Difícil Caminho de Volta
Esse capítulo ficou curtinho, mas foi bem desafiante. Chegamos a um ponto crucial da leitura das entrelinhas de Ron e Hermione. O envenenamento do ruivo causa uma reviravolta no relacionamento dos dois. Para Ron, é a oportunidade de mostrar que Lilá nada significa em sua vida. Já Mione é obrigada a quebrar o bloco de gelo por trás do qual se escondeu. Antes disso, no entanto, a menina mostra o seu lado mais amargo (diria até que está "malvadinha"). Mas, na verdade, o sofrimento dela é grande. Aliás, os dois estão sofrendo. Ah, as dores do amor...
Boa leitura!
Morgana
P.S: Preciso ainda dizer que os comentários de vocês são a minha maior motivação para manter a fic atualizada?
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Quando partiu da Toca, Ron estava decidido a fazer as pazes com Hermione. Tentou conversar com a menina ao reencontrá-la na porta da Grifinória, logo assim que chegou à Hogwarts de volta do recesso de Natal. Mas Mione o ignorou completamente, falando apenas com Harry. A morena fazia de conta que Ron não existia? Ele também a trataria com indiferença.
Ron não conseguiu manter-se firme na sua resolução por muito tempo. Lembrava-se de tudo que havia sentido nos dias de recesso na Toca. Impossível esquecer uma amizade tão longa e especial assim. Hermione era cabeça-dura, como ele. Mas o ruivo havia decidido mudar, ser menos ciumento e inseguro. Não era fácil, mas precisava tentar.
As aulas de Defesa contra as Artes das Trevas e de Herbologia não eram frequentadas por Lilá, que preferiu fazer Adivinhação e História Avançada da Magia. Ron não podia sequer olhar para o lado da sala onde Hermione sentava nas aulas em que estava com Lilá porque a loura, muito ciumenta, logo reclamava. Nessas duas disciplinas, no entanto, podia tentar uma reaproximação da amiga. A morena, porém, sequer o olhava, a não ser com aquele ar de desprezo e, quando Ron fazia um comentário qualquer, fingia não ouvir o rapaz.
“Tudo bem, vou fazer mais uma tentativa. Não é possível que ela consiga guardar toda essa mágoa para o resto da vida”, pensou ao decidir conversar com Mione no final da aula de Herbologia.
- Hermione? Posso falar com você?
- Já está falando, não é?
- Eu sei que você não me considera mais seu amigo, mas ainda somos colegas de turma. Eu estou com uma dúvida no trabalho de Herbologia e queria saber se você...
- Não! A resposta é não! Consulta a biblioteca, a professora Sprout, o Neville, que é bom nessa matéria.
- Tudo bem. Obrigado de qualquer forma.
“Não tem mais jeito” – pensou o rapaz. “Eu não devia perder tempo tentando falar com ela. Não faço falta na vida de Hermione”.
A menina sentiu-se mal por ter tratado Ron daquela forma. Mas ele tinha feito a própria escolha ao preferir a companhia da Lilá a dela. Mal imaginava que o seu comportamento fazia com que o rapaz se agarrasse ainda mais a loura.
Ron havia pensado em terminar com Lilá. Achava a lourinha muito possessiva e pegajosa. Mas, sem a amizade de Hermione, pelo menos tinha a namorada para preencher sua vida e acabava mantendo o relacionamento.
Cerca de vinte dias depois, o rapaz deu um novo passo para se reaproximar de Hermione. Abordou a menina na saída do refeitório, depois do almoço. Falou do momento difícil que Harry atravessava e sugeriu que os dois pudessem se encontrar com o amigo para que ele sentir-se mais apoiado.
- Tenho conversado bastante com Harry e o apoio sempre. Você é que está distante porque parece ter outras prioridades. Melhor continuar do jeito que está – respondeu a menina com o seu tom de voz mais mal-humorado.
- Fiz minha parte. A decisão é sua – falou o rapaz, virando as costas.
No final do mês de fevereiro, Ron decidiu tentar novamente selar a paz com Mione. Ao término da aula de Defesa contra as Artes das Trevas, antes do horário do jantar, chamou Hermione que, como sempre, fez questão de manter a expressão zangada no rosto.
- Pelo bem de Harry, acho que devemos voltar a nos falar. Não precisamos ser amigos, mas, pelo menos, podemos deixar de nos tratar como inimigos.
- Não quero mais falar com você, Ron. Faça de conta que eu não existo!
