As coisas mudam (repostado)
- Precisamos conversar – disse Rony.
- Sim, precisamos – Hermione sabia que não havia sido uma pergunta.
Ela puxou a toalha e a passou ao redor dos ombros, se sentou e encontrou o olhar dele.
- Harry entrou realmente estranho e mal disse duas palavras. O meu pai simplesmente me deu um tapinha nas costas e pediu para eu ter muita calma... Hermione, por favor, me conta o que está acontecendo... O que aconteceu naquela reunião?
Hermione fitou seriamente os olhos dele. Encontrou receio e mais alguma coisa que não reconheceu, mas assustou. Já tinha visto aquilo sim, mas nos olhos de Harry, algumas horas atrás.
Tudo era tão injusto. Finalmente quando ela e Rony estavam se entendendo, ela teria que lhe revelar aquela bomba. Sabia que não poderia se quer adiar.
Olhou no fundo dos olhos dele, querendo lhe passar toda a intensidade dos seus sentimentos, e começou.
- A reunião foi para decidir o destino de Draco Malfoy, porque a mãe dele abriu mão dos próprios direitos para que ele fosse favorecido... Outra coisa que levaram em conta é que o Malfoy estava passando informações sobre Voldemort para uma pessoa do nosso lado.
Ela parou quando Rony soltou uma risada de deboche.
- Está brincando, não é?
Ela lhe lançou um olhar sério e encarou a mesa, culpada.
- Essa pessoa sou eu.
Ela levantou novamente o olhar para ver a reação dele, ainda era descrença.
- Hermione isso não tem graça.
- Começou no nosso sexto ano, perto do natal, na época que você começou a namorar a Lilá – ela se levantou e começou a andar pela cozinha - Ele veio a mim, pedindo ajuda, querendo uma aliança. Eu não precisava dar nada em troca, só dele me passar informações sobre o que Voldemort planejava, ele já se sentia bem... Ele também me provou que Snape estava do nosso lado e que era confiável.
Mais uma vez voltou a olhá-lo. Rony a encarava de boca aberta.
- Isso realmente não é uma brincadeira? Está falando sério?
Ela bufou.
- Hermione, você pirou? Está dizendo que você e o Malfoy são amigos?
- Não. Estou dizendo que o Malfoy nos ajudou a ganhar a guerra.
- E por que ele faria isso? Tem idéia do quão ridículo isso seria?
- Ele o fez porque nunca achou que Voldemort estava correto. Ele nunca quis se tornar um comensal. Por isso ele me passou informações, porque ele não queria ser igual ao pai dele, a família dele.
- Hermione, olhe o que você está dizendo! Você ficou maluca? Você não está sobre um Imperius, está? – ele completou se levantando também e vindo passar a mão na frente do rosto dela.
- Claro que não, Rony – ela suspirou, se afastando.
- Então é mais sério do que parece.
- Olha, Rony – ela pediu, ficando impaciente – Só me escute, ok? O Malfoy mudou. Alguns anos atrás, ele percebeu que não valia à pena seguir Voldemort e tentou ao máximo ficar longe dele e dos seus planos. Até que Voldemort lhe deu aquela missão no sexto ano para ele provar sua lealdade. Mas ele sabia que não podia simplesmente seguir as ordens dele. Foi ai que tudo começou.
“Ele começou a me passar informações sobre os planos que Voldemort tinha sobre nós, sobre Harry. Não é como se eu pudesse recusar. Quando teríamos outras chances dessas de descobrir o que Voldemort tramava? Malfoy estava lá, me dando informação de graça, eu não dava nada em troca. Também não havia nada de pessoal entre nós, era somente um acordo.”
Ela ficou sem fôlego e observou Rony. Suas orelhas estavam começando a ficar vermelhas. Péssimo sinal.
- Informações? Que tipo de informações ele podia te dar? – a voz dele já estava alterada.
- Ele me deu muitas delas. A maioria ajudou muito para vencermos a guerra.
- Como assim? Nós vencemos essa guerra sozinhos, Hermione.
- Foi ele quem me disse a localização das Horcrux, ele que me alertou do ataque no casamento do Gui e da Fleur, por isso que eu já tinha tudo pronto e convenci vocês a partir logo em seguida, ele me deu dicas de onde acampar e como fugir caso algo acontecesse, ele e o Snape colocaram a Espada de Gryffindor naquele poço para o Harry destruir o medalhão, ele me ensinou feitiços que usei durante todo esse ano, ele pediu para o Aberforth nos ajudar a entrar em Hogwarts no dia da batalha, ele não deixou que Crabbe e Goyle nos matassem na sala precisa, ele convenceu a mãe dele que não fizesse nada contra nós, por isso ela disse que Harry estava morto para Voldemort, para ainda termos uma chance!
