Capítulo II
– Granger? – Ele se sobressaltou, e a olhou, não irritado da forma como deveria, mas surpreso.
– O que houve com o senhor? – Ela se aproximou serena e se ajoelhou ao lado dele, tocando o seu ombro. – O que fizeram com você?
– Quando vai entender que não deve fazer perguntas todo o tempo? – Ele disse de olhos fechados sem a sua frieza habitual e com a voz rouca.
–Não vou entender. – Ele a olhou com cara de poucos amigos. – Agora vamos, precisamos cuidar desses ferimentos.
– O que você quer, Granger? Se fingir se enfermeira?
– Não, senhor. Só quero ajudá-lo, E, irei ajudá-lo. – Ela disse com firmeza. – E pare de teimar comigo.
– Oh Merlin, me lembre de nunca mais ser sociável com nenhum grifinório. – Ele disse colocando a mão no testa a fim de demonstrar arrependimento.
– Ora, Snape, até parece que estou lhe fazendo mal. – Ela tentava segurar o riso.
– Está rindo de mim, Granger? Será que perdeu o amor pela vida?
– Shh, Snape. Vamos a enfermaria.
– Está ficando louca? Seria humilhante para um mestre de poções, precisar de uma velha feito a Pomfrey para curar alguns arranhões.
– Então o que posso fazer?
– Poderia ir embora e me deixar em paz, mas vejo que não fará isso. – Ela corou. – Então pegue o frasco cor de mel em cima da minha escrivaninha.
Ela pegou o frasco rapidamente e o destampou.
– Quer ajuda para tomar? – O olhar letal que ele lançou a ela, soou como um não mais sonoro do que qualquer outro.
– Só um gole e estarei novo em folha, pronto para te colocar fora daqui. – Ele disse e tomou a poção de uma vez só.
– Não precisa me expulsar, senhor. Se já está bem, e minha presença não te agrada, já vou indo. – Não sabia porque havia se magoado com o que ele disse, aguentara humilhações dele por seis anos e agora, uma frasesinha mal colocada, havia feito seus olhos se encherem de lágrimas. Ela foi em direção a porta, mas antes de sair quis olhá-lo mais uma vez. – Foi bom revê-lo, Snape.
– Tolice, Granger. – Ele não acreditava no que estava prestes a dizer, mas devia alguma gentileza a ela, fazia tempo que ninguém se preocupava com ele daquela maneira. – Já que me estorvou, riu de mim, e me tratou feito um velho que não consegue nem ao menos levar uma poção aos lábios... Aceite uma bebida.
– Está falando sério? – Ela escancarou um sorriso, não acreditava na gentileza dele.
– E eu lá sou homem de brincadeira, menina?
– Não, senhor, eu s-só...
– Cale-se Granger, antes que eu me arrependa de ter te convidado a ficar.
Ela fez que sim com a cabeça e ele a olhou divertido e foi até uma porta que passara despercebida ao olhar de Hermione. Depois de alguns minutos voltou de lá com uma taça de vinho e a ofereceu a Hermione.
– Não tenho nada mais apropriado em minha adega.
– Vinho é bastante apropriado, senhor.
– Não para uma adolescente.
Ela sorriu e enquanto consumia a bebida, sem querer, um pensamento saiu alto de seus lábios.
– O que te levou a matá-lo, professor? – A pergunta soou ridícula e inesperada, ela se arrependeu no mesmo momento que a fez. – Oh, desculpe-me, pensei alto e... – Ele levantou uma das sobrancelhas e a fitou.
– Essa história fica para outro dia, Granger.
– Outro dia? – Ela hesitou. – Eu não acho que vá haver outro dia, senhor.
– Mesmo se não houver, a senhorita saberá dos meus motivos algum dia.
– M-mas...
– Não insista, Granger. – A voz dele era suplicante. – Não posso te contar nada.
– Não vou insistir, mas não sei se posso continuar a confiar no senhor se não me contar nada.
– Não estou pedindo a sua confiança, Granger, nem mesmo preciso dela. – Ele fez uma pausa e fechou os olhos. – Mas, para mim, seria um grande consolo se a senhorita a mantivesse em mim.
Ela o olhou e não pôde conter um sorriso, ele também sorriu, um sorriso tímido, mas verdadeiro. Sem pensar ela se aproximou de Snape e o abraçou, um abraço carinhoso, um porto seguro em meio a toda aquela guerra, todo aquele caos. Ele não a abraçou, mas não recusou o abraço que ela oferecia a ele.
