Revelações
Oi! Aos que resistiram bravamente até agora, algumas palavrinhas. Gostei muito de escrever essa parte da fic. Meu lado racional (hermionesco) não conseguia acreditar que a inteligente bruxinha ficaria em paz enquanto não descobrisse porque Ron passou a ser agressivo com ela e a “trocou” por Lilá. Por isso achei que ela precisava de tal resposta. “Para não dizer que não falei”... dos filmes(!), fiz a minha versão... Epa! Acho que estou contando demais! Melhor ler o capítulo. Espero que curtam! :)
Abraços da Morgana
P.S: Snif! Não gosto quando vocês ficam em silêncio. Um comentário não custa tanto assim. Escreve aí, vai! (risos)
* * * * *
Um único pensamento tomou conta de Hermione assim que acordou: Ron. Precisava ver o amigo, saber como ele estava. Dormira mal a noite inteira e havia tido pesadelos terríveis nos quais o ruivo aparecia todo ensanguentado, como se estivesse sem vida. Desde o envenenamento, o rapaz permanecia desacordado e ela precisava saber se tivera alguma reação. “Não vou tomar café agora. Preciso visitar Ron”, decidiu. Não falou com ninguém, nem mesmo com Gina, da sua intenção. Lilá ainda dormia. A menina desconfiava que a loura não sabia que o namorado tinha sido envenenado e não seria ela a contar.
- Está um pouco cedo, srta. Granger, para as visitas – disse Madame Pomfrey.
- Mas as visitas não começam às 8h? – perguntou a menina.
- Ainda são 7h30. Mas tudo bem, você pode entrar – falou a medibruxa balançando a cabeça – Devo avisá-la, no entanto, que o sr. Weasley continua desacordado.
A menina logo bombardeou a medibruxa de perguntas. Soube que o rapaz passara bem à noite, reagindo positivamente à medicação. Só que ainda estava inconsciente. “Ele está se recuperando muito bem”, garantiu Madame Pomfrey.
Hermione sentou ao lado do ruivinho e, ao ver como continuava pálido, sentiu uma grande angústia. Sabia que só iria se tranquilizar quando pudesse contemplar os olhos azuis do amigo. Instintivamente, ela segurou uma das mãos de Ron e começou a falar baixinho.
- Ron? Sou eu, Hermione. Você está na enfermaria, mas já foi medicado. Logo tudo vai voltar ao normal. Eu vou ficar aqui com você.
O rapaz balançou a cabeça e pareceu resmungar, reagindo às palavras da menina, que prosseguiu:
- Talvez você não esteja me ouvindo, mas eu gostaria de lhe pedir desculpas. Percebi que estava tentando se reaproximar de mim, mas eu ainda estava muito magoada e tratei você com desprezo. Eu não queria que tivesse sido assim...
Depois de dar um fraco gemido, Ron chamou a amiga pelo nome. Ela apertou mais a mão do ruivo e falou: “Eu estou aqui”. O rapaz abriu os olhos com esforço e mirou o rosto da morena.
- Você está na enfermaria, mas está tudo bem! – falou Hermione.
- Não está mais chateada comigo? – perguntou Ron com voz fraca.
Os olhos de Hermione se encheram de lágrimas e ela se segurou para não cair no choro. O amigo quase tinha morrido envenenado e se preocupava em saber se a menina estava ou não chateada com ele.
- Não, Ron! Está tudo bem. Se você me desculpar...
- Eu também não estou chateado com você.
- Que bom! – respondeu com um leve sorriso
- O que aconteceu? – perguntou o rapaz que ainda estava muito abatido.
- Você não lembra de nada?
- Só lembro vagamente de ter ido na sala do professor Slughorm com Harry...
- Você foi envenenado. O professor serviu uma taça de hidromel sem saber que continha veneno... Mas agora está tudo bem, fica tranquilo.
- Você está segurando minha mão...
- Ah, desculpa... - disse Mione muito sem graça, ficando logo com as faces vermelhas e tentando desprender a mão.
- Não, por favor, fica assim – pediu o ruivo apertando a mão da menina e fechando novamente os olhos.
Depois de vários meses de angústia, desde que ela e Ron passaram a se desentender, Hermione finalmente se sentia em paz, aliviada, feliz até. Como tinha sido bom contemplar aqueles olhos azuis tão límpidos, mesmo se por poucos minutos, já que Ron parecia ter voltado a dormir. Como era bom estar de mãos dadas com ele e, o melhor, o amigo ter pedido para Mione permanecer assim. “Eu te amo demais, Ron. Pena ainda não poder falar em voz alta desse meu sentimento”.
