No Campo de Batalha
Olá a todos! Em primeiro lugar, obrigada pelos comentários! Se eu soubesse quanto essa interatividade com os leitores era motivadora, não teria guardado as minhas fics no “fundo do baú” por tanto tempo. Acho importante dizer umas palavrinhas sobre este capítulo porque o considero fundamental. Quem leu o livro 6 percebeu que, quando voltam do recesso de Natal, Ron e Mione estão diferentes. O rapaz, parecendo arrependido, tenta se reaproximar da amiga. Hermione, por sua vez, está mais fria e, diria até, amarga. A mágoa, mesmo se perfeitamente compreensível, é um veneno. Com uma leitura pessoal das entrelinhas, apresento algumas das possíveis causas dessas mudanças dos dois.
Um forte abraço,
Morgana
P.S¹: Não deixem de comentar, please!
P.S²: Gego e Lumos, para vocês que estão curtindo as músicas, essa é triiiste! Mas tem tudo a ver com o momento de Mione.
* * * * *
Como havia prometido a si mesma, Hermione tentava manter-se indiferente a Ron. Mas isso se tornava ainda mais difícil quando o rapaz estava agarrado a Lilá. A menina só não imaginava que especialmente as mais singelas manifestações de afeto a deixariam abatida. Ficou arrasada quando viu o rapaz, de forma delicada, mexer nos cabelos da loura, sem falar no dia que o observou beijar afetuosamente uma das mãos da namorada e depois abrir um lindo sorriso. Como queria estar no lugar de Lilá, pensou, mas logo cortou esse devaneio com decisão.
Ela tinha que manifestar de alguma forma o seu desprezo por Ron. Quando o rapaz errou grosseiramente um feitiço na sala de aula, ficando com um engraçado bigode, Mione deu sua gargalhada mais escandalosa e debochou: “Que patético. Precisa treinar mais”. Teve vontade de completar dizendo que ele deveria estudar “ao invés de ficar o tempo todo namorando”, mas guardou esse pensamento para si mesma. O ruivo, que não levava desaforo para casa, logo respondeu à altura.
- Claro! Eu deveria participar mais das aulas... – disse olhando Hermione com frieza.
Em seguida, afinando a voz, começou a levantar e sentar na carteira, sempre com a mão erguida, imitando a menina:
- Eu sei! Posso responder? Eu sei a resposta, professora McGonagall! No livro, na página 25, tem a resposta! Eu já decorei tudo. Eu sei tudo, tenho todas as respostas.”
Hermione logo ficou com os olhos cheios de lágrimas. Então era isso que Ron pensava dela? O rapaz havia falado recentemente que a considerava uma sabe-tudo insuportável. Só que agora ele a humilhava em frente a toda turma e, o pior, Lilá e Parvati acharam isso muito divertido.
Teve vontade de sair correndo da sala, mas esperou o sinal tocar e praticamente desaparatou. As lágrimas começaram a rolar dos seus olhos. Estava tão magoada que nem percebeu que deixara todo o seu material para trás. Chegou veloz ao banheiro e desabou a chorar, soluçando baixinho.
Logo alguns pensamentos invadiram mais uma vez a sua mente. Por que precisava ser tão racional? Por que não parava de pensar e refletir sobre os acontecimentos? Ron não podia ter agido daquela forma, não podia ter a humilhado assim. Ele que sempre a defendera, agora a estava atacando.
Suspirando, Hermione não conseguia deixar de pensar em como se sentia segura quando tinha a amizade dele. E com um gosto amargo na boca lembrou-se de todas as vezes que Ron a defendeu dos ataques de Malfoy e Snape, dos muitos momentos nos quais a tratou de forma carinhosa.
Foi quando se deu conta que o seu plano de manter-se indiferente ao rapaz havia fracassado até então. Lembrando que Ron havia tido tantas reações ciumentas, concluiu que deveria tentar atingi-lo nesse ponto. “Mas agora, que está com Lilá, será que ainda vai sentir ciúme de mim”, perguntou a si mesma.
