O Dia das Bruxas
Qual não foi o tamanho da cara de surpresa de Draco Malfoy ao ver os três na mesa do café no dia seguinte, exaustos, mas completamente empolgados e prontos para outra. O mais divertido foi ver como o loiro mordia o pão com tanta raiva no café que parecia querer que as mordidas arrancassem pedaços da carne dos três.
Harry e Ash aproveitaram o gancho da história com o cão para contara a Rony sobre o pacotinho do cofre 713.
- Ou é algo muito valioso ou muito perigoso. - disse Rony, engolindo as batatas e pegando outro grande pedaço de torta de abóbora.
- Ou os dois. - disse Harry.
- Caramba, você só sabe comer? - perguntou Ashley, lendo seu livro de poções por sobre o bolo de chocolate.
- Caramba, você só sabe estudar? - retrucou Rony. - Se não tomar cuidado vai acabar igual a Hermione.
- Ei! Até parece que eu fico estudando 24 horas por dia. EU leio outras coisas também.
- Como se ler fosse algum tipo de diversão.
Ashley bufou e voltou a ler seu livro. Harry e Rony se puseram a discutir um pouco mais obre quadribol. Rony tentou explicar as regras básicas mas era muito complicado fazê-lo sem ter como demonstrar algumas coisas como o campo ou as bolas.
Enquanto isso, Neville tomava seu café calado. Só estava preocupado em quando veria o cão novamente, e esperava que não fosse muito cedo. Nuncamais parecia ser uma previsão boa o bastante. E Hermione que ficara com muita raiva do aperto que passara na mão deles simplesmente parara de conversar com os três. Nem sequer um oi ela dava no corredor, e Harry, Ash e Rony, sinceramente, estavam muito melhores assim.
Neste dia, na mesa do café, algo aconteceu para quebrar a rotina. Várias corujas das torres entraram juntas carregando um pacote comprido e muito parecido com um rifle pelo salão comunal adentro. Todos olharam para ele curiosos, e qual não foi a surpresa quando o pacote foi deixado bem na frente de Harry e Ash! A garota já foi estendendo a mão para abrí-lo, mas sentiu o pulso segurado firmemente por uma mão forte.
- Não. Tem um bilhete, não acha melhor checarmos se é meu ou seu antes? - perguntou Harry. - Não gostaria que você abrisse um presente meu.
E sinceramente, foi uma sorte que Harry fizesse isso, pois eis o conteúdo do bilhete:
NÃO ABRAM O PACOTE À MESA!
Ele contem as novas Nimbus 2000 de vocês mas não quero que todo o mundo saiba que vocês ganahram vassouras ou todos vão querer uma. Olívio Wood vai esperá-los hoje à noite às sete horas no campo de quadribol para a sua primeira sessão de treinamento.
Profa. Minerva McGonagall
- Viu, é meu! - disse Ash.
- Estaríamos fritos se você tivesse aberto. Que tal se formos para a Sala Comunal para dar uma olhadinha antes da primeira aula?
Ashley abriu um sorriso meio maldoso e pegou o pacote. Saiu correndo com Harry e Rony em seu encalço.
Os três subiram as escadas com certo afobamento, mas entre os níveis três e quatro deram de cara com a última pessoa no mundo que eles queriam ver naquele momento: Draco Malfoy.
- Não acredito, vocês têm vassouras! Agora estão fritos!
Neste momento Flitwick passava pelo corredor.
- Professor, eles têm vassouras! - dedou Malfoy.
- Ah sim! Fiquei sabendo das condições especiais... - comentou Flitwick. - E qual é o modelo?
- São Nimbus 2000 professor. - respondeu Rony, se metendo com ar de importância. - O que foi que você disse que tinha em casa Malfoy? Uma Comet 260? A Comet enche os olhos, mas não tem a mesma classe da Nimbus...
- E o que você sabe sobre isso hein? Sua família não teria dinheiro para comprar uma nem se quisesse, aposto que precisam economizar para comprar palha por palha.
- Calma garotos, vamos evitar o conflito ok?
