Capitulo 2

- Lily, Lily, Lílian!!

- O que? Onde? Como? – falei confusa.

- Onde você estava? No mundo da lua? – perguntou Lene.

Eu e a Emy fomos para a casa dela um dia antes de voltar para Hogwarts, íamos dormir lá e pegar o trem pela manhã.

- Você ta muito quieta desde que chegou – comentou Emy – o que aconteceu na sua viagem em?

- Ei! Aconteceu alguma coisa e você ta escondendo da gente? – disse Lene curiosa. – Conta, conta!

- Não foi nada...

- Foi sim, olha só para sua cara!

- Foi um garoto?

- Não, foi o garoto – resolvi confessar com os olhinhos brilhando.

- Eu sabia!

- Quem foi?

- É... um garoto lá da cidade, vocês não conhecem.- menti.

- Como ele é?

- Ele é lindo, fofo... perfeito! – falei.

- Que lindoo – disseram as duas.

- A Lily ta apaixonada! – cantarolou Marlene.

- Coitado do Potter – riu Emily.

Só a menção do nome dele fez meu coração acelerar.

- É... – e viajei nas lembranças.

Como seria amanhã?

Eu não posso ficar com ele. Eu sei disso, mas eu me apaixonei. O que devo fazer?

Pensei em me abrir com minhas amigas, mas deixei pra lá. Elas iam dizer sem duvidas para eu seguir o meu coração, mesmo sendo errado eu ficar com o Potter.

Eu vou pirar!!!

 ##

Ouvi o apito do trem dizendo que era hora de entrar, suspirei e senti aquela ansiedade abrir um buraco no meu estomago.

Entrei no trem, acompanhada das minhas amigas que não paravam de conversar nem por um segundo. Achamos uma cabine vaga, mas eu não pretendia ficar ali por muito tempo, afinal minhas amigas namoram dois dos marotos e eu não to afim de dar de cara com o Tia... Potter tão cedo.

Minha mão subiu automaticamente para o decote da minha blusa, escondida nela estava o colar com o pingente de coração. Eu toquei o colar por cima da blusa, como se assim eu pudesse me sentir próxima dele.

Levantei.

- Eu vou dar uma volta – disse para minhas amigas que me olharam desconfiada.

- Vai pra onde? – perguntou Emy.

- Sei lá, só andar por ai – falei saindo.

Andei sem rumo, apenas falando com quem falava comigo, minha mente estava longe. E foi assim que eu me esbarrei em alguém, meu coração acelerou. Olhei para quem tinha esbarrado em mim e me decepcionei ao mesmo tempo que foi um alivio ao encarar os olhos azuis de Sirius.

- Vai com calma Lily! – disse Sirius rindo.

- Sirius! – exclamei – É você.

- Não, é o papai Noel. – disse o engraçadinho. Revirei os olhos.

- Eu tenho que ir, tchau. – falei tentando passar por ele, afinal onde está Sirius Black pode estar Tiago Potter.

- Ei, ei. Que pressa é essa? Ta fugindo de quem? – perguntou fechando minha passagem. Droga!

- Fugindo? Eu não estou fugindo de ninguém. Parece que estou fugindo? – eu disse rápido demais. Ele me olhou com os olhos semi-cerrados e desconfiado. Foi ai que ele riu.

- Ele não esta aqui, relaxa. Eu só to indo ver a Lene – disse Sirius.

- Ele? Ele quem? Eu não falando de ninguém. Parece que eu to falando de alguém? – perguntei parecendo uma louca.

Sabe qual é o meu grande medo? Dar de cara com ele e não resistir.

         - Ei, calma aê, ta com cara de paranoica.

         - Paranoica, eu? Que ideia idiota e... sai daí Sirius! - mandei irritada, eu estava inquieta quase pulando no lugar. Não posso dar de cara com o Tiago, de jeito nenhum.

- O que aconteceu com vocês dois em? - perguntou desconfiado.

- Vocês quem? Parece que aconteceu alguma coisa entre eu e alguem? - exclamei. É, acho mesmo que estou ficando paranoica.

- Estranho – disse ele – Você e o Pontas se evitando... - murmurou ele. - Aconteceu alguma coisa entre vocês dois e eu vou descobrir, mas primeiro vou ver minha namorada antes que ela venha atras de mim louca de ciumes. - e saiu do meu caminho indo até a cabine onde estavam minhas amigas.

Andei mais um pouco pelo trem tentando digerir as palavras de Sirius. Como assim o Potter também está me evitando?

Uma parte de mim achou ótimo, afinal eu não teria que fugir dele. Mas outra parte de mim ficou chateada, o que aconteceu com ele para me evitar?

