Brigas
_Você fala como se tivesse o mundo nas mãos. – o garoto comentou conjurando uma colcha e a colocando no chão.
_Não, eu tenho você nas mãos. – a garota disse com uma risada se sentando.
_Ah claro. Tenho que lembrar que com um feitiço eu faço você esquecer tudo?! – ele sentou ao seu lado começando a se irritar.
Tudo bem que ela soubesse seus sentimentos, mas ela já estava chateando-o com aquilo.
_Zabini, você não acha mesmo que eu guardei tudo pra mim, não é? – ele a olhou surpreso e indignado.
_Você contou pra alguém? Você é doida Granger? Eu…
_Ei, relaxa. Eu não contei pra ninguém. Mas eu tenho meus métodos pra me defender de seus feitiços. – ela resmungou passando a mão nos braços.
Era fim de novembro. Estava fazendo frio e ela saíra apenas com o uniforme. Ele mesmo com raiva, tirou o casaco que usava e passou pra ela.
_Oh, eu sempre me surpreendo com você. – ela sorriu pegando a blusa, mas ele continuou sério. – Eu juro que não contei a ninguém, Zabini. Mas agora, depois de tanto tempo, você não acha mesmo que eu te deixaria simplesmente lançar um Obliviate em mim, certo?
Blásio virou o rosto e permaneceu quieto. Não gostava da forma como ela falava dele. É como se ela sempre tivesse achado que ele fosse anormal e agora vinha descobrindo que ele era, bem, normal.
_Ah, qual é! – ela remungou colocando a mão em seu ombro. Ele a olhou de soslaio e continuou quieto.
Hermione o empurrou no ombro e virou o rosto para o outro lado também.
_O que exatamente você pensa que eu sou? – ele perguntou irado se virando pra ela.
_Como assim? – ela pediu confusa.
_Como assim? – ele repetiu. – Você sempre parece surpresa com qualquer coisa que eu digo, faço. E eu nunca posso me sentir ofendido quando você diz algo que não me agrada. Agora você simplesmente fecha a cara e pronto. Você pode se sentir ofendida e eu não?
Ela abriu a boca pra responder, mas estava surpresa com aquilo.
_Eu…
_Você o quê? – ele perguntou se levantando. – Você é da Grifinória e pode tudo?
_Zabini, o que… eu nunca disse isso. É só que é a única forma de você parar de fazer cara feia e voltar ao normal.
_E qual é o meu normal exatamente, Granger? – ele pediu se virando pra ir embora.
_Com certeza não é esse. – ela gritou pra que ele ouvisse.
Mas Blásio, não prestou atenção. Estava chateado.
O dia não tinha sido nada bom.
Os professores pegando em seu pé. Os olhares dos colegas. Pansy, que antes ficava com as amigas, tinha voltado para o lado dele e de Draco, mas fazia apenas dar em cima dele.
O problema com Pansy, é que Blásio sabia que no fundo, mesmo que não adimitisse, Draco gostava dela. Agora ele tinha que aguentar os olhares desconfiados de Draco, que não acreditava que ele não estivesse tendo nada com sua garota e, aguentar Pansy, que não era exatamente o tipo de garota que se dispensava como ele estava fazendo.
E agora, ele achando que iria se acalmar como sempre fazia quando conversava com Hermione, a grifinória simplesmente o estressava daquela forma.
Ele parou pra pensar. De que forma exatamente ela o tinha chateado?
Ela não fez nada diferente do último mês. Sempre que ela se fingia chateada, ele começava a lhe pertubar e de repente estavam rindo.
Era sempre assim.
Ele suspirou percebendo a besteira que fizera. Descontara o estresse em Hermione, que não tinha nada a vê com a história.
Pensou que talvez devesse se desculpar, mas desistiu. Era orgulhoso demais para voltar lá e se desculpar com a garota.
Amanhã seria um novo dia. Eles se encontrariam e estaria tudo bem.
Blásio, encarava Hermione furioso da mesa da Sonserina.
A garota não olhava em sua direção e eles não se falavam havia quase uma semana.
Ele ainda tentou voltar a falar com ela pelas noites, mas ela, de alguma forma, fazia a ronda apenas com o monitor-chefe da Corvinal. Se ele se aproximasse, era detenção na certa.
Quase se arrependeu de não ter pedido desculpas no mesmo dia que haviam brigado.
Quase.
Hermione sentiu um arrepio se espalhar pela espinha quando, sem perceber, procurou Blásio com o olhar no Salão Principal.
_Oh! – ela soltou um gemido sem querer.
Harry Potter, que estava ao seu lado tentou ver o que atraíra a atenção da amiga.
_O que foi? – ele pediu baixo.
_Han? – ela desviou o olhar de Blásio para Harry.
_Que você está com essa cara. O que aconteceu?
_Aconteceu? Ah, nada. – ela respondeu nervosa.
O olhar de Blásio mexera com ela. Por quê tanta raiva? Ele mesmo que se afastara dela.