- Tudo bem, a gente perdoa o Malfoy. Até porque, só temos essas vassouras graças a ele. Obrigado. - disse Harry em um tom excessivamente sarcástico que lembrou muito sua irmã.
Malfoy ficou sem entender nada e os três seguiram seu caminho.
E quando desembrulharam as vassouras... Mesmo que Harry e Ash não entendessem nada do assunto, tinham que admitir que essas vassouras eram lindas: o cabo polido, as palhas cuidadosamente ajeitadas na mesma direção, a marca da vassoura gravada a ouro no punho... Rony faltava babar. Harry estava tão ansioso para voar na vassoura que quase chorou de raiva ao se lembrar que ainda teria bem umas dez horas do dia para passar até chegar o horário do treinamento.
- Eu queria não ter aula hoje...
- Eu também - respondeu Rony. - Mas é melhor irmos logo, Flitwick é bem mais bonzinho que Snape mas isso não quer dizer que possamos simplesmente chegar atrasados na aula dele.
Os gêmeos guardaram as vassouras em seus dormitórios, Harry com certo pesar, e foram então para a primeira aula do dia, de Feitiços.
- Não acredito que ganharam um prêmio por quebrar uma regra! Deste jeito nunca vão aprender!
Era Hermione Granger, no fim do corredor, no caminho deles para a próxima aula deles.
- Pensei que não estivesse mais falando com a gente. - disse Harry.
- É, continue a não falar, estava fazendo bem a nós. - respondeu Rony.
E os dois garotos foram andando. Mas então Ash teve um pensamento súbito de quando estudava com os trouxas, não tinha amigos e as pessoas a tratavam daquela forma.
Era muito confortável fazer isso com os outros, mas será que Hermione não estava se sentindo mal? Sozinha talvez?
Ela ficou parada no meio do corredor olhando para o nada, até Rony lhe chamar a atenção.
- E você não vem não? Temos aula de Transfiguração agora e a McGonagall vai ficar uma fera se nos atrasarmos.
Isso pareceu tirar Ash de seu transe. Ela lançou um último olhar rápido para Hermione e foi embora, mas não estava muito bem consigo mesma. A expressão de superioridade e auto-confiança que ela viu no rosto de Hermione ao sair era a mesma que ela usava quando queria mascarar sua tristeza por estar sozinha.
Ao fim do dia, Harry e Ash pegaram suas vassouras e desceram as escadas na velocidade da luz para o treino de quadribol.
O campo de quadribol era uma área com formato oval e arquibancada em volta, cerca 152 metros de comprimento por 55 de largura e uma área circular de aproximadamente 60 centímetros de diâmetro ao centro.O campo ainda possuia, de cada lado, duas "pequenas áreas" onde se encontravam três postes com um aro no topo, que lembraram a Harry os canudinhos que crianças trouxas usam para soprar bolhas de sabão, cada um com 15 metros de altura.
- Que horas são Harry?
Ele verificou o relógio.
- Seis e trinta. Estamos adiantados. - Harry subiu na vassoura. - Eu que não vou ficar esperando. Que tal jogarmos um pega-pega de vassoura?
- Legal. Eu pego primeiro.
Harry se lançou no ar e Ash contou até dez para ir atrás dele. Os dois não gastaram muito tempo para perceber a qualidade da Nimbus e como ela se sobrepunha àquelas vassouras usadas nas aulas de voo. A vassoura percebia e respondia a comandos de alteração de direção imediatamente e os realizava com perfeição. Era incrivelmente rápida e acelerava com uma eficiência imediata. Nessa brincadeira os gêmeos trocaram de "pega" umas vinte vezes e estavam apenas se aquecendo. Teriam levado a noite inteira nisso se não tivessem algo mais interessante para fazer.
- Bom saber que já estão se aquecendo! Essas vassouras são boas mesmo! - a voz de Olívio ecoou lá de baixo. Ele vinha trazendo uma vassoura, uma saca e uma maleta. Os gêmeos pousaram no campo e foram até ele.
- Voam muito bem, estou com ótimos pressentimentos para este ano. - continuou o Capitão. - Certo, assentem-se um pouco para um aulinha teórica.
