Capítulo I



O dia que fora cinzento, agora se punha dando lugar para uma noite fria. Hermione estava sentada junto a janela do quarto que dividia com os amigos absorta em pensamentos.  Em poucos minutos ela estaria em Hogwarts, o pensamento que durante o dia todo a animara agora a assustava, não tinha medo de ser morta nem de nada que envolvesse a guerra, tinha medo de Snape. Medo que ele não a escutasse, medo que ele realmente fosse o assassino que todos diziam. E...


‘Toc Toc’


Batidas na porta a sobressaltaram.


 – Sim?


 – Mione, sou eu, Gina.


 – Entre.


 – Remo, pediu que eu a avisasse que irão partir em dez minutos. – Gina disse entrando o aposento e fechando a porta atrás de si.  


– Por mim, já teríamos partido.  – Hermione disse deixando transparecer uma tranquilidade que ela não sentia.


A ruiva se sentou na cama desarrumada de Hermione e por hora, ficou em silencio. Depois de algum tempo, ela pigarreou, o que atraiu o olhar da outra jovem.


 – Hermione, eu peço que me escute.  – Gina fechou os olhos e respirou fundo.  – Não queremos que você vá.


 –Mas eu irei.


 – Me diga, para que? Não tem nada para você lá, você sabe.


 – Hogwarts é o meu lar, Gina.


 – Essa desculpa não funciona comigo.  – Ela se levantou da cama bruscamente e elevou o seu tom de voz.  – Eu sei bem o que você quer, e eu te digo: É perda de tempo. Ele matou Dumbledore, Hermione, isso é um fato e fatos não deixam espaço para dúvidas, é claro que você pode enganar a si mesma, mas não a mim.  – Ela fez uma pausa e soltou o ar preso em seus pulmões. – Por favor, não vá.


 – Você não tem o direito de intervir na minha vida com o seu sentimentalismo,  Gina. Você tem sido a minha melhor amiga, mas isso não lhe diz respeito. Não há nada que vá me fazer mudar de ideia. – Ela fez uma pausa tentando recuperar a calma. – agora se já terminou eu peço que se retire. – Hermione abriu a porta do quarto e fez menção para que a garota saísse.


– Espero que reconsidere. – Gina disse com entre os dentes.


 Hermione bateu a porta, encostando-se nela e deixou que seu corpo deslizasse até o chão. Ela estava sozinha no caminho que decidira trilhar. Teve essa certeza durante a breve eternidade na qual ficou deitada ali.


Não demorou até baterem na porta outra vez.


– Desça, Hermione, está na hora.  – Era a voz de Remo.


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Snape não fora ao banquete aquela noite, não via o porquê se sentar na mesa dos professores com aquele bando cabeças ocas e ter como visão tantos alunos imbecis. Ao contrário, preferia ficar no conforto de sua masmorra desfrutando de um surrado livro de poções, e foi o que ele fez.


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Usaram a rede de flu para chegar em Hogwats, mais exatamente, na bem decorada sala de Minerva. A professora de cabelos grisalhos não conseguiu conter um sorriso, ao ver Hermione, mas não deixou de ralhar com todos por terem permitido que ela fosse.


– É perigoso demais ela estar aqui, vocês perderem o juízo? – Ela dizia ao mesmo tempo que não fazia questão de esconder a alegria de ver sua melhor aluna, que ela tomara como filha, ali, viva e saudável.


– Eu quis vir, professora, perdoe minha insensatez, e não se zangue com eles, eu realmente queria estar aqui.


–Oh, minha cara Hermione. – A professora a abraçou.  – Eu senti sua falta.


– Eu também senti a sua. – Hermione disse aceitando o abraço.


–Ótimo, realmente comovente, Minerva, mas temos assuntos a tratar, não me leve a mal. – Remo interviu sem muita gentileza.


– Tudo bem, vamos para perto da lareira, está muito frio aqui.


Hermione se preparava para ir também quando foi interrompida pela senhora Weasley:


–Você fica.


–Mas...


–Sem mais. – A mulher virou as costas e fechou a porta que separava o hall de entrada, onde Hermione estava, da parte onde ficava a lareira.


Hermione olhou em sua volta, como se temesse que alguém escondido ali, pudesse ler os seus pensamentos. Havia chegado a hora, ela ia atrás de Snape.


