Capitulo 1
- Lene, que milagre é esse que você ainda não trocou a gente por aquele cachorro encoleirado? – perguntou Emily, o que me fez rir.
Marlene riu e revirou os olhos azuis, jogou os longos cabelos negros para traz e olhou para a loira que fez a pergunta.
- Eu não tenho que ficar com o Sirius 24 horas por dia, 7 dias na semana – disse Lene.
- Mas vocês andam tão grudados ultimamente – disse Emily.
- É, mas começamos a namorar a três meses, é normal ser paixão que não acaba mais no começo – defendeu-se a morena – Mas eu e ele precisamos de um tempo sozinhos ou então essa paixão acaba. Veja: você e o Remo não ficam no pé um do outro toda hora.
- É, mas estamos juntos há quase um ano, temos que dar espaço para o outro. E nunca ficamos grudados que você está com o Sirius – disse a loira.
- Não?! – exclamei, falando pela primeira vez desde que saímos do Salão Comunal da Grifinoria. Minha mente estava vagando bem longe da conversa, mas eu tive que argumentar essa fala sem noção da minha amiga.
- Fala sério, Emily! Você e o Remo, no começo, era um casal tão meloso que ninguém ficava por perto. – fui sincera com minha amiga.
- Não é pra tanto, Lily! – disse ela corando.
- É sim Emy – disse Marlene – Tudo bem que vocês dois são o casal mais fofo que eu já vi, mas no começo era ‘Reminho pra lá’ ‘Milizinha pra cá...’ e etc...
- Ta, entendi. Mas você e o Sirius não são diferentes. Estava até esquecendo da gente pra ficar com ele. – disse Emily.
- Oh ti mamãe, ta com ciúmes é? – disse Lene como se falasse com um bebê – Eu também te amo, não precisa ficar assim – disse apertando as bochechas dela.
- Eu sei! Também te amo amiga! – e abraçou a morena.
- Ei! E eu? – gritei chamando atenção das duas que me puxaram para um abraço triplo.
- Nunca vai existir um cara que me faça esquecer minhas melhores amigas. – disse Lene.
Eu e Emily abrimos enoormes sorrisos e então chegamos aos portões do castelo e seguimos para os jardins onde sentamos perto do lago. Conversamos besteiras até que um sentimento estranho me tomou ao olhar para o enorme castelo a minha frente.
- Vou sentir falta daqui – falei encarando as torres. As meninas devem ter sentido o mesmo, pois olharam tristes para o castelo que foi nossa casa por sete anos.
- Mas ainda temos um semestre para aproveitar! – disse Emily tentando nos animar.
- É e as férias de Natal estão próximas – comentou Lene.
- Próximas? Depois de amanhã pegamos o trem para Londres – falei e me lembrei que ainda não arrumei minhas malas, ainda bem que amanha é domingo.
- Então você não vai mesmo ir lá pra casa? – perguntou Lene. Ela convidou a mim e a Emily para passar as festas de fim de ano com ela, mas a Emily vai levar o Remo para passar o Natal com a família dela e eu, bom...
- Vou passar o Natal na casa dos meus avós e depois tenho que ir com meus pais para aquele retiro, ou seja, lá o que for, do trabalho do meu pai e como a Petúnia não vai... minha vida vai ser bem mais agradável lá.
- E porque você tem que ir? – teimou ela.
- Estamos em guerra, Lene. Não sei se esse vai ser o ultimo natal que terei com minha família.
- Credo, Lily! Que pessimismo! – exclamou Emily.
- É a realidade, não sei o pode acontecer daqui pra frente. Ainda mais que logo sairemos da proteção de Hogwarts – eu disse sincera.
- Então, já que estamos tão perto de sair, que tal dar uma chance para um certo maroto que beija o chão que você pisa? – disse Marlene sugestiva.
- Eu já disse que não da certo – falei.
- Mas você gota dele – afirmou Emy.
- E já disse que não gosto do Potter! - irritei-me.
Tudo bem que agora eu sei que no fundo no fundo, mas beeem lá no fundinho mesmo eu não o odeio, mas amar ele? Também já é demais!
- Falando de mim, Lily? – escutei uma voz animada e dei de cara com Tiago Potter e com um dos seus melhores sorrisos.
Revirei os olhos. Falando nele...
- Lene, meu amor, não consegui ficar tanto tempo longe de você! – disse Sirius Black todo galanteador (como sempre ¬¬’) aproximando da namorada e lhe dando um beijo.
- Não exagera Sirius – disse Lene, mas tava na cara que ela esta gostando, tanto que o puxou para mais um beijo daqueles cinematográficos. Desvie o olhar, ver os outros beijando é bem nojento.