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A dois dias da Festa do Sluge, Hermione decidiu: participaria da comemoração e acompanhada por um rapaz, de preferência, que pudesse causar ciúmes em Ron. Logo lembrou que o próprio ruivo havia sugerido que fosse a festa com McLaggen e da rivalidade que existia entre eles desde o teste para goleiro. “Com certeza ela vai ficar irado em me ver com Córmaco”, disse se deixando levar pelo sentimento de rancor.
Bastou dar uma indireta, dizendo que ainda não tinha companhia, para McLaggen convidá-la. À noite, num momento em que Ron e Lilá estavam por perto, a morena aproveitou para falar do “namoro” com o rapaz. Pela reação do ruivo, que interrompeu um beijo, Hermione percebeu que seu plano surtira efeito. Sorriu interiormente. “Agora ele vai se morder de ciúmes”, pensou.
Quando subiu para o dormitório, Hermione foi tomada de grande tristeza. Definitivamente, não queria ir ao baile com McLaggen.
“Talvez Ron fique apenas mais magoado comigo e conclua outra vez que só dou importância às pessoas que têm um talento especial. Mas eu não devia ligar para o que ele pensa. Ron escolheu Lilá e ainda passou a me tratar muito mal. Tudo isso depois de eu ter tomado a iniciativa de convidá-lo para a festa”.
Hermione conclui, mais uma vez, que o rapaz não merece o seu amor e nem mesmo que perca tempo pensando nele. Enxuga algumas lágrimas teimosas e começa a se concentrar na difícil missão de conseguir pegar no sono.
Ron, que até o momento se mantinha indiferente à menina com relativo sucesso, fica confuso depois de ouvir Hermione falar que estava namorando Mclaggen e irão juntos ao baile. “Poderia ser eu e Hermione, mas ela preferiu que fosse assim. O problema é dela. Eu estou bem com a Lilá”, tenta convencer a si mesmo.
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A roupa tinha sido comprada no início do ano por Hermione para uma ocasião especial, festa ou baile, na qual pudesse ir com Ron. Olhou para o vestido verde, simples e elegante, com um certo desânimo. Foi um esforço se produzir, pentear os cabelos, colocar maquiagem, cordão e brincos para ter a companhia de McLaggen. Não gostava do jeito dele, rude, vaidoso, prepotente. Melhor seria ir sozinha, mas queria mostrar para Ron que, apesar dele não a achar bonita, havia outros rapazes que se interessavam por ela.
Ron estava impaciente no dormitório, vendo Harry se arrumar para a festa. Não imaginava que se sentiria assim. Havia marcado com Lilá no salão comunal às vinte e trinta. Tinha ouvido Hermione combinar com MacLaggen meia hora antes e assim não corria o risco de se encontrar com ela. No entanto, não conseguia mais ficar ali, fechado, e resolveu sair.
Enquanto Ron descia as escadas, Hermione apareceu na porta do dormitório das meninas. “Ela está linda, ainda mais linda do que no Baile de Inverno”, pensou o rapaz. Os dois se olharam e, diante do encontro inesperado, Mione não teve tempo de fazer a sua habitual expressão de zangada. Pelo contrário. Permitiu-se contemplar os olhos azuis que tanta amava. “Por que, Ron, você fez isso comigo? Por que se afastou tanto de mim?”, perguntou ao ruivo em pensamento e, apressando o passo, deu às costas ao rapaz antes que ele terminasse de descer as escadas.
McLaggen conseguiu ser pior companhia do que Hermione imaginava. Com sua inteligência rápida, ela não teve dificuldade para se desvencilhar do rapaz. Jamais beijaria aquele idiota e não estava disposta nem mesmo a dançar uma única música com ele. Quando percebeu que seria complicado fugir de Córmaco a noite toda, resolveu sair da festa.
Não pensou sequer na possibilidade de encontrar com Ron na sala comunal. Mas o ruivo estava lá, abraçado com Lilá. A menina passou veloz como um relâmpago, mas ainda assim os olhos dela e do rapaz se cruzaram por poucos segundos.
Hermione não queria mais chorar por Ron, mas naquela noite foi inevitável. O baile tinha sido péssimo. Poderia ter sido tão bom se ela e o ruivinho estivessem juntos... Ficou chateada consigo mesma ao pensar naquela possibilidade. O rapaz estava lá, agarrado com Lilá, e não merecia mais nenhuma lágrima dela. Em dois dias viajariam para passar o Natal fora e Mione poderia se esquecer de tudo isso.
