Capítulo 5
Capítulo 5
A respiração de Harry falhava. Não era a primeira vez que via a mãe de Voldemort, mas dessa vez era diferente. Dessa vez ele já conhecia a história e poderia impedir que tudo aquilo se repetisse, desde que, é claro, Merope aceitasse ouvir sua versão e acreditasse em tudo o que ele dissesse.
Harry arrastou-se em direção a árvore que ficava mais próxima a janela. Poderia observar a mulher melhor dali, e quem sabe assim algumas ideias mais sensatas se formassem em sua mente. Como ele iria se apresentar aquela mulher? Indiretamente, ela era a culpada de tudo o que aconteceria no futuro, afinal, fora dela que saiu o homem conhecido como Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado.
- Mate-a – uma voz fria e ao mesmo tempo gentil soou logo atrás de Harry e ele nem precisou se virar para saber que a Morte viera lhe fazer uma nova visita.
- Estou tentando permanecer escondido aqui, seria legal se você ajudasse. – Harry disse, imaginando o susto que Merope levaria ao olhar pela janela e dar de cara com aquela figura enorme e encapuzada parada ao lado de uma árvore.
A Morte riu. Uma risada debochada que ecoou pelo local e fez os pelos da nuca de Harry se eriçar.
- O que você quer dessa vez? – Harry finalmente se virou para encarar a Morte de frente.
- Venha criança. Vamos dar uma volta.
A Morte pousou a mão sobre o ombro de Harry e o guiou para longe da casa dos Gaunt, em direção a rua – agora deserta – para conversarem melhor e com mais calma.
- Por que está me seguindo? Primeiro Hogsmeade, agora aqui... Eu não entendo!
A Morte permaneceu calada. Um silêncio quase ensurdecedor pairava naquele lugar, e isso perturbou Harry ainda mais.
- Você está tentando alterar o curso natural da história, rapaz. – Ela disse com calma – Está interferindo diretamente em meu trabalho. Você quer roubar as vidas que tenho de levar e parece não ter a mínima ideia do desastre que isso irá causar.
- Já me informaram as consequências, obrigado.
- Mas você não está pensando nisso com clareza. Parece não ter noção de que impedir a morte desta geração vai matar seus amigos e até mesmo você.
Harry sentiu-se nauseado com a ideia. Rony, Hermione e Gina não tinham nada a ver com o assunto, por que teriam que pagar por isso?
- Por quê? – Harry finalmente perguntou – Tudo bem, a minha morte eu sou capaz de entender, mas por que os meus amigos precisam pagar por isso? Que ligação eles têm com essa história?
- Nenhuma – a Morte respondeu com tranquilidade – Mas se você quer salvar todas essas pessoas, eu tenho o direito de escolher quem irei levar no lugar, não acha?
- Isso não é justo!
- Ninguém aqui falou de justiça, minha criança.
Novamente aquele silêncio macabro tomou conta daquele ambiente. Mil e uma coisas passavam pela mente de Harry, mas ele não conseguia verbalizar nenhuma delas. Nada parecia fazer sentido.
- Tem de haver algum jeito... – Harry murmurou mais para si do que para sua acompanhante indesejada.
- E há – a Morte respondeu – Mate Merope!
- Eu não sou um assassino!
- Mas o filho dela será! – a Morte disse como se aquela informação fosse uma grande novidade – Além da morte dos seus pais, que você já sabe como vai ser, Voldemort irá invadir a casa de Dorcas Meadowes para matá-la. Você não sabe, mas ela vai ser uma grande ameaça para os Comensais. Quando sair da escola, Dorcas irá se unir a Ordem da Fênix e trabalhará como espiã... Dessa forma, irá entregar todos os planos para os aurores, que irão atrás impedir muitos ataques ordenados por Ele. Na noite de 15 de abril, o seu maior inimigo entrará na casa dessa jovem tão doce e tão boa e tentará convencê-la a mudar de lado nessa guerra. Ao ouvir uma resposta negativa, é claro, irá matá-la sem nem hesitar.
A Morte contava tudo com tanta calma que enojava Harry. Como alguém podia relatar um assassinato com tanta tranquilidade?
- Voldemort também ordenou que matassem a noiva de seu padrinho, sabia?
- Sirius teve uma noiva?
- Marlene McKinnon – a Morte respondeu – Ela era uma boa auror, você pode imaginar. Sempre explosiva; sempre valente... Matou muitos Comensais, se quer saber, e eles agiram de uma forma que quase a enlouqueceu. Primeiro, os Comensais foram até a França para torturar e matar seu irmão Miguel, juntamente com a esposa grávida. Depois disso, enviaram para Marlene um frasco com as memórias desse assassinato... Na semana seguinte, fizeram a mesma coisa com os pais dela... Céus, você pode imaginar como a pobrezinha ficou, não é? Já não saía e muito menos mantinha contato com os próprios amigos. Preferia ficar trancada dentro de seu quarto, chorando as mortes de sua família... Sirius não gostava muito de deixá-la sozinha, mas teve uma noite que foi preciso, pois ele teve que fazer um favor a Dumbledore. Seu padrinho estava na casa de seus pais quando os Comensais invadiram a casa dela e a mataram... Não antes de destruírem toda a casa, óbvio. Eles também...