- Daqui a dois dias é meu aniversário...
- Ótimo! Comemore bastante com a Lilá e me deixe em paz. Você não significa nada para mim – disse e logo sentiu uma grande dor no coração. Essa era a pior mentira que podia falar.
O rapaz se irritou com a postura arrogante e fechada ao diálogo e respondeu à altura.
- Não sei como você pode guardar tanto ódio e por tanto tempo! Isso vai acabar lhe envenenando! – falou, saindo apressado.
Hermione dormiu mal mais uma noite. Há dois meses era sempre assim. Ao longo do dia se distraía com as aulas, leituras e consultas aos livros na biblioteca, trabalhos e conversas com Harry, Gina e alguns outros colegas. Mas quando deitava em sua cama sentia-se terrivelmente sozinha e quase sempre não conseguia evitar algumas lágrimas.
Por mais que tentasse, não esquecia Ron. Como era difícil ficar sem a amizade dele. Fazia tudo para mostrar a sua indiferença e dizer que o ruivo não significava nada para ela e podia passar muito bem, obrigada, sem o rapaz. Mas ao longo do dia, em muitos momentos, olhava para ele distraidamente – sempre sem que o ruivo percebesse – e se dava conta de quanto o amava. Esses momentos eram seguidos por grande censura a si mesma. A menina não admitia voltar atrás na própria decisão e tinha escolhido tirar Ronald Billius Weasley de sua vida.
Era muito difícil dividir o mesmo dormitório com Lilá e Pavarti. De vez em quando ouvia a loura falar, de um jeito apaixonado, sobre Ron, sem contar os momentos que as duas amigas ficavam cochichando e dando risadinhas. Sorte que tinha pelo menos a companhia de Gina e sempre podia usar o feitiço da impertubalidade.
Naquela noite sentia-se ainda mais arrasada. Como podia ter sido tão agressiva com Ron? Era a quarta vez que ele tentava se reaproximar dela desde que voltaram do Natal. E o ruivo havia falado de um jeito tão bonitinho que seria o aniversário dele... Não, não podia pensar assim. Ele era um idiota, estava namorando Lilá e a havia ridicularizado na sala de aula!
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O primeiro pensamento que passou pela cabeça de Hermione quando levantou naquela manhã foi que era aniversário de Ron. Deveria manter a atitude indiferente de sempre ou cumprimentá-lo, ao menos por educação? Gostaria tanto de poder abraçar o ruivo... Não! Ron estava com Lilá, tinha escolhido a menina e a rejeitado.
Ainda assim, ao menos por educação, Hermione achou que deveria dar parabéns a Ron. Seria difícil, já que tinham se distanciando tanto, mas iria tentar... Resolveu não pensar mais sobre isso e desceu para tomar o café da manhã. Como era sábado, o refeitório ainda estava um pouco vazio. Harry, Gina e muito menos Ron se encontravam no salão. A morena comeu rapidamente e resolveu voltar ao dormitório para pegar alguns livros. Estava um dia bonito de sol e queria ler na área externa.
Quando se preparava para atravessar o retrato da Mulher Gorda, ouviu Neville chamando o seu nome. O rapaz entregou um bilhete a ela dizendo que era de Harry, e perguntou se sabia da Gina. Hermione respondeu que a ruiva deveria estar no refeitório e, quando o rapaz se despediu, abriu o bilhete sem fazer ideia do que se tratava. Com surpresa, leu essas palavras, escritas com letra apressada:
Não se preocupe. Está tudo sob controle, mas Ron ainda precisa ficar na enfermaria.
Harry
No mesmo instante, o coração de Hermione começou a bater rapidamente. O que teria acontecido com Ron? O que Harry queria dizer com as palavras “está tudo sob controle”? Ron teria se machucado muito? Estaria sob o poder de algum feitiço ou maldição? Será que os Comensais da Morte haviam atacado Hogwarts?
Esqueceu completamente que estava zangada com o ruivo e andou apressada em direção à ala hospitalar. A mágoa que havia acumulado ao longo dos últimos meses agora não tinha razão de ser. Jamais deixara de gostar do rapaz. Simplesmente estava chateada com as atitudes dele. Mas sabia que Ron era imaturo e passional, por isso agia sem pensar muitas vezes. Mas ela também tinha sido impulsiva e o atacou com os pássaros. Nada disso importava mais. O importante, agora, era saber como o rapaz estava!