Os três se acomodaram no chão e Olívio abriu a maleta. Haviam três bolas visíveis, uma grande e vermelha e outras duas um pouco menores e metálicas que pareciam até... vivas. E estavam acorrentadas à maleta.
- Vamos começar do básico de um jogo de quadribol. Jogam sete jogadores de cada lado montados em vassouras, mais o juíz, que aqui na escola é a Madme Hooch. Ela é a juíza mais íntegra e honesta que já conheci. Totalizam então quinze pessoas montadas em vassouras no ar. O objetivo do jogo é somar mais pontos que a equipe adversária até que a partida termine. Entendido até aqui?
Os gêmeos assentiram.
- Ótimo. Vou falar agora das bolas, jogadores e pontuação. Não é tanta coisa de uma vez, está tudo interligado, olhem só.
Ele tirou a bola vermelha da maleta.
- Preste bastante atenção Ash... Posso te chamar assim, certo? - ela fez que sim. Ele acabara de desfazer a primeira impressão dela de que ele era totalmente antipático. - Essa bola é sua responsabilidade. Chama-se goles. Tem trinta centímetros e meio de diâmetro, é feita de couro e possui um feitiço autocolante que permite aos jogadores fazerem isso. - Ele colocou a palma da mão na bola e a ergueu. A bola foi junto, como se estivesse realmente colada à mão dele. - Mas com certa força, e acredite que alguns jogadores são bem brutos, o feitiço perde o efeito na mão do jogador. Por isso um artilheiro deve saber fazer uma boa cara de mau, ele precisa afugentar os outros artilheiros e o goleiro para garantir que ninguém vai derrubar a bola de si. Isso nunca dá certo, mas pode ao menos deixá-los meio inseguros. Estão captando?
Eles assentiram mais uma vez.
- Os artilheiros, três para cada time, atiram a goles entre si pelo campo e depois tentam acertá-la em algum dos três aros do time adversário para marcar um gol. Cada gol ganha dez pontos para sua equipe. No nosso time os artilheiros, ou melhor, as artilheiras, são Angelina Jonhson, Alícia Spinnet e Katie Bell. Alícia está doente, você é a substituta. Se for melhor que ela pode ficar pra valer.
- Serei.
- Isso aí, gostei do entusiasmo. Teste um pouco a goles.
Ele jogou a bola para a garota que teve que admitir que era um pouco mais pesada do que ela imaginava, pesava como uma bola de basquete. O feitiço autocolante era um tanto quanto forte e ela percebeu que teria que usar força para tacar a goles no gol ou para passá-la a outro artilheiro. E já pensou em quanta força bruta seria necessária para quebrar um feitiço desses e as trombadas que não ia levar por causa disso.
- Legal. Fui com a cara dessa bola. - comentou Ash.
- Isso é ótimo, ela é nossa responsabilidade. Antigamente era feita de couro costurado e possuía alças e buracos para segurar, além de ser marrom. Geralmente ela sumia no meio do chão lamacento por causa da cor, então pintaram de vermelho. As alças e os buracos eram meio difíceis de se usar para segurar então surgiu o feitiço, ela é a única bola do jogo que não foi enfeitiçada desde o início. E as costuras desapareceram pois algumas vezes as bolas arrebentavam devido a altos impactos. Acho que é só sobre essa.
- Você disse que ela é nossa responsabilidade, mas você não é artilheiro.
- Não, eu sou goleiro, o que nos leva ao próximo tópico. Cada time tem um goleiro que voa em volta das balizas para protegê-las. Balizas são os postes, sabe? Então, minha função é voar em torno delas para impedir que o outro time marque um gol. Certo?
- Certo. - eles responderam.
- Próximos. - ele mexeu na saca e tirou três bastões que lembravam tacos de beisebol. Ash tinha se abraçado à goles com tanto amor que já parecia conhecer o esporte desde sempre. - Tomem cuidados e fiquem atentos. - ele distribuiu os tacos e soltou a correia de uma das bolas metálicas. A bola saiu voando por vontade própria para longe e depois veio voltando na direção dos três. Harry ficou sem saber o que fazer e deu uma bastonada na bola, como em beisebol. A bola voou na direção oposta, e quando voltou, Olívio usou a maleta como escudo fazendo a bola voltar exatamente para o seu lugar e a acorrentou de novo.
