Sinal Quatro



Sinal Quatro – He’ll start listening to slow songs.


                A ruiva caminhou pelo corredor o mais silenciosamente que conseguiu com aqueles sapatos estúpidos. Estava seguindo uma voz melodiosa e ligeiramente desafinada que passeava pelos corredores vazios do colégio em uma tarde livre, voz esta que estava seguindo desde que saíra da própria classe. Não conseguia resistir, aquilo era muito estranho. A voz era masculina, mas a música era... lenta e romântica demais para um garoto estar cantando-a!


Tinha alguma desconfiança sobre de quem seria aquela voz, mas preferia não supor nada, pelo menos não até ver nem que fosse o cabelo daquela pessoa misteriosa que despertara sua curiosidade.


-It was a Saturday, remember it like yesterday – Lílian deu mais alguns passos, percebendo que a pessoa agora andava mais rápido que antes. Parecia sentir a sua presença ali. – She knew my name, imagine that! I know this road, the way that no one goes…


A voz ficava mais fraca à medida que Lílian andava mais rápido, como se estivesse andando para o lado contrário de quem proferia-a. Andou o mais silenciosamente que pôde, seguindo o fio de música que ainda conseguia ouvir.


-So cold, so cold, baby you’re so cold, so cold... – A garota parou ofegante, percebendo que agora a voz parecia se aproximar. E rápido. Tinha que se esconder, não sabia mentir bem, se a pessoa a interrogasse ela não saberia o que responder. “Oi, estava te seguindo porque achei que você, como um garoto, não pode cantar esse tipo de música, já que não é sensível o suficiente para entender isso.” Uma porcaria.


-Take it easy baby, we can make it right, girl, you know my love is always on your side – Tentava não perder as palavras enquanto corria em pânico, tentando achar algum lugar para se esconder. – Rest your eyes tonight – Ela se enfiou em um beco que não sabia que existia, atrás de uma grande armadura em bronze, mas já era tarde demais.


-You know that my love is always on your side... – Uma mão empurrou a armadura para o lado facilmente e Lílian se encolheu, embaraçada.


-Potter? – Murmurou assustada, envergonhada e amedrontada, diante do olhar dolorido que o garoto lhe lançava. Então era ele. E, diante daqueles olhos, ela não conseguia achar que ele não era sensível o suficiente para entender o que cantava.


-James! – Peter gritou correndo ruidosamente, arfando – McGonagal decidiu que daria uma aula a mais nessa tarde porque está com matéria atrasada, me pediram para vir aqui te buscar – James percebeu que ele omitira que fora Sirius que o mandara ali procurá-lo para que não perdesse aula. Mas aquilo não o faria desculpar-se.


-Obrigado Pedro. Pode ir agora, vou logo atrás de você – O gorducho acenou com a cabeça e voltou a correr, sumindo pelo corredor vazio.


James fitou Lílian mais uma vez, os olhos nublados. Então recolocou a armadura em seu lugar e caminhou lentamente para sua aula, silencioso.


A ruiva saiu de trás da armadura com dificuldade e olhou para os lados. Estava sozinha.


O olhar de Potter causara algo dentro dela que ela não sabia explicar. Ele devia ser algo como telepata, ela pensou consigo mesma, se dirigindo à sala de aula de Transfiguração. Só assim ele podia ter causado um efeito tão grande assim nela, fazendo-a até mesmo ter vontade de chorar.


*Música – On your side – A rocket to the moon.


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