Quinto Capítulo



Quinto Capítulo


 


Scorpius se amaldiçoou interiormente no momento em que Rose esbarrou em seu joelho em uma tentativa de sair das poltronas 23. O pior, ou melhor, ele ainda não tinha se decidido, era que a culpa era inteiramente dele, e não dela. Ele não deveria ter aparecido tão de repente e começado a puxar assunto como se fossem bons amigos, e muito menos ter oferecido aquela estúpida poção para ela se acalmar, que fez exatamente o contrário, só a deixou mais nervosa, fazendo-a “explodir”, de uma vez só, tudo que queria dizer para ele.


A pequena explosão por parte dela o fez recordar diversos momentos de seis anos atrás. Rose sempre fora assim, acumulava o que tinha a dizer para, de repente, gritar tudo de uma vez. Na opinião dele, ela era como um vulcão impossível de descobrir a hora exata que entraria em erupção. E essa era uma de suas melhores qualidades: a imprevisibilidade.


Diferente dele, pois qualquer um era capaz de prever seus próximos passos. Ele sempre agia com racionalidade, pensava bastante antes de fazer qualquer coisa e nunca deixava as emoções tomá-lo por inteiro, preferia manter a calma e decidir, depois de analisar os prós e contras, qual seria a melhor solução para sair do problema. Sua mãe sempre dizia, antes dele entrar em Hogwarts, que Scorpius daria muito trabalho ao Chapéu Seletor, pois possuía várias características tanto de Corvinal quanto de Sonserina, sendo uma junção perfeita de seus pais, pois Astoria pertencera á casa dos inteligentes e Draco á casa dos ambiciosos.


Seu pensamento voltou-se novamente para a pequena confusão que tinha acontecido agora a pouco. Se ele tivesse a cumprimentado na primeira vez que a vira, naquela sala de espera escura e um pouco fria do aeroporto, talvez ela não tivesse dado um daqueles seus ataques quando ele estava tentando ser amigável. Mas não, ele novamente se comportou como um covarde quando a vira de relance, sentada em uma poltrona e visivelmente apreensiva.  Se pudesse fazer tudo de novo...


 


Algumas horas antes


 


— Querido, tem certeza que precisa partir agora? — Astoria Malfoy perguntou enquanto o abraçava — Você pode esquecer esse tal de avião e aparatar mais tarde.


— Mãe, dessa vez não vou demorar a voltar tanto quanto da última vez, eu prometo. Mas eu realmente preciso ir, tenho um compromisso urgente no Ministério de Magia de Roma, e faltar significaria perder uma grande chance de subir na carreira de inominável.


— É verdade, Astoria. — disse seu pai, que estava um pouco atrás da esposa — ele precisa ir. Só não demore muito a voltar, Scorpius. Você sabe como é sua mãe quando tem saudades...


— Ora, eu tenho saudades sim! Meu único filho morando longe de mim, eu fico apreensiva se está acontecendo alguma coisa, se ele precisa de algo, ou se... — Scorpius a interrompeu de repente.