- O QUE É ISSO? PODIA TER MATADO ALGUÉM! - Exclamou Harry com o coração na mão e o bastão frouxo. Ash tinha se agarrado à goles e olhava meio aterrorizada para as bolas acorrentadas.
- São os balaços. Atualmente, eles são feitos de ferro e têm vinte e cinco centímetros de diâmetro. Os balaços são enfeitiçados para perseguir os jogadores sem discriminá-los. Se for permitido que ajam livremente, eles atacarão o jogador mais próximo. Basicamente, servem para derrubar quantos jogadores puderem de suas vassouras. Mas não se preocupem é para isso que todo o time também possui dois batedores, Fred e Jorge Weasley no nosso caso. Eles usam estes tacos para rebater os balaços para longe de seu time, preferencialmente em direção ao outro. Esses gêmeos são uma parada total para os balaços quase ninguém foi atingido desde que eles chegaram. São realmente grandes batedores.
- Espero que sejam mesmo. Sou jovem demais para morrer, nem tive namorado ainda. - comentou Ash.
- Não se preocupem. Eles são guarda-costas para o time todo. Os primeiros balaços eram pedras voadoras, mas elas se quebravam quando eram atingidas e os jogadores ficavam sendo perseguidos por fragmentos pelo resto da partida. Foram trocados então por bolas de chumbo, mas o chumbo se amassava quando atingido e a bola perdia o equilíbrio e a capacidade de voar em linha reta. Então chegamos aos balaços de hoje. Alguma dúvida?
Ninguém se pronunciou.
- Então chegamos à ultima bola. O pomo de ouro. - Olívio abriu duas portinhas na tampa da maleta, que eram o brasão de Hogwarts e tirou uma bolinha minúscula, do tamanho de uma noz de lá. Assim que a colocou na mão, ela abriu as asas de ouro, as bateu e ficou pairando no ar. - Ela é extremamente veloz e quase impossível de se ver. A sua função, Harry, é pegá-la. Ela é solta entre os jogadores e a partida não termina até que o apanhador, que é você, a pegue. Quando isso acontece, a equipe ganha 150 pontos, o que quase garante a vitória, a menos que a diferença de pontos seja maior. A partida de quadribol com maior duração foi de três meses e tiveram que achar substitutos para que os jogadores dormissem um pouco.
Harry a pegou um pouco na mão e ficou olhando. Gostou dela.
- E é isso, acho que está tudo esclarecido agora. Vamos praticar um pouco... - ele brandiu a varinha em direção à saca que ficou em pé e foi pulando para o campo. - Não podemos usar o pomo pois está muito escuro e poderíamos perdê-lo. Harry, a saca vai jogar bolas de... golfe, acho que é esse o nome, em você e eu quero que conte quantas consegue pegar. Ash vem comigo e traga a goles. Quero que faça gols em mim... se puder. - ele deu um sorriso convencido e eles foram para o campo.
Harry subiu no ar e assim que se virou para a saca viu um ponto branco voando em sua direção. Foi fácil pegá-la. Harry a soltou e ela caiu no chão, para que assim ele pudesse pegar as outras duas que vinham. E ele foi contando quantas conseguia pegar.
Olívio se posicionou na frente dos aros da direita. Ash voou um pouco segurando a goles para ver como se adaptava melhor, e percebeu que era melhor segurar a vassoura com a mão esquerda e colocar a bola presa debaixo do braço direito. Então ela começou a lançar.
Olívio pegou muitas, mas tinha que admitir, dera trabalho. Todas as bolas que ele pegara foram dificílimas e a garota simplesmente tinha um pendor para a coisa.
Mas se Ash era boa, Harry era perfeito. Ele pegou todas as bolas de golfe, e era possível vê-lo voar de um lado para o outro no campo com uma proeza incrível.
No fim do treino estavam todos cansados e suados. Caminhavam pelo campo em direção aos vestiários para tomar uma ducha.
- Tenho que admitir, vocês dois são muito bons. Acho que Alícia realmente perdeu a posição dela.