- Quer dizer o que? Que você encenou esse tempo todo? Até mesmo aquele soco no terceiro ano? Quer saber, eu já entendi muito bem! Tudo isso foi um plano, um plano do Malfoy pra se dar bem! Para fazer todos nós e o pessoal da Ordem de idiotas! E você o ajudou, em cada detalhe, não foi?
- Rony, não...
- Você é uma traidora, Hermione! Compactuou com o Malfoy, ele é nosso inimigo desde quando entramos em Hogwarts!
- Não, Rony! – ela havia acabado de perder o resto de sua paciência - Você que nos traiu, você que abandou a mim e ao Harry enquanto acampávamos, você que nos virou as costas por meros mimos e caprichos seus, traindo a esperança e o apoio que Harry tinha em você, enquanto eu dava mais bases ao que estávamos fazendo, eu apenas tentava mais e mais garantir a nossa vitória e sobrevivência naquela maldita guerra. O Malfoy não foi nosso inimigo, apenas tivemos desavenças em Hogwarts, mas uma hora tivemos que crescer. Por que você e Harry não vêm isso? Vocês fazem questão de colocar uma mera rixa de escola à frente de tudo pelo o que passamos.
- Mera rixa? Ele fazia da nossa vida um inferno! Azarava a mim e ao Harry toda hora, vivia nos aprontando peças, fazia de tudo pra nos impedir de conquistar algo, vivia nos dedurando, vivia nos amaldiçoando, vivia te chamando de sangue-ruim! Quando eu e o Harry tomamos a polissuco, ele admitiu que queria te ver morta! Hermione, você foi torturada na casa dele! Pela família dele! Tem idéia da agonia e do desespero que senti quando me vi incapaz de não poder de te ajudar, de te salva, em resposta aos seus gritos de dor?
- Não foi assim, Rony...
- Como não, Hermione? Como não? Eu estava lá, Harry estava e mais meia dúzia de pessoas, ouvindo seus berros e impossibilitados de fazer algo a respeito! Diga-me como não pode ter sido assim?
- Malfoy efetuou um reparclius. Ele compartilhou a dor comigo naquele dia.
Eles se encararam. Havia seriedade, raiva, incompreensão e mágoa. Por que pra ele aquela história parecia cada vez mais confusa e controversa enquanto ela tentava simplificá-la?
- E por que ele o fez? Você tem que pelo menos admitir que ele é interesseiro demais para passar por isso, afinal era cada um por si, não é mesmo? Então por que ele fez o feitiço? O que ele ganhou com isso? Sua amizade? E quanto a não existir nada pessoal entre vocês?
- Eu falei sério, não houve nenhum tipo de envolvimento emocional, muito menos amizade! – ela terminou berrando. Ambos estavam muito vermelhos.
- O que acontece com ele agora? – Rony perguntou com uma voz incrivelmente controlada.
- Ele foi inocentado e recebera proteção da Ordem. Como, por hora, não há uma base fixa... ele vai com a gente pra França amanhã – a voz dela não passou de um sussurro, tinha certeza que aquele mínimo instante de calma iria sumir rapidinho.
- ELE O QUE? – ela tinha razão.
- A Ordem acha que eu, você e o Harry temos que ir para um lugar sossegado para fugirmos do assédio pós-guerra, e como não tinham pra onde mandá-lo, ele terá que vir conosco. Acredite, Rony, eu também não...
- Mas é claro que eles têm um lugar para mandá-lo – ele gritou, a interrompendo – Deviam mandá-lo apodrecer nos confins de Azkaban junto com o pai dele!
- Rony, ele mudou, na verdade nunca foi assim, ele cresceu cercado de comensais, mas não deve compará-lo ao pai dele, eles são totalmente diferentes!
- Hermione acorde! É por causa de gente como ele e como o pai dele que meu irmão está morto!
Isso a calou. Ele tinha razão em dizer que seu irmão morrera por causa de gente como Lucius Malfoy, mas ele a perdia quando falava sobre Draco. Ela não podia mais tentar defende-lo, isso só deixaria Ronald mais furioso.