Enquanto caminhava em direção à enfermaria, o desespero começou a tomar conta de Hermione. Por que Harry havia escrito um bilhete ao invés de ir falar pessoalmente com ela e Gina? Será que a situação de Ron era tão séria que ele não podia sair de perto do amigo? Ele não disse que Ron estava bem, nem que não corria mais risco de vida. Limitou-se a informar que estava tudo sob controle. A menina já entrara em pânico. Não suportaria perder Ron. Não conseguia imaginar a sua vida sem ele! Precisava saber como o rapaz estava, tinha que vê-lo com os seus próprios olhos.
Quando finalmente chegou ao corredor da ala hospitalar, Hermione avistou Harry, que estava de cabeça baixa, parado em frente à porta da enfermaria, e correu até o amigo, com o coração mais acelerado do que nunca.
- Calma, Hermione! Ron está fora de perigo! – falou Harry ao ver a expressão desesperada da amiga
Ao saber que o rapaz não corria risco de vida, Hermione rendeu-se finalmente à emoção. Cobriu o rosto com as mãos e caiu aos prantos.
Harry, assustado com a reação da amiga, a segurou pelos ombros e perguntou baixinho:
- Tudo bem, Mione? Você entendeu? Ron está fora de perigo.
- Tudo bem, Harry. Agora está tudo bem. Eu estava muito angustiada. Tive medo que... ah, nem gosto de pensar nisso!
Pouco depois chegou Gina, com os passos apressados, o rosto vermelho e foi logo perguntando o que tinha acontecido. Harry contou tudo para as duas. Hermione fazia perguntas pontuais, ficando a maior parte do tempo em silêncio.
Apesar de estar mais aliviada, Hermione ainda sentia uma dor no peito. Não bastava madame Pomfrey dizer que Ron reagia bem, tinha todos os sinais vitais. Ela queria ver o ruivo com os seus próprios olhos.
Às oito horas da noite, depois de passar quase o dia todo na porta da enfermaria junto com Gina e Harry – saíram apenas nos horários das refeições -, Hermione pôde finalmente visitar Ron. O rapaz ainda estava desacordado e pálido como ela nunca vira, a boca um pouco arroxeada.
Hermione pegou uma cadeira e sentou-se em um canto da enfermaria, de onde tinha uma visão completa de Ron. A menina, sempre tão corajosa, sentia ainda muito medo e não conseguia se aproximar mais do rapaz. Dali ela contemplava o ruivo, angustiada, esperando alguma reação que mostrasse que estava bem.
Pouco depois, Jorge e Fred chegaram. Hermione ouvia Harry, Gina e os gêmeos conversando, mas não conseguia prestar atenção no que diziam.
Sentia uma grande dor não apenas por ver o ruivo naquele estado, mas também ao lembrar como o vinha tratando nos últimos meses. “Ele tentou se reaproximar, eu não aceitei, fui muito agressiva”, pensou com enorme arrependimento. Será que teria ainda uma chance de pedir desculpas? Não, não podia pensar nisso! Ron ficaria bem, Ron precisava ficar bem.
O ruivo tinha, sim, os seus defeitos e Hermione os conhecia muito bem. Mas as suas qualidades eram muito maiores. Toda a insegurança do ruivo prejudicava antes de tudo a ele mesmo, o levando a se sentir desmotivado para os estudos e se sair mal nas partidas de quadribol, esporte do qual tanto gostava. Mas isso não impedia que fosse muito corajoso quando se tratava de defender os amigos.
Lembrava que Ron ajudou a salvá-la de um trasgo, e isso quando ainda estava no primeiro ano, a defendeu de Malfoy com sua varinha quebrada, o que o levou a vomitar lesmas. Sem falar nas detenções que sofreu... Mas também havia arriscado a vida por Harry, mostrando sua coragem e lealdade.
“Como pude pensar em tirar Ron da minha vida? Como se isso fosse possível... É verdade que ele muitas vezes tem um comportamento infantil, é ciumento, fala o que passa pela cabeça sem pensar. Mas nos momentos em que mais precisei, ele estava sempre perto”, refletia a menina enquanto contemplava a face tão branca do amigo.
Hermione ainda não entendia o porquê do ruivo ter sido tão frio e agressivo com ela dias antes do jogo. E logo quando parecia que algo especial estava tão perto de acontecer... "Não, não posso pensar nisso", se repreendia a menina ao lembrar do amigo com Lilá.
