Quadribol

Qual não foi a surpresa dos gêmeos ao constatar que já era novembro! O clima esfriou rapidamente. O lago congelou, e frequentemente casais eram vistos patinando ao efeito de um feitiço usado na sola de seus sapatos. Hagrid era visto descongelando árvores e o campo de quadribol. As áreas abertas da propriedade ficaram rapidamente cobertas de uma fina camada de neve, criando uma linda paisagem.

A chegada de novembro também significava a aproximação do primeiro jogo de quadribol: Grifinória contra Sonserina. Ganhando, Grifinória passava para segundo lugar no campeonato das casas. É claro que isso só quis dizer que Olívio estava pressionando todo mundo ainda mais.

Faltavam ainda três semanas para o jogo, mas os gêmeos frequentemente sumiam à noite e viviam exaustos, devido ao excesso de treinos marcados por Olívio. Desta forma, faltando três semanas, o plano de Olívio de manter tudo em segredo foi totalmente por água abaixo.

Ashley ajeitou a gravata e colocou as vestes. Harry pegou os óculos e os dois se encontraram ao pé das escadas conversando normalmente quando foram interrompidos. Era Hermione.

- Vocês não vão querer descer agora. - ela disse, segurando uma pilha de livros. - Aconteceu um pequeno probleminha.

- Que probleminha? - perguntou Harry. Antes que Hermione respondesse, Olívio irrompeu fulo da vida pelo buraco do retrato.

- Ei, vocês dois! O QUE FOI QUE COMBINAMOS SOBRE O SIGILO?

- AH, VÁ GRITAR COM SUA... - começou Ash, já estourada.

- Calma Ash! - disse Hermione. - Olívio, não foram eles! A notícia vazou por si só, e pronto!

- Vem cá, alguém pode me dizer o que raios aconteceu? - perguntou Harry, ficando meio irritado com a confusão ao seu redor.

- Não é óbvio? - comentou Rony, entrando pelo buraco do retrato. - Vazou. Todo mundo sabe que vocês estão no time de quadribol.

Silêncio.

Olívio começou a ir de vermelho-fúria para branco-nervosismo em questão de segundos. Ele se assentou numa poltrona próxima e começou a suar frio.

- Ei, não seja dramático! - repreendeu Ashley.

Ele respirava fundo, tentando se tranquilizar. Ash se apiedou. Tirou um sapo de chocolate da mochila.

- Toma. Chocolate acalma qualquer um.

Ele colocou o sapo inteiro na boca. Mastigou devagar. Foi de branco-nervosismo para rosa-pele-estou-irritado-mas-controlado.

- Ok. E o que vamos fazer agora? Era para ser um segredo! Vocês são armas secretas!

- Olívio, eu tenho uma ideia! - disse Hermione de repente. - Vamos mantê-los como armas secretas.

- Como assim? - ele perguntou.

- Precisamos soltar o boato de que eles só entraram no time para inteirar sete, e que jogam quadribol pior que um trasgo. Se fizermos isto de maneira convincente, a Sonserina vai subestimar o time completamente e as nossas chances de vencer aumentam. - ela explicou.

- Uau. Brilhante! Muito bom Hermione, vou informar o resto do time imediatamente. Dizem que Lilá Brown e Parvati Patil são as novatas mais fofoqueiras da Grifinória. Se isso chegar no ouvido delas, estamos feitos.

Rony, Hermione e Olivio desceram na frente. Ash e Harry deviam esperar cinco minutos para ir atrás.

- Vai ficar todo mundo falando e apontando. - começou Ash.

- Já falam e apontam de qualquer forma só pelo sobrenome. Vamos, é um boato mentiroso. Vai dar certo.

- É, vai.

Quando os gêmeos chegaram na mesa do café, estavam de fato todos comentando. Haviam pessoas dizendo que iam ficar correndo embaixo com um colchão. Haviam pessoas que desejavam sorte. E é claro, haviam pessoas na Grifinória que reclamavam por um teste não ter sido aberto. Se era só para completar um time, porque escolher qualquer um ao invés de fazer o teste? Estas pessoas, o time tentava ignorar.

