Chá na cabana de Hagrid
Chá na cabana de Hagrid
O dia amanhecia em Hogwarts lentamente. Alvo abriu os olhos, incomodado com a claridade, por um segundo se esquecendo de onde realmente estava. Ao fitar as cortinas vermelhas do dossel de sua cama deu um sorriso satisfeito. Estava no dormitório da Grifinória, no seu primeiro dia de aula. Sentou-se devagar e notou que Scorpius também já havia acordado e fitava o céu pela janela.
- Bom dia. - cumprimento Alvo, se espreguiçando e bocejando.
- Bom dia. - cumprimentou Scorpius também, um sorriso nos lábios. O garoto loiro estava sentado no chão, com um pergaminho e uma pena nas mãos. - Estou escrevendo pra casa. Mamãe pediu pra escrever logo.
- Mães...- debochou Alvo, se levantando, coçando a cabeça e se espreguiçando novamente. - Elas são todas iguais. Também tenho que escrever pra casa. Que horas são?
- Não são nem sete horas. - Scorpius falou voltando a escrever. Alvo também apanhou pergaminho e pena e sentou-se ao lado do garoto loiro.
- Sexta feira eu e Rose vamos tomar chá com Hagrid na cabana dele depois das aulas. Quer vir com a gente? - Alvo perguntou, escrevendo distraidamente.
- Vou perguntar pros meus pais. Depois eu te falo.- Scorpius declarou, com os olhos brilhando. Ao contrário do que imaginava, parecia que não seria abandonado pelo colega de viagem.
Terminaram de escrever suas cartas e Alvo entregou a sua para a coruja recém ganhada. Dera-lhe o nome de Candy graças aos grandes olhos cor de caramelo. Correu até o quarto do irmão e o convenceu a emprestar a coruja dele para que Scorpius pudesse enviar a carta dele sem precisar ir até o corujal para usar uma da escola. Tomaram banho, se arrumaram e foram conversando para o Salão Principal tomar café da manhã. Ao vê-los chegar Rose os encarou e franziu a testa em desagrado.
- O professor Longbottom acabou de distribuir os horários das aulas. - ela falou, enquanto os dois meninos se sentavam. Se no dia anterior tinham ficado impressionados com a quantidade de comida, naquela manhã não foi diferente.
- Chamei Scorpius para ir com a gente visitar Hagrid sexta-feira. - Alvo falou empolgado e Rose o olhou severamente.
- Talvez Scorpius tenha outros planos, Alvo. - Rose falou, fitando o loiro rapidamente.
- Não tenho não. - Scorpius falou, mordendo sua torrada. - Mas preciso da autorização dos meus pais antes. - ele declarou.
- Tenho certeza de que eles vão deixar. - falou Alvo.
Após comerem seguiram para suas aulas. A primeira, de Feitiços, fora bastante interessante, principalmente porque o professor Flitwick tinha que ficar equilibrado num banquinho para poder ser visto por todos. Como era de se esperar, Rose fora a que se saíra melhor, arrancando vários elogios do professor e ganhando cinco pontos para a Grifinória. A outra aula, Herbologia, também correu tranqüila, mesmo o professor Longbottom lançando olhares estranhos para Alvo e Scorpius. Alvo percebera aquele comportamento por parte de quase todos os professores, incluindo a diretora, e de quase todos os alunos mais velhos.
- Não sei por que todo mundo fica olhando pra gente. - o menino reclamou, aos cochichos, durante a aula de História da Magia. Rose, que estava sentada a seu lado e anotava furiosamente tudo o que o professor falava, o fitou com ar severo.
- Pois eu sei. - ela declarou e o garoto ficou esperando as explicações. - Não é segredo pra ninguém em Hogwarts que tio Harry e Draco Malfoy eram inimigos declarados. Não se suportavam.
- E daí? Isso foi a um século. - Alvo pareceu indignado.
- Eu sei. Mas as pessoas ainda se lembram. - a menina fitou o garoto loiro sentado numa carteira próxima. - Além do mais, papai falou para não ficarmos amigos dele.
- Na verdade, tio Ron falou pra você não ficar muito amiga dele e pra não se casar com ele. - declarou e viu a prima ficar com rosto tão vermelho quanto os cabelos.
- Eu jamais iria querer me casar com aquele garoto. - ela sussurrou muito brava. Passou a escrever mais rápido ainda, segurando a pena com uma força desnecessária e Alvo balançou a cabeça descrente. Quando Rose ficava brava era de dar medo.
- Desculpa, Rose. Eu não quis te chatear. - ele declarou baixo, do jeito que sabia que não daria a ela outra opção se não desculpá-lo.
- Tudo bem. - ela falou com um suspiro.- Mas toma cuidado. Não vá se meter em encrenca por causa desse garoto.
- Scorpius é legal, você vai ver. - Alvo declarou e Rose deu de ombros.
- Você que sabe. Mas me deixa fazer as anotações.