- Oi meninas! – disse Remo Lupin – Oi amor! – e foi lá falar, diga-se beijar, sua namorada. To me sentindo um castiçal.
- Cadê o Pedro? – perguntei ao dar falta do maroto medroso que eu não vou muito com a cara.
- Quem sabe? E quem se importa? – disse Potter sentando-se ao meu lado.
Ô saco! Será que esse carrapato não desgruda não? Afinal três anos é muito tempo.
- Potter o que faz aqui?
- Vim ver minha ruivinha, é claro! – disse como se fosse obvio.
- Eu não sou sua ruivinha – falei calmamente como se explicasse para uma criança que não existe coelhinho da páscoa. E também já cansei de gritar, não funciona mesmo.
- Ainda – sussurrou perigosamente perto – Então Lily aonde vai passar o feriado?
- Adianta mandar você me chamar de Evans?
- Não – disse maroto.
- Ótimo! Eu já desisti mesmo! – dei de ombros. O sorriso dele que já era grande só aumentou.
Tiago Potter realmente é lindo... E charmoso... E fofo... E às vezes romântico, mas continua sendo Tiago Potter.
Eu já pensei em aceitar sair com ele, só pra vê se ele me deixa em paz, mas o caso é: o que vão pensar de mim ao ver que eu (monitora, aluna exemplar, responsável e que sempre disse que o odiava) começar a sair com ele que é o oposto de mim? Boa coisa não vai ser.
Eu com o Potter nunca daríamos certo. É como uma regra de convivência que, para o bem de todos, deve ser mantida, sem ser quebrada de jeito nenhum. O problema é que o Potter adooora quebrar as regras.
- Um beijo por seus pensamentos – disse o dito cujo. Respirei fundo.
- Não é da sua conta – falei seca.
- Poxa Lily, você podia tentar parar de me tratar assim não é? – disse brincalhão, mas eu senti que no fundo ele queria isso mesmo, tadinho – Que tal começar me chamando de Tiago?
- Fala sério, Potter!
- É sério, porque só você não vê que eu mudei? – disse sincero e sério de verdade. Meu coração acelerou. Como ele fica lindo sério! Mesmo que eu adore aquele sorriso maroto.
Ta eu assumo! Eu to afim dele! Satisfeitos?
Mas eu realmente não posso ficar com ele, fataço e ponto.
Ele estava perto demais e me olhava nos olhos, eu quase me perdi nos seus olhos castanhos esverdeados. Encostei um pouco para o lado oposto dele. Ele suspirou e se levantou.
- Sirius, Remo eu vou ver se acho o Rabicho, ele pode ter arrumado confusão sem a gente e não conseguir sair. Vejo vocês mais tarde – e saiu. Tiago disse isso tão triste que doeu em mim. Não acredito! Já estou pensando nele usando o primeiro nome, não que essa seja a primeira vez, mas ta passando do limite.
Esquece isso Lílian! Ele não serve pra você.
- O que você disse pra ele, Lílian? – perguntou Sirius desconfiado.
- Eu? Nada!
- Então porque ele saiu tão sem graça daquele jeito? – quis saber Remo. Eles não estavam vendo nossa conversa não é? Ah é, quando o Sirius ta com a Lene e o Remo com a Emy, nenhum dos quatro prestam atenção ao que acontece ao redor.
- O que? Tudo que acontece com o Potter é culpa minha agora? Fala sério! – eu disse e levantei indo para o castelo.
- Lily – chamaram minhas amigas, mas eu não dei atenção só gritei um ‘Vejo vocês no salão comunal’ e cai fora.
Cheguei ao dormitório e comecei a arrumar minhas malas, mas infelizmente meus pensamentos estavam voltados para certo maroto de cabelos arrepiados.
Suspirei, essa historia esta mais complicada do que imaginei que ficaria. A questão é: o que eu vou fazer? Ainda não sei.
Fui andando até minha cama pegar minha mala, que estava em baixo dela quando eu tropecei em alguma coisa e cai com tudo no chão.
- Mais que droga! Era só o que me faltava – reclamei sozinha.
Então meus olhos encontraram uma coisa brilhando em baixo da cama, eu o peguei e mergulhei nas lembranças que aquele objeto me trazia. Era um colar de um coração de cristal um pouco maior que uma azeitona (comparação estranha, mas enfim), tinha uma coisa escrita que só dava para ver se colocasse na frente do fogo.
Peguei uma vela e a acendi, pude ver então a frase: Você roubou meu coração, mas pode ficar que eu deixo. TP
Eu ri comigo mesma, lembro do dia que o Potter me deu esse colar, eu fiquei roxa de raiva e o atirei em algum lugar do dormitório, mas isso tem mais de um ano! Como foi aparecer hoje? Estranho...