Faltando uma semana para o jogo, Olivio marcou tantos treinos de última hora que os gêmeos não tinham tempo nem para respirar. Era realmente uma sorte que agora eles tivessem Hermione como amiga, pois ela estava os ajudando com os deveres de casa. E muito. Se não fosse por ela, os gêmeos provavelmente deixariam de fazer a metade das lições.

Inclusive, depois de muita insistência tanto de Hermione quanto de Ash, Harry acabou lendo "Quadribol Através dos Séculos", o que foi muito interessante. Ele descobriu que haviam 700 maneiras de cometer faltas em um jogo de quadribol, e que todas haviam ocorrido na Copa Mundial de 1473; aprendera que geralmente os apanhadores eram os jogadores menores, mais velozes e mais acidentados, o que não foi alívio nenhum para ele; e que ninguém jamais morrera em uma partida de quadribol, mas muitos juízes haviam desaparecido e reaparecido misteriosamente no deserto do Saara.

Hermione tornara-se mais simpática e menos tensa em relação a quebrar regras, depois que havia sido salva do trasgo justamente por três pessoas que quebraram a regra de ir direto ao dormitório. Na véspera do jogo, os quatro se reuniram no campo de quadribol de costas para um pote de geleia que continha uma labareda de fogo dentro, conjurada por Hermione. Eles tinham certeza de que a substância era proibida, e por isso a escondiam como podiam.

Hermione e Ash haviam se tornado boas amigas. Conversavam bastante sobre diversos livros, e Ash não demorou a perceber que Hermione (ou Mione, como era mais fácil de falar) era uma menina super empolgada e divertida. As duas ficavam agora tão grudadas quanto Pansy e Dafne, ou Lilá e Parvati.

Enquanto os quatro discutiam táticas que os gêmeos poderiam tentar no dia seguinte, repararam em Snape, que vinha mancando em sua direção.

- Ah não... Isso não pode ser coisa boa...- reclamou Ash. Ela e o irmão se ajuntaram mais para esconder o fogo e respiraram fundo. Snape estava com uma cara terrível de poucos amigos, e mancava. Ou pior, de amigo nenhum!

- O que você tem nas mãos, Potter? - perguntou Snape, encarando Harry com azedume. O garoto ergueu o Quadribol Através dos Séculos. - Os livros da biblioteca não podem ser levados para fora do colégio. Menos cinco pontos para a Grifinória. - ele disse, tomando o livro.

Ash abriu a boca para protestar, mas Harry a beliscou de leve fazendo a garota exitar por tempo suficiente.

- Isso é um absurdo! - reclamou Hermione - Eu sempre leio os livros da biblioteca aqui no jardim e ninguém nunca disse nada! Como puderam criar essa regra sem falar nada para mim?

- Hermione por favor... - disse Rony. - Não viu que ele estava procurando motivos para ralhar com alguém? Ele estava mancando. Seja lá o que for, espero que esteja realmente doendo.

Pela noite, Harry estava tão nervoso que acabara escrevendo em seu dever de feitiços que Wingardium leviosa era usado para iluminar e Lumus para levitar. Ash estava tão ansiosa que cantou todo o seu repertório e Rony teve que mandá-la parar de balançar a perna para evitar câimbras no dia seguinte.

- AAAAH! Não aguento mais. Preciso de alguma distração! - explodiu Harry. - Vou atrás do Snape pedir meu livro de volta.

- Antes você do que eu. - os três responderam em sincronia. Harry respirou fundo e saiu da Sala Comunal.

Estava pensando em olhar primeiro na Sala dos Professores. Com sorte, haveria algum professor por perto e Snape não teria escolha a não ser devolver o livro.

Quando chegou na Sala, a porta estava fechada. Pensou em bater. Mas ouviu algo que lhe prendeu a atenção.

- Malditos... - era Snape, reclamando.

Harry abriu uma frestinha da porta para dar uma espiada lá dentro. Filch estava cuidando do ferimento na perna de Snape, enquanto este resmungava e xingava.