Ainda meio insegura do que estava prestes a fazer, a garota murmurou um feitiço que abriu a porta do pequeno aposento, porta a qual Hermione atravessou sem hesitar. O corredor escuro, iluminado apenas pelos últimos feixes de luz do dia que já se fora, estava frio, um frio cortante que fez Hermione se arrepiar mesmo estando bem agasalhada com um suéter, uma jaqueta, luvas e cachecol.


Não sabia exatamente para qual lado ir, os corredores de Hogwarts, outrora tão familiares, agora davam a Hermione, a impressão de estar perdida em um labirinto, sem coragem de se mexer, sem motivação para atravessá-lo. Se não fosse a vontade, ou melhor, a necessidade que tinha de ver Snape, ela poderia estar na Toca junto com seus amigos, aquecida, se divertindo com alguma palhaçada dos...


– Já chega, Hermione. Você veio até aqui e agora vai até o fim. – Disse rispidamente para si mesma. – As masmorras são por ali e é por ali que eu vou.


Pensar em voz alta sempre a ajudava, a fazia sentir menos solitária em situações nas quais a solidão era sua única cúmplice. A cada passo, ela se sentia mais segura, desceu escadas, atravessou corredores, vez ou outra tendo que se esconder de alguns alunos delinquentes que estavam fora da cama depois do horário, porém, a segurança que a havia acompanhado durante todo o caminho, falhou quando se viu na porta de Snape.


O que faria agora? Simplesmente iria bater na porta e esperar que ele a recebesse para um chá noturno como se fossem velhos amigos? Pela primeira vez desde que saira d’a Toca, ela percebeu o quanto era idiota e infantil o que ela estava fazendo. Se virou e estava indo embora, quando a porta abriu com um estalido de varinha e alguém tropeçou nela.


– Oh, céus! Quem é o insolente que estava a espreitar as masmorras à essa hora da noite? Diga logo, seu cabeça oca, ou te mandarei para fora daqui antes que posso se lembrar do seu sobrenome. – Hermione tentava encontrar sua voz, mas ela sumira ao ouvir o tom seco e rude de Snape, aquela voz fria, ah como sentira falta dela nos últimos meses... – LUMUS. – O bruxo berrou o feitiço e uma luz prateada, saída de sua varinha, iluminou o corredor.


– E... E... E-u, s... só i-i a...


– Ora, ora, ora, se não é a nossa irritante sabe-tudo. – Ele disse em se tom letal, mas sem esconder a surpresa ao ver a insolência da ex aluna. – Que maus ventos a trazem, Granger? E se me permite perguntar, trazem apenas você ou daqui a pouco esse corredor estará cheio de Weasleys tolos na companhia do Harry Potter testa rachada?


– Sou só eu. – Disse ela abaixando o olhar.


– O que faz aqui? Perdeu a noção do perigo?


– Não vai me convidar a entrar? – Ela disse levantando os olhos.


– Não, o que faz aqui?


– Precisava te ver, precisava não... preciso. Eu preciso saber o que aconteceu naquela noite, eu preciso saber o porquê você não está fazendo nenhum esforço para que percebam que o senhor é inocente, professor, eu sei que é.


– Não sou inocente, Granger.


– Pode não ser inocente em relação a outros pecados, professor, mas sei que suas mãos não estão sujas com o sangue de Dumbledore.


– Como ousa se intrometer no que não lhe diz respeito, dessa maneira?


– Sempre fiz isso, senhor, achei que já estava acostumado. – Ela mordeu o lábio para segurar o choro que estava a caminho.


– Não me acostumo com coisas insignificantes como a sua presença, cara Granger.


– Não seja ridículo, Severo. – Não sabia de onde tirara coragem para insultá-lo, ou pior, chamá-lo pelo primeiro nome. – Todos estão te odiando, você sabe que Voldemort não vai ganhar dessa vez e se ele perder, você vai para o buraco com ele, professor. – Ela fez uma pausa. – Não faça isso, não se entregue dessa maneira. – Uma lágrima escorreu de seu olho, mas ela não se deixou intimidar por ela e continuou. – Todos erramos, senhor, mas não precisamos pagar por erros dos quais nos arrependemos, ou pior, erros os quais não cometemos.