O segurei pela corrente e fiquei admirando o objeto.
- Lily? – chamou Emy
- To aqui Emily! – falei e guardei rapidamente o colar no bolso.
- O que deu em você em? – disse Lene abrindo a porta do quarto e entrando junto com Emy.
- Nada, eu só vim arrumar minhas malas
- Ta sei – disse irônica – e o que os marotos disseram sobre o Tiago não tem haver né?
- Claro que não. – menti.
- Lily, porque você ta sentada no chão? – perguntou Emy.
- Eu caí – falei me levantando.
- Você podia deixar para arrumar as malas amanha – disse Lene.
- Fala sério, Lene! Eu não quero ficar segurando vela para você e para a Emy. – falei um pedaço da verdade.
- A ta – disse Emily entendendo.
- Certo, mas o que você e o Potter conversaram para ele ficar daquele jeito? – perguntou.
- Agora a culpa é minha se ele fica triste do nada? – exclamei.
- Você é a única que mexe tanto com os sentimentos dele – disse Emily.
- Boa Emy! – elogiou Lene. – É verdade Lily e nem adianta negar, você também gosta dele que eu sei, porque não acaba logo com o jogo?
- Quê? Vocês estão ficando malucas? Eu não gosto dele.
- Mas você já disse pra gente que também não o odeia. – disse a loira.
- Mas não disse que gosto – revidei.
- Você tem que decidir o que quer – afirmou a morena.
- Afe! Vamos parar com essa conversa? Já to com dor de cabeça.
- Vamos jantar então?
- Jantar? – exclamei – Já é tarde assim?
- Já, que horas você acha que são? Acorda Lily! – disse Lene rindo.
- Sei lá, o dia passou tão rápido hoje. – comentei e então nós três descemos para o Salão Principal.
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Domingo chegou e eu pude notar que o Potter não veio atrás de mim pela manhã, mas no fim da tarde apareceu. Ufa! Achei que ele tivesse ficado com raiva de mim. Isso seria bom a seis meses atrás, mas agora eu não vejo minha rotina sem ele me perturbando.
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Pegamos o trem de volta a Londres e enfim chegamos à estação onde encontrei meus pais a minha espera, dei um grande abraço neles e fomos para casa. Passei o Natal na casa dos meus avós onde normalmente a família se reunia, a Petúnia foi passar todo o feriado em uma viagem com o namorado bobão dela. Depois, dia 30, fomos para a cidade onde aconteceria o encontro do pessoal do trabalho do meu pai.
A cidade era pequena, mas bem bonita cheia de pisca-piscas, com arvores em cada lugar, uma lagoa como ponto turístico para ver o pôr (ou era o nascer?) do sol etc.
Chegamos ao hotel, ele era lindo e enorme. Coisa de sonho mesmo, como em uma cidade pequena teria um hotel como esse? Eu não sei.
O quarto onde eu e meus pais ficaríamos era um quarto conjugado, pra quem não sabe é um quarto com uma porta que vai para outro quarto, onde eu ficaria. Eu vou ter um quarto só meu lálálá.
Deixei minha mala lá em cima mesmo, e me joguei na cama, já eram umas seis horas e eu estava cansada, ou seja, acabei apagando. Acordei com minha mãe me chamando para o jantar. Quando voltei coloquei meu pijama e dormi de verdade até o dia seguinte, o ultimo dia do ano.
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- Lily, tenho uma boa noticia pra você – disse papai animado, ele já estava pronto para a festa de adultos (chata!) que teria no salão do hotel e eu até pensei em aparatar na casa da Lene (oh yeah eu tenho 17 anos), mas deixei pra lá.
- Vai ter uma festa para jovens na parte de trás do hotel, como se fosse um luau, dizem que vai ser lindo. Compramos um ingresso pra você ir – completou mamãe com a mesma animação.
- Legal – fingi ânimo, afinal eu não conheço ninguém, mas beleza, eu sobrevivo.
- Vamos chegar um pouco tarde, você quer que te chamemos na hora?
- Não precisa, não vou demorar muito, antes de uma da manha eu pretendo estar dormindo.
- Ok, então nem vou entrar no seu quarto para não te acordar ta? – disse mamãe – e tranca a porta, não se sabe o que pode acontecer.
- Certo.
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Às onze horas eu e meus pais descemos, eu para o tal luau e eles para a festa que só ia ter adultos (chata! De novo).