_Tem certeza? – Harry segurou sua mão.
Ela confirmou.
_É só que ainda faltam algumas linhas da redação de Poções, sabe?
_Ual. – ele comentou surpreso. – Então é melhor você ir logo, né?
_É? – ela perguntou sem prestar atenção.
_É Hermione, Poções é agora.
Harry apontou para o relógio e ela sacudiu a cabeça.
Que história é essa de redação atrasada? Nada a ver com ela.
Ela levantou da mesa grifinória e praticamente correu em direção a porta so Salão Principal. Manteve os olhos no chão enquanto andava. Pensou que se olhasse Blásio novamente, talvez caísse enquanto corria.
Ela começou a subir as escadas para o Salão Comunal. Já que mentira para Harry, que provavelmente contaria a Rony que ela esquecera de fazer uma redação, teria de ficar no Salão Comunal até pouco antes da aula de Poções.
Ela virou dois corredores, quando parou com um puxão que recebeu no braço.
_Ai! O que… - ela viu que era Blásio e fechou a cara, tirando a mão dele de si. – O que exatamente pensa que está fazendo?
_O que você pensa que está fazendo. – ele resmungou quase cuspindo.
_Como assim? – ela disse tirando o dedo dele de seu rosto.
_Nós sempre nos encontrávamos lá. Todas as noites. E de repente você para de ir.
_E daí? – ela tentou parecer calma.
Não que estivesse. Ele tremia enquanto falava com ela e ela começou a tremer com medo.
_Por quê você parou de ir me ver?
_Epa, espera aí. Eu nunca fui lá pra te ver. – dessa vez, Blásio que tirou o dedo da garota de seu rosto. – Eu sempre fui lá.
_Ah ta. Então por que parou de ir agora? Assim, do nada?
_Isso é da sua conta? Ah, espere, não. – ela disse sarcástica e ele empurrou a garota na parede. – Qual o seu problema? – ela perguntou exautada.
Ela não havia se machucado, mas aquela atitude era repugnante. Como ele ousava fazer isso com ela?
_Meu problema é você. – novamente ele colocou o dedo em seu rosto, mas dessa vez ela pegou a varinha e com um feitiço, ele foi lançado para o outro lado do corredor.
_Então se afaste. Para de ficar me olhando como se eu tivesse feito alguma coisa pra você. Pare de me preocupar como se eu tivesse alguma responsabilidade com você. – ele vinha andando em sua direção, mas parou a poucos passos dela. – Eu tentei ser legal. Você estava sendo legal depois que eu “curava” suas mágoas, mas a gente cansa, sabe? Que recompensa eu tive por te fazer se sentir melhor? Eu só levo patada sua. E depois ainda tenho que ouvir um “só você tem o direito de ficar emburrada”?
_Por quê você sai todas as noites com aquele cara da Corvinal? Ta de caso com ele, é? – ele perguntou com raiva e com um riso na voz.
Talvez se soubesse que Hermione tinha a mão tão pesada, não teria feito a piada.
Ele levou a mão ao queixo com raiva. Olhou Hermione, que estava parada na sua frente arfando.
Sem pensar, ele segurou a mão direita da garota e com a outra mão, puxou sua cabeça em sua direção.
Não havia sido algo planejado. Blásio não planejava beijá-la, muito menos em um corredor, onde qualquer um poderia ver. Hermione não pretendia retribuir. Rony, que era seu namorado, poderia simplesmente aparecer por qualquer um dos lados do corredor.
Mas quando deram por si, estavam em uma luta de mãos para se tocar.
De repente, Hermione o empurrou para longe. Arfando, a garota o olhou surpresa.
_Por quê você fez isso?
Blásio levou a mão ao queixo que ainda doía. Estava se fazendo a mesma pergunta naquele momento.
_Só pra te fazer calar a boca mesmo. – ele disse com um riso forçado.
_Ah ta. – ela disse sem acreditar, já que na hora que ele a beijou, ela estava em silêncio. – Então quer dizer que sempre que não quiser ouvir minha voz, vai me silenciar desse jeito?!
_É, é uma boa. Você não acha? – ele brincou e ela foi em sua direção ameaçadora. – Ei, calma. – ele disse imaginando levar outro soco.
_Eu tenho namorado, ta legal?
_Ah claro, o idiota Weasley. Ele é um grande namorado.
_Ugh. Cala a boca, Zabini. – Hermione gritou.
_O que ele fez com você? – Hermione se virou e viu Harry vindo em sua direção com um olhar ameaçador.
_Eu fiz? A Granger me da um soco e eu que fiz alguma coisa pra ela? – Zabini se pronunciou e Harry foi em sua direção.
_Olha só… - Harry começou, mas Hermione segurou seu braço.
_Vamos. Ele não fez nada.
_Você deu um murro nele por nada? – Harry se virou pra Blásio. – Olha só, eu vi você saindo do Salão Comunal atrás da Hermione, ta legal? Fica longe dela.
