Capítulo 3



N/A.: antes de mais nada, quero pedir MIL DESCULPAS por ter demorado a postar. Mas este mês de dezembro tem sido bem corrido. As últimas provas da faculdade no início do mês, estágio, autoescola (corri para não pegar o aumento das aulas ano que vem, hehe). Enfim. Aproveito para ressaltar que resolvi mudar um pouquinho o rumo da história, acrescentando algumas coisas relacionadas à máfia e Lucius Malfoy. Acho que o estágio na área criminal tem feito minha cabecinha viajar bastante, aí deu no que deu. Até mudei o resumo da fic e tudo. De ínicio, eu ia escrever só sobre Bill/Fleur, pouco sobre Tonks/Remus e menos ainda sobre Sirius/Lene. Espero que, mesmo com as mudanças, eu consiga manter o ritmo da fic (tive que replanejar tudinho, mas acho que valeu a pena. Cansei de escrever SÓ romances). Agora, vou responder aos comentários que recebi no último capítulo:

Neuzimar de Faria: fico muito feliz de saber que você está gostando da história! :D E sim, a Fleur é freira. Por enquanto. Quanto ao Remus... bem, confesso que ele já percebeu que a Tonks existe. Mas além de todo o problema com a Dorcas, ele tem outro: a consciência. Que muitas vezes pensa as coisas de um ângulo errado. Mas chega de spoilers por hoje. Ao longo da fic, você verá o desenrolar da história. ;)

willi santana: mesmo tendo mudado um pouco o rumo da fic, ela continua, sim, baseada em uma história verdadeira. Um cara muda de cidade, vira jardineiro, faz um serviço em um convento, conhece uma freira, que larga a vida de freira... e já tem oito anos de casados. Minha intenção era contar só isso, mas resolvi florear e mudar a história. Espero que não perca a graça. E me desculpe, mas infelizmente não consegui postar rápido. Mas espero que goste do capítulo. :)

É isso, pessoas. Aproveito para desejar a todos um Feliz Natal. Um Feliz Ano Novo. Que tenham um Natal mágico, um Ano Novo especial. Que 2014 seja um ano melhor. Que 2013 seja apenas uma lembrança feliz - ou nem tanto, mas se tiver servido para crescermos (mesmo sofrendo) - também terá valido a pena.
E deixem recadinhos para mim de presente de Natal. ;) E se quiserem uma dica de fic especial de Natal, leiam essa one que eu fiz (propagandaaaaaaaaa): http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=46238.

Boa leitura e até o próximo capítulo! ;)

~ * ~

O garçom o serviu e saiu de perto da mesa. Bill alternava os olhares entre o relógio de pulso e a porta do restaurante italiano em que tinha combinado de se encontrar com Fleur, em uma cidade vizinha. Ele acatou a sugestão da moça na mesma hora, assim que ela pediu que o encontro não fosse em Hogsmeade para que os moradores não fizessem deles o assunto dos próximos meses.


E agora, lá estava ele. Com um copo de limonada, ainda intocado, à sua frente. Ansioso. Como um garoto de treze anos que vai levar a garota dos sonhos ao cinema.


Bill sentia um frio esquisito na barriga, mas o ignorava. Talvez fosse apenas fome.


Ao olhar para a porta do restaurante mais uma vez, finalmente viu quem ele tanto esperava. Era Fleur. Ela sorria, parecendo meio encabulada. E vestida com o hábito. Bill sentiu o coração saltar no peito. Com certeza era de susto, não tinha outra explicação. Que moça marcava um encontro com um cara e ia de hábito?


- Olá, Bill. – cumprimentou ela, aproximando-se. Ele se levantou.


- Olá, Fleur. – ele se aproximou dela, confuso. Como devia cumprimentá-la? Com um beijinho no rosto? Com um abraço? Optou por apenas estender a mão, que ela apertou, delicadamente. Bill puxou a cadeira para Fleur se sentar.


- Obrigada. – agradeceu ela, colocando uma pequena bolsa em cima da mesa. Bill fez sinal para que o garçom se aproximasse e Fleur pediu um suco de abacaxi.


Quando o garçom se afastou, Bill não sabia o que falar. Optou apenas por fitar Fleur, que parecia envergonhada, e olhava para a toalha de mesa fixamente. Ela era ainda mais bonita vista de perto.


- Por favor, não pense que eu sou maluca. – pediu Fleur, baixinho, quebrando o silêncio, ainda sem encará-lo.


- Por que eu pensaria que você é maluca? – questionou Bill, curioso. Ela nada disse. Mordeu o lábio inferior, pensativa. – Fleur? – chamou o ruivo, esticando a mão para segurar o queixo dela e levantá-lo, forçando a moça a encará-lo.


- Não é a mulher que convida um homem para um encontro. – respondeu, corando levemente.


- Depende. – disse Bill, soltando o queixo dela quando teve certeza de que ela não desviaria o olhar de novo. – Foi a namorada do meu irmão Ron quem convidou ele para o primeiro encontro. E eles estão juntos há uns dois anos.


- Sério? – perguntou Fleur, parecendo um tantinho mais animada.


- Sério. A namorada dele, Hermione, sempre teve muito mais atitude do que ele mesmo.


- Quantos irmãos você tem? – quis saber a moça, enquanto o garçom colocava um copo de suco de abacaxi na mesa.