Hermione permaneceu uns 10 minutos ali, de mãos dadas com o rapaz, contemplando o seu rosto ainda pálido, os lábios agora com um pouco mais de vida, os cabelos vermelhos. Lembrava de alguns dos muitos momentos, de perigo e alegria, que haviam passado juntos ao longo desses anos.
Quando seu estômago começou a anunciar que ela ainda não havia tomado café, decidiu sair da enfermaria. Pensava em voltar à ala hospitalar no horário da tarde, mas depois de saber que Lilá tomara conhecimento que o namorado tinha sido envenenado e resolveu fazer plantão na enfermaria, achou melhor adiar a visita.
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Naquela noite, conversando com Gina, Hermione soube que Ron passava a maior parte do tempo ainda desacordado. Sorriu ao lembrar que o rapaz havia falado por alguns instantes com ela, mas preferiu guardar esse segredo.
Quando levantava, era sempre assim: logo se lembrava de Ron. Tinha percebido que o horário da manhã era o melhor para visitar o amigo. Como o primeiro tempo de aula era livre para ela e não para Lilá, que fazia Adivinhação, decidiu voltar à enfermaria.
Ron estava dormindo e Hermione começou a fazer várias perguntas à Madame Pomfrey. Ficou sabendo que o amigo recebia medicamentos que funcionavam como sedativos e assim permitiam que o seu organismo se normalizasse mais rápido. “O envenamento do senhor Weasley foi muito sério. Ele só não faleceu por causa do benzoar, mas foi muito atingido e a recuperação deve demorar cerca de uma semana”, disse a medibruxa, garantindo a menina, porém, que ele ficaria completamente restabelecido.
Quando chegou ao corredor, um pouco desanimada por Ron ainda estar desacordado, Hermione encontrou-se com Gina, Fred e Jorge.
Os rapazes não podiam perder a oportunidade de tirar uma brincadeira com a menina, mesmo diante da gravidade da situação.
- Madrugou, Mionizinha? Roniquinho já acordou? – perguntou Jorge.
- Não. Ele permanece desacordado a maior parte do tempo – respondeu Hermione.
- Fala a verdade! Ele é muito mais interessante desacordado, não é? – provocou Fred.
- Pelo menos não fala besteira - completou Jorge e os dois caíram na gargalhada.
- Meninos, vocês já encheram demais a paciência de Hermione por hoje. Vão entrando para visitar Ron que eu preciso dar uma palavrinha com Mione – disse Gina com a autoridade que a fazia lembrar a mãe.
Gina parecia mais ansiosa que o normal e foi logo pedindo desculpas a Hermione por ter contado um segredo a Ron. “Ele me provocou tanto que eu acabei falando, sem pensar”, justificou a ruiva.
- O que você falou para ele? – perguntou Hermione assustada, achando que a menina havia revelado a paixão secreta dela pelo amigo, apesar da morena nunca ter conversado com Gina sobre o assunto.
- Eu contei que você tinha beijado o Krum – disse a ruiva sem mais rodeios.
- Gina! Você não podia fazer isso! Eu pedi segredo. Aquele beijo não significou nada para mim – argumentou Hermione com o rosto vermelho.
- Você não podia guardar segredo a vida toda. Um dia Ron ia descobrir... – contrapôs Gina.
- Mas quem tinha que contar isso para ele era eu, você não acha? – questionou a morena.
Gina explicou em detalhes como tudo tinha acontecido e finalizou contando o conselho que deu ao irmão. “Eu falei que ele devia arrumar uma namorada, beijar alguma menina, para não encher mais a minha paciência”.
Hermione não pôde deixar de pensar que, com essas palavras, Gina tinha incentivado Ron a se jogar nos braços da Lilá.
- Poxa, Gina! Você sabe como o seu irmão é ciumento, especialmente com o Krum. Eu e Ron estávamos nos entendendo tão bem. Nós dois iríamos juntos à festa do Clube do Slugue... – falou Hermione que agora finalmente começava a entender o porquê do amigo ter começado a tratá-la tão mal de uma hora para outra.
- Não venha defender Ron. Se ele não fosse tão imaturo saberia que o seu relacionamento com Krum era coisa do passado. Imagina... Um beijo que já aconteceu há 2 anos!
Ele não era maduro, Hermione sabia disso. E ainda era ciumento, muito ciumento, por sinal. Se gostava ao menos um pouquinho da amiga, da forma como ela tanto desejava, é claro, a revelação daquele beijo, mesmo se muito distante, o havia abalado.
A morena não queria mais falar daquele assunto. Era informação demais em muito pouco tempo. Disse para Gina que precisava ir, ainda não tinha tomado café da manhã. Mas foi surpreendida pela pergunta da ruiva.
- Hermione? – disse Gina com um olhar penetrante – Você gosta muito do meu irmão, não é?
