ESTRANHAMENTE ESTRANHO

Acordei amaldiçoando Merlin por deixar os raios dourados do sol entrarem no meu quarto, iluminando-o, avisando q a manhã já chegara e não me deixarem dormir. Levantei-me e fui fechar a maldita cortina que, provavelmente, Crabbe e Goyle haviam deixado aberta. Falando naqueles idiotas, onde estão os roncos absurdamente altos deles? Abri os olhos e percebi uma cascata de cachos cair por sobre meus ombros e meus olhos. Onde está aquela minha franja loira que sempre cai nos meus lindos olhos?
Toquei no cabelo. Olhei para baixo e, ao invés de encontrar a minha linda barriguinha de tanquinho, vi que havia duas coisas que, com certeza não eram minhas. Arregalei os olhos. O quarto em que eu me encontrava era bem diferente do meu. Primeiro, porque era organizado. Segundo, porque não era preto, prata e verde, e sim, amarelo, prata e vermelho. Terceiro, era quente e eu já havia o visto, porque era de frente para o meu quarto de monitor. Quer dizer, eu acho. Mas então eu estava no corpo da... Não, não pode ser.
Olhei-me no espelho e vi o que não queria ter visto: a Granger! Dei um grito de horror, peguei o primeiro hobby que vi e sai enfurecido (ou seria enfurecida?) em busca do meu antigo lindo e perfeito corpo. “Eu juro que mato a Granger!”
Achei eu (ou seria ela?) caído(a?) no chão. Provavelmente quando eu saí do quarto, acabei a derrubando. Eu caí também. Só agora que notei. Levantei-me, puxei-a (?) e perguntei:
— Mas o que é isso? Quem é você? É a Granger? — ela confirmou com a cabeça. — Que brincadeira de mau gosto é essa? Devolva meu corpo já!
— Brincadeira? Você acha mesmo que eu trocaria de corpo por livre e espontânea vontade com você só por brincadeira? Isso é mais o seu tipo. E quem exige algo aqui sou eu, e eu quero o meu corpo de volta! — fiquei algum tempo absorvendo aquilo encarando meus próprios olhos. Nossa. Aquilo era algo bem bizarro...
— Então... Não foi você?
— É óbvio que não, né?! — respondeu ela com as mãos na cintura batendo o pé no chão. Eu riria da cena se não fosse com o meu corpo!
— Ta, ta. Vejamos, o que aconteceu ontem de diferente onde estávamos juntos?
— O único tempo que tivemos juntos foi o de Poções, mas... — ela parou e refletiu por meio segundo. — Mas é claro! Como eu não pensei nisso antes?
— O quê? — Merlin, como ela pensa rápido...
— O idiota do seu colega, o Goyle, derramou a poção toda errada dele em nós, lembra?
— É mesmo. Eu mato aquele imbecil. — disse esfregando o punho fechado na palma da outra mão.
— Ah, claro. Hermione Granger tem muitos motivos para batem nele... — odeio quando ela tem razão, ou seja, sempre. — Vamos procurar o Snape. Ele deve saber a poção que reverte esse resultado.
O ridículo do Snape disse que não há como reverter essa poção que em cinco dias estaríamos com os corpos trocados de volta.
— Eu e ela fizemos alguns acordos: não estragar a reputação do outro (não que ela tenha uma reputação a zelar como eu, mas...), tomar uma poção para não ver o corpo do outro (eu sei que ela ficaria caidinha por mim se me visse nu, porque eu sou foda (H)), ela tiraria a Pansy do meu pé (duvido muito) e nos encontraríamos todo dia para contar o que aconteceu de mais.
Tomei um banho ótimo e vesti o uniforme. Vou te contar, ser homem é muito mais fácil. Demorei um tempão até conseguir fechar o tal do sutiã e senti um aperto no peito ao fazer isso (lembrei até de uma frase: se sentir um aperto no peito, afrouxe o sutiã! Agora eu sei como a pessoa que escreveu isso se sentia...), me enrolei todo ao colocar a meia calça, a camisa era justa demais, a sapatilha não era folgada como os meus sapatos e eu precisava cuidar ao andar para não deixar nada aparecer com aquela saia... Sorte que a Granger usa gravata solta, senão eu estaria sufocado... Não que eu a tenha observado... Na verdade, eu a observei sim. Ela anda com o cara que só vagabundeia, não? (N/A: Pot, como verbo em inglês, é vagabundear. Viu? Vocês aprendem inglês lendo as fanfics da mestra inglesa aqui. Shahashas ;D) Agora ficou melhor ainda descobrir os segredos dele... Irritei-me com aquela vassoura que ela chama de cabelo e os prendi em um rabo de cavalo.