- Cinco irmãos e uma irmã, todos mais novos do que eu.


- Eles moram em Hogsmeade?


- Não, só eu moro lá. Às vezes eles me visitam. Mas minha família é de Londres.


- Por que você também não mora em Londres?


Bill ficou uns segundos em silêncio antes de perguntar:


- Podemos falar sobre isso depois?


- Claro. Me desculpe se fiz alguma pergunta indiscreta. – respondeu Fleur, bebendo um pouco do suco pelo canudinho, sem jeito.


- Não tem problema. – disse Bill, pegando um cardápio que estava sobre a mesa vazia ao lado. – O que você vai querer comer, Fleur?


- O que tem de bom aí?


- Macarrão de todos os jeitos, canelones, lasanhas, pizzas...


- Pizza! – interrompeu ela. – Nunca comi pizza na hora do almoço.


- Sério?


- Sério. Mas não tem problema, não é? – acrescentou, preocupada. – Comer pizza no almoço não faz mal?


- Uma vez ou outra não faz mal a ninguém. – respondeu Bill, divertido. Fleur parecia uma criança falando aquilo. – Alguma preferência de sabor?


- Não, pode escolher o que achar melhor.


O ruivo chamou o garçom novamente e fez o pedido.


- Agora, eu tenho uma pergunta: por que a senhorita me chamou para sair? – quis saber Bill, não mais conseguindo esconder a curiosidade. – E Apolline? O que acha disso?


- Ela não acha nada. Porque não sabe. – respondeu Fleur, devagar. – Tia Apolline está em Roma, resolvendo alguns problemas do convento.


- “Tia”? Você é irmã da Gabrielle?


- Sou. – ela sorriu. – Foi Gabrielle quem me deu apoio para ligar para você. Ela ficou do meu lado, me dizendo para falar as coisas logo, ou então você iria desligar o telefone.


- Aahh... – fez Bill, finalmente reconhecendo a voz que ouvira, ao fundo, no dia que Fleur lhe ligara. – Mas a senhorita não me respondeu por que me chamou para sair.


Fleur corou.


- Acho... bem, acho que é meio óbvio. – respondeu, baixinho, encarando a toalha da mesa.


Bill ficou alguns segundos em silêncio, absorvendo as palavras dela. Ele, particularmente, só chamava para sair mulheres em que tinha algum interesse de ordem sexual. As mulheres geralmente tinham interesses amorosos.


- Fleur... mas você é freira.


- Eu sei, Bill. – respondeu, cobrindo o rosto com as mãos. Ela suspirou e tirou as mãos do rosto. – Será que a gente pode falar sobre isso na próxima vez em que sairmos?


- Seria mais fácil se eu não tivesse que olhar para você vestida com o hábito. Porque assim não dá para esquecer que você é freira. Parece que eu ‘tô cometendo um pecado, sei lá. – comentou o rapaz, vendo-a baixar os olhos outra vez. – Mas eu faço um esforço. – acrescentou, rapidamente, vendo um meio sorriso surgir nos lábios de Fleur.


Naquele instante, o garçom se aproximou com uma pizza nas mãos. Bill e Fleur deram a conversa por encerrada e foram “almoçar”.


~ * ~


Tonks correu até o escritório da Dumbledore Jardinagem, o coração pulando no peito. Deveria estar trabalhando, mas tinha ficado tão perturbada ao ver a edição do Daily Mail daquela manhã que Madame Rosmerta a dispensara. Precisava falar com Sirius. Urgentemente.


 Ao chegar lá, deu de cara com o primo sentado na cadeira do escritório com os pés em cima da mesa. Um chapéu lhe cobria o rosto. Tonks se aproximou e tirou o chapéu do rosto dele. Estava dormindo. Sem pestanejar, Tonks enrolou o jornal e bateu com força na testa de Sirius.


- SIRIUS, ACORDA!


Ele piscou, abobado.


- Caramba, Tonks, isso lá é jeito de acordar alguém? – perguntou, esfregando os olhos e tirando os pés de cima da mesa. – O que você tá fazendo aqui?


- Lembra que eu disse para você que meus pais tinham sido assassinados porque fizeram uma denúncia que ajudou a polícia a prender Malfoy pela primeira vez? – começou Tonks, sentando-se em cima da mesa. – E que depois eu morei um tempo com minha avó Tonks até ela falecer também? E que foi ela quem me explicou tudo e até me entregou uma carta que meus pais escreveram uns dias antes de morrerem?


- Lembro, sim. – respondeu Sirius, sem entender onde a prima queria chegar.


- Você acha essa explicação satisfatória?


- Por que não acharia? – perguntou, visivelmente confuso.


Tonks jogou o jornal no colo de Sirius em resposta.


JUSTIÇA DESARQUIVA PROCEDIMENTO DE INVESTIGAÇÃO DA CAUSA DA MORTE DO CASAL ANDRÔMEDA E TED TONKS


Recentemente, uma decisão da Promotoria de Justiça britânica entrou em conflito com a da Delegacia encarregada de investigar as causas da morte de Andrômeda e Ted Tonks, cujas mortes ocorreram há exatos sete anos, no mês de julho de 2005. Andrômeda e Ted foram encontrados mortos dentro de um carro abandonado próximo ao lixão de Carnlough, cidade da Irlanda do Norte onde moravam. A perícia feita à época concluiu que o casal foi morto em um assalto. O dinheiro que o casal carregava em uma maleta teria desaparecido.