- Claro! Ele é meu amigo – tentou responder de forma displicente.
- Mas você não gosta dele só como amigo, eu sei disso – disparou a ruiva.
Hermione ficou mais uma vez com o rosto vermelho. A última coisa que queria ouvir era isso. Então o sentimento que tentou esconder por tanto tempo tinha sido descoberto? Onde falhara, se perguntou. Queria negar, mas Gina fez aquela afirmação de forma tão convicta que sentiu que era inútil. Preferiu ficar quieta.
- Meu irmão é apaixonado por você - continuou a ruiva sem se importar com a expressão perplexa da amiga - Ele jamais vai admitir esse sentimento, que nega para si mesmo. Pelo menos por enquanto. Mas lá em casa todos sabem disso.
Aquelas palavras ainda gritavam dentro do coração de Hermione. “Meu irmão é apaixonado por você”. A menina, porém, escondida atrás da sua tão conhecida racionalidade, tentou manter o ar de indiferença.
- Gina, você está enganada. Ron não gosta de mim do jeito que você falou. E, além do mais, ele está namorando a Lilá.
- Eu sei que Ron não gosta dela e que esse namoro não deve durar muito. Mas o que eu queria dizer mesmo é que, se você realmente ama o meu irmão, tem que demonstrar isso de alguma forma. Toda vez que critica Ron, ele fica arrasado e se distancia ainda mais de você. Sei que ele tem muitos defeitos, mas também é divertido, protetor, tem um ótimo coração! E o mais importante: ama muito você!
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Depois da conversa com Gina, Hermione passou o dia fora do ar. Sentia-se feliz quando algo dentro dela dizia que a amiga estava certa e que Ron a amava. Mas logo essa certeza se dissipava e dava lugar a muitas dúvidas.
“Quem tem que dizer o que sente por mim é ele. Se gostasse de verdade de mim, Ron não estaria namorando Lilá. Poderia até ficar chateado por causa de Krum, mas não procuraria outra pessoa”, pensava a menina.
Logo em seguida seu lado persistente e batalhador, que sabia lutar e alcançar seus objetivos, tão eficiente no estudo, se manifestava. “Se gosto de Ron, e eu sei o quanto gosto, como sou apaixonada por ele, preciso lutar por esse sentimento”.
Para piorar, Lilá resolveu implicar com Mione. “Você é minha colega de turma, de casa e de dormitório. Tinha a obrigação de me contar que Ron foi envenenado”, dizia a loura. Hermione argumentou que pensou que ela soubesse, afinal, os dois eram namorados. E se questionava como a menina podia ser tão desligada do mundo a ponto de não virar a escola de ponta à cabeça atrás do rapaz que desaparecera justamente no dia do aniversário.
“Eu senti falta do Ron, é claro. Mas ele disse que queria passar o dia em Hogsmeade. Eu não sabia que o passeio tinha sido cancelado e, como também não vi Harry, achei que os dois tinham ido para lá juntos. Como ia imaginar que Uon-Uon corria grave perigo”, dizia a menina choramingando e deixando Hermione ainda mais irritada.
Para não ter a desagradável surpresa de encontrar Lilá na ala hospitalar, visitando Ron, Hermione resolveu que não veria mais o amigo. Não era fácil manter essa decisão. Ron ainda estava tão enfraquecido da última vez que estivera com ele. Conseguiu manter-se firme por um dia, e com muito sacrifício.
À noite, Gina contou que Ron estava acordado quando o visitou naquele dia. “Perguntou por você, queria saber se não iria visitá-lo. Eu disse que você tinha ido lá alguns vezes, mas que ele estava sempre desacordado”, contou a ruiva.
Na manhã seguinte, Hermione acordou com uma doce lembrança. “Ron pediu para segurar minha mão!”, pensou a menina, recordando da primeira visita que fizera sozinha ao amigo, e o seu coração disparou de felicidade. Ressoaram em sua mente mais uma vez as palavras de Gina: “Meu irmão é apaixonado por você”. Fosse ou não verdade, o fato é que estava morrendo de saudades de contemplar aqueles olhos azuis. Esse argumento suplantou todos os demais, com seus prós e contras, e, quando se deu conta, Hermione já estava entrando na enfermaria.
Ron conversava com Madame Pomfrey. Parecia tentar convencê-la que podia jogar quadribol no sábado. “Eu estou ótimo. Não sinto mais nada”, dizia. A medibruxa, ao avistar a menina, encerrou de vez a conversa. “Ronald Weasley, tem uma visita para o senhor”.
Quando Ron virou o rosto e avistou a amiga, abriu um lindo sorriso.
- Hermione! Então não foi um sonho – disse o ruivo.