Droga! Eu acho que to ficando louca. Eu já disso isso não é? Outra prova da minha total falta de sanidade. E é tudo culpa do Potter.

Arrrgh!!!

 ##

Quando olhei para o castelo a minha frente me senti outra vez em casa, respirei fundo e entrei em uma das carruagens junto com Marlene, Emily, Sirius e Remo. É... nada do Potter até agora. Eu devia estar pulando de alegria, mas então porque eu estou tao chateada? Ele ainda não apareceu, o que isso significa? Será que eu sempre fui mesmo um desafio e não passei disso? Meu coração se apertou, ficou tao apertadinho que estava doendo bastante ao pensar nessa hipótese.

- Lily – chamou Lene – Chegamos.

Todos já tinha descido da carruagem só eu havia ficado. Eu to tao avoada hoje!

- O que você tem Lily? - perguntou Remo assim que eu desci da carruagem - Parece que você não estava conosco toda a viagem, não só agora, no trem também.

- É Lily, o que ta pegando? - disse Sirius sugestivo. Todos os quatro me encararam interrogativos.

- Na-nada – gaguejei tentada a falar a verdade.

- E cade o Pontas? - perguntou Remo para Sirius.

- Ele disse que ia com o Rabicho na outra carruagem – disse Sirius, mas ele ainda olhava para mim, como se tentando ver minhas reações.

Droga! Não posso deixar ele descobrir!

- Vamos – chamei eles e segui para o castelo.

 ##

Ao passar pela grande pota do Salão principal meus olhos percorreram toda a mesa da Grifinoria a procura de uma cabeça com cabelos escuros e bagunçados. E o encontrei conversando com Pedro e com uma garota loira bem...am... como dizer? Oferecida total, para não falar coisa pior. Aquilo me irritou e vai por mim eu não uma pessoa agradável quando fico irritada.

Remo e Sirius foram se encontrar com os outros marotos e eu Lene e Emy fomos nos sentar um pouco longe deles. No caminho para o lugar onde eu fui me sentar evitei olhar para traz e encarar o olhar estranho que o Potter me lançou.

O jantar passou normalmente. Quem eu quero enganar? Eu estava ansiosa e com a imaginação a mil. O que ta acontecendo entre eu e ele afinal? Aquele garoto realmente esta me deixando louca!! Eu quero gritar! Ah!

Depois do jantar seguimos para o Salao Comunal com os marotos em nosso encalço. Foi estranho. Quer ver? Olha só:

- Oi meninas! - disse Potter sorrindo.

- Oi! - respondemos em coro. Ele olhou para mim e seu sorriso aumentou. Olhei para ele e dei um sorrizinho sem graça.

- Então como foram de feriado? - perguntou displicente, mas seu olhar caiu em mim com um pouco de expectativas.

- Não foi ruim – disse Lene.

- Até que foi bem bom! - disse Emy.

- É, mas o da Lily com certeza foi maravilhoso. - disse Lene com um sorriso malicioso.

Senti minhas bochechas pegarem fogo enquanto vi Tiago Potter levantar as sobrancelhas divertido e segurando para não rir. Sirius acompanhava a conversa com um olhar analisador, como se esperasse desvendar algum enigma e estivesse a procura de pistas.

- Então... suas férias foram boas? - perguntou para mim sorrindo abertamente e estupidamente lindo.

- É... até que deu pro gasto – falei, ele fez uma careta, mas se recompôs depressa.

- O meu foi surpreendente! - disse ele contente.

Olhei alarmada para Sirius que olhava de mim para o Potter como se uma luz estivesse se ascendendo. Oh não!

- Eu... vou pro dormitório. Tchau pra vocês – falei depressa quando chegamos ao quadro da mulher gorda e depois da senha dita corri para o meu quarto deixando todos confusos.

 ##

- Lene!! Emy!!! Acordem!! - gritei.

Elas deram um pulo da cama e me olharam furiosas e sonolentas.

- Lilian!! - exclamaram totalmente irritadas.

- Meu nome! - eu disse rindo da cara das duas enquanto começava a pentear meus cabelos.

- Você tava pensando o que em?

- Que ideia foi essa de nos acordar aos gritos?

- É para vocês aprenderem a não ficar namorando até tarde no salao comunal - falei rindo.

Elas fecharam a cara e Lene me jogou um travesseiro, que eu desvie rindo delas. então em meio a palavrões e reclamações elas se levantaram para se arrumarem para as aulas.

Olhei impaciente no relógio e já eram quinze pras oito, elas tão demorando demais.

- Eu vejo vocês lá em baixo! - gritei para as duas que responderam um ok, desci as escadas cantarolando. Nem sei o motivo dessa minha felicidade toda, mas eu to muito feliz xD.