Mas a Promotoria de Justiça parece não concordar com a tese levantada. “É um absurdo o que estão fazendo. Não estão respeitando a segurança jurídica que envolve um caso já resolvido”, diz Bellatrix Lestrange, delegada responsável pelo caso à época, que hoje trabalha em Londres. “O trabalho da perícia foi muito bem feito, os relatórios foram conclusivos e eu acompanhei cada passo da investigação pessoalmente. Não há o que se discutir. Os assaltantes, inclusive, já foram julgados e hoje já estão na fase final de cumprimento da pena”, acrescenta, indignada.


Percy Weasley, Promotor responsável pela equipe que investiga o caso, não foi encontrado para prestar informações. Um servidor da Promotoria entregou à reportagem uma nota oficial, redigida em punho e assinada pelo próprio Dr. Weasley, abaixo publicada:


Todas as investigações conduzidas pela Promotoria de Justiça são sérias e fundamentadas e visam somente à proteção da população de todo o Reino Unido. Justamente por isso, é impensável que a instituição forneça maiores detalhes sobre as decisões tomadas em seu âmbito. Pedimos a população um voto de confiança, e nos colocamos à disposição de qualquer pessoa que possa nos ajudar, com informações, em qualquer investigação feita.


Percy Weasley


Promotor de Justiça


- Não entendi nada. Bellatrix? Delegada? Mas ela não era amiguinha do Malfoy? – perguntou Sirius, confuso, uma ruga se formando no meio da testa, jogando o jornal em cima da mesa.


- Sirius... eu só entendi tudo isso hoje. – respondeu Tonks, tristonha. – Quando vi a notícia, comecei a ligar os pontos. Nunca entendi direito a carta que meus pais me deixaram, mesmo sabendo ela de cor, mas agora... tudo faz sentido. A Promotoria e a Delegacia não fizeram as investigações corretamente.


- Vejamos – começou Sirius, erguendo uma mão, como se pedisse Tonks que esperasse. – Lucius Malfoy é um mafioso e todos sabemos disso. Inclusive, ele se casou com Narcissa, irmã mais nova de Andrômeda. A irmã mais velha de Andrômeda e Narcissa é a querida prima Bellatrix. Que é a delegada do caso. Tonks, como você sabe que Andrômeda e Ted denunciaram o esquema mafioso de Malfoy?


- Minha avó me contou. E na carta deles tem uma cópia da denúncia feita. Assinada por um Promotor. Diggle, se não me engano. Eles foram até a Promotoria de Justiça da Irlanda do Norte. – respondeu ela, os lábios tremendo. – E Malfoy foi preso. Pouco tempo depois, ele fugiu. E meus pais apareceram mortos uns dois meses depois. Eles não tinham maleta de dinheiro nenhuma, Sirius. Papai era médico, mas sempre atendia pessoas carentes sem cobrar nada. E mamãe era professora de inglês. Não éramos ricos nem nada. 


- E com que Promotor eles conversaram? Ou com quais?


- Bem... eu não sei direito. – confessou Tonks. – Só lembro de minha avó elogiar um deles e xingar o outro... Avery, eu acho. Avery sempre atrapalhava tudo, ela sempre disse. Mas o outro... Diggle, eu acho... sempre ajudava no que podia. Inclusive, lembro de vovó falando que Avery levantou a suspeita de assalto. E Diggle sempre foi contra, mas Avery tinha conseguido provar que fora assalto.


- Tonks, você se lembra de que eu disse que fugi de casa e fui morar em um abrigo de menores quando tinha onze anos? – a moça fez que sim com a cabeça, sem entender o rumo da conversa. – E você achou a explicação satisfatória?


- Por que não acharia? Sirius, não ‘tô entendendo. – acrescentou, exasperada. – Nós estávamos falando dos meus pais!


- Tonks, eu realmente fui para um abrigo de menores. Mas o pessoal me mandou de volta para a casa dos meus pais. E eu tive que morar lá até os dezoito anos.


- E daí, Sirius?


- E daí que eu conheço toda essa galera aí! – explicou, fazendo a prima arregalar os olhos. – Bellatrix e Avery são comparsas do Malfoy. Estavam sempre lá em casa, atrás do Regulus, meu irmão.


- Seu irmão?


- É, meu irmão mais novo. Era só um ano mais novo que eu. Ele trabalhava com essa galera aí.


- Como assim, “trabalhava”? – quis saber Tonks, sentindo um frio na espinha.


- Ele apareceu morto logo depois que Malfoy foi preso pela segunda vez. – disse Sirius, fitando o chão. – Saiu no jornal que foi em um incêndio no prédio em que ele morava, mas sabe-se lá se esse incêndio foi criminoso ou o quê. Que nem o acidente de seus pais.


Tonks olhou o jornal novamente.


- Percy Weasley, Promotor de Justiça. – leu, em voz alta. – Ele é parente do Bill?


- Acho que é um dos irmãos dele. Um cara meio almofadinha. Da última vez que veio aqui, ainda fazia Direito. – respondeu Sirius, girando na cadeira.


Tonks mordeu o lábio inferior, pensativa.


- Sirius... eu tenho a carta dos meus pais guardada. E se... se a gente fosse conversar com esse irmão do Bill? Contar o que a gente sabe? – questionou, ansiosa.