- Você mesma não percebe o que fez? Você se bandeou, se vendeu para o outro lado! Não o contrário! Nunca pensou que ele podia estar somente te usando para agora no final da guerra ficar livre e não ser condenado? Por, Merlin, o que te fez acreditar que podia confiar em alguém como ele?!
- Rony, você não está entendendo nada. Está fora de si. Não compreende que o Malfoy não...
- Não, Hermione! Eu não quero saber de mais nada sobre o Malfoy e nem de você. Mas você tem razão, eu não entendo nada, somente uma coisa...
- Rony, por favor...
- Nunca mais ouse falar comigo, nunca mais ouse olhar para minha cara novamente!
- Rony...
- Não, Hermione! Você simplesmente não significa mais nada para mim. A única coisa que eu quero agora é te esquecer!
E terminando de berrar essas palavras, ele, totalmente vermelho de raiva, lhe lançou um olhar de puro desprezo, se virou e, com um puxão forte, abriu a porta que dava pra sala e saiu exalando ódio.
Hermione acompanhou as suas costas até perdê-las de vista na escada. Ela caminhou pra trás e esbarrou na parede, deixando seu corpo escorregar por ela e cair sentado no chão.
Ela buscou por ar. Parecia que toda a reação de Rony a havia deixado impossibilitada de respirar e de pensar com racionalidade.
Nunca poderia imaginar que ele reagiria de forma tão... tão... loucamente enfurecida. Por um momento teve medo que ele a agredisse, tamanho era o ódio que havia se formado em seus olhos.
Era assim tão ridícula a idéia dele e de Harry entendessem facilmente tudo o que ela havia feito com o Malfoy? Ele havia mudado, ele realmente havia os ajudado. Que importância tinha se ele havia ficado livre ou não? Eles estavam vivos, não estavam? Nenhum mal havia acontecido por causa daquele acordo.
Mas Harry e Rony eram orgulhosos demais para enxergar esse lado. Nem se por no lugar dela, eles tentavam. Ela, que sempre esteve disposta a fazer tudo, tudo mesmo por eles. Até Malfoy sabia disso...
[FLASHBACK]
Ela estava encostada no beiral da Torre de Astronomia, observando a noite escura sem luar. Ela pensava em Harry e Rony e o que aconteceria quando eles descobrissem seu acordo com Malfoy, o garoto que os infernizava por mais de cinco anos. Eles não aceitariam, negariam até a morte terem sido ajudados pelo Filhote de Comensal. Eles, com certeza, a acusariam de traição e a desprezariam. Mas ela sabia que não tinha mais volta.
Hermione ouviu Malfoy desfazendo os feitiços de proteção que havia executado mais cedo para que ninguém os ouvisse trocando informações. Ela achou que ele simplesmente iria embora agora, como sempre fazia, mas dessa vez foi diferente. Ela não desviou o olhar do céu quando ele se postou ao seu lado.
- Então, já voltou a falar com o Weasley? Você sabe que esta briga está te deixando mais distante do Potter.
- Nem tanto. Harry não suporta ficar muito tempo perto da namoradinha do Rony, então ele tem procurado mais minha companhia agora do que antes das férias.
- Realmente te afeta ficar afastada do Cenoura Ambulante? – ele perguntou em deboche, referindo-se ao tom que ela se referiu ao garoto.
- Não o chame assim... E não é bem isso... É que eu também preferiria que nós três estivéssemos mais unidos do que antes. Está sendo um ano difícil, a guerra está prestes a começar e nem sabemos por onde começar a procurar as Horcrux... É que simplesmente somos mais fortes quando unidos, porque sabemos que podemos nos apoiar cegamente um no outro.
Hermione ia dizer mais alguma coisa quando Draco soltou uma alta gargalhada em deboche. Foi só ai que ela se tocou do que estava fazendo.
Ela realmente estava tão estressada a ponto de sair meio que desabafando com qualquer um? Ainda mais com o Malfoy? Ele era a última pessoa que precisava ficar sabendo da confusão que seus sentimentos haviam se transformado naqueles últimos meses.
- Apoiar cegamente? – ele ainda ria – Por Merlin, Granger, você não pode estar falando sério?
- É claro que estou – ela o olhou cética - você não faz idéia do quanto eles confiam em mim, não é? Seguem cada conselho meu e acreditam em cada informação que eu diga. Eu me culpo de cada erro que nós cometemos, mesmo sabendo que não tinha nada haver.
- Você realmente faria muita coisa por eles, não é? – ele perguntou sério. Hermione pode sentir uma pontada de... rancor?
- Eu me sacrificaria por eles.