Então meu sorriso se desfez automaticamente ao encarar os olhos azuis de um certo maroto. É você ouviu bem os olhos são azuis!

- Bom dia Lily! - disse Sirius Black com um sorriso sinistro.

- Bom dia – falei, tentando ser natural.

- Então... como foi a noite? - perguntou, aquele sorriso ta me assustando.

- Fala logo o que você quer! - exclamei na lata. O sorriso sinistro aumentou. Oh God!

- Quero saber o que aconteceu nas suas férias, sendo mais especifico, na sua viagem para uma pequena cidade em Londres. - disse com aquele ar de 'eu sei de tudo, muahahaha!'

- Lá? Nada... quer dizer nada de mais... O que você sabe? - fui direta.

- Não sei muito... ainda... - disse misterioso.

- Fala! - exigi

- O Pontas tem algo a ver com isso não tem? - disse sorrindo malicioso, odeio esse sorriso dele.

- Quer saber? Isso não é da sua conta! - exclamei irritada. Foi-se meu dia feliz.

Ele riu e ainda estava rindo quando eu passei pelo retrato da mulher gorda, e ainda estava rindo quando disse:

- Eu vou descobrir Lily, nada fica escondido de Sirius Black!

Ahhh!! Eu odeio o Sirius! Tudo bem que ele é meu amigo e tudo, mas tem que parar com essa mania de se meter na vida dos outros.

Segui furiosa para o Salao principal.

Sentei em um parte do banco e peguei umas torradas para não desmaiar de fome. Eu estava tao irritada com o Sirius que nem notei quando alguem se sentou ao meu lado no banco.

- Bom dia Lily! - congelei, meu coração disparou só ao ouvir sua voz. Tiago Potter estava sentado ao meu lado.

- Bom dia – falei rápido, e me senti corar. Porcaria!

Ficamos em silencio por um momento.

- Como tem passado? - perguntou ele.

- Até que bem... - tirando o fato de não tirar você da minha cabeça... - E você?

- Mais ou menos, mas acho que se repetirmos a dose daquela noite vou ficar ótimo! - disse sorrindo e piscando para mim.

Minhas bochechas queimaram, de novo.

- Potter!- reclamei – não diga essas coisas ta legal? - falei, ou então eu posso acabar aceitando.

- Potter? Achei que essa formalidade tinha ficado para traz – disse sorridente ainda.

- Está errado. - eu disse séria – você não entendeu mesmo não é?

- Entendi o que? - perguntou confuso.

- Aquela noite foi uma só, acabou, the end – falei friamente, mas ele continuava sorrindo.

- Eu sei, mas me chamar de Tiago não vai fazer mal, vai? - disse divertido.

Qual o problema dele? Como leva tudo tao na boa? Eu fui mesmo um desafio que perdeu a graça. Levantei da mesa.

- Vai, vai sim – murmurei sentindo uma coisa estranha na boca do estomago. Antes de sair ainda vi o olhar confuso dele.

Senti vontade de chorar, eu não devia ter me entregado aos meus sentimentos aquela noite, foi um erro irreversível. Merda! Mil vezes merda!

Eu não vou chorar, não vou.

Fui para minha aula chegando mais cedo, fiquei lá sentada pensando na idiota que eu fui ao me deixar levar.

Eu deveria saber, nossos atos geram consequências. Eu não vou mais beijar Tiago Potter, fato. Essa vai ser minha regra de agora em diante, não beijar mais Tiago Potter, um lema que deve ser mantido.

 ##

O dia se arrastou e o Potter estava meio que me evitando. Meu coração estava doendo, não sei como descrever essa dor.

Ele me disse tanta coisa fofa e linda, disse que se apaixonou por mim, disse que eu era um anjo. Tudo mentira. Tudo isso para me enganar, só para ter mais uma conquista em sua coleção.

Suspirei, e lembrei da hora que estávamos deitados na toalha de piquenique, eu queria mesmo que ele tivesse parado o tempo naquele momento, que não amanhecesse, só para eu não sentir tamanha decepção.

Lene e Emy tentaram me convencer a ir para o jantar, mas eu disse que estava sem fome, elas me olharam desconfiadas e foram me deixando no salao comunal.

- Olha quem esta aqui, a paranoica cheia de segredos em pessoa – ouvi a voz de Sirius atras de mim, eu estava deitada no sofá olhando para a lareira e me afundando em lembranças quando ele me interrompeu.

- Me deixa! - exclamei.

- Nossa que grosseria, futura cunhadinha – disse o idiota sorrindo e ficando na minha frente tapando a minha visão da lareira.

- Futura o que?

- Eu e o Tiago nos consideramos irmãos então... - disse ele dando de ombros.