Sirius ergueu uma sobrancelha.


- Se a Promotoria reabriu um caso que já tinha sido dado por encerrado... – começou, lentamente. – Com certeza, à toa não foi. Principalmente porque você sabe que Andrômeda e Ted estavam na mira dos comparsas de Malfoy. De qualquer forma, Tonks, acho melhor esperarmos dois ou três meses. Para ver se todo esse burburinho dá um tempo. Seria terrível se você ficasse na mira da máfia também, que nem Andrômeda.


- O mesmo vale para você. – comentou a moça.


- Não me importo tanto assim comigo. Não tenho quem realmente se importe.


- E eu, Sirius? Eu me importo com você! – disse Tonks, claramente ofendida.


Ele sorriu e se levantou, aproximando-se da prima e abraçando-a.


- Você é a única família que eu tenho, Sirius. Bill e Frank são ótimos, mas família é só você. – reiterou ela, a voz abafada pela camisa de Sirius. Ele beijou o topo da cabeça dela e se afastou.


- E o Remus?


- Ele não gosta de mim, e você sabe disso. – respondeu Tonks, muito interessada em olhar os próprios pés. – E você também tem a Marlene! – apontou a moça, erguendo os olhos.


Sirius se sentou ao lado dela na mesa.


- A Lene não gosta de mim também. Ela quase enfartou quando eu fui podar o jardim do estúdio de balé dela. Pelo menos, eu consegui um beijo. E uma surra também, mas valeu a pena.


- Eu acho que ela gosta de você. Mas finge que não, para não se machucar. Ela te olha de um jeito tão apaixonado. – disse Tonks, balançando os pés. – Reparei isso esse fim de semana, lá no bar.


- Eu não sei mais o que fazer para conquistar a Lene, Tonks. Nada dá certo! – bufou, irritado.


- Sirius, você gosta mesmo dela ou ela é só um objeto de desejo? – questionou, lançando um olhar avaliador para o primo.


- Acho que gosto mesmo dela. Aquela mulher não sai da minha cabeça, Tonks! Eu devo estar ficando maluco depois de tantos anos, só pode. – resmungou.


- Não é maluco, é apaixonado. – riu-se Tonks, observando Sirius, emburrado. – E se você quiser... eu posso te ajudar a conquistar a Marlene.


- Sério? – perguntou o moreno, o rosto se iluminando.


- Sério. – confirmou Tonks, sorrindo. Sirius a abraçou de novo, na mesma hora.


- Você é a melhor prima do universo, Tonks!


~ * ~


Mais tarde, naquele mesmo dia, Bill, Sirius, Remus, Tonks e Frank estavam reunidos na garagem para o ensaio.


- Pessoal, consegui cancelar os shows que a gente faria no fim deste mês de julho. – contou Frank – Mas não se preocupem, já consegui remarcá-los para agosto, que é quando nós voltaremos com uma surpresa para todos: Tonks, a nova integrante dos Marauders!


Os rapazes aplaudiram, animados. Estavam bastante ansiosos pelo início da turnê com Tonks, que era, definitivamente, uma ótima “aquisição” para a banda. Ela sorriu, contente.


- Obrigada, pessoal. Não sabem como estou feliz de vocês terem me deixado ficar.


Remus, sentado atrás da bateria, não se manifestou. Simplesmente rodava as baquetas nos dedos. Tonks lançou um olhar para ele, nervosa, e não disse mais nada. Apenas tomou o seu lugar atrás de um microfone com suporte e pegou a própria guitarra para cantar Start me up/Livin’ on a prayer com Bill e Sirius.


Depois de três horas ensaiando inúmeras músicas sem parar, Frank tomou a frente, olhando para a tela do celular, e disse:


- Pessoal, hora de descansar. Alice disse que viria para cá ajudar a preparar o lanche de hoje, mas ela me mandou mensagem dizendo que está colocando uns papéis em ordem na escola e já vem.


- Eu vou até a cozinha adiantar as coisas. – prontificou-se Tonks, saindo da garagem.


Sirius percebeu que Remus acompanhava Tonks com o olhar e perguntou, assim que a prima sumiu de vista:


- E aí, Aluado? Já superou a raiva de Tonks ter entrado na banda?


Bill e Frank, ocupados em guardar os instrumentos, pararam para ouvir a conversa. Remus deu de ombros.


- Se vocês a aceitaram e ela é sua prima, não tem nada que eu possa fazer.


- Cara, você tem certeza de que ouviu ela cantando? Quero dizer... – começou Frank, mas foi interrompido por Bill:


- Qual é o seu problema com a Tonks, Aluado?


- Nenhum. – resmungou ele, sentando-se no chão, próximo dos amigos. – Mas nós estamos aí na estr...


- Não me venha com essa história de que é injusto com a gente, que já está há muito tempo batalhando. – interrompeu Sirius. – A Tonks pode ser o plus que faltava para virarmos sucesso nacional. Porque, sejamos sinceros, depois de sete anos o máximo que a gente conseguiu foi abrir shows de bandas maiores em início de carreira de sucesso. Ninguém dá muita bola pra gente. E a Tonks praticamente atravessou todo o Reino Unido só para vir atrás de nós.


Ficaram em silêncio durante algum tempo. Bill perguntou, finalmente tomando coragem:


- E você está melhor, Aluado? – quis saber. Não era necessário falar do que se tratava a pergunta.