Ron também não pegou logo no sono. Lembrava da menina, que parecia ter voltado tão triste do baile. Mesmo se a troca de olhares entre eles foi rápida, conhecia Hermione muito bem para perceber isso. Achou que seria muito bom ficar uma semana distante, durante o recesso de Natal. Pelo menos não teria que suportar o constante mau-humor da morena e nem o jeito grudento de Lilá.
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Por que tudo na Toca o fazia lembrar a amiga? Ron não deixava de se questionar sobre isso. Quando estavam em Hogwarts, a presença dela não era tão forte como agora. É verdade que, ultimamente, a menina tinha uma expressão raivosa sempre que os seus olhos se encontravam com os dele. Mas logo recordou que Hermione não estava com um semblante zangado no momento em que seus olhares se cruzaram no dia do baile... Será que a morena o perdoaria? Por Merlin! Mione o havia magoado ao namorar Krum e ainda esconder esse fato! Por que pensava em ser perdoado por ela?
Ron não esperava receber um presente de Natal de Hermione. Também ele não havia comprado nada para a amiga. Havia presenteado a sua namorada, claro, com uma bonita tiara. Pavarti dera a dica, já que Gina se recusava a ajudá-lo. Mas quando abriu o pacote enviado por Lilá, não conseguiu deixar de pensar que Mione, com certeza, acertaria mais em seu presente.
O ruivo fez Harry prometer que não contaria para os gêmeos que Lilá o havia presenteado com aquele ridículo cordão. Já bastavam as brincadeiras que os dois estavam tirando com ele desde que souberam que o irmão tinha uma namorada.
Naquela tarde, Ron tentava se concentrar no livro de Herbologia. Estava com muitos deveres atrasados agora que não contava com a ajuda de Hermione. De repente, ouviu um estampido e os gêmeos se materializaram em sua frente. Sabia que iriam provocá-lo e continuou lendo, ignorando a presença deles.
- Você acredita que Roniquinho preferiu a loura à morena? – perguntou Jorge?
- A loura tomou a iniciativa enquanto a morena está esperando a iniciativa dele há seis anos – respondeu Fred.
- E pelo visto, se não voltar para o búlgaro, vai ter que esperar no mínimo mais outros seis – disse Jorge dando um risinho abafado.
- Não sei se fez uma boa troca. Hermione pode até não ser muito bonita, mas é mais inteligente – enfatizou Jorge.
- E como nosso irmãozinho não tem uma capacidade intelectual desenvolvida, precisa ter alguém assim por perto – completou Jorge.
Ron, que até aquele momento tentou manter-se indiferente, estava com as orelhas vermelhas e não suportou mais ficar calado.
- Parem com isso! Em primeiro lugar, Hermione é uma menina bonita. Em segundo, minha capacidade intelectual é muito maior do que a de vocês!
- Ah, nossa provocação surtiu efeito! – comemorou Fred.
- Finalmente admitiu que acha Mionizinha bonita! – disse Jorge, soltando uma gargalhada.
Ron sacou a varinha do cós da calça e, antes que pudesse proferir um feitiço, os gêmeos desaparataram dando risadas.
O rapaz achava que apenas os gêmeos cogitavam algum envolvimento entre ele e Hermione e, como ninguém levava os dois a sério, não se preocupava muito com isso.
Não imaginava que ele e a menina já tinham se tornado assunto de família e, portanto, a conversa que teve com o pai no dia seguinte ao Natal foi uma surpresa.
- Ronald Billius, quero dar uma palavra com você – disse Arthur.
Ele sabia que, quando o seu pai o chamava assim, era bronca ou um assunto muito sério. Como não tinha aprontado, acreditou que Arthur queria conversar sobre Voldemort, os Comensais da Morte e a Ordem da Fênix.
O pai começou dizendo que já tomara conhecimento do namoro dele com Lilá e que sempre conversava com os filhos quando esses começavam a ter um relacionamento sério com alguém.
- Para nós, bruxos, isso é algo muito importante. Como você sabe, o amor é uma força poderosa, capaz de interferir nas mais altas magias – falou o patriarca dos Weasley.
