Ditos populares



Dito e feito! O passeio de Teddy ao Beco Diagonal foi extremamente conturbado, mas, no final, deu tudo certo. Tudo sempre dava certo no final, dizia o ditado trouxa. Teddy acabou com uma varinha feita de faia, com núcleo de pena de fênix (muito raras, segundo Olivaras, porque não se acham muitas fênix para tirar penas), com 25,5 cm, e um rato, de pelo castanho claro como seu cabelo, que decidiu chamar de Otto. Já com seu material em mãos, apenas restava esperar o dia do embarque no expresso de Hogwarts. O clima entre as famílias que rodeavam o garoto era nostálgico, marcado por saudade, pois, após onze anos, nenhum Weasley, nem Harry, nem Hermione foram até a estação de King’s Cross, atrevessaram a passagem para o trem e deixaram alguém no embarque, ou embarcaram.


No dia do embarque, Andrômeda levou Teddy e atravessou a plataforma 9/ ¹/² com ele, conforme o combinado. Até então, ele estava calmo, não ficou ansioso com sua entrada em Hogwarts. Agora, porém, na iminência do fato sentiu-se receoso. Já chegaria com certa fama na escola e precisava provar-se capaz. Queria fazer grandes coisas como seus pais. Também não gostava muito da ideia de chegar sozinho. Não conhecia ninguém de sua idade com habilidades mágicas. Conhecia algumas crianças trouxas da vizinhança de Rony e Hermione(que estavam morando em um bairro tipicamente não-mágico próximo à uma entrada para visitantes do Ministério, para onde iam a pé todas as manhãs para não surtir desconfiança). Aquelas crianças, porém, tinham uma pequena probabilidade de ir para Hogwarts este ano. Ou não? Teddy decidiu manter seus olhos bem abertos, atentos para a belíssima presença de algum conhecido, por via das duvidas.


A missão do garoto não foi exatamente falha. Olhando ao redor, encontrouseu padrinho, que foi ao seu encontro, sempre atraindo olhares.


– Bom dia, Andrômeda! Tudo bem, Teddy? – cumprimentou Harry muito animado.


– É... Tudo. – respondeu Teddy com um sorriso mais ou menos. Não iria demonstrar fraqueza. Que preocupação tola – pensava consigo. – É lógico que conheceria alguém em breve e seu problema seria resolvido. Seu outro motivo de receio era mais complicado, mas daria um jeito depois. “Não se pode dar passos maiores que as pernas” – dizia outro ditado trouxa.


– Não me parece que está tudo bem. – disse Harry –Você é igual Tonks, não sabe disfarçar quando há algo errado.


Agora o sorriso de Teddy era bem verdadeiro. Esqueceu por um momento seus problemas com a menção à mãe. E não teve tempo para pensar neles de novo porque vinha Molly trazendo Victoire, que estivera muito feliz por Teddy desde a chegada da carta. Ele não queria estragar a felicidade da garota com suas preocupações então as tirou da cabeça de vez.Molly ficou de trazê-la porque seus pais estavam ocupados com seus afazeres, mas ela queria muito ver o embarque de Teddy e fez questão de vir, obrigando a avó à trazê-la. Precisava despedir-se do amigo. O resto do tempo até embarque passou depressa. Com Victoire lá, Teddy tinha companhia, não se sentia mais só. Ela despediu-se dele animada, invejando um pouco sua jornada a partir dali, mas um tanto saudosa: não veria seu amigo por um longo tempo. A loura o fez prometer que escreveria sempre trazendo novidades, porque teria de haver novidades de qualquer jeito. E Teddy embarcou bem mais leve do que estivera se sentindo.


 



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Já no trem, Teddy passou por algumas cabines cheias de alunos conversando e rindo. Ele gostaria de fazer parte de um destes grupos, mas achou que seria mais fácil relacionar-se com um número menor de pessoas. Achou sensato, então, entrar em uma cabine por qual ia passando, na qual estava uma garota. Apenas uma. Mas não seria somente ela, não é? Deveria haver mais alguém que ainda não chegara, que parou pra falar com alguém e se atrasou um pouco.


– Oi! – começou Teddy simpático.


– Oi! – a menina respondeu seca. Estivera escrevendo algo que escondeu com a entrada da visita aparentemente indesejada. – O que você quer?


Teddy queria muito continuar com sua simpatia, mas a recepção que ganhou o fez mais arrogante.