- Não é sua culpa Snape, na verdade você foi muito bem em conseguir apenas uma mordida. É praticamente impossível vigiar três cabeças ao mesmo tempo.

Três cabeças?

Seria...

Snape escolheu este momento para reparar que estava sendo espionado.

- POTTER!

A porta foi escancarada. Harry achou melhor não mentir sobre seus objetivos.

- Professor! Eu vim aqui saber se o senhor poderia me devolver o meu livro, eu...

- SAIA DAQUI! AGORA! SUMA!

Nem precisava pedir duas vezes. Harry pôs-se a correr loucamente e só parou quando se viu assentado em um sofá na Sala Comunal.

Gastou vários minutos e vários copos de água até que Harry se recuperasse do susto e estivesse em condições de falar. Relatou para os seus amigos tudo o que acontecera, e colocou Hermione a par do caso do cofre de Gringotes. Por fim, todos acharam melhor não esquentar a cabeça com isso por enquanto, pois os gêmeos já tinham muito com o que se preocupar.

Mas na verdade, mesmo indo se deitar cedo, Harry virava na cama de um lado para o outro, com tanta coisa na cabeça que mal conseguia pregar os olhos. Dormir então? Praticamente impossível. E Ash não estava em uma situação muito diferente. No fim, quando os dois conseguiram dormir já eram bem umas quatro da manhã, e logo já estavam de pé com a sensação de ter acabado de se deitar. Eles vestiram seus uniformes com os nomes nas costas, Ash amarrou uma fita no cabelo segurando a franja atrás da orelha e Harry, Rony, Ash e Hermione desceram juntos para a mesa do café.

A sensação era medonha. Havia tanta gente olhando para os dois que Ash não parava de se verificar no espelho, só para ter certeza de que não tinha nada de errado consigo.

Na mesa do café, as pessoas desejavam sorte aos dois com uma frequência tão grande que eles começaram a ficar com medo de algo dar errado. Os papeis se inverteram. Ashley começou a devorar tudo o que via pela frente e Harry não comia nada.

- Harry, coma algo! Precisa de energia. - incentivou Hermione.

- Sem fome... - ele respondeu.

- Devia comer, Harry. - disse Simas Finnigan. - É preciso mesmo muita energia para aguentar um jogo de quadribol. O tempo de duração de um jogo é imprevisível, sabe-se lá quando você vai comer de novo!

- Estou te estranhando. - disse Ashley, colocando uma tortinha de abóbora no prato do irmão. - Você sempre come horrores quando está nervoso, então não me venha com essa de sem fome! Abre a boca...

Harry não teve escolha a não ser comer a tortinha toda.

Alguns minutos mais tarde, Rony, Hermione, Dino, Simas e Neville iam para o campo carregando uma bandeira feita em um lençol roído por Perebas. Trazia um imponente leão pintado por Dino, que era bom em desenho, a frase "Potter para presidente" e o efeito da tinta de brilhar multicolorida, criado por um feiticinho da Hermione.

Enquanto todos se acomodavam nas arquibancadas, o time estava reunido no vestiário. A Grifinória jogava de vermelho e a Sonserina jogaria de verde.

- Atenção rapazes! - começou Olivio.

- E moças... - resmungou Angelina.

- E moças. - ele inteirou. - Vamos ganhar hoje. Sei que vamos. - e olhou para o time com aquela típica cara "ou vão ver". - Alícia voltou do St. Mungus a dois dias e estará nas arquibancadas torcendo por nós. Não podemos decepcionar. Harry, fique voando alto, fora do caminho, a menos que veja o pomo. Não queremos que você seja atingido à toa. Ash, tente não "participar" muito até aparecer a chance correta. Vocês dois são nossas armas secretas e devem ser preservados até o fim. Alguma pergunta? - Harry levantou a mão. - Pois não?

- Como foi seu primeiro jogo?

- Não me lembro muito bem. Levei um balaço na cabeça com cinco minutos e acordei na Ala Hospitalar.