Ron olhava o pai em silêncio, tentando imaginar onde ele queria chegar com aquela conversa. Arthur foi mais objetivo do que ele poderia supor.
- Você realmente gosta dessa menina? Nunca tinha falado dela conosco... Eu e sua mãe achávamos que você gostava de Hermione Granger.
Será que poderia gostar de uma menina que conhecia ainda tão superficialmente? Ron, na verdade, achava Lilá pegajosa demais. Esforçava-se para ter conversas interessantes com a menina, queria sinceramente se apaixonar por ela. Ignorava que não era possível mandar nos próprios sentimentos.
Mas espera aí? Arthur acabara de dizer que ele e Molly achavam que o filho gostava de Hermione. “Mantenha a situação sob controle”, dizia o rapaz para si mesmo, respirando fundo antes de responder.
- Eu gosto da Lilá. Mas não sei se o sentimento por ela vai se tornar algo tão forte a ponto de me levar a pensar em casamento, como o Gui. Ainda estamos nos conhecendo melhor.
Arthur ouviu com atenção o filho, mas voltou a perguntar sobre Hermione. “Você não sente nada especial por ela?”, indagou. O rapaz fez questão de enfatizar que eram amigos, porém acabou revelando que, na verdade, já não estavam mais nem se falando. “Nós sempre brigamos, mas dessa vez ela exagerou e me atacou com um bando de pássaros”, contou o rapaz.
O pai surpreendeu mais uma vez Ron perguntando se ele não havia cogitado que aquele ataque havia sido motivado por ciúmes do namoro do rapaz com Lilá. Sim, o ruivo já se perguntara algumas vezes se podia ser isso, mas sempre chegava à conclusão que Hermione não gostava dele.
- Fique atento, meu filho, para não perder o amor da sua vida. Muitas vezes ele está ao nosso lado, mas fechamos os olhos e não conseguimos enxergar. Quando finalmente despertamos, já é tarde demais.
Enquanto Arthur tinha essa conversa com o filho, no andar debaixo os demais Weasley falavam sobre o irmão.
- Quero ver qual vai ser a reação do Ron. Acho que não tinha ideia que namoro para o sr. e srª Weasley era algo tão sério – disse Gui.
- Eu lembro quando papai teve uma conversa assim comigo. Foi decisivo para eu resolver fazer do trabalho com os dragões o meu ideal de vida – afirmou Carlinhos.
- Papai vai dar é uma chamada em Ron. Ele e mamãe não entendem como, gostando de uma menina, nosso caro irmãozinho pode namorar outra – argumentou Fred.
- Ron gosta de outra menina? Vocês estão falando de Hermione? – perguntou Harry, que até então não participara da conversa.
- Estamos falando de uma menina com pouco mais de um metro e meio, muito inteligente, mas com um gênio péssimo, como Roniquinho – respondeu Jorge.
- Ron nunca me falou que gostava dela... – contrapôs Harry.
- Mas nem Ron sabe disso. Nega a verdade para si mesmo e ainda tem certeza que Mionizinha não está nem aí para ele – enfatizou Fred.
- Ele não entendeu que o ataque dos pássaros foi uma grande cena de ciúmes – disse Gina, entrando na discussão.
Nesse instante Molly chega à sala e, ao perceber que os irmãos falavam de Ron, logo trata de encerrar a conversa.
- Vamos dispersando vocês todos. Ron já vai descer e não quero que o aborreçam. Gina, Fred e Jorge, venham me ajudar na cozinha. Carlinhos e Gui, deem uma limpeza nos jardins. Harry, querido, você pode ajudar os dois? – disse a mulher, que sabia conduzir tudo e todos na Toca.
O sexto filho dos Weasley desceu as escadas ainda pensando nas palavras do pai. Teve vontade de perguntar tanta coisa, mas ficou bloqueado. Será que Arthur e Molly achavam que Hermione gostava dele? Fred e Jorge sempre falavam isso, por intermédio de brincadeiras, é claro.