O resto da aula passou tranqüilo como o resto do dia. A noite, depois do jantar se sentaram em uma das mesas para fazer a tonelada de deveres que haviam passado. Mesmo a contragosto, Rose se sentara ao lado de Alvo e Scorpius e os ajudava de vez em quando. Na manhã do dia seguinte, enquanto tomavam café levaram um baita susto quando uma grande revoada de corujas invadiu o Salão Principal. Duas delas pousaram em frente a Alvo e Scorpius, deixando uma carta pra cada um.
Scorpius abriu o dele e começou a ler em silêncio. Logo em seguida tinha um sorriso discreto nos lábios.
- Meus pais deixaram eu ir tomar chá com vocês na cabana do Sr. Hagrid. - falou.
- Legal. - Alvo declarou, abrindo seu envelope, grande demais para ser uma simples carta. Tirou o conteúdo e desdobrou o pergaminho. Deu um sorriso e estendeu algo para Scorpius.
- Isso é pra você. - falou e o garoto loiro o olhou sem entender. Desdobrou o papel e seus olhos brilharam de contentamento.
- Caramba, você pediu mesmo. - ele falou admirado e Alvo apenas sorriu. - Ela até escreveu uma dedicatória pra mim. - Rose apenas levantou os olhos do livro que lia e olhou o poster da tia. - Vou mandar pra casa e pedir pra mamãe colocar no meu quarto.
O resto da semana foi tranqüilo e cheio de atividades. Passavam o dia nas aulas e parte da noite fazendo os deveres, que pareciam que não acabava mais. Aos poucos, Rose começou a ajudar Alvo e Scorpius nas tarefas, mesmo ainda torcendo o nariz. Mal tiveram tempo de perambular pela escola e conhecer seus recantos mais secretos. Alvo e Scorpius mal viam a hora de poderem conhecer o campo de quadribol enquanto Rose se ressentia de não ter passado mais que alguns minutos na biblioteca. Na sexta, assim que as aulas acabaram, correram para os dormitórios para se trocarem, felizes demais por terem um tempo livre.
- Tem certeza que o sr. Hagrid não se importará se eu for com vocês? - Scorpius questionou, a testa levemente franzida.
- Claro que tenho. Hagrid é uma das pessoas mais legais que conheço. - Alvo falou, enquanto vestia o casaco.
- Se você diz. - Scorpius deu de ombros e desceram para encontrar Rose, que os esperava próxima ao retrato da Mulher Gorda.
Caminharam conversando pelos corredores, tomando cuidado para não pegarem uma escada errada e se perderem na escola, Rose mais a frente, ainda incomodada pela presença do garoto loiro. Nos jardins vários estudantes paravam o que estavam fazendo e ficavam olhando para o trio que passava. Logo avistaram a cabana de Hagrid na orla da floresta proibida, um grande tufo de fumaça saindo da chaminé. Bateram a porta e esperaram alguns minutos, mas não obtiveram resposta. Bateram novamente, mas só se ouvia o silêncio.
- Será que Hagrid se esqueceu que viríamos? - Rose questionou fitando os garotos que apenas trocaram um olhar. Então ouviram um barulho vindo de trás da cabana. Curiosos foram até lá. Avistaram a grande figura de Hagrid entre as aboboras gigantes, ao seu lado um grande cão de caça cor de chocolate, quase negro, deitado, que logo se pôs de pé assim que os avistou. Ao vê-los, Hagrid acenou com sua grande mão, o semblante alegre.
- Ah, olá crianças. - ele cumprimentou, se aproximando dos três.
- Olá, Hagrid. - Rose cumprimentou. - Como está?
- Muito bem, pequena Rose, muito bem. - ele falou com um sorriso. - E você Alvo? Tudo bem?
- Tudo ótimo, Hagrid. - Alvo respondeu alegre. - Este é meu amigo: Scorpius.
- É um prazer conhecê-lo, sr. Hagrid. - o menino falou estendendo a mão de maneira formal. Hagrid o olhou intrigado por alguns segundos, então aceitou o cumprimento do menino.
- Ora, ora. Tanto tempo em Hogwarts e é a primeira vez que um aluno me chama de senhor. - falou sacudindo o braço do menino. - É um prazer conhecê-lo também, Scorpius. E não precisa me chamar de senhor. Vamos entrar. Fiz biscoitos hoje cedo e a água para o chá já deve estar fervendo.
Os conduziu para a porta da cozinha, mas as crianças pararam diante de duas plaquinhas de madeira num dos cantos do quintal onde se lia: Canino em um e Aragogue em outro. Ao perceber o olhar interrogativo dos três, Hagrid comentou.
- Grandes amigos. - comentou com um suspiro triste e entrou na casa. As três crianças entraram na cabana e ficaram parados a porta, olhando tudo a sua volta. Com certeza não era o que esperavam. O grande comodo tinha de um lado uma cama enorme coberta por um cobertor de retalhos. Do outro lado, uma grande lareira estava acesa e uma grande chaleira já apitava. No teto havia algumas aves mortas, ervas secas e alguns objetos que não conseguiam identificar. Era meio assustador. Hagrid indicou uma poltrona, onde os três se sentaram com folga olhando tudo a sua volta com curiosidade. O meio gigante preparou o chá e o serviu em um delicado conjunto de porcelana, enchendo três xícaras para as crianças e uma grande caneca para si. Serviu também biscoitos em um prato que fazia conjunto com as xícaras.