Os gêmeos engoliram em seco.

- Mais alguma coisa? Não? Ótimo. É agora galera.

Lino Jordan, amigo de Fred e Jorge, narrava a partida.

"E aí vem o time da Sonserina!" Lino começou a anunciar os jogadores. Harry e Ash se olharam. Trocaram um meio sorriso.

"A Grifinória joga com Wood no gol, atacando temos Johnson, Bell e Potter, rebatendo Weasley e Weasley, e como apanhador, Potter! Rolaram vários rumores a respeito da participação dos Gêmeos Potter no time. Preparem-se espectadores, hora de saber o que é real e o que não é!"

"Apitando o jogo, Hooch!"

- Quero ver um jogo limpo rapazes. - anunciou Madame Hooch mais para Marcos Flint, capitão da Sonserina, que para Wood. Os capitães apertaram as mãos, ou melhor, tentaram um quebrar a mão do outro. - Prontos? Lá vai!

Um apito soou, a goles voou e a zona se instaurou.

"Eeeeee começa a partida! Flint esmurra a bola, que é pega pelo artilheiro sonserino. Eles fazem um jogo de passes passando a bola entre si e chegam bem perto. É um arremesso e... Bela pegada Wood! Ele passa a bola para Bell..."

Enquanto isso, vários metros acima, Harry procurava o pomo com o olhar, mas sem sucesso. Uma vez, ele viu o reflexo do relógio de Flint e pensou ser o pomo, mas se parou antes de avançar à toa.

"Bell passa para Jonhson, que é uma linda artilheira devo comentar, mas que insiste em recusar meus convites para sair e..."

- Jordan! - repreendeu McGonagall.

"Desculpe-me professora. Como eu ia dizendo, passa para a linda Jonhson, que devolve para Bell, Jonhson de novo e... Uuuuh, deve ter doído, ela leva um encontrão com um balaço e a goles cai certeira na mão do artilheiro sonserino, que avança para as balizas e... Mais uma vez, Wood mostra serviço! Bela defesa! De um jeito ou de outro, parece de fato que os Potter estão aí só para enfeite não? Isso é péssimo, a Grifinória está jogando praticamente com um artilheiro a menos e isso está dificultando a mobilidade do time..."

Na arquibancada, uma massa gigante atravessava as pessoas e se postou ao lado de Rony.

- Hagrid!

- Olá Rony. Estive assistindo da minha casa mas não é o mesmo, é? Como eles estão indo? - perguntou o homem, espiando o jogo pelo binóculo.

- Nenhum osso quebrado ainda.

- Ah, ótimo.

"Bell, passou no meio de dois, bela jogada menina! Ela vai atirar pras balizas e... Não! Soltou a goles nas mãos de Jonhson, que com um movimento certeiro marca! PONTO PARA A GRIFINÓRIA!"

As arquibancadas explodiram. Angelina deu uma voltinha de comemoração mas o jogo logo recomeçou.

Ashley estava ficando estressada. Treinara tanto, queria jogar também! Ergueu o olhar para Olívio, que fez um sinal com a mão, a pedindo para esperar. Ela começou a voar em círculos lentos para se distrair quando de repente:

"Olhem lá, será o pomo?"

Ashley só teve tempo de sair do caminho. Harry vislumbrou o brilho dourado e mergulhou verticalmente em direção ao brilho. Aparentemente o apanhador sonserino não esperava um mergulho tão bem feito de Harry, que estava quase tocando no pomo, por centímetros, centímetros...

Em uma reação desesperada, o apanhador deu um super encontrão em Harry, tirando-o de perto. Todo o time da Grifinória berrou "falta!" ao mesmo tempo e Madame Hooch apitou.

- Um lance livre para a Grifinória!

Obviamente, nesta confusão, o pomo sumiu.

- Capitão, quem vai cobrar? - perguntou Hooch a Olívio. Ele olhou para Ash e deu um meio sorriso. Agora que Harry tinha se revelado como o bom jogador que era, ele poderia dar a chance a Ash.