- Fala sério! Sai daqui Sirius! Eu não to com saco para você agora.

Ele deve ter notado que tinha algo de errado comigo porque abaixou e sentou no chão ao lado do sofá que eu estava.

- O que aconteceu Lily? - perguntou sério e preocupado.

- Nada – falei e fechei os olhos sentindo uma lagrima me escapar.

- Como nada?Lily você esta... chorando? - perguntou assustado.

- Não, eu to ótima! - revidei, mas ao abrir os olhos o vi me encarando.

- Foi o Tiago não foi? - falou, meu coração acelerou quando ele disse o nome do Potter – O que ele fez dessa vez?

- Nada! - gritei sentando no sofá.

- Lily, pode confiar em mim.- disse Sirius e quando eu encarei seus olhos absurdamente azuis eu vi sinceridade.

- Tudo bem... - dei-me por vencida e acabei desabafando tudo, tudo mesmo, acho que aquele segredo estava me matando, eu acabaria explodindo qualquer hora. Depois que eu terminei de contar o que aconteceu mesmo naquela cidade que eu nem sei o nome Sirius apenas me encarava, ele não riu da minha cara como pensei que fosse fazer, não, ele me olhava sério e pensativo.

- Então você gosta dele – não foi uma pergunta, ele sabia.

- Gosto – falei baixinho e por fim deixei o resto da lagrimas que eu segurava rolarem. - E eu achava que ele também gostava de mim,mas... eu não sei mais de nada Sirius. Ele tem me evitado, a-acho que não passei mesmo de um desafio.

- Não é verdade – disse ele seguro – No começo sim, fui até eu que apostei com ele – confessou rindo – Mas como não te conseguiu ele ficou obcecado,tinha que te ter de qualquer jeito. Eu até disse para ele desistir, mas não, ele queria você a qualquer custo. Então um dia ele tava praticamente pirando com tudo quando o Remo disse que ele estava apaixonado por você. Na hora ele riu, é claro, mas nem dois dias depois estava dizendo que era a mais pura verdade, que ele acabou se apaixonando.

- Sério? - pergunto, mas as lagrimas já diminuíram.

- Sério – assegurou-me – Então... quando vocês vão ficar juntos hã? Vai lá até ele agora, acho que ele deve estar no jantar...

- Ei! Eu não vou atras dele – digo.

- Não? Então quer que eu o chame pra...

- Não vamos ficar juntos Sirius! Eu e o Potter, não podemos ficar juntos. - garanto. Ele me olhou confuso e riu.

- Você só pode ta brincando comigo, depois de toda essa cena você me diz isso? - exclamou ele chocado.

- Bom... é... eu disse que gostava dele, não que íamos ficar juntos.

- Por que?

- Porque... não podemos.

- Não podem? De onde você tirou essa maluquice?

- Da minha cabeça e não é maluquice!

- Isso pra você é o que então? - perguntou sarcástico.

- Uma regra – falei, ele caiu na gargalhada.

- Fala sério, Lily!!! - exclamou em meio aos risos. - Que tipo de regra é essa?

- É coisa minha e pare de rir! - gritei com raiva. Ele olhou para mim risonho.

- Certas regras devem ser quebradas – disse ele – Pense assim: se for por um bem maior vale a pena não é? Se for pela sua felicidade, não importam as regras!

- Mas...

- Apenas pense nisso ok? - disse se levantando, ele deu um beijo na minha testa e completou – Vou pro jantar agora, antes que sua amiga me mate achando que eu estava agarrando outra garota por aí.

- Sirius! - chamei quando ele já estava passando pelo retrato, ele se virou para me olhar – Obrigada.

- Sempre que precisar pode contar comigo – disse sorrindo e eu sorri de volta.

Eu com certeza nunca imaginei ter uma relação tao amigável com Sirius Black e agora é que a fala do Potter fez realmente sentido pra mim, os marotos amadureceram mesmo.

Subi para o quarto me joguei na cama, não pensei em nada só fechei os olhos e acabei dormindo.

 ##

Um barulho parecido com o motor de um carro me acordou, além da sensação de enjoou. Levantei da cama e notei que ainda estava com roupas normais e não com o pijama, estava totalmente escuro e todas a minha colegas de quarto estavam dormindo, que horas são afinal?

Olhei no relógio encima da mesinha de cabeceira e vi que eram 23:00. Minha barriga roncou mais uma vez. Droga! Eu to morrendo de fome!

Andei na pona dos pés até a porta e passei pelo salão comunal, vazio, abri a porta do retrato e foi quando me vi em total escuridão. Engoli em seco, eu não gosto do escuro, ele me faz imaginar coisas que me deixam assustada.