Hermione sonhara tanto com aquele momento, mas apenas sonhara, nunca havia imaginado que o abraçaria, ainda mais com toda aquela guerra, talvez ela não sobrevivesse para fazer isso depois, ou pior, talvez ele não sobrevivesse, então o fez assim que teve a chance. O cheiro dele a enfeitiçava, e ao mesmo, tempo a certeza de que cedo ou tarde teria que soltá-lo, teria que deixá-lo, a tirava do transe e fazia lágrimas finas brotarem em seus olhos.
Snape ficou ali, sentindo o corpo da jovem em contanto com o seu, o cheiro doce que vinha dela, a força com que ela o segurava... até que a ouviu fazer um barulho involuntário, era um choro contido que ela afogava em seu ombro e sem pensar em mais nada, ele também passou o braço pela cintura de Hermione. Não tinha malícia, nem nenhuma segunda intenção, apenas sentia uma imensa vontade de protegê-la, a solidariedade dela, definitivamente havia mexido com ele.
– Não chore, menina boba. Não na frente de um comensal.
Ela desfez o abraço e sorriu sem graça, enquanto secava algumas lágrimas.
– É que, sabe, professor... Eu gosto tanto do senhor. – Ele a olhou incrédulo.
– A senhorita, está bem, Granger? Bateu a cabeça em minha ausência, fe...
– Não seja bobo, Snape. Eu sempre gostei do senhor, tanto é que... estou aqui, não estou? Mesmo o senhor tenso sido acusado de tantos crimes terríveis, eu...
– Granger...
–Não, professor. Peço que me escute. – Ele assentiu, mesmo relutante. – Desde o meu terceiro ano, desde que o senhor salvou a mim e a meus amigos, eu sinto algo diferente pelo senhor. No começo, achei que era gratidão, mas não era. Eu gosto de você, Snape. Talvez eu ame você, e sei que é platônico e ridículo, mas eu precisava te contar e...
– Eu... E...
– Shhh. – Ela o interrompeu. – Não precisa dizer o que não sente professor.
Ele assentiu, mas se sentiu terrivelmente mal, queria poder retribuir aqueles sentimentos, queria poder dar a ela alguma lembrança boa, mas não podia mentir.
Como se lesse seus pensamentos, Hermione continuou.
– Essa não é a nossa última chance, professor, agora eu sei. – Ela sorriu.
Ele a abraçou fortemente.
– Tem razão, Granger. Todos viverão felizes para sempre no final. – Ele disse com uma leve ironia.
– Todos viveremos. – Ela o corrigiu.
– E o que me inclui nisso? – Ele questionou levantando as sobrancelhas.
– Eu te incluo nisso, Snape. Não deixaria o senhor morrer. – Ela disse levantando o rosto que estava encostado no peito dele e o olhando nos olhos. – Não mesmo. – Ela sorriu.
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Hermione só se foi quando o relógio já marcava uma da manhã. Retornou à Toca com o coração calmo e um sorriso nos lábios. Tudo iria dar certo, essa certeza havia tomado o seu coração. Amava Snape e não importava se ele a amava ou não, a noite que eles haviam compartilhado, estaria sempre em sua memória. Depois de reviver cada momento daquela noite em pensamento, ela adormeceu.
Snape demorou mais do que o habitual para pegar no sono, e antes de adormecer fez algo que não fazia a muito tempo: agradeceu aos céus pela dádiva que era a vida e prometeu que não a desperdiçaria, não agora que ele finalmente havia encontrado um motivo pelo qual lutar.
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Eis o fim! Não ficou tão bom quanto eu esperava e admito que a fanfic ficou simples demais, mas foi a primeira, né gente? Ainda vou melhorar, e exatamente por isso, pensei em daqui um tempo fazer uma long como continuação dessa, no pós-guerra e tal, tenho uma idéia interessante, mas fica a critério de vocês, então me digam: tenho o apoio de vocês em uma long ou não? (sintam a responsabilidade) ASASHSAHAS
Enfim, obrigada a quem leu essa fanfic, obrigada a quem comentar, obrigada a todos vocês meus leitores mudos e obrigada a Thai (olha a intimidade).
Beijos, vejo vocês em breve e COMENTEM!
Comentários (2)
Ai meu deus! Ameeeei!!!
2013-12-25Sobre a long, melbein, está mais do que apoiada. Conte comigo como leitora ;)Super quero ver como termina o que você começou nessa fic aqui. Morcegão não sabe ainda, mas mais pra frente não vai conseguir resistir à sabe-tudo ousada da Grifibória kkkk Beijo!
2013-01-25