para os gêmeos. Preferiu ficar quieta por um momento e voltou a observar o amigo. Ron agora dançava cercado por uma rodinha de alunas do terceiro ano, as mesmas que vivia assustando como monitor. Como o Ron emburrado naquele momento estava tão distante, as meninas resolveram se divertir acompanhando a performance cômica do ruivo. Voltou a mirar Jorge e Fred com um semblante muito sério.

- Como foram vocês que causaram essa situação, agora precisam resolvê-la. Ron foi o único atingido ou vocês serviram essa perigosa bebida a outras pessoas? – questionou.

- Mionizinha, se você olhar para o salão vai ver alguns casais felizes. Para todos deu certo, menos para Ron – falou Fred.

- Mas não se preocupe! Acho que temos uma solução rápida. Você conhece as histórias trouxas, não é? Já deve ter lido A Bela Adormecida, A Princesa e o Sapo e tantas outras... – começou Jorge.

- Em todas essas histórias o encantamento bruxo termina com um beijo... – continuou Jorge e a menina, a essa altura, já estava com os olhos arregalados, imaginando onde queriam chegar.

- Se você agarrar Ron e dar um beijo nele, o feitiço vai terminar – concluiu Fred.

- Não sejam ridículos – protestou Hermione – Claro que não vou beijar o Ron!

Claro que a menina adoraria beijá-lo, mas em outro local e ocasião. Imaginava um beijo sem plateia, com Ron em seu estado normal, que aconteceria depois de uma linda declaração de amor do ruivo.

- Você é que sabe. Se prefere perder essa oportunidade... – disse Fred revirando os olhos.

- Não quero falar mais dessa ideia absurda. Tratem de pensar numa outra solução – falou a menina em tom imperativo.

- Podemos amarrar Ron ou lançar um feitiço Petrificus Totalus – sugeriu Jorge.

- Ou convencê-lo a tomar o antídoto – completou Jorge.

Sem suportar mais continuar a ver todos rindo de Ron, a menina por fim se convenceu que o antídoto podia ter o menor risco. Logo perguntou aos gêmeos se tinha algum efeito colateral. “Tratando-se de Ronald Billius Weasley, nunca se sabe”, argumentou Fred. “Em geral, o antídoto dá certo desânimo e muita sonolência”, prosseguiu Jorge.

Mesmo se concordou que tentassem essa solução, Hermione resolveu acompanhar os gêmeos de perto. Quando Ron tomou o antídoto, após alguma resistência, logo parou de dançar. “Vamos sentar um pouco. Você deve estar cansado”, convidou a amiga. O ruivo aceitou e foi atrás dela. Estava com a fisionomia abatida e a morena ficou preocupada. À distância, os gêmeos o observavam, tentando entender se precisariam voltar a agir.

Ron sentou-se ao lado de Hermione e falou que estava com muito sono. “Não é melhor você ir para o dormitório?”, sugeriu a menina. “Vou daqui a pouco. Deixa eu descansar um pouco aqui mesmo”, disse o menino que, pela primeira vez, encostava a cabeça nos ombros da amiga.

Esse gesto fez Mione ficar muito constrangida, especialmente quando foi fuzilada pelo olhar de Lilá, que ainda não tinha aceitado muito bem o fim do namoro com Ron. Balançando o ombro, chamou algumas vezes o amigo, que por fim levantou o rosto e a encarou.

- O que foi, Mione? – questionou o ruivo.

- Você não pode ficar assim. Lilá está me olhando com uma expressão de ódio – disse sem jeito.

O rapaz, muito sonolento, não entendeu o que a amiga falava. “Lilá está chateada por que a Grifinória venceu?”, perguntou. Ainda mais sem graça, Hermione tentou explicar. “Não, Ron. A Lilá está chateada porque deve achar que eu e você somos namorados”, falou num só fôlego, para não perder a coragem.

- E nós não somos namorados, Mione? – questionou com um jeito inocente.

- Claro que não, Ron. Você está de brincadeira? – protestou a menina o encarando com a fisionomia fechada.

Conhecia Ron bastante para saber que ele jamais brincaria com um assunto tão sério. Por isso a menina deduziu que o rapaz devia ainda estar sob o efeito da poção do amor.