Verdade era que ele estava sentindo grande saudade da amiga. Lembrava dela o tempo todo, dos natais e outros momentos nos quais estiveram juntos na Toca. Como era bom conversar com a menina, dar risadas juntos, fazer dupla com ela no quadribol. Hermione sempre se desesperava por não conseguir ir bem no jogo e nessa hora os papéis se invertiam e era Ron que dava dicas para a morena.
Os momentos passados junto com a amiga nunca eram monótonos. Ela sempre tinha uma conversa interessante e, apesar de parecer tão séria e responsável, sabia rir de suas piadas e quebrar regras quando necessário. Como Hermione fazia falta em sua vida! Por que precisavam ter se distanciado tanto, pensava com tristeza.
Sabia que a amiga estava muito magoada com ele. Reconhecia agora que tinha sido muito rude com ela e, para piorar, a ridicularizou na frente de toda a turma. Agiu assim em resposta ao deboche da menina, mas admitia que havia exagerado. Percebeu quando os olhos de Hermione encheram de lágrima e viu-a sair correndo da sala, esquecendo todo o material. Sentiu vontade de sair disparado atrás dela e pedir desculpas. Mas agora tinha Lilá e não podia agir assim.
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Hermione nunca havia sentido tanta solidão e tristeza. Mesmo se lutava com todas as forças para não se lembrar de Ron, sempre o seu pensamento se voltava para ele. Recordava os dias felizes vividos com o ruivo na Toca e, de modo especial, os natais que passaram juntos.
Gostava tanto de estar na Toca... Era uma casa muito simples e sinistra até. Parecia que havia crescido à medida que a família Weasley aumentava, desafiando a engenharia trouxa. Com certeza, só se mantinha de pé devido à magia. Ao mesmo tempo era tão aconchegante!
Da cozinha vinha um aroma delicioso de guloseimas preparadas com carinho por Molly. As salas de jantar e de estar, com poltronas confortáveis, eram sempre animadas por conversas e risadas. Todos os ambientes tinham calor, luz e cor, assim como os Weasley.
Hermione amava muito aquela família, cada um dos seus membros. Até mesmo Percy, com seu nariz empinado. Sabia que no fundo ele tinha bom coração. Afinal, era um Weasley e isso significava muita coisa. A menina tinha consciência dessa realidade mais do que o próprio Ron.
Jamais conhecera, seja entre os trouxas e os bruxos, uma família mais especial. Vivia sempre momentos felizes quando se encontrava na Toca. Mas claro que era Ronald Billius o principal motivo para querer sempre estar ali. Na Toca compreendia, mais do que em qualquer outro lugar, quem era Ron.
Observava o rapaz conversando de forma tão compenetrada com o pai, recebendo os afagos e broncas da mãe, sendo caçoado pelos irmãos e como conquistava seu espaço entre eles. Mesmo se dizia o contrário, Ron era muito querido por todos.
Não era uma pessoa guiada pela cabeça, como Hermione. Tudo para o ruivo passava primeiro pelo coração. Por isso as palavras saiam por vezes impensadas de sua boca, mas por isso também pedia perdão e esquecia mágoas com facilidade. Mas, acima de tudo, seguir o coração o levava a ter coragem de fazer qualquer sacrifício pelos amigos e por todas as grandes causas nas quais acreditava.
Hermione era filha única e seus pais, os bem-sucedidos dentistas Albert e Jane Granger, muito organizados, dedicados ao estudo e ao trabalho, ensinaram à menina desde cedo que o conhecimento é um dos patrimônios mais importantes. O pai, reservado e apaixonado por livros, e a mãe, comunicativa, prática e decidida, estimularam a filha a ser independente e racional. Hermione pensara ter aprendido a lição, mas Ron a tirava do sério e a fazia mostrar seu lado explosivo e passional.
A casa da menina, perto da Toca, parecia sempre fria. De modo particular este ano, quando passava o Natal apenas com o sr e srª Granger. A família era pequena: além dos pais, tinha apenas a avó materna e uma tia que morava na França com o marido e duas filhas, uma da mesma idade de Hermione, outra dois anos mais velha. Mas dessa vez todos decidiram ficar em Paris, para onde seguiu também a avó, e o os pais da morena, por questões de trabalho, permaneceram em Londres.