Estava realmente maravilhosa a decoração, era uma festa próxima a piscina do hotel e tinha uma boate em um local coberto com um bar ao fundo, estava tudo lindo.
Entrei na boate me contagiando pela musica de tut tut tut que fazia o chão tremer, fui até o bar e pedi um coquetel de frutas, fiquei olhando a quantidade de adolescentes ali presentes, mas não tinha esse tanto de gente no hotel. Comentei isso com uma garota com cara de simpática ao meu lado.
- É porque essa é uma festa aberta, qualquer pessoa da cidade pode vir e como não tem muitas festas boas na cidade todo mundo vem pra essa que é considerada a melhor. – disse a garota. – Ta vendo aquele cara ali? – disse meio embolado, acho que ela estava um pouco bêbada. Olhei para um sujeito de costas com os cabelos bagunçados. Haha, lembrei do Potter.
- Quê que tem ele? – perguntei.
- Ele é muuuito gato – comentou – Acho que vou ao banheiro – disse com as mãos na barriga e saiu meio tropeçando. O que leva uma garota beber tanto? Que horror!
Bebi mais um pouco do meu coquetel, que eu pedi sem álcool (me conheço o suficiente para saber que é melhor não beber bebidas alcoólicas sem estar com minhas amigas para evitar que eu faça uma besteira, vai por mim eu não sou nada forte para bebidas).
Continuei olhando para o garoto de cabelos arrepiados, ele realmente se parece com o Potter! Mas é impossível, ele deve estar do outro lado do país agora, sei lá onde é a casa dele.
Olhei atentamente, o físico dele também se parece com o do Potter, tem aquele corpo de jogador de Quadribol sabe?
Então o garoto passou a mão pelo cabelo, o bagunçando mais ainda. A mesma mania!! Não, é impossível, tem que ser impossível!!
Foi aí que ele virou de frente para mim e meu queixo caiu, caiu não despencou no chão enquanto eu encarava abismada os óculos do Potter, a cara de surpresa do Potter, e depois o sorriso maroto do Potter.
NÃÃOOO!!!
O que eu fiz pra merecer isso??? Hã??? Me diz!!
Eu que sou uma garota tão boazinha, tão legal, tão gente fina, como pude dar de cara com a pessoa que eu menos queria ver??
Tentei sair discretamente dali, eu ia para o quarto do hotel dormir e depois falaria para meus pais que a festa foi maravilhosa (mentira pura, mas o que eu podia fazer?).
A boate já estava cheia de gente e eu fui me espremendo entre as pessoas tentando sair de algum jeito, eu só não podia deixar o Potter me achar. Eu estava tão desesperada para sair que nem vi quando me esbarrei com tudo em alguém, que eu acho que é um menino, pois me segurou para eu não cair de costas no chão.
- Cuidado ruivinha – disse uma voz cujo dono eu tentava evitar encontrar.
- Potter! – exclamei assustada – O que faz aqui? – perguntei.
- Vim para a festa – disse ele sorrindo. Ele está realmente lindo com essa camisa social três quartos branca e com um jeans escuro.
O que eu to pensando?
- Certo e tchau – falei tentando fugir. Cheguei a uma parte menos movimentada perto do fim da boate, eu já podia ver a piscina quando senti alguém me segurar pelo braço.
- Espera Lily – disse Tiago... quer dizer Potter me alcançando. Já comentei como estou confusa hoje? Pois é eu to.
- O que?
- Vo-você esta mesmo linda! – disse depois de me olhar de cima a baixo.
Linda? Eu só estou usando um vestido branco frente única bem simples, a maquiagem um pouco mais forte que o normal destacando meus olhos verdes e meu cabelo esta levemente ondulado.
- Obrigada, vou indo – e tentei sair de novo, eu disse tentei porque o Potter me segurou de novo.
- Lily, pra onde vai? – perguntou.
- Para... algum lugar – respondi.
- A... sei... quer ficar longe de mim, não é? – disse triste e me soltou – Pode ir então.
Doeu ver aquela tristeza e mágoa na expressão dele.
- Não, não é nada disso – apressei-me em dizer – Eu gosto de ficar perto de você, mas... – Ups! Saiu antes que eu evitasse.
- Você gosta de ficar perto de mim? – perguntou surpreso e abriu um sorriso que me deixou até tonta. Você não pode gostar dele assim Lily! Tentei me convencer, mas eu sabia que era em vão. Faz seis meses que não consigo tirar essa maroto da minha cabeça.
- Bom... é – corei.
- Essa é nova. Então o que te trás aqui? – ele perguntou interessado.
- Vim com os meus pais – falei, já que só tinha ele que eu conheço aqui resolvi conversar um pouco, não ia fazer mal. – Uma coisa do trabalho dele. E você?