— Mãe, eu preciso ir, se não irei perder o voo. Mando notícias quando chegar lá. — ele se despede uma última vez dos pais antes de sair da mansão.


~~~~


Com passos apressados, ele entra na sala de embarque do aeroporto de Londres. Consultando seu relógio, Scorpius procura algum lugar para se sentar, e avista uma poltrona ao lado de uma mulher que parecia entediada e apreensiva ao mesmo tempo, e começa a se aproximar, quando repara bem na moça. Não muito alta, com cabelos ruivos cacheados e o rosto rosado, com leves sardas nas bochechas. Não era possível, era? Era ela, Rose Weasley, sentada na sala de espera de um aeroporto?


Um pouco atônito, se senta o mais longe possível dela, e começa a observá-la melhor. A mesma postura um tanto confiante, o mesmo cabelo levemente armado, os mesmos olhos azuis observadores e sagazes, como se estivesse pensando mil coisas ao mesmo tempo. Começou a reparar nas roupas. Uma regata azul simples com alças, uma bolsa pequena e listrada de bege e cinza, e uma calça jeans apertada demais para seu gosto, pois podia perceber que chamava bastante a atenção dos homens ali.


Começou a pensar em ir até lá e cumprimentá-la. Não, isso não! Com que cara ele a olharia, depois de tanto tempo? Bem provável que ele chegaria lá e congelaria na hora, incapaz de pronunciar um mísero “oi”! E o pior: qual seria a reação dela? Seria receptiva e abriria um lindo sorriso — aquele lindo sorriso dela — e conversaria normalmente com ele? Não, não. Afinal, ela ainda era Rose Weasley, e seu humor oscilava bem rapidamente, tendo boa chance de lhe dar um grande soco no olho após tentar cumprimentá-la.


Ele fugiria. Pela primeira vez, Scorpius Malfoy abriria mão de subir na carreira tão sonhada de inominável. Por medo de encontrar sua ex-namorada. Espera. Ele fugiria? Estava com tanto medo assim, a ponto de fugir? Teve uma ideia melhor: com uma ótima expressão de dar pena, ele falaria com as aeromoças do voo para atrasar um pouco, pois sua mãe estava no hospital implorando para falar com ele, e ele, como um bom filho, não iria deixar a pobre mulher doente desapontada. Então, ele iria para algum lugar para pensar no melhor jeito de agir nessa situação. Tinha que dar certo.


~~~~


Depois de pedir um café extra forte, Scorpius se sentou em uma mesa no canto da cafeteria. Seu plano tinha funcionado perfeitamente bem, e agora ele estava ali, em uma cafeteria qualquer de Londres enquanto pensava em Rose. O triste era ter que prejudicar todos os outros passageiros por causa de seu pânico em frente a ex-namorada, mas qual é, todos que já tiveram um rompimento difícil entenderiam o que ele estaria passando.


E Rose estava ali, alheia de tudo que estava acontecendo, provavelmente xingando mentalmente a companhia aérea por estar demorando tanto, e nem se lembrando da existência dele. Mas isso estava para mudar. Daqui a pouco, ele entraria naquele avião e faria qualquer coisa para conseguir um diálogo com ela, nem que fosse para mudar de classe para conseguir conversar. O melhor seria que ele se sentasse do lado dela, e um pequeno suborno para a aeromoça resolveria o problema e garantiria sua poltrona ao lado da Srta. Weasley, transformando a viagem deles em uma longa conversa. Na qual ele consertaria seu erro de seis anos atrás.


Olhando atentamente para a xícara que continha um café extremamente escuro, ele começou a pensar em como agir. Primeiro, passaria no banheiro do aeroporto para checar sua aparência, afinal iria se sentar do lado dela, e não de qualquer uma, e precisaria estar apresentável. Depois, entraria no avião calmamente, como se fosse um dia comum. Por último, subordinaria a primeira aeromoça que visse para se sentar ao lado da linda moça ruiva, e teriam um longo diálogo. Se tudo desse certo no seu plano, logo estariam comprando passagens aéreas juntos.


Deu uma última olhada no relógio antes de sair do estabelecimento. Estava fazendo um lindo dia e, apesar do frio comum da Grã-Bretanha, o sol ainda aparecia por entre as nuvens do céu azul claro, como os olhos de alguém que a essa hora deveria estar sentada na sala de embarque. Com um sorriso confiante, começou sua caminhada de volta ao aeroporto.


 


Hora Atual


 


Áugust deu um leve sorriso quando percebeu que o rapaz loiro, sentado algumas fileiras atrás deles, não parava de olhar para Rose. Qualquer um percebia que entre esses dois havia muito mais que a mera tensão do momento, que Rose insistia em ignorar e até fugir. Como ele e Margareth, os dois jovens também tinham histórias e lembranças do passado, que ele acabara de conhecer pela história de Rose.


Ele tinha que confessar que achara a história um pouquinho dramática, mas bem fácil de resolver, principalmente porque o problema no relacionamento deles tinha surgido há seis anos atrás, e que agora ele nem existia mais. O tempo já tinha resolvido aquele obstáculo. Além do mais, se o destino juntou os ex-namorados novamente, é porque algo ainda irá acontecer. Isso ele poderia jurar.