– Quero sentar aqui, nesta cabine! – respondeu firme.


A garota surpreendeu-se um pouco, mas não deixou transparecer sua surpresa.


– As outras cabines estão lotadas, é? – falou tentando parecer indiferente. – Seus amigos abandonaram você? – disse com desdém.


– Não interessa! Eu escolhi essa cabine pra sentar e pronto. Vai ter que me aguentar agora. – Teddy entrou na cabine e guardou seu malão na parte da cabine, juntamente com seu rato, agora em uma gaiola.


Quando sentou, no lugar defronte à arrogância em pessoa, observou que se ela não fosse tão rude, poderia ser muito bonita. Tinha os cabelos pretos e lisos, um tanto volumosos, um pouco abaixo dos ombros. Seus cílios espessos davam charme ao seu olhar. Decidiu não relevar o encontro dos dois e puxar conversa.


– Como você se chama? – Teddy encontrou a simpatia novamente.


A menina olhou desconfiada, como se estivesse decidindo se iria ou não dizer seu nome.


– Laura. – ela olhou por um instante, receosa. – E o seu?


–Teddy. – respondeu sorrindo, feliz por ter recebido uma resposta civilizada. Era bom ter conseguido companhia.


Seguiram a viagem conversando, sobre como seria em Hogwarts, qual casa gostariam de ficar e por que. Laura não falara sobre sua família e Teddy acompanhou-a. Se ela não queria falar, não seria ele quem começaria este assunto. O garoto entendeu depois de um tempo que não havia mais gente. Laura iria fazer sua viagem para Hogwarts sozinha se não fosse ele.


– Você é muito arrogante sabia, Laura!? – disse Teddy em tom brincalhão, mas como em toda brincadeira, esta também tinha um fundo de verdade. Claro que não era prudente julgar as pessoas e muito menos falar seus julgamentos por aí. Teddy nem era dono de toda essa sinceridade, mas o tempo que passaram juntos lhe deu liberdade pra falar. Sentia grande afinidade pela garota do olhar marcante e já se via seu grande amigo.


– Quando eu entrei na sua cabine, você zombou de mim porque eu estava só, mas você não tem ninguém também, não é. – Teddy disse sorrindo.


Laura era forte e determinada. Não iria ficar desconfortável com nenhuma situação, só ou em companhia. Seria capaz de puxar uma briga com qualquer um que a chamasse de arrogante, mas, com o sorriso amigo que veio a vista, não o fez.


– Eu não me considero arrogante. Só não preciso estar de bem com tudo o tempo todo. – disse com tom de quem tem razão. – e não preciso estar com milhares de pessoas. Lido muito bem com a minha vida sozinha.


– Mas isso acaba hoje, Laura. Agora eu estou com você. Eu também não tenho ninguém aqui em Hogwarts, então...


– Teddy, sério, isso não importa. Vou muito bem sozinha e não quero a sua amizade por pena. Antes só do que mal acompanhada!


– Ahhhh, você é nascida-trouxa??? – o certo seria sentir-se ofendido pelo o que foi dito, mas Teddy ficou surpreso ao ouvir o ditado popular.


– Não, eu não! – Laura de repente parecia ofendida.


– Ah, mas é um ditado trouxa, sabe... De onde você aprendeu?


– Arg... Eu sou mestiça... Minha mãe é trouxa. Satisfeito?


– E você se incomoda com isso? Pois, não deveria! Não há nada de errado... Você deveria ouvir a historia da minha família. Não há nada mais complicado no mundo. – disse Teddy em consolo.


– Ah, mas eu realmente queria ser sangue puro, impor respeito por onde passasse, carregar importância em meu sobrenome. E eu passei bem perto! Meu pai vem de uma família de bruxos puro sangue...


– Olha, meus pais...


Mas Teddy não conseguiu terminar a frase, porque o trem apitou e eles chegaram a Hogwarts. Ele estava muito mais confiante agora, acompanhado. Não pela melhor pessoa do mundo, certamente. Mas pela melhor pessoa que poderia acompanhá-lo. Aquela que aceitou tê-lo como amigo, antes que qualquer outro pudesse fazê-lo, no lugar que seria seu lar por um bom tempo. Lar, doce lar.

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Comentários (1)

  • Vanity Black

    Estou adorando a fic, é bem diferente do que eu espeava. A historia parece bem original e você escreve super bem :3 Estou adorando a história de Teddy e vou esperar pela atualização *-* 

    2012-08-20
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