Por mais que os pais procurassem agradar a menina, fazendo suas receitas preferidas e a enchendo de presentes e mimos, ela experimentava um grande vazio. Sentia falta do calor que emanava da Toca e, especialmente, de Ron. Sorria ao pensar que assim como ela tinha essa ligação com a terra, com tudo que era concreto, o menino se identificava com o fogo e até o seu cabelo vermelho mostrava isso.
Hermione se esforçou ao máximo para que os seus pais não percebessem que estava triste. Mas foi o próprio pai, normalmente desligado, que primeiro perguntou o que estava acontecendo com a filha.
- Estou achando você tão desanimada... Não quer passar o dia amanhã na casa dos Weasley? Eu e sua mãe levamos você lá.
- Não, pai, obrigada. Quero ficar com vocês – disse a menina, tentando disfarçar o quanto ficara surpresa com essa proposta.
- Aquele rapaz... Ronald, não é mesmo? Ele deve telefonar ou mandar uma mensagem pela coruja para você. Sempre faz isso. Com certeza vai convidá-la para passar uns dias lá. Se você quiser...
- Pai, eu já falei. Não quero sair daqui! – respondeu num tom mais alto que o normal – Agora me dá licença que estou com um pouco de dor de cabeça e vou para o meu quarto.
Sr. Albert achava a filha muito madura e responsável. Por isso dificilmente se preocupava com as decisões da menina, já que acreditava que ela sempre fazia a escolha certa. Pela primeira vez, no entanto, sentia que Hermione era mais frágil do que imaginava e precisava de seu apoio. Com respeitava demais a privacidade da filha, não quis bater na porta do quarto dela. Mas pediu a esposa Jane para ir falar com Mione.
Quando Hermione abriu a porta do quarto, seus olhos ainda estavam vermelhos. A mãe pediu licença para entrar, dizendo que precisava falar com ela. Perguntou o que estava acontecendo com a menina, por que andava tão triste e se recusara visitar a Toca, lugar do qual tanto gostava.
Hermione tentou esconder tudo que se passava com ela. Primeiro porque era muito reservada por natureza e não gostava de falar, nem com os próprios pais, dos seus sentimentos. Depois porque não queria preocupá-los.
Percebeu logo, porém, que dessa vez seria impossível não falar para mãe o que estava acontecendo. Antes que pudesse pensar na melhor forma de dizer que havia rompido a amizade com Ron, a mãe tomou a iniciativa.
-Filha, a sua mãe conhece você melhor do que imagina. Desde que chegou aqui notei que estava triste. Até o seu pai, que é mais desligado, percebeu o seu abatimento. Você precisa confiar em nós. Não existe quem queira mais o seu bem do que os seus pais.
Aquelas palavras tocaram fundo o coração da menina, que se sentia tão solitária. Ela, que tentava se manter forte até aquele momento, desmoronou e lágrimas sentidas começaram a rolar por sua face. A mãe abraçou a filha em silencio e ficaram assim por alguns minutos.
Quando se afastaram, a menina sentou em sua cama e a srª Jane ocupou a cadeira da escrivaninha. Hermione não sabia por onde começar nem o que dizer. Apenas uma vez havia insinuado algum interesse por Ron. Foi no recesso depois do Baile de Inverno, quando perguntou a mãe se era comum amigos terem ciúmes um do outro. A mãe quis saber o porquê do questionamento e jovem acabou revelando que Ron tinha ficado muito enciumado por ela ter ido ao baile com o jogador búlgaro. “Amigos podem ter ciúme, sim. Mas pode ser, também, que Ron não veja você apenas como amiga”. A declaração da mãe deixou a menina tão constrangida que ela logo mudou de assunto.
Enquanto pensava no que dizer para mãe, a srª Granger tomou mais uma vez a iniciativa. “Filha, você e Ronald brigaram? É por isso que está triste?”, perguntou de forma carinhosa. Como a mãe podia saber exatamente o que estava se passando? Será que também era uma bruxa e tinha uma bola de cristal?
