Prólogo
Faltava pouco para o dia clarear, todos os atuais ‘hospedes’ e moradores da toca dormiam profundamente, todos exceto Hermione Granger. Ela não pregara o olho naquela noite. A guerra avançava cada dia mais e todos ao seu redor passavam o dia se fartando de comida e ignorando a terrível crise que atingia o mundo bruxo. Ela sabia que não faziam isso por mal, sabia que só queriam adiar o sofrimento pelo qual inevitavelmente eles passariam, mas isso a irritava, não queria se acovardar, queria enfrentar os comensais da morte, queria pelo menos uma vez em sua vida, ter um ato de coragem. Era frustrante ver Harry e Rony passando por perigos, e ficar apenas com o nariz enfiado em livros esperando o dia em que faria algo além de executar feitiços em seu quarto e fazer as poções dos livros com perfeição. Logo que conclui esse pensamento a palavra ‘poções’ levou sua mente diretamente ao castelo de Hogwarts onde o temível mestre de poções, Severo Snape, lecionava e onde o mesmo se encontrava também acordado.
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Snape se encontrava sentado em uma confortável poltrona de veludo verde musgo junto à lareira de sua masmorra. O frio durante a noite castigava, principalmente, aquela parte do castelo. A fama de morcego que o professor de meia idade tinha, não se limitava apenas a sua aparência, nos últimos meses ela passara a abranger também seus hábitos insones. Não tinha olheiras e até estava com um aspecto saudável, mas naquela noite, em especial, ele não conseguira pegar no sono nem mesmo com sua poção mais forte. Seu coração estava apertado e ele nem ao menos sabia o porque. Depois que fora forçado a lançar a maldição da morte em seu único amigo, ele estava completamente sozinho no mundo. Não tinha nem mesmo com quem trocar um bom dia sincero, todos o detestavam, mas também, o que ele esperava? Matara o bruxo, que com toda a certeza, podia ser chamado de o mais generoso de todos os tempos. Ele queria muito ter alguém para quem pudesse contar a verdade, alguém que não o desprezasse, mas isso era impossível. Ele próprio de desprezava. Uma fina lágrima umedeceu as maçãs de seu rosto quando, por uma droga de boa memória, se lembrou do sorriso de Lilian Evans. Ele considerava que a morte das únicas três pessoas que gostaram verdadeiramente dele eram sua culpa, a morte de sua mãe, a morte de Lilian e agora a morte de Dumbledore. Mas, que diabos de homem ele era?
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Já passava das dez da manhã quando a Sra.Weasley se levantou e passou de quarto em quarto acordando seus ocupantes para o desjejum. Hermione se levantou em um salto e foi para o banheiro escovar os dentes e arrumar os fios densos e desgrenhados de cabelo castanho que possuía. Um sorriso tomou conta de seu rosto quando ela pegou o creme dental de hortelã e se lembrou da pequena mentira que contara no ano anterior quando se propôs a dizer qual o cheiro que a amortentia tinha para ela e sentiu o perfume de Rony. Ela tinha certeza que se naquele dia ela ficasse perto da poção, ela sentiria um cheiro diferente, seu sentimento por Rony mudara, ainda o amava, mas agora o amava como amava Harry e não como algo mais.
Sacudiu a cabeça negativamente a fim de afastar as lembranças que tinha das aulas de Hogwarts, sentia tanta falta de frequentar as aulas, mesmo já sabendo tudo o que ensinavam, sentia falta de responder as perguntas, sentia falta de ser elogiada por todos os professores, ou melhor, quase todos, com exceção de Snape. “Aquele assassino cruel” era o que Harry teria dito se tivesse ouvido aquele sobrenome, era o que todos os bruxos do lado do bem diriam, menos ela. Não conseguia acreditar que ele realmente era um assassino, porém não cabia a ela decidir o modo como o mestre de poções devia ser julgado.
– Mione, ainda está no banheiro? – Era a voz de Rony.
– Estou sim, Rony, mas já estou saindo.
– Ok, estamos te esperando lá embaixo.
Ela não respondeu. Se apressou na escovação dos dentes, prendeu o cabelo em uma trança simples e colocou um roupão por cima do pijama. Quando desceu todos já estavam na mesa. O café da manhã foi animado, como sempre. Rony olhava atônito para Harry e Gina abraçados, a Sra. Weasley ralhava com os gêmeos que insistiam em ignorar o pegador de pãezinhos e ataca-los com a mão, o Sr. Weasley discutia com Remo algo sobre a ordem da Fenix e ela se mantinha em silencio, vez ou outra soltando um risinho com as palhaçadas da família Weasley. Todos se calaram quando Remo pediu a atenção deles:
– Recebi um chamado da professora McGonagall na noite passada. Arthur, Molly e eu iremos ao castelo de Hogwarts hoje pouco antes do anoitecer. Me preocupa deixá-los sozinhos aqui, mas creio que a vida ‘agitada’ que todos vocês tem desde que ingressaram no primeiro ano do colégio os trouxe uma certa responsabilidade e um bom senso de defesa. Posso contar com um comportamento disciplinado da parte de vocês, crianças? – Perguntou ele com um olhar lançado diretamente a Harry.
– Sim. – Todos responderam mecanicamente, todos menos Hermione.
– Professor? – Perguntou ela ignorando o fato de que ele não era mais o seu professor.
– Sim, senhorita Granger?
– Posso ir com vocês? – Todos voltaram os olhares para ela.
– Não creio que Snape irá tolerar sua presença no castelo, Hermione.
– Ele não precisa me ver, por favor, eu preciso ir lá professor, aquilo é o que tenho de mais próximo da minha casa agora que meus pais não sabem mais que eu existo, você não pode negar isso para mim, Remo. – Ela disse em um tom de voz amargo enquanto lágrimas ameaçavam escorrer de seus olhos.
– Tudo bem, Hermione, mas quero que saiba que dificilmente aquele castelo estará da forma como você se lembra. – Ela assentiu com a cabeça e se retirou da mesa.
Foi até o quarto que dividia com Harry e Rony e começou a empacotar algumas coisas que queria levar para Luna que estava no colégio, porém esse não era o principal objetivo daquela visita, ela queria encontrar Snape, não sabia porque, nem sabia se sobreviveria a esse encontro, mas algo dentro de si, dizia que era disso que ela precisava.
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N/A: Olá. Essa é a minha primeira fanfic SS/HG e espero que gostem, o prólogo é mais para dar uma curiosidade mesmo, inicialmente seria só o capítulo, mas ficaria muito grande e a leitura seria cansativa, por isso decidi dividir a fic. Aguardo por comentários pois quero saber como está ficando, não tenho experiência nisso, KKK. Também aceito sugestões, mesmo tendo a história já finalizada, a opinião do leitor é a que mais conta. Enfim, obrigada desde já e até o próximo capítulo, meus caros.
Comentários (2)
Curiosa!
2013-12-25Eu sempre refleti sobre como o Snape se sentiu em Hogwarts no momento em que não possuía sequer um ser humano que confiasse nele de verdade, especialmente depois de o próprio ter matado Dumbledore. Esse homem é forte e provou isso, mas não de ferro, por essa razão que tomo só a Hermione (pela racionalidade dela, é o alguém mais provável para analisar a situação toda) na história, confiando nele e ajudando-o, como sentido para mantê-lo firme no propósito da guerra. A memória de Lily é insuficiente, no meu ponto de vista. Mal posso esperar pelo que vem no final, quero ver a reação dele quando a Mione estiver no Castelo. Atualize em breve, sim? *O*
2012-08-26