Draco encarou o rosto dela, assustado por sua resposta. Ela apenas continuou observando a noite.
- Você não pode estar...
- Olhe, Malfoy – ela o interrompeu – Eu não sei por que estou revelando isso pra você, talvez seja apenas para explicar porque aceitei sua proposta... Mas eu nunca falei tão sério quanto a pouco. Eu realmente daria tudo por Harry e Rony, até mesmo minha vida. Eles são o que há de mais importante na minha vida. Foram eles que me protegeram quando vim parar nesse mundo totalmente novo de pessoas como você, que me humilhavam por eu ter nascido trouxa ou pela minha aparência e trejeitos. Eles que sempre estiveram do meu lado, não importa o que eu fizesse ou falasse, eles sempre estavam lá pra me apoiar, pra acreditar em mim, em quem eu era.
- Mas você sabe que eles não vão pensar assim ao seu respeito quando, mais cedo ou mais tarde, nossa aliança for revelada.
- Eu sei. É justamente isso uma das coisas que eu mais temo, perde-los... Mas estarão vivos e seguros quando tudo isso acabar, então saberei que isto daqui valeu à pena.
Eles se encararam. Ele se virou e começou a andar rumo à porta. Quando chegou na metade do caminho, ele parou e, sem olhá-la, falou algo que perturbaria a mente dela por muito mais tempo que podia imaginar.
- Se aqueles dois não forem tapados o suficiente para perceberem a sorte que têm, você nunca os perderá. Quem me dera ser sortudo assim.
E ele continuou indo para porta, porém, quando chegou lá, Hermione o fez parar mais uma vez.
- O que você quis dizer com isso?
- Nada de mais, Granger – ele soltou um longo suspiro – Mas foi bom saber até onde você está disposta a ir por aqueles dois.
[FIM DO FLASHBACK]
Ela ainda não entendia muito bem o que o Malfoy queria ter dito com aquelas últimas palavras, mas sabia que nada daquilo havia se profetizado. Harry e Rony haviam escapado do seu alcance, os dois, em apenas um dia.
Uma lágrima escapou e escorreu por sua bochecha. As palavras Rony invadiam a sua mente de forma dilacerante.
Com Harry e Rony a odiando, parecia que todos seus esforços para confraternizar com o Malfoy haviam sido inúteis. Ela já esperava por aquilo, só não pensou que doeria tanto quanto estava doendo agora em seu coração.
Sentiu alguém se sentar ao seu lado. Por um longo tempo ninguém disse nada, ouviam apenas a garota tentando fazer sua respiração voltar ao normal e seus últimos soluços.
Hermione, assim que as lágrimas cessaram, levantou o olhar para sua companhia e se assustou. Era Jorge.
Ela não o via desde o dia dos funerais e, desde lá, ele parecia ser outra pessoa. A alegria e o ar maroto sumiram, e ele não parecia mais ter vinte anos, e sim uns trinta. Estava mais magro e com grandes olheiras debaixo dos olhos. Olhava pra frente, pra chuva através da janela.
- Sabe, ele não estava falando sério.
- Em qual parte? – ela solta um suspiro e também começa a olhar a chuva.
- A última, sobre você não significar mais nada pra ele. Só lhe de um tempo, é tudo do que ele precisa.
- Eu sei.
- E sabe de outra coisa, Mione? Todos aqui confiam muito em você. Eu respeito seu julgamento sobre o Malfoy, mas não espere que eu o compreenda.
- Entendo... Não esperava que ninguém compreendesse.
- Mesmo? Mione, nós nunca fomos muito próximos, mas eu te conheço o suficiente para saber que você nunca faria algo... incabível a situação presente. Até mesmo quando você age por puro instinto, você é racional, se é que isso é possível. Mas tem que entender, que por mais racional que você seja, sempre há alguém pra contradizer falando que você está maluca. Porém você tem que tentar mostrar para os outros que está certa. Se você se calar, estará concordando com eles. Tente começar agora, por mim.
- O que você faria se pudesse voltar no tempo e tivesse a chance de salvar o Fred?
Jorge se assustou.
Hermione também. Falara sem pensar, por puro impulso. Não sabia como pedir desculpas. Alguns minutos se passaram e quando ela foi falar algo, Jorge se pronunciou primeiro com uma expressão rígida.
- Faria qualquer coisa.
- Mesmo que essa coisa fosse muito além da compreensão de todas as outras pessoas, até mesmo do próprio Fred?
- Sim.