- Vamos devagar Olívio, não quero passar por cima de ninguém. - comentou Ashley.
- Certo, certo, no primeiro jogo você está garantida. Depois, veremos. E você Harry, se saiu melhor que Carlinhos Weasley! Melhor que Carlinhos Weasley! Caramba, esperem só até o time saber as boas novas, este ano a taça vai ter nosso nome nela, ah se vai!
Harry e Olivio entraram no banheiro masculino, tomaram uma ducha. Ash fez o mesmo no feminino e depois todos foram juntos para a sala comunal da Grifinória dormir e descansar bastante. Estavam precisando.
No dia seguinte, aconteceu algo pelo qual os alunos vinham esperando há muito tempo.
- Bem - começou Flitwick na sua aula. - Quero parabenizá-los, estão se saindo muito bem, dado algumas exceções obviamente... - ele lançou um olhar tristonho para Neville, Rony e Ash. - Mas de qualquer forma, o esforço de todos me convenceu a ensiná-los o que vocês tanto queriam aprender!
- O que? - perguntou um aluno curioso. Nisso, pela terceira vez nas aulas de feitiços no ano, Trevo, o sapo de Neville, tentou fugir pela porta da frente.
- Ah não... - disse Neville, se levantando.
- Não! Está tudo bem! Bom que eu aproveito para responder a resposta de seu colega. Hoje, vocês aprenderão isso! Wingardium leviosa! - E o sapo, pela terceira vez nas aulas de feitiços veio voando até as mãos de Neville. Um "oooh" geral ecoou pela sala, estavam todos mesmo muito ansiosos para aprender a fazer os objetos voarem desde a primeira vez na qual Flitwick resgatara o sapo de Neville.
- Muito bem, muito bem! - esganiçou-se Flitwick para se sobrepor à algazarra da turma. - Vamos fazer silêncio e prestar atenção agora! - a sala se calou aos poucos. Ele prosseguiu. - Obviamente vamos começar com algo mais leve e menor. Quero que ORGANIZADAMENTE cada um venha até esta caixa aqui na mesa, pegue uma pena, não adianta escolher, são todas iguais, e a coloque na sua frente na mesa. Vamos, vamos!
Mais uma vez se instaurou uma algazarra. Flitwick aproveitou para subir em sua pilha habitual de livros. Quando cada um estava assentado em seu lugar ele começou.
- Vamos iniciar pelo movimento. Cada um pegue sua varinha e repita o seguinte movimento, que eu chamo de gira-e-sacode. - Ele girou o punho em um círculo para a esquerda e terminou com uma batidinha suave para baixo. Todos os alunos começaram a tentar e Flitwick corrigia ocasionalmente:
- Não é um círculo tão aberto, Sr. Finnigan! Oh, por favor, não estoque sua pena Sr. Smith!
Depois de praticamente um quarto da aula todos conseguiram algo considerado descente.
- OK, vamos agora pra a pronúncia. Ela é muito importante! Lembrem-se sempre de Barrufo, o bruxo, que disse "s" em vez de "f" e quando viu estava com um búfalo em cima do peito! A pronúncia correta é Wingardium leviosa com ênfase no "gar" e no "o" de "leviosa". Tentem, tentem!
Um burburinho de várias pessoas praticando a fala juntas encheu o ar. Flitwick não conseguiu corrigir os alunos muito bem por não conseguir ouvir todos, mas depois de muita bagunça ele os considerou descentes.
- Ok, dividam-se em duplas para praticar.
Neville tentou desesperadamente chamar a atenção de Harry, mas este simplesmente arredou a cadeira para a esquerda, ficando ao lado de Ash. Simas e Dino se uniram como dupla também, e Neville acabou com Patil. Mas nem todos tinham tanta sorte assim.
- Obrigado Harry, grande amigo é você! - reclamou Rony ao ver que Hermione fora a única que sobrara para ele.
- Quer trocar? - ofereceu Ash.
Rony ia responder, mas Flitwick começou a caminhar entre os alunos para fiscalizar e Rony teve que começar logo o exercício.
Era bem mais difícil do que parecia. Ninguém estava conseguindo direito. A pena de Hermione se moveu um pouco na mesa, mas foi a única.