Olhei para os dois lados e acendi a varinha, comecei a caminhar cautelosamente, ouvi um estalo e disparei pelo corredor, correndo que nem louca. E se eu desse de cara com um zumbi? Ou, sei lá, com uma formiga gigante, ou uma assombração, ou talvez um assassino psicopata que vai me matar com um facão enferrujado?

Ouvi passos apressados e então me choquei com alguem, o grito ficou preso em minha garganta e doeu muito quando minhas costas se chocaram com o chão.

- Ai!

- Shii! - disse uma voz perto de mim e o dono dessa voz se levantou me levantando também e me puxou pelo braço.

Oh God! Será que é mesmo um louco psicopata? Ou um zumbi? Acho que eu vou gritar. Mas antes que eu tivesse a chance de sequer pensar a pessoa abriu uma porta e entrou me levando junto.

- O que...

Mas aí tinham mãos cobrindo a minha boca me impedindo de falar qualquer coisa, eu já estava me preparando para dar um soco na barriga de quem quer que fosse quando... ouvi passos e congelei no lugar.

Os passos estavam apressador e depois lentos, como se fosse uma brincadeira de esconde-esconde e a pessoa de lá de fora estivesse procurando. Depois os passos seguiram em frente e eu respirei aliviada, mas me lembrei que tinha alguem ali comigo e pisei o mais forte que consegui no pé da criatura.

- Aaaiii!! Lily!! - exclamou tirando a mão da minha boca, então reconheci a voz.

- Potter!!! - exclamei surpresa e meu coração foi a mil.

- Oi ruivinha – disse ele - Lumus

Finalmente pude ver onde estava e sinceramente eu preferia não ter visto. Era um armário de material de limpeza com baldes, vassouras e esfregões. Olhei para o garoto a minha frente e estávamos bem próximos pela falta de espaço.

- O que foi isso? - perguntei tentando disfarçar minha pulsação descontrolada.

- Filch nos pegaria fora da cama e você não ta afim de uma detenção não é? - disse ele sorrindo maroto.

- O que faz fora da cama, Potter? - perguntei.

- O que você faz fora da cama, monitora? - ele falou me olhando desconfiado.

- Isso realmente não é da sua conta! - exclamei.

- Ok! - disse ele – Se não quer dizer, beleza.

Aff!!

- Ótimo e tchau! - eu disse abrindo a porta e...

- O que você fez com a porta?? - quase gritei forçando a maçaneta para abrir, mas ela nem se moveu.

- Quê que aconteceu com a porta? - perguntou ele confuso tentado abrir a porta inutilmente.

- Você é um idiota! - exclamei ficando furiosa.

- Lily, eu realmente não tenho nada a ver com isso! - disse na defensiva.

- Haha, faça-me rir! - ironizei. - Isso é bem a sua cara!

- Ei! Não fui eu ta legal? - disse ele irritado comigo, comigo?

- Foi sim, quem mais poderia ser?

- Hum... você, eu não sou o único aqui, sabe?

- Eu? E que motivos eu teria para fazer isso?

- E que motivos eu teria para fazer isso?

Por um instante eu fiquei estática. Ele teria motivos se ainda gostasse de mim quanto disse que gostava, encostei-me na parede e encarei o chão.

Ficamos em silencio por um tempo, eu processava o que abara de ouvir e tirava minhas conclusões. Tiago Potter não gostava mesmo de mim, era só um truque de conquista, todas aquelas palavras, todos os beijos, uma mera conquista. Eu fui mais uma pra ele.

- Lilian! - o ouvi me chamando. - Acorda!

- Que? - falei atordoada sentindo meu estomago embrulhar.

- O que foi? - perguntou.

- Nada – falei, mas minha voz falhou um pouco.

- Lily. Olhe pra mim – pediu.

Eu neguei com a cabeça enquanto lutava mais uma vez contra as lagrimas.

- Lilian – ele disse sussurrando perto do meu rosto. - Por favor – pediu.

- Para com isso – pedi sentindo minha voz falhar mais uma vez.

- Ei... meu anjo – disse sorrindo torto e levantando delicadamente meu rosto com a ponta dos dedos. Senti uma coisa boa ao ouvi-lo dizer meu anjo, foi como se aqueles momentos na beira da piscina estivessem de volta. As lagrimas finalmente rolaram.

- Porque você esta fazendo isso comigo? - perguntei com a voz embargada.

- Você esta chorando? - exclamou surpreso e assustado.

Aff!! Porque os homens morrem de medo de lagrimas? O que tem de aterrorizante em chorar um pouco?

- Potter... porque você fez isso comigo em? - perguntei com força e o encarando

- Fiz o que?

- Roubou meu coração e depois o deixou em pedaços? - falei sem saber de onde vieram essas palavras.