– Todos sempre me odiaram, Granger, não sei qual é a novidade que a senhorita vê nisso e tem mais, não cabe a você julgar os meus erros e me declarar culpado ou inocente.


– Mas cabe a você agir como o homem que sei que é, como o mestre de poções que sempre admirei, cabe a você provar para todos que eles estão errados em te odiar.


– Desculpe, agradar pré-adolescentes como você e seus amigos, não está na minha lista de prioridades. – Disse ele em um tom entediado.


– Não faça por nós, faça por você.


– Tudo bem, Granger. Já terminou com a sessão de conselhos pré-adolescentes dirigida a um comensal da morte? – Ele odiava lembrar a si mesmo do que realmente era, mas se esse era o preço para se livrar da sangue ruim, ele o pagaria. – Perdeu a fala?


– Não, não perdi, só acho patética a máscara que o senhor usa. Já vi pessoas más se fazerem de boasinhas, já vi vilões se passarem por mocinhos, mas essa é a primeira vez que vejo o contrário, professor.?


– Seis anos se passaram desde que conheci a sua irritante personalidade, e ainda hoje me surpreendo com a sua impertinência. – Disse ele encarando-a friamente.


– Tudo bem, se quer que eu acredite que você é o responsável pela morte de Dumbledore, eu acredito, mas me dê uma explicação, qual foi o propósito desse assassinato?


– Isso não é da sua conta, Granger. Não lhe devo explicações sober o que faço, ou deixo de fazer. Agora dê o fora daqui antes que eu perca a minha paciência com você de uma vez por todas. – Ele estendeu o braço apontando para ela o caminho por onde viera.


– Sinto lhe desapontar, professor, mas você nunca me causou medo.


Antes que Snape pudesse respondê-la da forma como ela merecia, usando o seu tom seco e frio de sempre, uma ardência incômoda em seu antebraço esquerdo chamou sua atenção. Começou suave, mas aumentou de forma tão grande e rápida, que quando se deu conta, estava ajoelhado, com a coluna arqueada para frente e fazendo uma horrível careta de dor. A sua frente, uma Hermione assustada acompanhava seus movimentos com os olhos arregalados.  A dor era tanta que ele deixou escapar um urro de dor, nesse momento, a jovem de cabelos cacheados saiu do transe em que estava e se lançou na direção do mestre de poções.


– O senhor está bem? Quer que eu chame alguém? A madame Pomfrey talvez, ela...


– Cale a boca, menina idiota. – Ele disse já suando frio e rasgou a manga da camisa negra que usava a fim de mostrar a aluna, qual era a razão de sua dor.


A pele em volta da tatuagem estava terrivelmente avermelhada, e algumas gotas de suor a umedeciam, dando um aspecto ainda mais doloroso ao antebraço do professor. Hermione recuou imediatamente quando viu a marca negra no braço dele.


– Faça isso, Granger, fuja e conte a todos o que viu aqui. – Ele mantinha o tom irônico mesmo em meio a dor alucinante que sentia.


– Não. – Ela engoliu seco. – Eu não vou fugir.


– E você ainda se diz inteligente, tsck.


– Eles estão vindo? – Ela perguntou em um tom que era pouco mais do que um sussurro.


Ele se levantou bruscamente.


– Não, eu devo ir até eles, mas talvez volte acompanhado e uma sangue ruim como você, não sobreviveria a visita de mais alguns comensais da morte... Aconselho que vá embora, Granger, já me estorvou o suficiente.


Ela ia dizer alguma coisa, até tinha aberto a boca para isso, mas em um piscar de olhos, Snape não estava mais lá. Tinha ido até Voldemort, até seu amo.


Hermione sabia que se fosse esperta para alguma coisa além dos deveres da escola, fugiria dali, voltaria para a segurança de sala de Minerva, mas algo a impedia. A preocupação fora do comum que tinha com Snape, a impedia de ir embora, de deixá-lo. Não sabia como ele voltaria, nem com quem, mas ficaria ali até descobrir.