- Eu não estou entendendo, Mione... Nós dois não somos namorados?! – insistiu o ruivo.

- Não, Ron. Como podemos ser namorados? Você nem sequer me pediu em namoro...  – disse, revelando, de forma inconsciente, certa mágoa.

- Eu não pedi você em namoro?! Como sou lerdo! Podemos resolver logo isso – falou, deixando a menina em pânico – Mas daqui a pouco. Agora preciso dormir – completou, voltando a deitar a cabeça no ombro da amiga.

O ruivo não podia deixar Hermione mais embaraçada. Acabara de dizer o que a menina há muito tempo pensava: se o amigo gostava dela, como suspeitava, estava demorando demais para se declarar. Mas sabia que o rapaz só havia falado aquilo por estar enfeitiçado, jamais admitiria isso no seu estado normal. O cheiro cítrico dos cabelos de Ron a deixava ainda mais perturbada. Como desejava poder fazer um cafuné nele e aquele parecia um momento tão bom para isso, caso não estivesse sendo observada por dezenas de pares de olhos.

Enquanto pensava no que fazer, viu Gina e Harry caminhando em sua direção e logo seu rosto adquiriu uma expressão mais tranquila. “O que houve com Ron?”, perguntou a ruiva assustada. “É uma longa história”, disse, explicando, em poucas palavras, tudo que tinha acontecido. Harry quis saber como podiam ajudar e a morena pediu que ele levasse Ron para o dormitório, mas de uma forma que não chamasse ainda mais atenção.

Harry foi rápido e, pegando discretamente a varinha, bradou Accordare! Logo Ron arregalou seus olhos azuis e o amigo, o puxando pelo braço, ordenou: “Vamos para o dormitório. A comemoração terminou”! O ruivo, sem qualquer resistência, o seguiu. Hermione, de pé, acompanhou com os olhos os dois até desaparecerem pela porta.

A ruivinha, que permaneceu ao lado da amiga, perguntou mais detalhes sobre o enfeitiçamento de Ron. “A bebida também continha poção de amor? E ele não se declarou para você?”, interrogou a menina, que torcia pelo namoro do irmão com a amiga. “Claro que não, Gina! Na verdade, ele falou umas coisas estranhas... Perguntou se não éramos namorados e demonstrou certa surpresa quando eu disse que não”, confidenciou a morena. Diante do sorriso de Gina, ela se apressou a acrescentar: “Mas ele não estava consciente do que dizia, estava sob o poder do feitiço”.

- Acho que este feitiço apenas deu coragem a Ron de falar tudo que ele sente e tem medo de admitir - concluiu a ruiva.

Dizendo que estava cansada, Mione anunciou que iria para o dormitório. Assim encerrava logo aquele assunto. “Vivi emoções demais hoje. Boa noite, Gina”, se despediu.

xxx

Antes que o seu despertador informasse que estava na hora de acordar, Hermione já se levantara. Arrumou-se com rapidez e saiu do dormitório. Precisava urgentemente saber como o amigo havia passado a noite, se ainda sofria o efeito do feitiço e, de modo especial, se estava bem.

O salão comunal acordou mais movimentado que de costume. Um grupo de alunos se reunia ao redor de Harry, que parecia explicar algo em voz alta. Hermione conseguiu escutar apenas essas palavras: “Não quero comentários e brincadeiras na frente dele ou vou ser obrigado a falar com Dumbledore. Ron estava enfeitiçado ontem à noite”. Logo os estudantes se dispersaram, permanecendo na sala apenas Harry e Gina, para alívio da morena.

Sem muitos rodeios, Hermione perguntou por Ron e Harry disse que ele estava dormindo. “Acho que precisa descansar. Vamos tomar café”, convidou. A morena falou que preferia esperar pelo amigo, mas Harry insistiu. “Acho que ele não vai acordar tão cedo. Você precisa se alimentar”. A menina por fim concordou e desceu para o refeitório na companhia do casal.

Assim que terminaram o café, Hermione pediu que Harry tentasse mais uma vez acordar o ruivinho. Mesmo se achava que o amigo deveria despertar naturalmente, vendo a aflição da menina, ele voltou ao dormitório. Poucos minutos depois desceu ao salão comunal anunciando que era inútil. “Fiz de tudo. Até lancei o mesmo feitiço de ontem, mas Ron está em um sono profundo”. A morena pareceu preocupada, e Harry a tranquilizou dizendo que o ruivo já era dorminhoco por natureza. “Imagina depois de uma noite como a de ontem”, argumentou.