Ele me encarou abismado.

- Como assim?

- Se era tudo um jogo, porque disse aquilo tudo pra mim? - eu disse na lata.

- Jogo? Do que você ta falando?

- Daquela maldita noite! - explodi.

Então ele entendeu.

- Nada daquilo foi um jogo, de onde você tirou esse absurdo?

- Eu sei Tiago, não precisa mentir. - falei,magoada.

- Lily, eu nunca fui tao sincero na minha vida! - disse segurando meu rosto entre suas mãos, que eram bem quentes.

Eu desvie meus olhos dos dele.

- Por que fez isso comigo? Valeu a pena ter ganho um desafio e brincar com os meus sentimentos?

- O que é isso, Lilian?

- Tiago você esta me evitando – falei – Com certeza já passou aquela fixação maluca que você sentia por mim.

- Bom... eu... ta eu sei que to te evitando, mas os motivos estão bem longes de ser o que você pensa.

- Ah é? E que outros motivos se tem para evitar uma pessoa? A não ser que não a queira por perto?

- Talvez seja porque eu não consigo ficar tanto tempo perto de você sem que tenha vontade de te puxar para um beijo, ou sem que tenha vontade de te abraçar, te sentir perto de mim. Talvez eu te evite com medo da dor da nossa distancia piorar ainda mais. - desabafou de uma vez só, mas eu entendi cada palavrinha.

- É verdade? Você não se cansou de mim? - perguntei o fitando.

- É claro que não, Lily! - disse de forma descontraída. - Eu já disse que te amo, jamais me cansaria de você, ruiva.

Eu o puxei para um abraço e enterrei meu rosto em seu ombro, inspirei fundo sentindo o seu perfume me embriagar.

Ele deslizou as mãos pelo meu cabelo.

- É muito bom ouvir isso – sussurrei – Eu também te amo.

Ele se afastou um pouco e me encarou.

- Mas mesmo assim acha que não podemos ficar juntos não é? - disse magoado.

- Não, acho que não podemos ficar juntos – respondi a afirmação dele (?)

- Certo... mas, Lily, a vida é única, e o tempo passa bem depressa, não acha que deve decidir o que são suas prioridades? - falou sério.

            - Tiago... somos tao diferentes. O que pensariam...

            - Esta preocupada com o que as pessoas vão pensar? - exclamou incrédulo.

- É... bom... não é exatamente isso e....

- Lilian, a vida é sua, ninguém vai vive-la por você, ninguém vai se preocupar com o que você pensa se quiserem fazer algo. Fala sério, ruivinha!

Dava para notar que ele estava ficando furioso e aquele armário estava ficando menor ou será nós dois que ficamos mais próximos?

Abaixei os olhos para os meus sapatos.

- Tenho que ir – eu disse, então rodei a maçaneta e, por milagre, ela abriu, empurrei a porta e corri para o mais longe que pude deixando um Tiago Potter furioso e surpreso.

Minha cabeça martelava, as duvidas me envolviam e eu estava me sentindo mais perdida que nunca. Meu pés me guiaram para a cozinha ( ou será que foi o meu estomago?) e eu me vi fazendo cócegas na pera que abriu a passagem, os elfos devem estar dormindo, pois eu nunca vi essa cozinha tao quieta, mas ela estava bem iluminada. Arranjei alguma coisa pra comer e fiquei ali pensando em tudo que eu ouvi hoje.

Será que devo mesmo para de ser tao medrosa? Afinal eu sou uma Grifinória ou não sou? Devo lutar contra todos os meu preconceitos e ser feliz ao lado do cara mais errado e mais perfeito pra mim?

Quem vê a situação de longe deve me achar uma idiota por não esquecer tudo e correr para os braços do amado, mas o caso é que: quando essa situação é com você as coisas são diferentes.

Depois do lanche a meia noite voltei correndo para o retrato da mulher gorda, eu realmente odeio o escuro. Fataço!

Coloquei meu pijama e me meti no meio do edredom, fechei os olhos, mas não dormi tao cedo, fique com as palavras de Tiago na cabeça de maneira que não me deixaram em paz. Eu tinha que tomar uma decisão, a decisão que mudaria tudo, e rápido.

 ##

- Deixa eu ver se eu entendi – disse Emy me encarando – Tiago Potter é o cara misterioso que você beijou na festa de fim de ano.

- É, então você percebeu que realmente gosta dele – continuou Lene.

- E agora tem certeza que ele é louquinho por você...

- Mas mesmo assim não quer ficar com ele?

Eu assenti.

- Você é muito burra! - explodiu Emily.

- Ou masoquista! - completou Marlene.