Com a varinha em punho e o coração decidido, abriu a porta da masmorra de Snape e entrou. Era irônico que um comensal da morte esquecesse a porta de sua intimidade, por assim dizer, aberta. Por vezes Hermione cogitou que aquilo poderia ser uma armadilha, mas descartou a hipótese quando se deu conta de como a morada de Snape era aconchegante. Duas poltronas verde musgo estavam posicionadas a frente de uma lareira onde chamas alaranjadas dançavam. Entre elas e lareira, havia um tapete felpudo no mesmo tom das poltronas. Na parede oposta havia uma escrivaninha repleta de papéis com a caligrafia familiar que por cinco anos ela encontrara nos exames de poções. Mais acima, na mesma parede, havia um espelho terrivelmente velho, mas incrivelmente bonito. Em outra parede havia uma estante com livros de todas as cores e com as lombadas variadas, mas algo dizia que aquilo era só uma amostra da biblioteca de Snape, estava certa. Haviam mais móveis no aposento, mas Hermione se limitou apenas a estes, e a se sentar em uma das macias poltronas.


Acima da lareira, um relógio marcava sete e meia da noite. A reunião com Minerva passaria da meia noite, de acordo com o que haviam lhe dito n’a Toca. Por uma eternidade Hermione ficou ali sentada olhando as chamas dançarem a sua frente, perdida em seus pensamentos, com medo do que a aguardava e ainda assim, feliz por ter revisto o Mestre de poções. Como havia sonhado em vê-lo novamente. Ver aquela pele excessivamente clara, aqueles cabelos lisos escorridos que tinham um tom negro e profundo, seus olhos escuros nos quais Hermione enxergava um brilho inexistente... Mas o que ela mais gostava nele era seu cheiro, cheiro de ervas misturado com perfume masculino, oh Merlin, ele a enlouquecia. O alvo dos desejos secretos de Hermione, mas não só dos desejos, dos sentimentos também, ela o amava. Amava mesmo mantendo isso em segredo, a única pessoa que sabia era Gina. Gina era uma boa amiga, mas desde que Snape fora acusado da morte de Dumbledore, ela não estava mais do lado de Hermione, não apoiava mais a amiga.


Exatamente quando o relógio anunciou as nove horas, um barulho do lado de fora da porta a alarmou, ela empunhou a varinha e se colocou de pé. Minutos depois, um Snape com as vestes rasgadas e arranhões no rosto, cambaleante invadiu o aposento. Hermione estava com medo e com vergonha por ter entrado ali sem a permissão dele, mas o professor não pareceu notar sua presença e desmoronou seu corpo na poltrona ao lado da de Hermione. Meio sem coragem e com a voz rouca ela se denunciou


– Professor? – Ele se virou de imediato.


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Oi, gente! Primeiro vou me desculpar pela demora na atualização, me desculpem, por favor!


Tenho uma boa justisficativa: tive que estudar feito uma condenada para a prova do ensino médio, e no final, não passei. Foi decepcionante e ainda estou engolindo o fato de não ter alcançado o meu objetivo, mas talvez não tenha sido, porque não devia ser. Além disso, eu já tinha a fanfic escrita, mas ela estava muito curta e simples, não sei se perceberam, mas depois desse capítulo ainda haverá mais um. Abri o Word hoje, reli o meu trabalho e o alterei por completo, eis que consegui um final aceitável!


Thaiana: É uma honra tê-la lendo a minha fanfic, a primeira fanfic SS/HG que li na vida foi "Meu amado mestre" em uma comunidade do orkut e sempre te via lá comentando, também me lembro de ter lido uma sua na mesma comunidade, só não vou falar o nome pois tenho memória ruim e vai que confundo o nome e cometo uma gafe, né? HASHSAHAS Enfim, desculpe a demora, espero que goste do final <3


Enfim, espero que me perdoem e corram para o próximo capítulo, beijos <3

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Comentários (1)

  • Thaiana Tolkki Snape

    OMG, JÁ VOU PRO PRÓXIMO CAPÍTULO *O* ~curiosidade-mor pra ver como o Morcegón vai reagir ao olhar a Mione esperando por ele.Olha, que demais. Não sabia que cê me conhecia do velho orkut kkkk. Sim, eu lia Meu Amado Mestre lá, da Jamilly. A minha fanfic de que cê falou acho que era a Learning to fly, uma long SS/PO. 

    2013-01-25
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