Four
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I run for bubblegum
Ele estourou aquela bola de novo, fazendo os meus nervos pulsarem, irritada.
Olhei para ele de esgoela, mas ele só fitava a janela, distraído, inclinado na cadeira que tinha apenas dois pés no chão.
Ô garoto medonho.
Aquela boca carnuda se mexia pra mastigar a goma de mascar, que cheirava fortemente a uva. E de vez em quando ele lambia a boca avermelhada, apetitosa, colocando açúcar nela sem querer.
Potter começou a mascar o chiclete com a boca aberta, me estressando intensamente. Me imaginei enfiando agulhas nos olhos dele bem devagarzinho, uma a uma...
-Senhorita Evans? – McGonagal me chamou e eu fiquei pasma. Hãn? Nunca me chamavam. – Senhorita Evans, a senhorita poderia me dizer do que eu estava falando? – Eu engoli em seco.
Eu tinha desenhado o Potter, eu e as agulhas no meu pergaminho, mas não anotara nada. Me distraíra tanto com a raiva do chiclete do Potter que não prestara atenção em nada a não ser nele.
E agora estava ferrada.
- Como eu imaginei – McGonagal falou e eu senti o meu sangue gelar, em pânico. Será que ele iria... – Pode sair desta aula, senhorita Evans. Já não é a primeira vez que não presta atenção nas minhas aulas – E essa é uma grande mentira, professora.
Obviamente eu não disse aquilo.
-E a senhorita agora deve sair da sala.
-O que?
O que?
-A Lil... A Evans é uma ótima aluna, professora. Perdoe-a dessa vez, por favor – Potter levantou-se e conversou com a professora, que avaliou a situação. – Ela faz isso uma vez a cada mil anos, não precisará se preocupar com isso acontecer de novo, a senhora sabe disso.
McGonagal considerou e fez um gesto com a mão, deixando para lá e voltando a dar aulas.
Ok, eu estava pasma. Potter conversou com McGonagal para eu poder ficar na sala mesmo eu não prestando atenção na aula, correndo o risco de ser expulso de sala também. Mas, também, pra ele não fazia diferença.
-Lily – Ele sussurrou, já que sentava atrás de mim – O que houve? Você nunca se destrai – A professora saiu de sala acompanhada por Slugorn, que a chamou para uma conversa rápida, enquanto o resto do pessoal fazia o exercício.
Eu bufei.
-Sua culpa – Falei, mas ele permaneceu quieto. – E desse chiclete maldito.
-O que ele fez? – Ele disse e eu não hesitei em dizer a razão verdadeira.
-Ele me faz pensar na sua boca – Disse e ele ficou repentinamente estupefato. – Aliás, eu não consigo parar de pensar nela desde a história do cupcake. Aquilo foi cruel – Explodi, vendo ele mascar hipnoticamente aquele chiclete maldito de uva.
Potter sorriu e passou a mão pelos cabelos, mascando o chiclete mais devagar e lambendo os lábios, o sorriso entupido de malícia.
-Cruel? – Ele aproximou o rosto do meu, ainda mascando aquela coisa – Cruel é o seu desprezo por mim. Cruel é você tocar todos com essa pele macia e não me deixar nem chegar perto. Cruel é você ter os olhos verdes mais bonitos que eu já vi e só me olhar com ódio. Cruel é você ter um cabelo vermelho lindo, mas não querer que eu o veja nunca. – Voltou a se sentar direito na cadeira depois de falar tudo isso suavemente – Um pouquinho de provocação não é cruel – Sorriu e me mandou um beijo pelo ar.
Eu , bem, não conseguia pensar. A professora entrou e eu me virei para frente, me forçando a copiar a matéria e prestar atenção, mesmo morrendo de confusão por dentro.
Evitei pensar sobre aquilo até que o sinal bateu e eu saí da sala. Potter ainda mascava aquele maldito chiclete, apoiado na parede pelas costas, os braços cruzados. Os olhos dele faiscaram quando ele olhou para mim.
Eu não medi conseqüências. Andei até ele, determinada, enquanto ele sorria maliciosamente para mim. Tentei beijá-lo, mas ele me afastou com as mãos na minha cintura. E eu não conseguia pensar em mais nada além de como seria o gosto daquele chiclete de uva.
Ele inverteu as nossas posições, me colocando contra a parede e colando de leve o seu corpo ao meu. Eu me estiquei, me surpreendendo com o jeito que os corpos se encaixaram por conta própria. Era meio... bom.
Os lábios dele se aproximaram do meu ouvido para sussurrar:
-O que quer aqui, Lily?
Eu engoli em seco.
-Por favor, Potter.. – Eu sussurrei, ele sabia o que eu queria. Eu salivava imaginando aqueles lábios carnudos se movendo contra os meus. Acariciando-me, me sugando, me levando a lugares onde nem a loucura pode me alcançar.
Efeito.
O problema é que foi só na minha imaginação.
-Não – Ele falou e afastou a boca de mim, mascando o chiclete com vontade. – A minha vingança pelo pirulito que você roubou de mim, Lil – Potter teve a coragem de falar, mas eu voltei ao controle das minhas faculdades mentais naquele momento, deixando o corredor e indo para a próxima aula silenciosamente.
Há-há que você não vai me dar esse beijo, Potter.
Me aguarde.
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