- Meus avós se mudaram para cá há dois anos procurando um lugar mais tranquilo por causa da guerra, e passo as férias de fim de ano aqui desde então.
- Hum... – olhei para a saída, eu queria ficar,mas sei que não devia.
- Pode ir se quiser, to acostumado com você fugindo de mim – ele disse isso com naturalidade. Ele acha que eu sou o que? Eu não vivo fugindo. E acho que queria ficar também. A parte racional da minha mente dizia ‘Cai fora’, mas a parte que dizia ‘Fica, fica, fica!’, venceu.
- Potter eu não sou do jeito que você me julga – falei.
- A é? E por que você acha que eu sou do jeito que você me julga? – revidou. Fiquei sem palavras por um momento.
- Eu sei como você é.
- Não, não sabe. Você sabe como eu era, mas não quer enxergar o que sou agora. - disse sério. Ele fica muuito fofo sério.
- Eu...
- Lily, me da uma chance vai. Eu não sou mais aquele garoto idiota e imaturo do quinto ano.
- Não é? Você é um maroto, não mudou nada.
- Não tem nada a ver, os marotos não estão mais tão crianças como antes, estamos mais responsáveis agora, quer ver a prova? Diga-me qual foi a ultima vez que eu fiquei em detenção?
- Bom.. foi na...
- Tem mais de três meses – disse vitorioso.
- Sério?
- É... e faz quase dois anos que eu não saiu com garota nenhuma. Sabe qual é o motivo? – perguntou se aproximando de mim e ficando bem perto agora. Engoli em seco e meu coração disparou.
- Qual? – eu disse baixinho.
- Você – sussurrou com o rosto próximo ao meu.
- Potter... – tentei argumentar, mas ele me interrompeu.
- Só por essa noite, Lily, tente ser menos racional. Deixe os seus sentimentos te guiarem.
- Hã?
- Eu estou te pedindo, se quiser eu imploro, só por hoje, o ultimo dia do ano, quando estamos longe de Hogwarts, ninguém vai saber mesmo. Deixe a monitora certinha de lado só por essa noite – pediu ele. Seus olhos brilhavam, ele estava sério e tão charmoso que eu não resisti.
- Por essa noite vou fazer o que meus sentimentos me mandarem fazer, mas só por essa noite. – concordei dando ênfase no só.
Tiago Potter abriu um enorme sorriso, o seu sorriso maroto e pegou minhas mãos as levando para o seu pescoço, depois ele segurou na minha cintura me puxando para mais perto como se estivéssemos abraçados. Eu gostei disso e muito.
Começamos a dançar uma musica lenta, mesmo que o tut tut ainda fosse a musica sendo tocada, eu não a ouvia, estava presa em meu próprio mundo.
Fiquei surpresa por ele não ter me beijado, sabe como é né? Eu achava que a primeira coisa que ele faria fosse isso.
Mas estava surpresa e encantada com o maroto que dançava comigo. E nem precisava me preocupar, não estamos em Hogwarts e ninguém que eu conheço vai saber mesmo.
- Acho que morri e fui para o céu – comentou Tiago sussurrando no meu ouvido, eu me arrepiei.
- Olhe o exagero, Potter – falei rindo.
- Lily, hoje é a noite que deixamos nossas diferenças para trás, me chame pelo primeiro nome. – pediu.
- Ok – suspirei – Olhe o exagero, Tiago.
Ele riu.
- Não é exagero, qual seria a outra explicação para eu estar dançando com um anjo?
Me derreti, ele estava sendo tão fofo.
- Anjo, eu?
- É, você é um anjo na minha vida, Lily – confessou. Suspirei de novo.
- Você não existe Tiago! – deixei escapar.
- Não?
- Não, acho que estou sonhando e tenho medo de acordar e encontrar com o Potter metido, arrogante e idiota de antes.
- Ele não existe mais, Lily. Se você quiser, ele não vai passar de uma vaga lembrança.
Afastei-me um pouco para olhá-lo nos olhos, ele estava sendo sincero. Realmente mudou. Como eu não notei antes? Como pude ser tão cega?
Desviei o olhar para os seus lábios, eles pareciam tão convidativos, tive o impulso de beijá-lo, mas consegui evitar. O que esta acontecendo comigo? Será isso é estar apaixonada? Estou tão confusa.
- Vem comigo, Lily. Quero te dar um pouco de diversão a moda marota hoje. – disse Tiago sorrindo e me puxando pelas mãos para fora da boate.
- Aonde vamos? – perguntei enquanto chegávamos perto da piscina. Ele parou.