- Sua mãe me deu essas xícaras, mas as usei poucas vezes. - ele falou indicando Rose. O chá estava gostoso, mas os biscoitos, apesar da ótima aparência,estavam duras e impossíveis de mastigar. Contaram a Hagrid como tinha sido a primeira semana de aula e sempre que ele se distraia, escondiam os biscoitos nos bolsos, para não magoar o meio gigante.
- Hagrid, quem eram Canino e Aragogue. - Rose perguntou, mal contendo a curiosidade.
- Como disse, foram grandes amigos. - Hagrid repetiu, com um suspiro fundo. - Canino era um ótimo cachorro. Preguiçoso e covarde, é verdade, mas ótimo cachorro. O encontrei numa caixa de papelão, abandonado em Hogsmead, no inverno antes dos pais de vocês entrarem para a escola. Viveu por treze anos, viu muita coisa boa e muita coisa ruim também. Morreu de velhice, enquanto dormia.
- Que triste. - comentou Rose, com lágrimas nos olhos.
- Ah, não, Rose, não fique triste. Canino teve uma vida longa e feliz, não tem porque lamentar. - Hagrid comentou, colocando mais um pouco de chá em sua caneca.
- E quem era Aragogue? - Alvo questionou, curioso.
- Ah, outro grande amigo. - Hagrid comentou, com jeito saudoso. - Também morreu de velhice. O criei desde quando ele era uma aranhazinha e cabia na palma da mão até tornar-se uma grande acromâtula. Morava no centro da floresta proibida. Claro que os pais de vocês já contaram a visita que fizeram a ele quando estavam no segundo ano. - Hagrid comentou com uma leve risada.
- Não, não contaram. - Alvo declarou. Hagrid se remexeu no banco em que estava meio desconsertado, mas deu uma leve risada.
- Bom, com certeza eles ainda vão contar. - mudou o rumo da conversa e logo o trio resolveu ir embora antes que começasse a escurecer. Se despediram de Hagrid e prometeram voltar assim que tivessem um tempo livre. Foram caminhando em silêncio até que, quando estavam longe o bastante da cabana, Rose parou.
- Foi só impressão minha ou Hagrid não quis nos contar como nossos pais conheceram esse Aragogue? - perguntou a menina, a testa franzida.
- Também percebi. Papai nunca falou desse tal de Aragogue e, pelo que sabemos, tio Ron nunca entraria na floresta atrás de uma aranha gigante. Ele odeia aranhas.
- Por que esconderiam essas coisas da gente? - a menina ainda questionou, pra ninguém em particular.
- Talvez eles não esconderam. - Scorpius opinou. - Vai ver apenas não contaram porque achavam que não era a hora certa, ou porque trouxesse lembranças não muito boas. Mamãe disse que na época de nossos pais aconteceram coisas demais aqui em Hogwarts e que algumas coisas era melhor esquecer.
Alvo concordou com um sinal de cabeça e Rose apenas fitava o garoto com olhar perdido.
- Mesmo assim eu quero saber. - Rose respondeu teimosamente. - E acho que sei onde vou encontrar as respostas que procuro.
Recomeçou a caminhar com passos resolutos, sendo observadas pelos dois garotos.
- Não liga pra Rose. Quando ela cisma com alguma coisa, não sossega até se dar por satisfeita. - Alvo comentou, dando de ombros. - Mas numa coisa ela tem razão: também gostaria de saber o que aconteceu aqui, de verdade, quando meu pai estudava aqui.
- Vamos ter muito tempo pra descobrir as coisas. - Scorpius falou. - Essa foi só a primeira semana que passamos aqui.
Alvo concordou e voltaram a caminhar, tentando alcançar Rose. Ainda tinham muito tempo para desvendarem os segredos de Hogwarts. Principalmente os que envolvia seus pais.
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N.A.: Olá pessoal. Primeiro quero me desculpar pela demora. As vezes, a inspiração vai embora e custa a voltar. E quando volta, não temos tempo suficiente para escrever. Mas aqui está o capitulo, espero que gostem. Como dá pra ver, a grande aventura de Alvo, Rose e Scorpius será descobrir o que realmente aconteceu em Hogwarts na época que os pais estudavam. Fora as próprias confusões em que vão se meter. Espero que continuem acompanhando. Não esqueçam de comentar.
Beijos.
Fabiana.
Comentários (4)
Sua fic é otima mais atualiza to um tempão esperando
2013-11-18Olá, Fabiana! Atualiza, pls!
2013-11-15Veremos o que acontecerá daqui para a frente...
2013-03-22Sua fic está ótima. Estou curiosa para saber como Rose vai se desarmar em relação ao Scorpius e aceitá-lo de vez como amigo. Não demore muito a postar e até o próximo!
2013-03-22