- CHEGA! – Harry gritou, esquecendo-se de que sua passagem ali deveria ser a mais discreta possível, mas não pode evitar. Não queria imaginar a morte de duas pessoas tão boas quanto Marlene e Dorcas, embora agora fosse praticamente impossível, graças a riqueza de detalhes com que a Morte lhe contou o assassinato das duas. Agora mais do que nunca precisava impedir que isso acontecesse.
- Mate-a Harry! – a Morte lhe oferecia aquela hipótese com muita naturalidade – Mate Merope e acabe com todo o sofrimento.
- Eu não posso fazer isso.
- Então aceite o fato de que eles vão morrer, rapaz.
De repente, Harry teve uma ideia que naquele momento lhe pareceu genial.
- Posso impedir que Voldemort nasça sem precisar matá-la. Se ela entender o quão doentia é essa obsessão por Tom Riddle e que o filho deles vai ser o maior assassino de todos os tempos, então tudo estará salvo. Eles não vão morrer.
- Você ainda não entende, não é? Impedir o nascimento de Voldemort dessa forma não vai salvar seus pais e os amigos deles. O curso da morte será o mesmo, não há como evitar. Pode não ser pelas mãos do filho dela com o Tom, mas será de alguma forma, aceite isso.
- E como matar Merope muda as coisas?
A Morte deu mais uma risada debochada, como se Harry fosse mesmo muito tolo por não conseguir enxergar um fato tão óbvio.
- Vou deixar que descubra isso sozinho, meu jovem – Ela disse.
- Está sendo injusta mais uma vez.
- E quem falou que devo ser justa, criança? – a Morte indagou como um desafio – Se a vida não é justa, por que eu deveria ser?
Silêncio. Mais uma vez Harry se viu sem fala diante da Morte.
- Volte para a sua cama. Durma. Acorde. Reflita. Tenho certeza que você não é estúpido a ponto de não entender a razão pela qual matar Merope é a única solução para os seus problemas.
- Mas eu...
Harry não teve tempo de terminar sua frase, pois no segundo seguinte se viu tragado pela mesma escuridão que o envolveu em Hogsmeade e o fez desmaiar. E então, ele não viu mais nada.
~*~
Dias depois...
Era uma quinta-feira de Lua Cheia, o que para os românticos seria uma boa oportunidade para fugir dos dormitórios e dar uma volta escondido pelo jardim da escola. Para Remus Lupin, aquele não era o dia mais feliz do seu calendário.
Em dias como aquele, sua disposição ia por água abaixo. Remus sentia-se nauseado, irritado, cansado... Por mais que seus amigos tentassem animá-lo, ele parecia não conseguir sair do seu universo sofredor. Andava quase rastejando pelos corredores, como se seu corpo pesasse muito mais do que poderia aguentar. Como se a vida dele fosse um fardo enorme.
- Você precisa disfarçar essa cara de doente, Aluado. Desse jeito até parece que ao cair da noite você vai se transformar. – James tentou brincar, sem muito sucesso.
- Cara, cadê a sua sensibilidade? – Sirius fingiu-se de chocado e deu um tapa na cabeça de James, que retribuiu a gentileza com um soco no braço do amigo.
- O que eu preciso é voltar para o plano de antigamente. Sumir em dias como esse, mesmo que isso levante milhares de suspeita. Não ‘tá dando para mim. As pessoas perguntam e eu estou cansado de ser grosso. Até terminei com a Emmeline da pior forma possível, e ela não merece isso.
- Você precisa contar ela a verdade. – Peter aconselhou, esquecendo-se completamente que essa sugestão sempre irritava Lupin.
- Ah claro! – Remus parou no corredor e se virou para o amigo – Seria muito legal mesmo da minha parte. Imagina como minha declaração soaria linda e sincera, han? “Oi Emme, olha, só para que você saiba, eu sou um lobisomem perigoso e nas noites de Lua Cheia não posso sair para admirar o céu sem tentar te matar, ok?! Agora que estamos entendidos, que tal tomarmos uma cerveja amanteigada? Posso aproveitar a ocasião para contar como sou capaz de arrancar sua cabeça com apenas uma mordida.”
Todos ficaram em silêncio, encarando um Remus para lá de sombrio. Pareciam que tinham medo de que a qualquer momento ele saltasse sobre o pobre Peter e lhe desse inúmeras bofetadas por aquela sugestão.
- Nunca mais me diga que contar a Emmeline é a melhor solução.
- Tu... Tud... Tudo bem, Aluado! – Peter se encolheu de medo.
Remus respirou fundo, tentando controlar a fúria que crescia. Com o cair da tarde e a proximidade da noite, os instintos de Remus pareciam gritar e deixá-lo ainda mais perigoso.