Harry apertou a varinha em seu bolso e a tirou quando Blásio apontou a dele para si.
_Quem você pensa que é pra me dizer o que fazer? – a voz de Blásio era risonha.
Hermione fez um som de tédio.
_Vocês estão brincando, não é?
Ela perguntou sabendo que um dos dois poderia lançar um feitiço a qualquer momento.
_Eu só estou dizendo pra você se manter longe dela. – Harry disse baixo.
_E por que eu faria isso? – Blásio pediu desafiador.
Hermione colocou a mão na cabeça.
_Vocês vão me obrigar a chamar um superior? – ela perguntou, mas nenhum dos dois pareciam prestar atenção nela. – Oi? Podem abaixar a varinha?
Blásio lhe lançou um olhar desconfiado e nesse momento, Harry lançou um feitiço pra desarmar.
_Acha que sou idiota, Potter? – ele perguntou rindo quando o feitiço não o atingiu.
Hermione percebeu que Blásio não precisava pronunciar o feitiço pra que ele funcionasse. Aquilo era preocupante.
_Harry? – Hermione chamou baixo, como um aviso.
O que Hermione não sabia, é que Harry vira o beijo dela e Blásio. Ele não estava apenas tentando manter Blásio longe dela, mas afastá-lo completamente pra que ela não traísse novamente seu amigo.
_Cala a boca. – ela ouviu a voz de Harry e estava claro que era pra ela.
Ela o olhou chocada, sendo seguida por Blásio, que se surpreendeu com a atitude do garoto.
_Harry…
_Cala a boca. – ele repetiu e lançou novamente um feitiço em Blásio.
Por pouco não o acertou. Mas atrás dele, alguém lhe lançou um feitiço que o fez cair.
Hermione olhou e viu Draco Malfoy, olhando seu amigo caído no chão.
_Entediante. – ele disse com nojo. – Vamos. – ele se dirigiu a Blásio.
Sem esperar, deu as costas para os três.
Blásio lançou a Hermione um olhar de aviso.
_Quero você lá. – ele disse baixo. – E pode ter certeza de que seu amigo viu nossa brincadeira. – ele deu um sorriso sacana pra ela.
Hermione não pensou duas vezes e lhe lançou outro feitiço.
Dessa vez, ele não foi ágil o bastante, porque como ele, Hermione não pronunciava feitiços.
_O que é isso, Blásio? Eu te tiro do Potter e você deixa a Sangue-Ruim da Granger te derrubar? – Draco voltou ao corredor.
Lançou a Hermione um olhar de desprezo e puxou Blásio pelas vestes.
_Vamos logo, preciso de sua ajuda.
Blásio, ainda com o olhar de intimação, saiu do corredor.
Hermione se abaixou ao lado do amigo ansiosa. Tentou reacordá-lo com um feitiço.
_Harry? – chamou quando ele mexeu os olhos.
O garoto a olhou tonto, mas logo seu olhar mudou para raiva.
_O que exatamente você tem com o Zabini? – ele pediu depois de conferir que só tinham os dois no corredor.
_Nada. – ela disse protamente.
_Nada? – ele perguntou limpando as vestes. – Hermione, eu vi quando ele te beijou.
A garota sentiu o rosto corar.
_Nã… não foi exatamente isso. Eu não sei o que deu nele. Ele simplesmente me beijou.
_Isso já aconteceu antes? – ele pediu tenso.
Seu olhar era tão penetrante, que Hermione considerou que talvez ele estivesse lendo sua mente.
Mas, fazendo o certo, ela tirou essa ideia da cabeça. Ele era seu amigo e não faria isso, mesmo que estivesse desconfiado como estava.
_É claro que não. – repondeu rapidamente. – Harry, eu nunca trairia Rony. Você me conhece.
_É. – foi a única resposta que a garota obteve.
Ela andou desanimada ao lado dele até o Salão Comunal.
_O que te fez pensar que Zabini estava atrás de mim quando saiu do Salão? – Hermione perguntou quando estavam próximos ao Quadro da Mulher Gorda.
_Eu estava olhando ele e o Malfoy. E então, quando você passou pela mesa da Sonserina de cabeça baixa, ele esmurrou a mesa e se levantou. A única coisa que poderia tê-lo chateado, do nada, era você. Então saí atrás dele.
_E o Malfoy atrás de você. – ela comentou.
Harry apertou as mãos com raiva.
_É. Hermione? – eles pararam em frente a Mulher Gorda.
_Você e o Zabini…?
_Harry, já disse: eu e ele não temos nada, absolutamente nada.
O garoto, por algum motivo, não acreditou plenamente naquelas palavras, mas sua amiga não mentiria. Então, a única coisa que poderia fazer, era manter o beijo que vira os dois trocando em segredo.
Aquilo não importaria nos dias que se seguiriam. O garoto pensaria ter sido apenas um pesadelo.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!