- Me distraio dando aulas. Mas essa semana as crianças entram de férias e não sei exatamente o que vou fazer para ocupar meu tempo livre. – comentou, parecendo um pouco desiludido.


- E se você pedisse à Marlene para ajudá-la no curso de balé de verão? – sugeriu Sirius.


- Como você sabe dessa, Sirius? – questionou Frank, curioso. – Andou procurando um curso de balé por aí? – Bill e Remus gargalharam.


- Haha. Muito engraçado, Frank. – comentou, sarcástico. – Eu vi a propaganda no dia que fui podar o jardim dela.


- Pode ser uma boa ideia. – comentou Remus, pensativo. – Porque, tirando o Frank, que vai estar de férias, vocês trabalham, e a Ninfadora também, então não podemos ensaiar o tempo todo.


Sirius revirou os olhos.


- É difícil chamar ela de Tonks?


- Mas o nome dela é Ninfadora! – resmungou Remus.


- Ih, será que o Aluado já se apaixonou e esqueceu a esquisitinha? – provocou Sirius, arrancando risadas de Bill e de Frank. – Aluado, se você e a Tonks se casarem, seremos uma espécie de cunhados! Já pensou nisso? Até que ia ser divertido.


Remus resmungou que iria beber água e saiu, indo em direção à casa de Sirius. Quando as risadas cessaram, Frank se voltou para Bill:


- E como foi o encontro com Fleur?


- Foi tudo bem. Meio esquisito, mas gostei da companhia dela. Ela é irmã da Gabrielle. – contou Bill.


- É ela que a Gabrielle disse que tem vontade de “conhecer o mundo antes de se decidir pela vida de freira”? – perguntou Sirius, erguendo uma sobrancelha. Bill disse que achava que sim, mas que não tinha se lembrado de perguntar esse detalhe. – E você pretende levá-la para conhecer o mundo de William Weasley? – perguntou, malicioso.


- Não viaja, Sirius. – comentou Bill, sorrindo de lado.


- E por que o encontro foi meio esquisito? – quis saber Frank, curioso.


- Ela estava de hábito. – respondeu Bill, agora parecendo levemente irritado. – Eu olhava para ela e parecia que estava cometendo um pecado. Sei lá, era estranho.


- Parece que Bill arrumou uma namorada difícil... – comentou Sirius.


- Ela não é minha namorada. – disse Bill, pensando em como seria ver Fleur sem o hábito.


- Vocês vão sair outra vez? – questionou Frank.


- Combinamos que ela me ligaria assim que conseguisse. Parece que Apolline a vigia de perto, não sei por quê. É estranho.


- Hm, é ela que vai te ligar? Puxa vida, quem é você e o que fez com Bill Weasley? Essa mulher já te pegou completamente! – ironizou Sirius.


- O sujo falando do mal lavado. E a Marlene fez o quê, hein, Sirius? – rebateu o ruivo, sorrindo.


- Marlene é um caso especial. Tonks me prometeu que vai me ajudar a conquistá-la.


Sirius se arrependeu na mesma hora do comentário. Imediatamente, Bill e Frank começaram uma sucessão interminável de piadas a respeito de onde estaria o Black garanhão, já que, claramente, ele não mais conseguia conquistar uma mulher sozinho.


~ * ~


Tonks estava ferventando salsichas e separando pães para montar cachorros-quentes quando ouviu alguém se aproximando. No mínimo, devia ser um Sirius esfomeado.


- Eu ainda não acabei, só estou começando e... – ela parou a meio caminho ao ver que era Remus, e não Sirius, que estava ali. – Ah, é você. – murmurou, corando imediatamente. – Precisa de alguma coisa?


- Não, obrigado, eu posso me servir de água sozinho. – respondeu, meio mal-humorado, aproximando do armário onde ficavam os copos.


Tonks o ignorou e continuou pegando os ingredientes que faltavam: milho, batata-palha, queijo, presunto...


Remus guardou a jarra de água na geladeira novamente e se aproximou da pia, para lavar o copo. Olhou curioso para o queijo e o presunto:


- Ninfadora, você vai colocar queijo e presunto em cachorros-quentes?


Ela mordeu a língua, contendo-se para não xingá-lo por chamá-la de Ninfadora, e disse:


- Vou. Algum problema? – ergueu uma sobrancelha em tom de desafio.


- Deve ficar horrível. – comentou Remus, colocando o copo no escorredor de louças.


- Você não precisa comer. – rebateu, separando as metades dos pães na bancada da cozinha. – Sirius vai adorar saber que vão sobrar mais cachorros-quentes.


- Com frango ficaria melhor. É como a Alice faz. – insistiu ele.


- Caso você não tenha percebido, meu nome é Ninfadora, e não Alice. – respondeu, mal-humorada. Estava cansada de ser mal tratada por Remus desde que chegara ali. Tinha se encantado com ele em Carnlough, é verdade, mas tinha se decepcionado. Ele era ótimo com todos, menos com ela. E não sabia por quê. – E, a propósito, cachorro-quente recheado com frango é horrível.


- Não é. Toda vez que a Alice faz, não sobra nada.


- Hoje também não vai sobrar nada. Quer apostar? – desafiou Tonks, fitando-o ameaçadoramente.


- Ninfadora, fazer apostas com crianças é ilegal. Eu posso ser preso por isso, sabia?