- Que tal uma sobremesa? – perguntou o maroto com uma cara digna dos marotos.
- Sobremesa? – perguntei confusa – Mas o bar fica pra lá. Acho que vi comida também e...
- Sobremesa com emoção – disse e apontou para uma porta do outro lado da piscina, perto do salão de festas.
- Explique direito – pedi confusa. Ele apenas sorriu e disse:
- Vamos. Você já descobre. – e seguimos em direção da porta de mãos dadas.
Quando ficamos perto o bastante pude ler ‘Entrada permitida só para funcionários. Não entre!’
Acho que no fundo eu não fiquei surpresa por Tiago querer entrar em um lugar com os dizeres ‘não entre!’.
- Tiago! O que você ta aprontando? – perguntei desconfiada.
- Essa é a cozinha de onde saí o banquete da festa que seus pais estão. A comida daqui parece melhor que a nossa, não acha? – perguntou suuper maroto.
- Acho que é a mesma comida.
- E cadê a diversão, Lily? Hoje você vai ser uma marota, topa?
Olhei sem acreditar para o garoto a minha frente. Ser uma marota por uma noite?
- Topo! – afirmei.
- Essa foi fácil – disse surpreso, mas sorrindo – Achei que seria mais difícil te convencer.
- Hoje não – eu disse sorrindo cúmplice.
- Então vem – e fomos aproximando devagar e silenciosamente da porta.
Tiago abriu a porta com um cuidado bem grande e espiou lá dentro. A cozinha era enorme e moderna. Tinha três fileiras de mesas metálicas com fogões montados nelas e vários utensílios de cozinha. Tinha um cozinheiro lá na frente mexendo em uma panela funda que borbulhava, outro cozinheiro estava ao lado do primeiro cortando legumes e mais alguma coisa. E tinha um terceiro cozinheiro no fundo e de costas enfeitando um tipo de sobremesa indefinida por mim.
Tiago abaixou e fez sinal para eu fazer o mesmo. Andamos engatinhando para dentro da cozinha e nos escondemos detrás de uma das mesas metálicas onde não tinha ninguém por perto. Eu estava... ansiosa, não sei dizer exatamente a sensação estranha e legal ao mesmo tempo, aquela expectativa de ser pega ou não, ser vista ou não. A adrenalina estava correndo pelo meu sangue.
Seria meio cômico se eu visse essa cena de fora, eu engatinhando dentro da cozinha para pegar uma sobremesa, simplesmente patético. Mas estava sendo tão divertido.
Sentamos no chão e olhei para ele que me olhava divertido. Eu abri a boca para falar, mas Tiago fez um sinal de silencio e foi até a outra mesa metálica onde tinha umas vasilhas plásticas com algo dentro. O maroto ficou de pé e olhou atentamente para cada uma e com um sorriso escolheu uma que eu não vi o que tinha dentro, pegou uma colher de plástico (tinha um monte delas perto das sobremesas). Ele voltou ao meu lado e fez sinal para irmos embora.
Fui atrás dele então senti minha perna bater em alguma coisa que fez um barulho ecoar pela cozinha silenciosa.
- Que foi isso? – perguntou o cozinheiro que estava no fundo se virando e vindo em nossa direção.
Ops! Foi sem querer! Olhei apreensiva para o maroto. Ele me olhava como se dissesse ‘Amadores’.
- E agora? – falei apenas movimentando os lábios.
- Relaxa – sussurrou e tirou a varinha do bolso.
Sabe a adrenalina? Pois é ela estava voando pelas minhas veias agora, sem contar o embrulho no estômago.
Tiago fez um feitiço que derrubou uns talheres no fundo da cozinha fazendo com que o cozinheiro que vinha ao nosso encontro voltar aturdido para trás e ir checar o que aconteceu.
Senti Tiago me puxar para sair da cozinha, ele, ficando de pé, abriu a porta e eu me levantei e saí correndo dali. Escutei a porta fechar atrás de mim e o maroto dizer:
- Essa foi por pouco.
- Pouco? Quase nos viram! – exclamei e comecei a rir.
- Então o que achou da nossa pequena aventura? – perguntou sorrindo.
- Divertida – assumi – Ser uma marota até que é emocionante.
Ele riu.
- Vem – me chamou até uma daquelas cadeiras de tomar sol que fica na beira da piscina. Ele juntou duas para ficarem uma ao lado da outra. Deitou em uma e fez um sinal para eu deitar na outra. A cadeira de sol não estava totalmente deitada de forma que ficávamos sentados. Deitei e olhei para o céu escuro, que estava com uma lua crescente maravilhosa e a noite cheia de estralas.