- Potter. - ele anunciou, deu um sorriso de canto convencido no rosto e piscou um olho para Ash.

Ashley pegou a goles nas mãos, sorrindo de volta; Finalmente ela ia jogar!. O goleiro da sonserina riu, a subestimando. Ela também sorriu para ele.

Hooch apitou.

Ashley fechou a cara. O goleiro não demonstrou reação.

Ela acumulou toda a força, mirou no aro esquerdo...

... e a bola voou no aro da direita.

"PONTO PARA A GRIFINÓRIA! E parece que por fim os boatos sobre os Potter eram apenas boatos, eles têm um talento natural para a coisa."

E o rumo do jogo mudou completamente.

" Potter, para Bell, para Johnson, para Bell, para Jonhson que deixou a goles cair? Poxa Ange... Não! Potter estava embaixo, bela pegada, ela sobe, prepara e... PONTO PARA A GRIFINÓRIA!".

Bem, não se podia esperar um jogo limpo por muito tempo. Com a Grifinória marcando e Olívio sendo uma verdadeira parede humana era só uma questão de tempo: o batedor da sonserina carregou toda sua força e rebateu um balaço com tudo, bem no estômago de Olívio!

"Oh não! Wood foi atingido!"

A vassoura de Olívio começou a descer lentamente, o carregando, até o solo. Ashley era a jogadora mais próxima e foi até ele.

- Tempo! - ela pediu. Hooch pausou o jogo.

Fred ajudou Ash a colocar Olivio deitado no campo e o resto do time se aproximou.

- Olívio! Olívio, responda! - chamou Angelina. Não houve resposta.

- Bem, parece que a história do primeiro jogo dele se repetiu, só que desta vez ele durou mais que cinco minutos. - soltou Fred.

- O que faremos? - perguntou Kátia para o nada.

Os jogadores pareceram pensar um pouco. Até que Angelina apresentou uma solução.

- Harry, pegue o pomo o mais rápido que puder. Kátia, Ash, quero vocês duas marcando o máximo de pontos possíveis. Vocês conseguem sem mim. Fred e Jorge, por favor, não sei o que esperávamos da Sonserina mas com certeza não era um jogo limpo. Quero cada um de vocês com os olhos grudados em um batedor da Sonserina para analisar as jogadas que eles vão fazer.

- E você? - perguntou Kátia.

- Vou assumir o lugar de Olívio, como goleira. Nunca joguei nessa posição, provavelmente vai ser uma tragédia total mas temos que tentar.

- Hm... Angelina? E a Alícia? Será que... - começou Ash.

- Repouso total, duas semanas. Ela praticamente implorou para chegar a tempo de ver o primeiro jogo.

- O Lino voa bem. Talvez... - sugeriu Fred.

- Voa bem em que? Nas vassouras da escola? Vocês sabem como elas são horríveis. Não tem jeito, somos apenas nós e temos que tentar dar cabo disso o mais rápido possível.

Ela fitou Harry ao dizer isso. Ele sentiu que o peso da partida inteira estava sobre seus ombros, o que não era nada legal.

- Não se preocupe Harry. Sua irmã e eu vamos segurar o jogo por você pelo máximo de tempo possível. - tranquilizou Kátia. Mas Harry não se sentia nem um pouco mais tranquilo.

E era isso. Ia dar certo, certo?

Os times voltaram ao ar. Kátia e Ash faziam passes rápidos, tentando confundir os artilheiros da Sonserina e fazendo quantos lances eram possíveis. Angelina não teve muito trabalho, apenas dois lances meio desviados por Ash e Kátia que ela facilmente conseguiu pegar.

Então parecia que ia dar tudo certo. Parecia.

Harry voava no alto procurando desesperadamente o pomo quando sentiu sua vassoura dar uma guinada repentina para a direita.

Estranho. Nimbus 2000, Rony lhe dissera, não eram vassouras nem um pouco comportamentais.

Mas ainda assim, ela deu uma guinada para esquerda. E depois para cima, e para baixo...