- Eu não sou criança! Já tenho 24 anos. O velho aqui é você. – respondeu, referindo-se ao fato de Remus ter 37 anos. Ele simplesmente revirou os olhos, entediado.


- Ninguém te ensinou que é falta de educação chamar os outros de velho? – comentou, com a voz arrastada.


- Ninguém te disse que a sua noiva te abandonou porque você é um babaca retardado e não sabe tratar uma mulher? – retrucou Tonks, elevando o tom de voz. Ela se arrependeu na mesma hora do que tinha dito, ao ver a cor fugir do rosto de Remus. Ela tinha tocado na ferida aberta dele. Mas ela não tinha motivo para pedir desculpas, certo? Ele é quem começara com todas as faltas de educação.


Por uns instantes, eles apenas se encararam, tensos. Tonks não sabia o que fazer. Remus parecia ter se esquecido de como caminhar. Seria mais fácil se ele simplesmente desse as costas para ela.


A porta da sala se abriu com estrondo, e uma Alice apressada passou por ela, falando sem parar:


- Tonks, me desculpe a demora, mas... – a mulher parou de falar quando chegou à porta da cozinha e viu o clima pesado do ambiente.


- Não tem importância, Alice. Ninfadora age como se fosse muito melhor que você. Ela não precisa de sua ajuda com os cachorros-quentes. – falou Remus, desviando o olhar do rosto de Tonks e saindo da cozinha.


Alice fitou Tonks, confusa. Tonks se sentia estranhamente envergonhada, e desviou o olhar para o chão.


~ * ~


O decorrer do mês de julho, quente como sempre, trouxe bastante trabalho à Dumbledore Jardinagem. Bill e Sirius, muitas vezes, trabalhavam durante todo o dia, e o celular de Bill não parava de tocar, com clientes querendo agendar horários para terem seus jardins bem cuidados. Sempre que um telefone tocava perto dele, Bill sentia o coração dar um pulo esquisito. Ele sempre tinha esperanças de que fosse Fleur telefonando. Mas uma semana se passou e ele não teve notícias dela. Pensou em ir ao convento, mas desistiu quase que na mesma hora da ideia. Não queria causar problemas à moça.


No décimo dia após àquele em que saíram – sim, Bill estava contando, o que tinha rendido inúmeras piadas de Sirius –, Fleur finalmente telefonou.


- Dumbledore Jardinagem, boa tarde. – disse Bill, cansado, olhando para a agenda. Ele já tinha podado três jardins naquele dia.


- Bill, sou...


- Fleur. – o ruivo completou, com um sorriso no rosto.


- Como você está, Bill? – perguntou ela, um ar de riso na voz.


- Estou bem, Fleur. E você? – perguntou Bill, querendo evitar transparecer a ansiedade que sentia.


- Me desculpe por não ter ligado antes, mas tia Apolline voltou de Roma e eu ainda não tinha conseguido usar o telefone do escritório dela. Ela ficou preocupada que eu fui fazer compras com a Lilá e a Parvati aquele dia em que eu te vi.


- Por quê?


- Tia Apolline acha a Lilá e a Parvati duas desmioladas. – sussurrou Fleur – E eu já sei o telefone do seu escritório de cor, de tanto olhar o cartãozinho da Dumbledore Jardinagem que o Sirius deixou uma vez na caixinha de correio daqui. De qualquer forma, amanhã eu tenho que ir ao supermercado com a Minerva e a Petúnia. E eu gostaria de ver você de novo.


- Claro, é só me dizer quando e onde. – disse Bill, anotando na agenda “DESMARCAR HORÁRIOS DE AMANHÔ.


Conversaram mais alguns instantes e combinaram de se ver em um parque de uma das cidades vizinhas, maior que Hogsmeade.


- Bill, amanhã eu não vou poder demorar muito. Minerva disse que não se importa se eu não ajudá-las, mas a Petúnia é muito cri-cri e não vai nos dar sossego se eu sumir por muito tempo. – avisou ela.


- Não se preocupe, não tem problema. – assegurou Bill, pensando que qualquer tempo que passasse com Fleur era melhor do que tempo nenhum. Ele realmente tinha sentido falta dela.


- Até amanhã, Bill.


- Até amanhã, Fleur. – disse ele, colocando o telefone no gancho e sentindo-se estranhamente feliz.


No dia seguinte, depois de combinar com Sirius que ele atenderia alguns clientes e desmarcaria com outros, Bill foi para a cidade onde combinara de ver Fleur. Conforme a moça o tinha advertido, ficaram pouco tempo juntos. Dessa vez, andaram em um parque. Tomaram sorvete e conversaram sobre assuntos amenos, como o trabalho e os planos para o futuro.


Bill descobriu que Fleur era professora das meninas de cinco e seis anos do orfanato, profissão que ela classificava como gratificante. E Bill ficou sabendo, ainda, que Fleur nunca entrara em um mar, mesmo morando tão perto da praia.


Despediram-se quando o celular que ela carregava – e que pertencia ao convento – começou a tocar sem parar. Uma Petúnia irritada queria saber aonde Fleur tinha se metido, porque ela e Minerva precisavam da ajuda da moça com as compras do supermercado.


Bill voltou para o escritório, meio desolado. Se pudesse escolher, faria Fleur sair do convento só para poder vê-la por mais tempo, com uma frequência maior. Todos os dias. E não só em momentos de “escapulida” dela.