“Espera aí, Hermione? Desde quando você desiste fácil de algo que quer? Eles são apenas namorados e podem terminar esse relacionamento!”, falou para si mesma e assim tranquilizou o coração.
Foi quando Jorge, Fred, Harry e Gina começaram a levantar as hipóteses para o envenenamento de Ron que a menina passou a prestar atenção na conversa deles. Harry informou que Slugorn queria presentear a garrafa de hidromel a Dumbledore e a menina finalmente falou, depois de horas, com voz de quem pegara um forte resfriado.
- Então o envenenador não conhecia Slughorn muito bem. Qualquer um que conhecesse Slughorn saberia que havia grande probabilidade de o professor guardar uma coisa gostosa daquela para si mesmo.
Ron começou a se mexer, parecendo reconhecer a voz da amiga, e a chamou pelo nome, ainda desacordado. Todos se calaram, observando-o ansiosos, mas, depois de resmungar palavras incompreensíveis por um momento, ele simplesmente começou a roncar.
O coração de Hermione disparou mais uma vez. “Oh, Merlin! Ron chamou por mim?! Não foi o nome da Lilá e sim o meu nome que ele falou! Fica bem, Ron. Não posso perder você”, pensava a menina que, finalmente, sentia algum alívio e felicidade.
Com a chegada de Hagrid, Hermione permaneceu atenta à discussão sobre a relação dos ataques de Katie e Ron. Pouco depois entrou na enfermaria o casal Weasley e, como apenas seis pessoas podiam permanecer no local, Harry, Hermione e Hagrid se retiraram.
No dormitório, deitada em sua cama, Hermione continuou com a cabeça tumultuada por muitos pensamentos. A imagem de Ron pálido e desacordado não saia da mente da menina. Lamentava nunca ter dito ao amigo que o achava um bom goleiro. Pelo contrário, ao repreender Harry por ter, supostamente, trapaceado, havia levado Ron pensar que ela não acreditava no potencial dele.
Essa lembrança abatia ainda mais a menina, que havia passado o dia inteiro aterrorizada pela possibilidade de acontecer o pior ao amigo. Por que precisou esperar uma situação tão séria para finalmente se decidir a perdoar Ron? Ficava chateada com sua própria teimosia e orgulho.
Lembrava como havia sido difícil não ficar sentada em frente à lareira todas as noites, como sempre fazia antes, conversando com Ron e Harry, no período que ela e o ruivo deixaram de se falar. Mas, especialmente, o mais difícil tinha sido vê-lo para cima e para baixo de mãos dadas, abraçado ou beijando Lilá. “Por acaso seria diferente se Ron soubesse do sentimento tão forte que tenho por ele?”, se questionava.
A menina estava consciente que ela e Ron tinham muito a esclarecer desde o Baile de Inverno. Não conseguia mais permanecer nessa incerteza e com tanto medo do seu amor não ser correspondido. Seria tão mais fácil se o amigo não fosse tão inseguro e dúbio, se tivesse coragem de falar o que se passava em seu coração. Algo dizia a Hermione que o ruivo também gostava dela, mas, por temer ser rejeitado, não conseguia se declarar. Lembrou do dia que ele reconheceu que tinha ciúme até de Bichento e um leve sorriso tomou conto do seu rosto.
“Eu preciso e vou me aproximar de Ron, mas agora não posso mais pensar nisso. Tenho que estar inteira para visitá-lo amanhã. Quem saiba possamos conversar e eu consiga finalmente pedir desculpas a ele”. Com essa resolução e com muita esperança, a menina conseguiu pegar no sono.
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Para ouvir antes, durante ou depois de ler o capítulo:
Titanium
http://irpra.la/m/1088368
You shout it out
But I can't hear a word you say
I'm talking loud not saying much
I'm criticized but all your bullets ricochet
You shoot me down, but I get up
I'm bulletproof nothing to lose
Far away, far away
Ricochet, you take your aim
Far away, far away
You shoot me down but I won't fall
I am titanium
You shoot me down but I won't fall
I am titanium
(…)
Comentários (2)
Oi, Gego! Essa foi uma das possíveis leituras das "entrelinhas"... Fico pensando também se Ron estaria sonhando com Hermione ou se simplesmente reconheceu a voz da amiga... :)
2012-04-27Sempre adorei essa parte que o Ron fala o nome dela.Como sempre, o capítulo está ótimo. ;]PS: Amo essa música.
2012-04-27