- É linda não é? – falei me referindo a lua.
- O brilho dela não chega nem perto do brilho do seu sorriso. – disse Tiago bem próximo a mim.
De onde ele tira tanta coisa fofa pra dizer?
- Tiago, isso foi lindo – me derreti. E ao olhar para o lado vi o seu rosto próximo ao meu, eu queria me aproximar mais, acabar de vez com essa distancia.
- Feche os olhos – pediu.
- Quê?
- Feche os olhos e abra a boca. – disse sorrindo.
- Certo – falei desconfiada, mas fechei os olhos confiando nele e abri a boca.
Ele colocou uma colher com um doce na minha boca.
- O que é isso? – perguntei abrindo os olhos e sentindo o gosto maravilhoso da sobremesa.
- Bolo de chocolate com sorvete de creme – disse ele colocando uma colher na sua boca.
- Isso é bom – falei – Quero mais.
Ele sorriu e pegou mais uma colherada do doce e me deu.
Conversamos enquanto acabávamos com a sobremesa sobre assuntos variados. Era tão fácil conversar com ele. Mas aí o doce acabou e ficamos em silencio por um tempo admirando a noite e ouvindo o som da boate.
Eu estremeci, estava ficando frio.
- Frio? – perguntou me olhando.
- Um pouco – eu disse.
Ele levantou da sua cadeira e veio se deitar comigo na minha, ficamos abraçados.
- Melhor? – perguntou.
- Muito melhor – respondi corando e abraçando mais ele.
Então a musica parou e um coro começou a gritar.
- 10, 9, 8,7...
Tiago olhou para mim e eu para ele. Nossos rostos estavam muito próximos agora. Nossos olhares estavam fixos no outro e nossos lábios se aproximavam como magnetismo.
-... 6, 5, 4,3...
Meu coração batia tão rápido que podia quebra minha caixa torácica e sair pulando por ai. Eu queria beijá-lo, nunca quis tanto.
- ...2, 1, Feliz ano novo!!
Eu não ouvia mais nada, e quebrei a pouca distancia que nos separava.
Ficamos assim parados só sentindo os lábios unidos. Depois senti as mãos dele na minha cintura e joguei meus braços ao redor do seu pescoço. Ele me beijava com tanta doçura, tanto carinho que eu não sentia minhas pernas, me sentia literalmente nas nuvens.
Nos beijamos seguidas vezes, sem querer quebrar aquele momento único e perfeito. Os fogos de artifício estouraram deixando tudo ainda mais mágico.
- Lily – ele sussurrou entre um beijo e outro – Você não tem nem noção do quanto é importante para mim.
- Tiago... acho que estou apaixonada por você – confessei.
- Eu sempre tive certeza de estar apaixonado por você.
Começamos outro beijo e assim ficamos namorando e trocando palavras de amor. Mas lá no fundo a minha parte mais racional me lembrava do que eu disse ‘... mas só por essa noite’
##
- Quero te levar a um lugar – disse Tiago enquanto brincava com uma mecha do meu cabelo.
- Onde? – quis saber.
- Você verá – disse sorrindo e levantando da cadeira. Sentei, não sabia se queria ir, estava tão bom ficar ali com ele.
- Certo – levantei. – Que horas são?
- Uma e meia, tem hora pra chegar? – perguntou.
Pensei um pouco. Eu disse para os meus pais que chegaria esse horário, mas eles não estarão lá para saber.
- Não
- Ótimo, venha – e seguimos para fora do hotel.
- Tiago! Onde você está me levando?
- Relaxa. Lily. Você vai ver.
Fomos andando por uma rua iluminada com casas bonitas.
Tiago parou no meio da rua.
- Me dá a honra dessa dança? - perguntou fazendo uma reverencia. Eu ri.
- Claro – disse fazendo outra reverencia. – Mas não tem musica.
- E daí? – disse me puxando para perto e começamos a dançar uma valsa no meio da rua.
- Você é louco! – eu disse rindo.
- Louco por você. – disse rindo.
- Haha, então acho que também estou ficando louca – falei o puxando para um beijo.
- Espere aqui. – falou e foi até uma das casas onde tinha um jardim e pegou uma flor vermelha. – Uma flor para outra. – disse ele me entregando.
- Obrigada – falei colocando a flor no meu cabelo.
- Está linda – elogiou, eu apenas sorri. Ele me olhou mais um pouco até que seu olhar parou no meu pescoço, ele arregalou os olhos e com a ponta dos dedos tocou no colar que eu usava.
- Você... eu... o colar... mas... Você esta usando o colar que eu te dei! – exclamou surpreso.
- Bom... To né. – falei constrangida.