Lembrou-se das palavras de Gabrielle, no dia em que se conheceram:  Minha família se resume à minha tia e à minha irmã, e as duas estão aqui. Mesmo que minha irmã ache que precisa conhecer o mundo antes de se decidir pela vida de freira definitivamente.


Obviamente, isso só podia significar que Fleur ainda não tinha certeza de que realmente queria ser freira. Mas ele nem se lembrara de perguntar. Quando estava com ela, conversar era tão simples que ele se esquecia de todo o resto. E ocupava a mente pensando em como o sorriso de Fleur era lindo. Imaginando como seriam os cabelos dela. E desejando tê-la somente para si.


Bill passou quase três semanas sem notícias de Fleur. Mas não foram semanas exatamente vazias. Ele e Sirius continuavam trabalhando e ensaiando. Os dois tinham parado de sair para badalações aos fins de semana. Bill, porque só tinha cabeça para pensar em Fleur, e as outras mulheres não lhe pareciam nem um pouco interessantes. Sirius, por motivos parecidos: fazia parte do “plano” de Tonks para ajudá-lo a conquistar Marlene. Por causa desse tal plano, Sirius se tornara um doce de pessoa. Nada de periguetes. Nada de provocar Marlene. Ele conseguiu convencê-la a continuar, ele mesmo, cuidando do jardim do estúdio de balé e da casa dela, com a condição de que não a perturbaria com agarramentos ou provocações sem sentido. E, o mais impressionante, o antigo garanhão estava cumprindo a palavra dele. Marlene era quem parecia confusa com a mudança repentina. Tonks, por sua vez, passara a adotar uma postura de emudecimento total sempre que estava perto de Remus, embora ela lhe lançasse olhares esquivos, vez ou outra. Ele parecia não se incomodar nem um pouco.


Agosto estava chegando preguiçosamente, ainda bastante abafado. Depois de passar o dia em uma cidade vizinha, cuidando do jardim de uma escola primária, Bill resolveu passar no escritório para conversar com Sirius, para que pudessem fazer as contas do mês anterior. Ao chegar lá, deteve-se na porta. Ouviu a voz de Tonks. Ela conversava baixinho, e parecia ansiosa. Sirius conversava no mesmo tom, o que intrigou Bill. Ele ficou parado, tentando ouvir o que conversavam.


- ...Sirius, a gente precisa conversar com Percy Weasley logo! – Bill franziu a testa, intrigado. Tonks conhecia o irmão dele? – Já se passaram três semanas e nenhum jornal trouxe nenhuma outra notícia sobre os meus pais.   


- Tonks, você precisa ter paciência. Não podemos deixar que saibam o que estamos fazendo. Ninguém, entendeu? Não podemos contar isso nem para o Bill, mesmo que tenha a ver com o Percy. A máfia de Malfoy é perigosa. E algo me diz que Draco está sendo só um nome. Imagino que Lucius, mesmo preso, ainda comande tudo. Aquele garoto sempre foi um imbecil. – disse Sirius.


Bill ficou estático. Tonks e Sirius falavam da máfia e dos Malfoy. Depois do jantar em que Tonks se juntara à banda e os primos comentaram o assunto, o ruivo achou que estivesse tudo encerrado. Mas não. Lá estava Malfoy de novo. Assunto de conversa dos seus amigos. Perturbando-o, mesmo a milhares de quilômetros de distância. Bill se perguntou o que o irmão teria a ver com o Malfoy. E de que jornal eles falavam. Verdade seja dita, há meses Bill não lia jornal algum. Limitava-se a conversar com os pais e os irmãos por telefone ou Skype. Não assistia telejornais ou procurava notícias na internet. Por isso, não tinha exatamente muitas notícias sobre o mundo.


- ...eu prometo que a gente vai assim que o serviço aqui der um tempo. Não posso deixar o Bill dando conta de tudo sozinho. – continuou Sirius. – E eu não quero que você vá sozinha, pode ser perigoso.


- Eu sei tomar conta de mim, Sirius. Fiz isso por quase dez anos.


- Não estou duvidando de suas capacidades, Tonks. Mas eu conheço bem os comparsas de Malfoy. Ou os prováveis comparsas. Eles estavam na minha casa o tempo todo. O Percy pode se interessar pelo que eu tenho a dizer também.


- Será que o Bill não sabe de alguma coisa sobre os Malfoy? – questionou Tonks. Bill sentiu o sangue gelar.


- Não acredito. – respondeu Sirius. Uma onda de alívio percorreu o ruivo. – O Percy é um cara muito certinho, não acho que ele falaria de assuntos profissionais com o Bill. Com certeza, o garoto já deve ter chegado na máfia. Quero dizer, se reabriram o caso dos seus pais é porque acharam alguma coisa de errado. E é um assunto muito delicado, deve estar sendo tratado com o máximo de sigilo na Procuradoria-Geral.


Bill não aguentou mais. Se eles ao menos soubessem por que fora morar em Hogsmeade... bateu na porta com os nós dos dedos e a abriu.


- Olá, Sirius. Oi, Tonks. – acrescentou, forçando um sorriso. – Não esperava ver você por aqui.


- Mas já estou de saída. Não quero atrapalhá-los. – falou a moça, acenando em despedida e se retirando.