- Me desculpe, Peter. Sei que não falou por mal, e... – Remus se contorceu com a dor forte que percorreu sua espinha. Aquilo estava errado, muito errado. Ainda não eram seis horas, por que estava sentindo aquilo?
- Aluado, o que está havendo? – James perguntou, enquanto amparava o amigo que tremia em seus braços.
- ARRRGH! – Remus gemeu e se contorceu mais uma vez, sentindo a dor aumentar.
- Vocês precisam tirá-lo daqui imediatamente! – Harry correu na direção dos marotos, que se surpreenderam com a presença do rapaz ali. – Vão! O que estão fazendo aqui? Não sabem que é perigoso? As vezes os sintomas da transformação começam a aparecer antes do anoitecer. CORRAM!
Apesar do alerta, os quatro marotos ficaram parados no local em que estavam, encarando Harry como se ele fosse um monstro que havia acabado de se materializar ali.
- Como você sabe? – Sirius foi o primeiro a perguntar.
- Olha só, não interessa como eu sei, ok?! Vocês precisam correr! Pettigrew, você já deveria ter se transformado em rato e ter ido até o salgueiro lutador. Alguém precisa pará-lo para que vocês possam entrar.
- Mas como...? – James olhava para Harry abobado. Queria interrogá-lo, mas naquele instante Remus gemeu e seus olhos se arregalaram. Eles puderam ver suas pupilas dilatadas, como as de um lobo.
- O Ronald tem razão, James! Precisamos levá-lo antes que seja tarde demais.
James apenas balançou a cabeça e com a ajuda de Sirius, guiou o amigo para fora do Castelo. Sorte a deles que a essa hora a maioria dos alunos estava presa em suas Casas, tomando banho e se trocando para o jantar.
Harry os seguiu, mesmo sem ser convidado. Não conseguia ver Remus naquele estado e se negar a ajudar, mesmo sabendo que aquilo era perigoso demais para ele, já que não era um animago.
Peter já havia sumido de vista e Harry percebeu, quando eles finalmente chegaram ao Salgueiro Lutador, que a árvore não os ameaçava com seus galhos. Peter já havia pisado no nódulo que a fazia parar de lutar.
- Eu vou sozinho a partir daqui – Remus disse, ofegante.
- Você não está bem o...
- Eu estou bem o suficiente para chegar a Casa dos Gritos, Sirius, não se preocupe. – Remus garantiu – E além do mais, se todos sumirmos, vai ser difícil evitar que falem, certo?
- Certo! – Sirius e James concordaram.
- Vemos você mais tarde então, companheiro! – James disse.
Gemendo com a dor, Remus correu em direção à passagem secreta, e assim que passou por ela, o Salgueiro Lutador voltou a agir como a árvore ameaçadora que sempre foi.
Aliviado, Harry respirou fundo e agradeceu a Merlin por terem conseguido tirar Remus do corredor antes que mais alguém o visse naquele estado. As fofocas já deviam ser muitas a respeito de Lupin, e aquele comportamento estranho só levantaria mais suspeitas para o que ele realmente era.
Harry virou-se para ir embora e deu de cara com Peter Pettigrew apontando sua varinha para ele, como se aquele fosse um gesto muito ameaçador. Ele quase riu, mas então percebeu que seu padrinho e o seu pai faziam o mesmo que o baixinho traidor.
- Vo... Você não pensou que iríamos deixar você sair né? – Peter perguntou, tentando esconder o pânico em sua voz.
- É isso mesmo, Ronald. Você não pensou que iríamos deixar que você voltasse para o castelo sem nos contar como sabe o que o Remus é, e como sabia perfeitamente que é aqui o local que o leva para o seu esconderijo, não é mesmo? – James perguntou e essa ameaça soava mais assustadora vinda dele.
- Eu posso explicar... – Harry começou a dizer, sem saber exatamente como faria aquilo.
- É bom que possa mesmo, Ronald Granger, porque não vamos deixá-lo sair daqui sem uma explicação. – Sirius disse.
Harry olhou a seu redor e se viu encurralado. Não havia como sair daquela situação sem contar a eles a verdade, o que era um problema enorme, uma vez que falar do futuro incluía dizer que todos ali iriam morrer e que Peter era um traidor.
Ele respirou fundo. Não havia como fugir agora. Onde ele estava com a cabeça quando decidiu ajudar Remus mesmo?
- Ok então, podem abaixar suas varinhas. Vou contar a verdade a vocês.
~~
N/A: Hey pessoas! Boa noite!
Hoje a nota não vai ser gigante, até porque não tenho desculpas para a demora com a atualização. Sinceramente, espero que tenham gostado do capítulo. Se tudo der certo e a inspiração ajudar, prometo postar em breve.
Até mais!!!
Xoxo,
Mily.
Comentários (2)
Momento critico pra terminar o capitulo...Tá parecendo minha amiga Flávinha ela sempre terminar um capitulo no momento critico kkkk morrendo de curiosidade!
2011-12-06como é que você termina esse capítulo assim???? estou morrendo de curiosidade, por favor, posta logo o próximo! xoxo
2011-07-12