- Eu não sei o que fazer! - gritei e afundei o rosto no travesseiro, meio que tentava me asfixiar achando que a falta de oxigênio me fizesse parar de pensar no Tiago pelo menos um pouquinho.

- Vai atras dele! - gritaram as duas.

Levantei o rosto em busca de ar e olhei para as meninas.

- Vocês não entendem! Eu não posso ficar com ele!

- Por que? - quis saber Emily confusa.

- Porque é errado!

- Errado é conter o que você esta sentindo! - disse Marlene.

- Arrgh! - virei de barriga pra cima na cama encarando o teto e acho que eu to ficando maluca, poi acabei de ver os olhos castanhos esverdeados do Tiago ali no teto branco.

- Lily, ninguém vai te julgar por estar com quem você ama. - disse Lene bem melosa.

- E que se danem os outros! - exclamou Emy – O que importa é sua felicidade.

Já escutei isso umas mil vezes desde a hora que eu resolvi contar para elas o que estava acontecendo comigo. Acordei tao desesperada que despejei tudo encima delas logo depois do café da manha e acabamos matando a primeira e segunda aula por causa disso. E é tudo culpa do Potter!!!

- Lily, você esta sendo uma grande idiota! - disse Emily pela... sei lá, decima vez só em uma hora.

- Eu sei – concordei cansada.

- Precisa falar com ele – disse Lene.

- Eu sei – repeti.

- E logo

- Daqui a pouco vai ser o almoço, porque você não fica aqui um pouco pensando e eu e a Emily vamos para a aula dar alguma desculpa da nossa falta? - sugeriu Marlene.

Eu só assenti derrotada.

- Sei que vai saber o que é certo, Lily – Emy disse antes de sair com Marlene me deixando só do dormitório sendo dilacerada pelas dúvidas.

Olhei para a janela encarando as primeiras gotas de chuva que caiam da grande massa cinzenta de nuvens do céu.

E as lembranças de todos os anos na escola se passaram pela minha mente.

Lembro de mim e do Tiago brigando no primeiro ano, de nós dois duelando no segundo, lembro que no terceiro ele me desafiou a montar em um hipogrifo (e eu montei), depois nós nos afastamos um pouco e nesse meio tempo ele virou O cara da escola, aquele cara que pegava todas as garotas. Aí chegamos no quinto ano quando ele veio dar em cima de mim, me convidando para sair e desde então seguiram-se uma sequencia foras dados por mim nele, mas ele não desistiu. E por fim as lembranças daquela festa.

Tudo isso me prendeu no quarto, me fez pensar e chegar a uma pergunta. Eu viveria feliz sem Tiago Potter na minha vida? Sem essa pessoa que meche tanto com os meus sentimentos? E cheguei a uma resposta que mudou tudo. Não, eu não conseguiria ter uma vida feliz sem ele na minha vida.

E minha decisão foi finalmente tomada.

 ##

- Cadê ele? - perguntei ofegante pela corrida até o Salao Principal, já estavam quase no fim do almoço, mas eu não estava com fome.

Lene, Emy, Remo, Sirius e Pedro me olharam confusos.

- Cadê quem? - quis saber Remo.

- O Tiago! - exclamei respirando rápido demais. Remo e Pedro me olharam confusos, mas os outros três abriram um sorriso.

- Ele saiu, Lily – disse Sirius. - Deve estar no campo de Quadribol.

Um trovão me assustou enquanto a chuva despencava fortemente do céu.

- No campo?!!

- É, mas, Lily, ta chovendo muito e... Lily!!! - ignorei os chamados de Marlene e Emily que me gritavam para voltar. Quer saber? Que se dane a chuva!!

Abri afobada as portas da entrada do castelo e disparei pelos jardins que estavam ensopados sentindo as enormes e geladas gotas de chuva caírem sobre o meu corpo e logo me vi encharcada e tremula de frio. Mas eu não podia parar, eu não iria parar até encontra-lo.

Parei de correr quando avistei o campo de Quadribol crescer a minha frente. E fui andando até o centro do campo onde tinha uma vassoura largada no chão ao lado do seu dono estirado na grama.

- Tiago!! - gritei tentando fazer minha voz ser ouvida acima do barulho da tempestade que ficava cada vez pior acima da minha cabeça.

Ele se sentou na grama e me encarou com os olhos semi-cerrados como se não estivesse enxergando direito. Tinha uma grande distancia entre nós que eu quebrava a cada passo.

- Lily??!! - o ouvi gritar.

- Sou eu mesma!! - gritei e sorri.

- Vá embora! - gritou de volta e se jogou para traz deitando na grama outra vez.