- Então você é a segunda pessoa que me compreende.
- Quem foi a primeira?
- Seu pai.
Eles se encararam. Ele lhe deu um pequeno sorriso no canto dos lábios, que contrastaram enormemente com toda a dor refletida em seus olhos.
- Me desculpe eu ter falado daquele jeito sobre o Fred, foi muito insensível da minha parte, levando em conta tudo que você já está passando e eu...
- Hermione – ele a interrompeu – não se preocupe com isso. E você, tão esperta quanto é, deveria saber que já estou cheio de ouvir as pessoas se lamentando por mim.
Eles ficaram mais um tempo em silêncio.
Dos irmãos de Rony, Hermione sempre tivera mais contato com Gina e logo em seguida com os gêmeos, mas com eles sempre fora diversão e piadas, nunca houve atos de amizade ou até mesmo de seriedade entre eles.
E agora Jorge estava ali, lhe ouvindo e lhe aconselhando. Ele tinha razão. Não podia ficar brigada com Harry e com Rony, teria que dar um jeito de fazê-los entender que ela não havia feito nada errado, ou tão errado quanto eles achavam. O Sr. Weasley tinha razão, teria que aproveitar a viagem pra França para se acertar com eles, mas ainda teria que impedi-los de matar o Malfoy. Teria também que planejar ir buscar seus pais na Austrália e restaurar a memória deles.
Mas por hora, precisava somente descansar.
- Obrigada – ela disse para o ruivo, lhe deu um beijo na bochecha, se levantou, saiu da cozinha e foi em direção as escadas.
A luz do quarto de Gina não estava mais acessa e a garota estava embrulhada nos cobertores em sua cama, dormindo ou fingindo que estava, para evitá-la.
Hermione trocou a roupa pelo pijama o mais silenciosamente possível. Deitou-se na cama destinada a ela. O marejar dos olhos foi inevitável, mas ela prometeu que não ia chorar mais naquele dia. Então enfiou a cara no travesseiro e soltou um grito abafado. Ouvira algumas vezes de algumas garotas que aquilo ajudava. Percebera o quão erradas elas estavam. Aquele fora o pior dia da sua vida e, agora, ela tinha certeza que seria a pior noite também.
O barulho repentino fez com que os olhos, que a tão pouco ficaram pesados, se abrirem. Hermione os esfregou para ficarem em foco e sua atenção foi chamada para o que provavelmente fez o barulho que a acordou.
Gina terminava de se vestir e pentear os cabelos. Tentava fazer tudo com o menor barulho possível para não acordá-la. Já estava indo para porta, quando Hermione a chamou.
- Gina?
A ruiva pareceu um pouco relutante em virar e encarar a amiga, mas ela respirou fundo e o fez.
- Sim, Hermione?
- Eu... Eu preciso saber se você... O que você está pensando...O que tá achando...
- Sobre o que eu estou achando da sua aliança com o Malfoy?
Hermione não se assustou com como Gina fora direta, já estava acostumada com isso. Assustou-se com seu tom frio. Nunca ouvira tal tom saindo dos lábios de Gina.
Harry ou o Sr. Weasley deviam ter contado pra ela, enquanto ela discutia com Rony na cozinha. Rony...
Hermione concordou com um aceno de cabeça.
- Olha, Mione – Gina suspirou – Você é a minha melhor amiga e eu não sei se quero te julgar, pelo menos não agora. A guerra acabou de acabar, perdemos muitas pessoas e entre elas o meu irmão, ver Harry me fez querer resolver logo as coisas entre nós, mas eu ainda não tenho cabeça para nada... Então, em menos de dez minutos ontem, eu fico sabendo que a mais de um ano você agia com um dos caras mais ordinários que já conheci. Se eu tiver que te responder agora, eu teria uma reação parecida com a que os meninos tiveram. Mas eu não quero fazer isso, ok? Me dê um tempo. Será bom pra você se afastar daqui e ir pra França. Quando você voltar quem sabe eu já não tenha a resposta.
Sem mais uma palavra ou olhar, ela se virou, girou a maçaneta e saiu do quarto, fechando a porta.
- O que faremos agora?
- Não faço idéia. Não sei nem ao menos como encará-la de novo.
Hermione pode ouvir o que Harry e Rony resmungavam um pro outro aos sussurros na cozinha, enquanto descia as escadas. Havia acabado de sair do banho e ia tomar café, mas as vozes deles a fizeram congelar nos degraus. Ouviu quando a porta para o quintal abriu, era a Sra. Weasley, que devia ter ouvido as últimas frases dos garotos, porque logo em seguida começou a ralhar com ele.