- Acho que vou desistir de novo. - comentou Ash.
- Não seja arregona! Vamos tentar juntos. - disse Harry, e os dois se puseram a praticar.
Bem ao lado deles, Simas cutucou tanto sua pena com a varinha que ateou fogo nela. Como Dimas estava praticamente dormindo assentado, sobrou a Harry apagar o fogo com o chapeu.
- Valeu Harry. - disse Simas. - Hey, professor, pode me dar outra pena?
Mas sem dúvida o mais sem sorte era Ronald Weasley.
- Vingárdium Leviossáaaaaaaaa! - ele tentou abanando a varinha com força sobre a pena.
- Pare, pare, pare! - ordenou Hermione segurando os braços dele. - Desse jeito vai arrancar o olho de alguém! E você está dizendo errado, é leviôsa e não leviossáaaaaaaaaa.
- Ah é, faz você estão que é tão esperta.
Hermione coçou a garganta.
- Wingardium leviosa! - e a pena se pôs a flutuar pela sala.
- Oh! Oh, vejam, a Hermione Granger conseguiu! Quinze pontos para a Grifinória. - guinchou Flitwick.
- Que saco... - resmungou Rony, deitando a cara emburrada sobre a mesa.
Mais tarde, depois das aulas da manhã, Rony, Harry e Ash caminhavam pelos jardins. E Rony falava.
- Não acredito na minha falta de sorte. Com tanta gente na turma para ser minha dupla, tinha que ser ela? Vocês não viram aquilo, viram? "É leviôsa e não leviossáaaaaaaaaa". - Rony remedou, com uma imitação em falsete exagerado. - Sinceramente, essa garota é um pesadelo.
Nisso algo trombou no meio dos três e foi se perdendo de vista à frente.
- Caramba Rony, você não tem tato nenhum! - reprimiu Ash.
- Oras, eu não tenho um olho nas costas, tenho? Como ia saber que ela estava ouvindo?
- Ela estava chorando. - argumentou Harry.
- Claro que estava. Já deve ter notado que não tem amigos. - respondeu Rony. - Vamos logo, eu quero almoçar decentemente antes da aula do Snape.
Após asa ulas da tarde, no lanche das três e meia, os três ouviram Parvati comentar com sua amiga Lilá que Hermione estava chorando no banheiro desde o almoço e faltara a todas as aulas da tarde. As orelhas de Rony ficaram meio vermelhas, mas ninguém comentou mais nada depois disso.
Pela noite, todos os pensamentos de Hermione foram completamente varridos da cabeça dos três ao ver a decoração especial para o dia das Bruxas. Haviam abóboras com caras recortadas e velas dentro flutuando sobre as mesas para iluminar. Morcegos sobrevoavam o salão.
A comida repentinamente apareceu nas travessas e todos começaram a se empaturrar de batatas e abóboras e carne seca e peru assado e...
De repente, a porta do salão se escancarou. Um Quirrell muito branco-pálido, como um fantasma, e apavorado, entrou correndo pelo corredor central e berrando:
- TRASGO! NAS MASMORRAS! TRASGO! NAS MASMORRAS! - ele parou quase na mesa dos professores. - Achei que deviam saber. - E desmaiou ali mesmo.
Reinou o caos. Alunos corriam de um lado para o outro berrando e chorando, professores tentavam, em vão acalmá-los, até os monitores não sabiam se corriam ou tentavam acalmar a situação. Por fim, Dumbledore precisou de uns cinco estalos de sua vairinha para acalmar a algazarra.
- Monitores, - ele anunciou quando havia silêncio o bastante - levem os alunos para suas casas. Professores, comigo! Agora!
Percy tentou organizar os alunos da Grifinória e todos começaram a seguir o caminho que deviam.
- Um trasgo? Como foi que ele conseguiu entrar? - perguntou Harry.
- Não me pergunte, dizem que eles são bem burros.
- Ah não. - disse Ash, parando no meio do caminho. Só de olhar para ela Harry entendeu de súbito o que tinha acontecido.
- A Hermione, ela não sabe do trasgo. Temos que chamá-la. - disse Harry.