Senti como se um tapa tivesse me acertado no rosto quando as suas palavras chegaram aos meus ouvidos. Fiquei tentada a voltar, mas não faria isso, ah não. Eu chegaria até o fim e era agora.

- Não! - gritei para ele – Eu não vou mesmo!

Andei um pouco mais rápido sentindo os meus sapatos se afundarem na lama, evitei olhar para o estado das minha roupas, mas eu sei que estava molhada até a alma e suja de lama do joelhos para baixo, meus cabelos estava grudados na minha cabeça e no meu rosto.

- O que quer comigo? - gritou ainda deitado encarando o céu de olhos fechados (?)

- Só conversar!

- Não quero conversar com você, não agora!

Senti uma dor no peito e mais uma vez a vontade de ir embora, mas eu já estava decidida e não iria a lugar nenhum que não fosse em frente.

- Tiago!! - gritei seu nome outra vez, ele nem se mexeu.

Eu estava mais próxima agora, podia vê-lo melhor através da chuva.

- Ei! Tiago Potter, você vai ter que me ouvir! - gritei mais alto.

Ele se levantou e ficou de frente para mim.

- O que é? - gritou furioso me encarando com os olhos em brasa.

Recuei um pouco mas tentei me manter firme.

- E-eu... - gaguejei tentando pensar por onde começar. Abaixei a cabeça sentindo aquele vontade chata de chorar, um bolo na garganta. - Desculpe. - sussurrei. Ele deve ter escutado porque se aproximou mais de mim ficando perto o bastante para ouvir tudo o que eu tinha a dizer.

- Estou ouvindo – disse frio.

- Eu estou tao confusa! - assumi como uma criança e senti meus olhos marejarem e depois, gotas salgadas rolarem pela minha bochecha.

Ele suspirou e acho que cedeu, parou com toda a frieza que estava me tratando e me abraçou delicadamente.

- É normal, Lily, mas não pode adiar tanto a decisão. - falou calmamente enquanto alisava meu cabelo molhado com as mãos. Naquele abraço me senti mais quente e mais corajosa para falar.

- Tiago eu amo você, amo como nunca amei ninguém, mas somos muito diferentes.

- Nem tanto – disse ele sorrindo – Nós dois somos cabeças-duras e orgulhosos, nós dois achamos que temos o dever de proteger quem gostamos e nós dois nunca sentimos uma coisa tao forte como essa por alguem. Somos bem parecidos no fim das contas.

Fiquei sem dizer nada apenas o apertei mais no abraço.

- E nós dois estamos confusos sobre o que devemos fazer. Mas a diferença é que eu gosto de correr riscos, não tenho medo do desconhecido enquanto você fica apreensiva.

- Esta me chamando de covarde? - perguntei me afastando para encara-lo.

- Covarde não, cautelosa. Você tem medo de se envolver e depois acabar se machucando. Eu entendo isso perfeitamente. Mas a vida é feita de riscos. As vezes devemos quebrar algumas regras em busca de emoções fortes. - disse ele me encarando profundamente.

Engoli em seco, Sirius deve ter comentado com ele a coisa sobre a regra que eu estabeleci entre nós. Corei constrangida. Ele acariciou meu rosto com ternura.

- Que tal ser uma marota outra vez? - sugeriu com os olhos brilhando – Te ofereço fortes emoções em troca de esquecer essa maluquice que você criou na sua mente.

É, Sirius falou mesmo com ele.

Ser uma marota por um momento naquela noite foi divertido e realmente emocionante. O que eu deveria escolher? Devo arriscar?

Ele abaixou a mão do meu rosto e me olhava esperando uma resposta.

Nós não deveríamos ficar juntos e eu nunca mais beijaria Tiago Potter, essa era minha regra, a regra que eu estabelecera na minha mente.

Quer saber? Que se danem as regras!

Levei minha mão até o rosto dele e deslizei meus dedos pelo seu maxilar, ele fechou os olhos, depois minhas mãos foram automaticamente para ao redor do seu pescoço, eu aproximei meu rosto do dele e antes de beija-lo, antes de firmar a minha decisão eu disse sussurrando com nossos lábios próximos:

- Então... considere-me uma marota. - e o beijei.

Aquele beijo tinha gosto de saudade, e também de chuva e um pouco de lama, mas eu nem prestei atenção a isso, só sentia uma onda de calor subir pelo meu corpo e me livrar do frio, mesmo que a chuva fria ainda acertasse nossos corpos.

Com a minha atitude maluca e impensada, de correr por uma tempestade em pleno inverno, eu acabei pegando um resfriado, mas eu não tava nem aí!

Afinal, tem certas regras que devem ser quebradas. E qual seria a graça da vida se não corrêssemos riscos? Nenhuma, realmente não teria nenhuma graça.


*Fim*


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