Obviamente não demorou muito tempo para que as pessoas percebessem que tinha algo de muito errado acontecendo ali.

- Fred, Jorge! - berrou Angelina. - Por Merlin, chequem o que está havendo com o Potter!

Os gêmeos subiram tentando se aproximar, mas a vassoura empinou para cima. Quanto mais próximos eles chegavam, mais a vassoura de Harry subia. Tentaram fechá-lo de todas as maneiras possíveis mas não estavam tendo muito sucesso.

Com os Gêmeos ocupados em ficar embaixo de Harry para o caso de ele cair, o campo virou um pesadelo. Kátia e Ashley desviavam dos balaços a todo o tempo, mas levaram alguns golpes nos pés e nos braços. Angelina não conseguia ao mesmo tempo desviar dos balaços e defender os aros, então a Grifinória começou a tomar gols. Por fim, cada uma das três artilheiras se responsabilizou por defender um aro e desviar dos balaços ao mesmo tempo.

- Isso não está certo! - resmungou Rony. - Nimbus 2000 são vassouras fora de série, é impossível que elas dêem algum problema assim, do nada!

De repente o rosto de Hermione se iluminou.

- Você tem 100% de certeza disso? - ela perguntou.

- Claro, sabe-tudo!

Hermione puxou o binóculo de Hagrid e começou a analisar as arquibancadas.

- O que está fa...

- É o Snape. - resmungou Hermione. - Está azarando as vassouras. Para fazer uma azaração é preciso manter os azarados o tempo todo sob o seu campo de visão e ele nem ao menos pisca! De onde está consegue ver os dois gêmeos e está murmurando encantamentos!

- Oras, então faça alguma... - mas antes que Rony terminasse, Hermione saiu em direção à arquibancada contrária.

- O que ela vai fazer? - perguntou Hagrid.

- Eu não sei. Mas seja lá o que for, é bom que faça rápido. Não acho que os gêmeos aguentem muito mais tempo.

De fato. A vassoura dera tantas guinadas que agora Harry estava seguro apenas por uma mão.

Hermione corria entre as pessoas, por dentro das arquibancadas. Quando tinha a chance, dava uma espiada para o campo e só conseguia ver que ia tudo de mal e pior.

Ela alcançou o bloco de arquibancadas onde Snape estava. Passou correndo escada acima, e chegou a esbarrar em Quirrell murmurando um "desculpe" apressado. Então chegou a um ponto no qual alcançava a barra das vestes de Snape.

- Lacarno Inflamarum! - As vestes do professor se incendiaram.

- Beleza! - comemorou Rony, ao ver o fogo do outro lado das arquibancadas e ver que a azaração parara. Harry se equilibrou de volta na vassoura e, com alguma ajuda de Kátia, Ash subiu na sua.

Tudo estava estabilizado de novo. O jogo estava pronto para seguir. Mas Harry viu o pomo.

Deu um mergulho direto em direção ao solo, tão rápido que conseguia ver o vento zunindo em seus ouvidos. Esticou o braço. Mais perto... Mais perto...

Ele começou a voar em linha reta, para a frente. Então fez a coisa mais maluca que conseguiu pensar: subiu na vassoura, equilibrando-se de pé sobre o cabo. Esticou mais o braço. Arriscou um passo pequeno mais para perto da ponta do cabo da vassoura.

Ouvia Rony, berrando que ele só tinha que esticar mais um pouquinho. Hermione, berrando que ele ia se machucar, para que tomasse cuidado.

Ash berrando que ele era um idiota que ia levar um tombo e tanto e quebrar o braço.

Ash. Ele riu.

Mas acabou pisando muito na ponta do cabo. Estendeu a mão agarrando o ar assim que sentiu o equilíbrio, mas não conseguiu evitar o tombo. Deu uma cambalhota, sentiu vários impactos e algo entalando em sua garganta. E só.

- IDIOTA! EU AVISEI!

Ash mergulhou, seguida pelo resto do time.

- Harry? Tudo bem?

Ele quis responder que sim, mas aquilo entalado na garganta dele estava incomodando muito.