Hermione abaixou os olhos e permaneceu em silêncio. Deveria contar para a mãe que gostava de Ron, mas que ele namorava outra pessoa? Parecia tão exagerada a sua reação diante do fato em si que não tinha coragem de falar. Acreditava que os seus pais esperavam que sempre tivesse autocontrole, firmeza e agisse de forma racional e inteligente. Como podia dizer que estava se deixando guiar pelos sentimentos, que atacara o rapaz com um feitiço, sem medir as consequências desse ato, por pura mágoa e ciúme?
- Minha filha, você cresceu, tornou-se uma adolescente, e jamais tive uma conversa com você sobre como nossas emoções e sentimentos mudam nesse período. O coração começa a falar mais alto e nos surpreendemos com a força com que ele conduz a nossa vida. Você não precisa se envergonhar dos seus sentimentos...
- Mãe...eu... - a menina respirou fundo e enxugou uma lágrima que teimava em cair – eu e Ron não somos mais amigos.
Agora que a menina começara a se abrir, a srª Granger, que era persistente como a filha, não ia deixar que a confidência ficasse pela metade. Lembrou que os dois já tinham se desentendido várias outras vezes – isso Hermione havia contado para ela – e sempre voltavam a se falar.
Hermione argumentou que dessa vez não acreditava que voltariam a se falar. “Magoamos demais um ao outro”, resumiu a menina. A mãe disse que o arrependimento sincero cura muitas feridas. Faltava, no entanto, a confidência mais importante.
- Minha filha, você precisa confiar em mim e se abrir. O seu sentimento por Ron é mais forte do que uma simples amizade, não é?
Hermione se rendeu. A mãe já sabia de tudo. Para que negar? “Eu gosto muito de Ron, muito mais do que gostaria de admitir. Mas quero e vou esquecer ele. Ron me tratou muito mal e agora ainda está namorando uma menina”.
Todos os argumentos, que devia perdoar o rapaz, dar uma oportunidade dele se justificar e retomar a amizade, foram usados pela mãe sem sucesso. Hermione estava muito magoada e decidida a tratar o rapaz com o máximo de desprezo. E foi com esse sentimento que ela voltou a Hogwarts para o reinício das aulas.
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Para ouvir antes, durante ou depois de ler o capítulo:
Who Am I To Say
Love of my life, my soulmate
You're my best friend
Part of me like breathing
Now half of me is left
I don't know anything at all
Who am I to say you love me
I don't know anything at all
& who am I to say you need me
Color me blue I'm lost in you
Don't know why I'm still waiting
Many moons have come & gone
Don't know why I'm still searching
(…)
Comentários (5)
Obrigada, Luluweasley e Lumos, pelos comentários! Estou com pouco tempo para atualizar a fic e a participação de vcs me incentiva a fazer um esforço a mais. :)
2012-04-25Eu simlesmente amei o capítulo, vc cada dia fica melhor. Cara! Deu dó da Mione sofrer tudo sozinha não é nada fácil,eu entendo o lado dela. Espero que no próximo as coisas melhorem. Pq o Ron já tá caindo na real. Boa sorte para os dois.Ps: A música é o máximo, até baixei ela no pc pra ouvir na hora que eu quiser.Bjs! Até.
2012-04-25Oooi, primeira vez comentando! Nossa, sua fic é absolutamente incrível! entro todos os dias esperando novos capítulos, é meu novo vício. você escreve muito bem, parabéns! me envolvo tanto com os personagens,como se estivesse acontecendo comigo,é super envolvente! parabéns de novo e a musica encaixou perfeitamente. esperando por novos caputulos tão perfeitos quanto os outros!
2012-04-25Gego, minha intenção não era fazer chorar não... Mas esse momento RHr é triste, não tem jeito. Eu mesma fico sensibilizada com a dor deles quando releio o capítulo. Mas como, muitas vezes, a gente precisa perder para valorizar, isso faz parte do amadurecimento do amor que sentem um pelo outro.
2012-04-25Eu me viciei totalmente na sua fic, sério. Parece feitiço, sempre que termino de ler fico com um gostinho de quero mais. Tudo perfeito como sempre. Cada momento. *-* Quase eu chorei... Juro, se eu tivesse em um dia emotivo estaria aos prantos, ainda mais com essa música. Ps: “Color me blue I'm lost in you”... Feita sobre encomenda? Descobri o seu segredo. :D:*
2012-04-25