- Ah não... - resmungou Rony. - Temos mesmo?
- Vem logo! - os gêmeos exclamaram juntos, e cada um pôs-se a arrastar Rony por um braço.
- Sabe, até que às vezes vocês são bem iguais. E agora que estão me arrastando, poderiam parar para em dizer como raios pretendem escapar do Percy? - perguntou Rony, se desvencilhando dos dois com um safanão.
Os dois pararam também e começaram a olhar em volta desesperados, até verem a chance de ouro: o grupo de alunos da Lufa-lufa que ia na direção oposta.
Eles se misturaram ao grupo e depois de um bom tempo saíram no corredor do banheiro feminino.
- Pronto. Você chama Ash, não podemos entrar lá. - disse Harry. Mas nisso ouviram passos. Foi a conta certinha para que os três entrassem em um beco no corredor. Esticando o pescoço, Harry viu Snape atravessar o fundo do corredor.
- Era o Snape. - Harry informou. - Já foi embora. Estava indo para o terceiro andar.
- Tá, tá, vamos lo... - começou Rony. - Caramba que cheiro é esse?
Foi uma sucessão de sentidos: primeiro o olfato, com aquele cheiro horrível tomando conta do corredor, como meias sujas e suadas misturadas com estrume. Depois a audição, com o som de passos pesados tomando a curva de trás do corredor, e o som de algo sendo arrastado. Por fim os três se viraram e viram: uma espécie de homenzarrão sem pescoço e com uma cabecinha, com a pele encaroçada e usando uma espécie de fralda, careca, e arrastando um bastão de madeira pelo corredor.
Quanto mais perto ele chegava, pior ficava o fedor do trasgo. Por fim, havia uma porta aberta. Ele parou na frente, espiou lá dentro, coçou a cabeça e entrou.
- A chave está na porta! - exclamou Harry. - Talvez possamos trancá...
Antes de terminar, Rony passou como um jato, fechou a porta e a trancou.
- Ufa. Agora falta a Hermi...
Um grito agudo e amedrontado escapou da sala que eles haviam acabado de trancar.
- CÉUS! ESSE É O BANHEIRO FEMININO!
Os três abriram a porta e irromperam imediatamente pelo aposento. Já havia uma pia quebrada e uma poça de água causada pelo cano estourado. Hermione estava embaixo de uma das pias, encolhida, com os braços sobre a cabeça.
Ash correu até ela.
- Vem Hermione, vamos sair daqui! - ela tentou puxar a garota, mas ela parecia pregada ao chão de medo. - Anda logo sabe-tudo irritante, vamos embora pra você esnobar o Wingardium leviosa na cara do Rony lá fora, vamos!
Mas Ash não estava tendo muito sucesso.
Enquanto isso, Harry e Rony tacavam canos no trasgo, que parecia nem sentir, mas fora atraído pelos gritos dos dois e mudara seu alvo.
- GRANDE HARRY! AGORA ELE ESTÁ VINDO ATÉ NÓS! CULPA SUA! FAZ ALGUMA COISA!
Harry então fez a coisa ao mesmo tempo mais inteligente e mais idiota possível: passou por debaixo das pernas do bicho, subiu em uma pia e pulou nas costas dele.
O trasgo nem sentiu direito, mas tinha consciência de que mesmo assim tinha algo em suas costas, então começou a se debater como um touro enfurecido. Harry se segurava com uma proeza inimaginável, a varinha na mão. Sem ter nada mais útil para fazer, ele enfiou a varinha no nariz do trasgo, que desta vez sentiu, urrou, e começou a se debater ainda mais fortemente.
- RONY! RONY, FAZ ALGUMA COISA! - berrou o garoto, desesperado.
- FAZER O QUE?
- QUALQUER COISA! UM FEITIÇO, QUALQUER UM!
E Rony conjurou o primeiro feitiço que lhe veio à cabeça ao ver Hermione presa ao chão de tanto pavor:
-Wingardium leviosa!
E o trasgo, que segurava Harry com uma mão, e o bastão no alto pronto para bater nele, ficou com a cara mais confusa quando sua mão desceu e o bastão ficou parado no ar.