- Vocês não deveriam estar julgando-a assim. Ela é a melhor amiga de vocês à quase sete anos. Dêem uma chance a ela. Tentem se por no lugar dela e entende-la quando ela diz que fez aquele acordo pra salvar vocês.
- Mãe – ela pode ouvir a voz de Rony saindo séria e um pouquinho teimosa – você mesma não concorda com isso.
- Mas não fui eu que briguei com ela e depois não consegui dormir. Ah, e pra começar, eu nem estou envolvida nisso. Mais ninguém está além de vocês três. Será bom vocês irem pra Franca, terão muito do que resolver por lá.
- Como se tivéssemos escolhas – resmungou Rony.
Hermione ouviu mais passos descendo as escadas, não poderia mais ficar ali parada. Respirou fundo e entrou meio sem jeito na cozinha.
Imediatamente teve todos os olhares em sua direção. Olhou Harry e Rony, tentando dizer algo, mas antes que o pudesse fazer, os dois se levantaram.
- Com licença, Sra. Weasley, nós já acabamos – pediu Harry, desviando o olhar de Hermione.
- Venha, Harry – chamou Rony, passando por ela e evitando que se esbarrassem – vamos terminar de arrumar as nossas coisas.
Assim que eles saíram, a Sra. Weasley colocou uma tigela de mingau em cima da mesa e lhe olhou penosa.
- Venha querida, coma alguma coisa.
- Obrigada.
E a mulher ruiva saiu, deixando-a sozinha.
Hermione havia perdido todo o apetite, se é que houve algum naquela manhã. Ficou remexendo o mingau com a colher até que ele engrossasse e ficasse frio. Levantou e o jogou no lixo, quase ao mesmo tempo em que o Sr. Weasley entrava pela porta do quintal.
- Bom dia, Hermione. Espero que todos já estejam de pé. Kingsley e Malfoy devem estar chegando em poucos minutos, o portal parte em dez. Desça suas coisas, chamarei os meninos.
Ela ainda demorou mais um pouco para subir. Lançou um feitiço de limpeza na louça e arrumou o resto da cozinha por ser a última a tomar café.
Estava atrasada. Subiu as escadas correndo e deu de cara com Harry e Rony que já estavam descendo com suas malas. Continuou subindo sem olhá-los. Escovou os dentes, pegou suas coisas no quarto de Gina e voltou para as escadas, ao mesmo tempo em que se podia ouvir sons de aparatação lá fora.
Assim que chegou ao jardim da Toca, viu o Sr. a e Sra. Weasley se despedindo de Harry e de Rony, e Kingsley e Malfoy esperando um pouco mais adiante. Quando se aproximou, o casal se voltou para ela para se despedir também, então ela lhes deu tchau e foi até os outros dois enquanto Harry e Rony falavam de mais alguma coisa com o Sr. Weasley. Lançou um sorrisinho amarelo com um baixo bom dia para Kingsley e só depois olhou para Malfoy.
Ele estava com uma aparência cansada. Devia ter sido difícil lidar com a mãe na noite passada. Mas ela sabia que ela devia estar com uma aparência pior do que a dele. Sabia também que ele iria reconhecer muito mais pelo seu olhar.
Kingsley chamou Harry e Rony, dizendo que estava na hora, e entregou uma bengala gasta para Hermione e Malfoy. Quando Harry e Rony a seguraram também, Kingsley soltou-a e contou olhando para o relógio:
- Em cinco, quatro, três, dois e...
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Exclui o final desse cap. onde aparecia a Louise pela primeira vez. Sinto que mudei muito o foco quando a introduzi. Exclui o cap. 5 e 6 também para reescrevê-los, mas ainda vou manter algumas coisas. Já tenho esboço pronto até o cap. 9, então, talvez, eu consiga postar uma vez por mês agora ;]
Como alguns já sabem, eu exclui o meu MSN e só estou usando o Skype (dora_zigo)!
Novamente, queria agradecer o carinho e compreensão de todo mundo sobre os problemas que eu estava tendo! Estou muito melhor agora, mesmo que nada tenho mudado em si.
Boa sorte em suas jornadas rsrsrs
Até a próxima!
Comentários (2)
VOCÊ VOLTOU!!! Graças a Merlin! Continua logo, por favor!
2013-01-27quero saber q lado da Hermione é esse q só Louise sabe huhuhuhhuh
2011-04-07