Olhou de relance mais uma vez para o rapaz. Ele ainda estava com a mesma expressão de vinte minutos atrás, uma mistura de desapontamento e tristeza estampada claramente no rosto. Enquanto Rose suspirava de dois em dois minutos e mantinha uma voz triste para qualquer coisa que pronunciava.


Observar a tristeza estampada nas faces dos dois jovens o fez lembrar-se de dois anos atrás, quando realmente poderia se descrever como um homem completo. Margareth realmente fazia falta, com suas risadas altas que contagiavam qualquer um, com seu bom-humor mesmo nas horas mais difíceis, com seus olhos âmbar criativos e solidários. O que ele mais sentia falta, precisava confessar, era a expressão dele olhando para ela. Uma expressão de ternura, admiração e amor cada vez que seus olhos a encontravam. Era a mesma expressão que Scorpius olhava para Rose, ele pôde reparar.


Com esse pensamento, decidiu que dar apoio moral para Rose já não bastava. Teria que interferir, pelo o menos indiretamente, nesse relacionamento para ele finalmente decolar. Percebeu que sua acompanhante olhava diretamente para frente, possivelmente com inúmeros pensamentos na mente. Aproveitando sua distração, deu mais uma olhada para trás, a fim de chamar a atenção do rapaz que os olhava tristemente. Com um pequeno gesto das mãos, ele incentivou-o a se aproximar, sendo percebido pelo jovem que já se levantava de sua poltrona, ignorando totalmente o alerta das aeromoças para todos os passageiros estarem sentados.


Sua parte já havia sido feita, agora era com eles. Com uma voz alegre, avisou a Rose que daria uma passada no banheiro. Antes de chegar lá, pôde ouvir claramente o que o rapaz tinha perguntado para sua nova amiga.


Já ia entrando na cabine do banheiro quando conseguiu ouvir a voz de Rose, provavelmente respondendo ao comentário do rapaz. Sorriu interiormente. Teria que passar muito tempo lá dentro, pois sua poltrona já estava ocupada e aqueles dois tinham muito o que conversar.


 


N/A: Desculpe a demora, gente! Desculpe também o capítulo pequeno, mas foi o melhor que pude fazer. Agora, sobre o capítulo: decidi focar, pela primeira vez, no Scorpius, como uma versãozinha dele dos fatos ocorridos durante aquele tempo. Mais umas leves pistas do que aconteceu com eles no passado, não sei se perceberam. Por último, gostaria de agradecer a Luhna, a Nina e a Liza, por estarem comentando! Muito obrigada, meninas!


Dani.

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Comentários (5)

  • Ana CR

    Amando o tio das rosquinhas HauhAuHAu

    2013-07-22
  • Luhna

    Ah, eu não disse que o avião tinha atrasado por causa do Scorpius? E meu Deus, o Áugust está se saindo melhor que a encomenda. ;) MAS EU SÓ QUERIA ENTENDER POR QUE ELES TERMINARAM, DANI!!!!!!!!!! Que maldade a sua não contar, poxa! #chateada Agora eu estou ainda mais curiosa e por isso ACHO BOM VOCÊ EXPLICAR LOGO. Se tiver amor à vida, claro. //risadadomal//

    2013-06-27
  • Lana Silva

    Nem te direi maléfica outra vez, porque a senhorita sabe que é... Mas o August mandou ver ai. Além do ponto de vista do Scorpius que também foi bom e mostra que ele ficou tão nervoso quanto a Rose e que quis fazer algo para que o relacionamento antigo voltasse. Vamos ver agora o que acontece com esse dois. Amei mesmo o capitulo \oBeijoos! 

    2013-06-26
  • Dani_Ela

    Fico feliz que minha intenção em deixar os leitores curiosos esteja dando certo, Nina! huashuas.... Amando a fic? Sério? obrigadaaa! :) Capítulo seis deve sair quarta, mas nao tenho certeza. Um beijo!  

    2013-06-24
  • Nina Delacourt Black

    AAAAHHHHHH!! Eu juro que se fosse possível morrer de curiosidade e ansiedade você tinha uma leitora a menos! hahaha Eu estou amaaando a fic! Sério!! E agora gosto muito do Àugust :) Já estou esperando o próximo :D

    2013-06-24
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