- Muito serviço hoje, Bill? – quis saber Sirius, despreocupado.


- É, bastante. – respondeu o ruivo, organizando as ferramentas de jardinagem nos armários que havia a um canto, sem mencionar que escutara a conversa, embora a cabeça estivesse a mil. Se Percy fazia parte de uma equipe que investigava os Malfoy e a máfia, com certeza iria descobrir o motivo de Bill ter ido embora de Londres. Será que, se descobrisse, ele contaria aos outros Weasley?


Não, ele não podia fazer isso. Afinal, era assunto profissional – apesar de ter algo de pessoal também. Mas Percy sempre foi muito minucioso com tudo o que fazia. Com certeza, ele não faria a escolha errada. Muito provavelmente, iria querer falar com Bill em algum momento.


- BILL! – berrou Sirius, assustando Bill e fazendo com que ele derrubasse um alicate de poda no chão.


- Caramba, Sirius, qual é o seu problema? – resmungou, virando-se para o amigo, que segurava o telefone do escritório em uma das mãos.


- Tem meia hora que eu tô te chamando, cara! Estava onde? Em Marte? – questionou Sirius, confuso, estendendo o fone para Bill. – Telefone para você. É uma menina chamada Gabrielle. Disse que é importante.


Bill se adiantou para pegar o telefone, curioso. Por que Gabrielle estaria ligando para ele? Sirius, depois de entregar o telefone ao amigo, tomou o lugar dele e continuou guardando as ferramentas.


- Alô?


- Bill, é a Gabrielle.


- Gabrielle, como você...?


- Não tenho tempo, Bill. – interrompeu a garota, ansiosa. Falava apressadamente. – Tia Apolline deve voltar daqui a pouco. Estou no escritório dela. Está prestando bastante atenção?


- Claro. – respondeu o rapaz, mais curioso a cada minuto. E com o coração na mão.


- Escuta: a Fleur saiu daqui do convento tem uns dez minutos. Ela precisa da sua ajuda agora.


- Mas por...?


- Bill, por favor, só escuta. – suplicou Gabrielle. – Eu não sei onde ela está. Depois ela te explica tudo. Mas ela saiu a pé. Não deve estar muito longe. Talvez em algum lugar da estrada. Você tem carro, não tem? – a menina não esperou a resposta e continuou – Procura ela para mim, por favor. Quando encontrá-la, pede a ela para ligar para o celular da Minerva. Ela sabe o número de cor. Entendeu tudo?


- Entendi, mas...


- Então vai, Bill. Agora eu tenho que ir. – e desligou o telefone.


Bill recolocou o fone no gancho.


- Sirius, eu preciso sair. – falou, lentamente, pensando em que teria acontecido a Fleur.


- Aconteceu alguma coisa? – perguntou o moreno, fechando o armário.


- Fleur. Não sei direito. – acrescentou, ao ver a dúvida surgir nos olhos do amigo. – Vou descobrir o que é. Se quiser começar a fazer as contas, pode começar. Depois eu dou uma olhada.


- Certo. Lembrando que hoje a gente tem ensaio às oito. – falou Sirius.


- Às oito eu apareço lá. – confirmou Bill, apressado, puxando a chave do carro de dentro do bolso.


Ligou o carro e saiu em disparada pela estrada que ligava Hogsmeade ao convento, preocupado. Olhava para um lado e para outro da estrada, mas nem sinal de Fleur.


Quando estava a cerca de cinquenta metros do convento, viu uma moça a pé, de costas para a estrada, arrastando uma mala de rodinhas com alguma dificuldade. Fleur não devia estar muito longe, pensou. Resolveu ver se a moça precisava de ajuda. Talvez ela até pudesse dar alguma informação sobre Fleur, já que estava tão perto do convento. Parou o carro perto dela, no acostamento, e perguntou:


- Precisa de ajuda, moça?


Ela se virou e abriu um sorriso.


- Bill! Graças a Deus!


- Fleur? – ele repetiu, de queixo caído, reconhecendo o rostinho delicado. O sorriso terno. Estava completamente diferente. Fleur não usava hábito, mas um vestido, cuja cor coral se misturava à da pele branca rosada dela. A cintura bem marcada por um cinto bege, fininho. Sapatilhas pretas. E os cabelos loiro-platinados, lisos, caíam em cascata pelas costas. Os olhos azuis pareciam se destacar ainda mais. Fleur era ainda mais bonita sem o hábito do que Bill imaginava. E os cabelos... ah, os cabelos. Tantas vezes Bill sonhou em poder vê-los. Tocá-los. Sentir o cheiro de xampu que emanava deles. Apressado, o ruivo saiu do carro e se aproximou dela, ansioso. – Fleur, o que aconteceu? – questionou. No minuto seguinte, ela o abraçou com força, surpreendendo-o.


- Bill... eu saí do convento.     

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Comentários (1)

  • willi santana

    Oi flor, olhe se for por falta de aprovação, adorei a mudança viu?! Suspense é tenso, mas é muito bom! E quando tem romance junto só melhora! Gostei muito do capítulo, a paixão nasce quando menos esperamos não é, Bill que o diga! E acho que o amor só vai dar mais forças pra enfrentar os perigos que virão com a rebertura do inquérito... Mas eu quero ver a cara de tia Apoline quando descobrir, hummmm, parabéns, e até o próximo!

    2013-12-21
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