- Mas você não tinha jogado ele fora?
- Acabei o encontrando.
- Ainda tem a frase que eu escrevi ai? – perguntou curioso.
- Tem. “Você roubou meu coração...
-... Mas pode ficar que eu deixo” – completou rindo. - Frase boba.
- Acho fofa – eu disse. Ele apenas riu.
Andamos conversando e de mãos dadas pela rua até chegarmos à lagoa que eu vi quando cheguei à cidade. Ela estava mais bonita do que nunca, sua água era esverdeada, estava tudo iluminado, as arvores cheias de luzinhas e enfeites natalinos. Tinham vários casais deitados na grama olhando para o céu ou namorando.
- Isso parece mesmo um sonho – suspirei – E eu não quero acordar.
- A noite é uma criança, Lily. – disse ele.
Fomos até uma casinha bem pequena que tinha um pouco afastado da lagoa. Era uma daquelas casinhas de manutenção de jardim.
Tiago olhou para os dois lados antes de pegar a varinha e dizer o feitiço para destrancar portas.
- Tiago! – repreendi. – Isso é roubo.
- Que nada, eu vou devolver pela manha – disse ele tranquilo enquanto pegava uma toalha de piquenique. – Vamos.
Chegamos perto da lagoa onde ele estendeu a toalha e me puxou para sentar lá com ele. Deitamos abraçados sem dizer nada, só aproveitando a presença do outro.
Eu deitei em seu peito e ele começou a acariciar meus cabelos.
- Sabe Lily, queria que o tempo parasse agora. Queria que não tivéssemos que voltar para casa e ir para Hogwarts. Queria ficar assim com você para sempre. Mas não posso evitar o amanhecer. – disse calmamente e suspirou.
- Aproveite o agora, depois pensamos no depois. – falei tentando afastar a sensação de separação que eu senti. ‘... Ma só por essa noite’ minhas palavras ecoaram na minha mente.
- Ta arrependida?
- De quê?
- De tudo, de mim e você, de aceitar a maluquice que eu propus.
- De todas as decisões que eu já tomei, essa foi a que me deixou mais feliz. – disse de uma vez só, antes que eu me arrependesse.
- Acha que foi o destino? Nos juntar nessa festa?
- Acho, mas o destino gosta de pregar peças.
Ele ficou quieto.
- Lily... – ele ia dizer alguma coisa, mas não completou.
- O que? – perguntei curiosa e ansiosa.
- Quero um beijo – pediu. Mas sei que não era isso que ele ia falar.
Levantei a cabeça e o beijei, esse beijo foi mais forte, mais demorado. Quando ele acabou eu até fiquei tonta, mas iniciei o próximo beijo que levou ao próximo e ao próximo. Por fim acabei voltando a deitar no peito de Tiago.
Fique sonolenta, mas não queria ir embora, queria passar o resto da noite ao lado do meu maroto.
A respiração dele ficou mais leve e pesada, os seus braços estavam em volta de mim, então acabei adormecendo.
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- Lily, ruivinha. Acorde Lily – ouvi a voz mais linda do mundo me chamar e senti a claridade do sol em meus olhos. Claridade do sol? Abri os olhos notando que ainda estava deitada no peito de Tiago.
- Tiago? Que horas são? – perguntei sentando assustada.
- Calma, ta cedo ainda. São Cinco e meia. Queria que visse isso – disse também sentando e apontando para a lagoa.
Vi o sol aparecendo devagar e majestosamente com todo seu brilho e calor.
- O nascer do sol é famoso aqui – comentou me abraçando por atrás e beijando o meu pescoço.
- É mesmo lindo – concordei – Mas sei de alguém que é mais – e me virei de frente para ele a procura dos seus lábios que me encontraram urgentes.
- A noite chegou ao fim – disse Tiago melancólico. – Hora de ir.
- É... hora de voltar para a realidade. – concordei do mesmo modo.
- Te deixo no hotel, vamos. - ele me ajudou a ficar de pé.
Seguimos de mãos dadas até o hotel. Cada um perdido em pensamentos e lembranças.
- Chegamos. – disse o maroto.
- É.
- Então... só por uma noite não foi? – perguntou.
- Só por uma noite – repeti sentindo uma dor no peito.
- Então até Hogwarts – disse ele levando uma mão ao meu rosto e fazendo um carinho na minha bochecha, depois sua mão escorregou para o meu pescoço que ele puxou delicadamente para frente e demos o ultimo beijo naquela cidade.
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Comentários (1)
Ai que coisa mais linda, Almofadinhas! Xonei legal agora. Lily boba, para com isso!
2014-01-12