Então o feitiço se desfez e o bastão caiu na cabeça do trasgo. Harry sentiu a mão o soltar e só teve tempo de engatinhar antes que aquela massa viva caísse em cima de si.
- Nossa. Nossa, essa foi por muito pouco. Mais por pouco que o cão. - desabafou Harry, se levantando cansado.
- Ele morreu? - perguntou Rony.
- Nah, só desmaiou. - argumentou Harry, tirando sua varinha do nariz da criatura. - Irc, meleca de trasgo. - E Harry estava bem limpando a varinha nas calças do trasgo quando Quirrel, Filch e McGonagall apareceram.
- Oh céus! - Quirrell voltou a ficar pálido, pôs a mão no coração e se apoiou na pia, abanando-se com o turbante, a cabeça coberta por um pano púrpura. (N.A.: Vocês sabem, todo mundo que usa um turbante enrola a cabeça com um pano por baixo.) Mas Quirrell, por um motivo ou outro, rapidamente colocou o turbante na cabeça e pôs a se abanar com as mãos.
- O que aconteceu aqui? - perguntou McGonagall. Os quatro nunca haviam a visto tão severa.
Mas antes que Harry, Rony ou Ash abrissem a boca para responder, Hermione o fez:
- Fui eu. Saí escondida de Percy porque achei que podia enfrentar o trasgo sozinha. Já li tudo sobre trasgo sabe.
O queixo dos três só não caiu pela força de fazer a maior cara lavada do mundo e fingir que era tudo verdade.
- Estaria morta se não fosse por eles. - ela concluiu.
Bem, esta parte era verdade.
- Bem... Bem se é assim... Srta. Granger, fico feliz em saber que você tem tanta vontade e vigor assim mas você perdeu o juízo? Onde já se viu? - continuou McGonagall. - Enfrentar um trasgo montanhês adulto completamente sozinha? Grifinória vai perder cinco pontos pela sua falta de juízo, apesar de que eu tenho que admitir que o que falta de juízo em vocês sobra em sorte! Grifinória ganha cinco pontos pelos outros três, por terem tanta sorte! Agora podem voltar para a sala comunal, os alunos estão terminando de comemorar o dia das Bruxas em suas casas.
E os três professores foram embora.
A volta foi meio constrangedora e em silêncio, mas mudou ao chegarem na sala comunal. Hermione pegou o livro que carregava consigo e se assentou em uma poltrona, mas não sem antes encontrar o olhar dos três e murmurar um "obrigada".
Ash decidiu ser legal. Legal com Hermione, e legal consigo mesma, pois ela bem sabia o que era estar sozinha.
Enquanto Harry, Rony, Fred, Jorge e Lino Jordan, amigo dos gêmeos, conversavam ao longe, Ash pegou um prato com tortilhas de abóbora e foi até a poltrona.
- É uma ótima poltrona para se ler um livro, não? Eu a uso às vezes.
Hermione ergueu os olhos do livro para Ash. E para as tortilhas.
- Aceita uma? Estão deliciosas!
Hermione arredou para o lado e Ash se assentou ao seu lado, o que ficou meio apertado mais ainda cabia. Hermione pegou uma tortilha e voltou ao livro.
- Que livro é esse? - Ash perguntou, mordendo uma tortilha.
- Hogwarts, uma história. Conta sobre a fundação do colégio.
- E é legal é?
- Muito. É a terceira vez que estou lendo.
- Eu sei que não parece muito, mas eu gosto muito de ler.
- Ah, parece sim! Dá para te ver engolindo os livros na biblioteca, e na mesa do café, do almoço e do jantar, e nas aulas de História da Magia e Defesa Contra as Artes das Trevas.
- Está me espionando, Srta. Granger? - perguntou Ash em tom divertido.
- De forma alguma, só sou meio observadora.
Elas acabaram conversando durante o resto da festa, e o livro ficou esquecido. Ainda conversaram mais ao subir para o dormitório.
Bem, convenhamos, certas coisas você não faz com uma pessoa sem que acabem amigos. Salvar alguém de um trasgo adulto montanhês, é uma delas.
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