- Sonho, Ron? Não estou entendendo... – respondeu a menina, surpreendida por aquela afirmação.
- Achei que tinha sonhado que você veio me visitar, conversou comigo e voltamos a ser amigos. Não foi um sonho, foi?
- Não, Ron. Eu estive aqui no domingo pela manhã. E na segunda-feira também. Mas você estava desacordado nessa segunda vez.
- Lembro também que você segurou minha mão...
Hermione ficou rosada. Mas logo tratou de se recompor e agir racionalmente como fazia, ou tentava fazer, sempre que estava com Ron.
-Você estava tão pálido, achei que precisava de mim...
- Preciso, sim – disse num fôlego só, para em seguida completar – Preciso muito da sua amizade.
“Por que da minha amizade, Ron? Eu não quero mais ser apenas a sua amiga. Será que nunca vai perceber isso?”, questionava em silêncio a menina. O ruivo se deu conta que Hermione havia saído do ar por alguns segundos. “Mione? Está tudo bem?”, perguntou.
- Claro... tudo bem. E você, como está? – indagou a menina.
- Estou bem... Queria ter alta amanhã de manhã, mas Madame Pomfrey está irredutível!
- Você tem que ter paciência, Ron. Envenenamento é algo muito sério! Eu fiquei tão preocupada em ver você desacordado...
- Engraçado você estar preocupada comigo... Nos dois últimos meses fazia questão de virar o rosto sempre que passava ao meu lado. Achei que nunca voltaríamos a ser amigos...
- Eu também achei, mas agora, olhando para trás, vejo que nós dois agimos como crianças. E eu queria pedir desculpas...
- Por que?
- Por tantas coisas... Por desconfiar que você havia tomado Felix Felicis antes do jogo, pelo ataque dos pássaros, pela forma como lhe tratei nesse último período. Mas quero que saiba que nunca duvidei da sua capacidade de goleiro. Pelo contrário. Sabia que era apenas o nervosismo que atrapalhava o seu bom desempenho.
- Eu também tenho que lhe pedir desculpas... Sei que magoei muito você, usei palavras muito duras...
- Então vamos deixar tudo isso para trás?
- Combinado – disse o rapaz, que continuava pálido, abrindo um sorriso.
Quando a menina se despediu, Ron pediu que ela voltasse no dia seguinte e agradeceu, de forma carinhosa, pela visita. Hrmone e Ron estavam felizes. Como um mal-entendido tão grande podia se resolver com poucas palavras.
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Para ouvir antes, durante ou depois de ler o capítulo:
Listen To Your Heart
I know there's something in the wake of your smile
I get a notion from the look in your eyes, yea
You've built a love but that love falls apart
Your little piece of heaven turns too dark
Listen to your heart
when he's calling for you
Listen to your heart
there's nothing else you can do
I don't know where you're going
and I don't know why,
but listen to your heart
before you tell him goodbye
(…)
Comentários (7)
Amei demais! Você escreve muito bem, parabéns!!
2020-05-27Pelo visto você é romântica como eu, Lumos! Adoro esses momentos fofos:). Mas com esses dois, vc sabe como é, depois da calmaria vem a tempestade (e vice-versa). E não podemos esquecer que ainda tem a Lilá na jogada. Ai, ai...
2012-04-29Perfeito! Gosto muito quando eles fazem as pazes.Bjs!
2012-04-28Oi, Gego! Obrigada pelo comentário! Vc tem razão: é enfermaria e não dormitório (estou corrigindo lá). Já identifiquei que os ficwriters "profissionais" têm o beta-reader, que faz revisão no texto antes dele ser publicado. Como eu sou a minha própria beta, passam alguns erros, infelizmente. E olha que releio várias vezes! Sempre que identificar algum, fica à vontade para me avisar. Thanks :)
2012-04-28Quero mais!Esse capítulo tá MUITO fofo. Adorei.Também ri pela citação de Uon Uon...“ Esse argumento suplantou todos os demais, com seus prós e contras, e, quando se deu conta, Hermione já estava entrando no dormitório.”Não seria enfermaria ao invés de dormitório? Fiquei confusa... :D
2012-04-28Nooossa, Lulu, você é uma leitora em tempo real! Mal havia atualizado, vc já tinha comentando! Fico feliz por estar curtindo. Gostei muito de colocar no "pergaminho" a minha versão das entrelinhas da história desse adorável casal e quis compartilhar isso com outras pessoas. Valeu pela sugestão da música. :)
2012-04-28Perfeito! adorei demais! você escreve com absoluta perfeição! parabéns mesmo.sempre que escutava a musica 'skycraper' pensava nos dois, fica como dugestão! Bjs
2012-04-28