Como era domingo, Harry e Gina queriam aproveitar o recesso e saíram para um passeio. Hermione foi ao dormitório pegar um livro e ficou de sentinela no salão comunal. Sempre que um dos rapazes passava em direção ao dormitório masculino, fazia o mesmo pedido. “Você pode chamar o Ron? Ele ainda está dormindo”. Foi assim com Simas, Dino, Lino e Neville. Nenhum deles teve sucesso na missão. “Não se preocupe. Logo Ron vai sentir fome e será despertado pelo estômago”, afirmou Neville, mostrando conhecer bem o ruivo.

Já passava das 11 horas quando finalmente Ron desceu as escadas do dormitório. Estava com uma cara de sono, mas, fora isso, parecia em seu estado normal.

-Mione, tudo bem? Meu relógio parou ou são mesmo 11h25? – perguntou à menina.

- Seu relógio não parou, Ron. Você dormiu muito mesmo. Mas acho que estava precisando depois de tudo o que aconteceu ontem – enfatizou.

- Tudo que aconteceu ontem? Mas o que aconteceu ontem? – perguntou perplexo.

- Você não lembra de nada? Grifinória venceu, fomos para a comemoração no salão...

- Lembro perfeitamente bem do jogo, do abraço que você me deu, quase me derrubando... Harry e Gina se beijaram? Isso aconteceu mesmo?! – questionou.

- Eles se beijaram sim, Ron, e estão muito felizes – disse para o rapaz, que logo assumiu uma fisionomia fechada – Mas você não lembra de mais nada?

- O que aconteceu? Eu não fui envenenado novamente, fui? – perguntou de um jeito assustado.

- De certa forma sim, Ron. Fred e Jorge foram à festa e fizeram a gentileza de lhe servir um maravilhoso coquetel. Na verdade era uma mistura de poções que, segundo eles, o deixaria ainda mais empolgado na comemoração da vitória – explicou a menina.

- E eu fiquei empolgado por acaso? – disse arregalando os olhos, que pareciam ainda mais azuis.

- Bastante empolgado, por sinal. Não saiu da pista de dança e fez coreografias bem... curiosas, vamos dizer assim – contou a morena.

- Que fiasco! Como você me deixou fazer um papel desses? – questionou.

Hermione largou os ombros, admitindo o próprio fracasso. De fato, por mais que houvesse tentado, não havia conseguido evitar que o amigo fosse motivo de chacota para os demais alunos. Em voz baixa, como se falasse para si mesma, afirmou: “Ron, eu fiz tudo que podia’.

- Paciência. Seria pior se eu tivesse tomado a poção do amor... – disse inocentemente.

Por longos segundos, Hermione pensou se devia dizer algo a respeito, mas acabou não conseguindo ficar calada.

- Bem, Ron... Na realidade, tinha um pouco de poção de amor na bebida.

- O quê?! Eu beijei alguma garota? – perguntou com um jeito apavorado que a fez lembrar do garotinho de cabelo avermelhado que havia conhecido no primeiro ano de Hogwarts.

- Não beijou não, Ron. Só ficou um pouco romântico e isso, na verdade, não foi tão ruim – deixou escapar.

- Romântico... Como assim?

Mione sugeriu que Ron tentasse esquecer tudo aquilo e o convidou a ir com ela até a cozinha para pedir aos elfos domésticos uma caprichada refeição. O ruivo concordou na hora. Ela sorriu ao constatar que, se não conseguia falar ao coração do amigo, não era difícil falar ao seu estômago.

xxx 

Para ouvir antes, durante ou depois de ler o capítulo: 

What Makes You Beautiful

http://irpra.la/m/1098903

(...)
Baby you light up my world like nobody else
The way that you flip your hair gets me overwhelmed
But you when smile at the ground it aint hard to tell
You don't know
You don't know you're beautiful...

If only you saw what i can see
You'll understand why i want you so desperately
Right now i'm looking at you and i can't believe
You don't know
You don't know you're beautiful
Know
But that's what makes you beautiful...
(...)

 

 

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.