Three








-Lily – Uma voz me chamou na biblioteca e eu me virei. Estava estudando, mas também não conseguia ignorar o chamado do ser que se apoiava na parede, muito próximo a mesa que eu estava no fundo. Suspirei.


-Que é, Potter? – Perguntei assim, bem grossa. Ele só sorriu e passou a mão pelos cabelos.


-Eu percebi que você gosta de doces – Ele riu, uma risada patética, que ao mesmo tempo encheu o ar a minha volta – E fiz uma coisa pra você – Falou sentando ao meu lado, me fazendo ter que dar toda a minha atenção – enfadada – para ele.


Retirou do bolso do sobretudo um pequeno saquinho,  e de dentro dele retirou um bolinho. Naquele momento percebi que estava com fome.


-Pode comer, não tem poção nenhuma dentro – Lancei um feitiço para ter certeza, e ele falava a verdade. Revirou os olhos – A bibliotecária nem está aqui, eu pedi para Sirius entretê-la por algum tempo.


Eu olhei em volta e vi Sirius lançando sorrisos e piscadas para a mulher, que não parecia conseguir olhar para outra coisa além dele. Revirei os olhos e olhei para o Potter, que sorria docemente e me oferecia aquele bolinho generosamente.


Na onda de me aproveitar de trouxas, peguei o bolinho e comecei a comer, tomando cuidado para não sujar nada. Quando acabei, percebi derrotada, ainda tinha fome.


-Eu fiz mais, se quiser vir comigo posso te dar o resto – Ele se ofereceu. Comecei a refletir.


Bolinhos e Potter ou estudo e fome? Bom, eu odeio sentir fome.


-Vamos logo antes que eu me arrependa – Disse pegando os meus cadernos rapidamente enquanto ele sorria, me guiando para a cozinha. Algumas passagens secretas e já estávamos lá, o meu estômago rugindo, exigindo atenção.


-Pronto – Falou fazendo cócegas na pêra , me deixando entrar. Me deparei com os mais deliciosos e enfeitados bolinhos que eu já havia visto na vida. Tive que sorrir, percebendo que com esse garoto era impossível não abaixar a guarda.


Fui até a mesa deles e passei a mão pela madeira, decorando cada flor e cada listra nos bolinhos, tão cuidadosamente decorados.


-Você fez tudo isso? – Perguntei sorrindo, me esquecendo por alguns segundos de que deveria odiá-lo.


-Pedi ajuda á Remus, Sirius e Pedro – Coçou a nuca sem jeito, corando levemente – Fizemos durante a noite, mas só a cobertura, sei que a massa não seria a mesma de um dia para o outro – Eu dei o maior sorriso que conseguia, imaginando os quatro enfeitando tão delicadamente pedacinhos tão pequenos de açúcar.


-Obrigada – Falei sinceramente, não sabendo como agradecê-lo de modo algum. Nada parecia o suficiente. Mas ele sorriu de um modo que me fez sentir que o meu sorriso fora agradecimento o suficiente pra tudo que ele me fizera e que me faria na vida.


Filosofia demais. Cala a boca, Lily relaxada, ou vai estragar tudo.


-Dá pena de comer – Comentei sorrindo, pegando um deles na mão. Ele sorriu de volta.


Eu dei uma mordida no bolinho e suspirei, deliciada. Era realmente muito bom.


Eu me sentei num banco e ele se sentou ao meu lado enquanto eu comia os bolinhos. Comi uns cinco, já que eram bem pequenos, e ele colocou o resto deles em um saquinho de papel para que eu levasse, comesse e dividisse com as meninas. Eu só pude sorrir para ele.


- Bom, Lily, espero que tenha gostado – Ele disse indo para a porta da cozinha, e piscando para mim, sorrindo amigavelmente.


Percebi que algo faltava.


-E o meu beijo? – Eu perguntei, logo percebendo como tinha soado, tentando consertar – Q-quero dizer, você nem ao menos tentou me beijar.


O sorriso do Potter não podia ser mais carinhoso, me entorpecendo.


-O seu sorriso foi o suficiente para mim, Lily – Ele disse sorrindo, voltando para dentro da cozinha e se apoiando em um balcão onde havia açúcar de confeiteiro. Então ele colocou o dedo lá dentro e continuou a caminhar até mim calmamente – Mas se faz tanta questão...


Ele passou o dedo sujo de açúcar na minha boca e eu tremi levemente. Ele riu, segurando as minhas mãos e lambendo os meus lábios, mordendo-os logo depois. Mas não me beijou.


-Até mais, Lily – Piscou para mim novamente e saiu da cozinha, as mãos nos bolsos e assoviando.


E eu fiquei ali, percebendo com alguma surpresa que agora ansiava pelo contato com a boca dele.

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