- Não... Respiro...

Então ele foi atingido nas costas por um balaço raivoso enviado após o fim do jogo por algum sonserino. E aquilo entalado saiu.

Era o Pomo de Ouro.

"ELE CONSEGUIU! ELES CONSEGUIRAM! HARRY CAPTUROU O POMO! GRIFINÓRIA VENCEU!"

Harry ficou um tempo encarando o Pomo que ele quase engolira.

- SEU ESTÚPIDO! ACHEI QUE VOCÊ ESTAVA SUFOCANDO, QUASE MORRO DO CORAÇÃO! - berrou Ash, abraçando o irmão com força. Ele a abraçou também.

Logo uma enorme ovação tomou conta dos Gêmeos. O time da Sonserina reclamava que Harry não tinha apanhado o pomo, ele quase o engolira. Mas não surtiu efeito: Harry pegara o pomo. Ash marcara quase todos os gols.

Eles se sentiram carregados por uma enorme massa até o vestiário, onde tomaram um banho e vestiram roupas limpas.

Algum tempo depois, Harry, Ash, Rony e Hermione acompanhavam Hagrid no caminho de volta. Hermione aproveitou para explicar aos os gêmeos sobre a azaração de Snape.

- Isso é ridículo! Por que Snape atacaria alunos? - retrucou Hagrid.

- Pelo mesmo motivo que ele tentou passar por um cão de três cabeças no dia das Bruxas para roubar algo. Ele é mau! - soltou Harry, contando tudo sobre o dia das Bruxas.

- Oras, como vocês sabem sobre o Fofo?

- Fofo? Conhece o cachorro?

- Claro! Ele é meu!

Momento silêncio.

- O que ele está guardando? - perguntou Harry.

- Não se metam! Isso é coisa do Dumbledore com o Nicolau Flamel!

- Hm... Então tem alguém chamado Nicolau Flamel metido na jogada é? - perguntou Ash.

- O que? Não! Droga, eu não devia ter dito isso, não devia ter dito isso...

Os quatro se puseram a comentar sobre as novas revelações sobre o cão e o alçapão. Quando chegaram, porém, a uma das escadas, Ash parou.

- Vocês podem ir indo. Tem algo que eu preciso fazer.

Os três ficaram meio confusos mas foram subindo. Rony contou que provavelmente haveria uma festa na Sala Comunal devido à habilidade de Fred e Jorge de roubar comida da cozinha e os três foram ansiosos.

Ash foi correndo pelos corredores. Por coincidência, esbarrou com Fred e Jorge no caminho, lotados de sacas de comida.

- Ótimo topar com vocês. Preciso de ajuda. Deixem essa comida na Sala Comunal e prestem bem atenção no que vou falar. Quero que tragam algumas coisas.

Alguns minutos depois, Ash entrou na Ala Hospitalar sob o olhar irritado de Madame Pomfrey. Olívio estava assentado nervoso em uma das camas.

- Ash! O que aconteceu? O jogo acabou? Quem...

- Nós ganhamos, graças ao Harry... e a mim, modéstia à parte. E Angelina, ela foi uma ótima capitã substituta na sua ausência.

Ash se assentou em uma cadeira ao lado da cama de Olívio e ficou contando os lances da partida para ele.

- Nossa, Snape fez mesmo isso só para a Sonserina vencer?

- Fez. Harry ficou suspenso por uma mão na vassoura. Foi um pesa...

Ela foi interrompida por Fred e Jorge, que traziam um malão enorme, bom para caber uma pessoa dentro.

- O que... é isso? - perguntou Olívio.

- Sua passagem de volta! Ou você acha que vamos deixar que perca a festa na Sala Comunal? - perguntou Ash, com um sorriso brilhante. Ele riu também.

Os três esconderam Olívio no malão e colocaram almofadas no lugar, para parecer que ele ainda estava na cama. Então saíram todos bem devagar.

Já do lado de fora, tiraram Olívio do malão e foram os quatro para a festa. Eles mereciam, certo?

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