Olhei-me no espelho e me achei gostosa... Acho melhor eu parar por aqui antes que a minha masculinidade se torne feminina...
O dia passou rápido. O brabo mesmo foi agüentar o olhar encorajador do Potter para o Weasley, que, por sua vez, me fitava apaixonadamente. Foi muito, muito bizarro.
— Está atrasado, Malfoy. — ela disse olhando para fora da janela. Havíamos combinado de nos encontrar na Torre de Astronomia.
— Não tenho culpa se o Weasley grudou no meu pé e não quis mais sair.
— Garanto que ele não é pior que a Parkninson. Ele só quer me proteger. Ao contrário da Parkninson, que só quer te beijar. Além do mais, eu sou como a irmã mais nova dele, então...
— Acho que ele quer que você seja mais que uma amiga ou irmã... — murmurei para mim mesmo.
— Como?
— Ah, fala sério, Hermi... Granger. — o que deu em mim? Eu sou louco ou o quê? Quase a chamo de Hermione! — Até parece que você nunca nota os olhares apaixonados dele em você. Não posso nem cruzar as pernas para ele babar, nem sorrir para ele suspirar, nem falar nada para ele concordar na mesma hora...
— Exageraaaaaaaaaaaaaaado... — respondeu ela. Com um sorriso brincalhão nos lábios. Era estranho me ver sorrindo divertido como ela fazia em meu corpo, já que eu só sorria maldosamente. Não que eu não tenha treinado sorrisos na frente do espelho... Ok, agora eu pareci uma garota. É melhor eu calar meus pensamentos antes que eu vire um transexual...
— Mas e aí? Como foi o meu dia? — isso. Mudar de assunto sempre é melhor...
O sorriso dela desmanchou na mesma hora. Ela caminhou para mais parto da janela, me olhou com os olhos tristes e disse:
— Nada de mais... Só descobri que você tem a Marca Negra no braço e que Voldemort te manda sinais do tipo “a hora está chegando” o tempo todo. Vai mesmo continuar com isto?
Ai droga! Ela tinha que descobrir tanta coisa justo agora? É claro. Ela é esperta demais, e o pior: sabe demais. Eu só posso ter jogado uma maldição em Merlin mesmo...
— Vo-vou, eu acho. — retiro o que disse no primeiro parágrafo do primeiro capítulo. Não a parte de eu querer esfregar na cara do Potter aquelas coisas, e sim, a parte que queria cumprir a missão. A verdade é que estou sendo chantageado por minha querida titia que tem um caso com meu adorável papai e eu e minha mãe descobrimos tudo. Então, eles prenderam minha mãe e a ameaçaram de morte.
Eu não quero cumprir essa missão, mas também não posso deixar minha mãe pagar por meus erros... Não posso mais esconder isso de mim mesmo. Ela tinha lágrimas nos olhos. Era estranho ver a mim mesmo assim...
— Não vou deixar você matar Dumbledore. Acho que na me resta opção, a na ser — ela tirou a varinha das minhas (dela?) vestes. — matar o seu corpo e o meu espírito... — apontou a varinha para a cabeça. Prendi a respiração — Adeus. Ava... — ela não pôde terminar. Eu estava junto dela. Tomei o objeto rapidamente de sua mão e joguei no chão. Segurei seus pulsos. Obviamente, ela, no meu corpo malhado (sabia que aqueles anos de academia+Quadribol iam dar resultado (H)) era mais forte que eu, mas o dela era mais rápido. Fiz algo que, na hora deu vontade, não sei por que raios, mas fiz: beijei-a. Se ela me batesse, prejudicaria seu próprio corpo. Então, ela tinha duas opções: ficar parada feito uma pedra ou corresponder. Para minha surpresa, ela escolheu a segunda alternativa.
— Des-desculpa. Não sei por que fiz isso. Deu vontade. — de repente me vi de frente para os olhos cor de avelã de Hermione Granger. Aquele beijo não havia me feito bem. Ela me olhou assustada e saiu correndo. Por que havíamos trocado novamente? Por que a beijei? Corri atrás dela. — Espere! Não fuja. — disse segurando o braço dela.
— Me deixe, Malfoy. — respondeu ela com raiva e com o rosto molhado.
— Hermione, você está chorando? O que eu fiz agora?
— Se quiser beijar alguém, procure a Parkninson. Eu não sou uma dessas vadias que faz o que você quiser na hora que quer! E... — a interrompi com um beijo avassalador. Ela se debatia em meus braços, mas seus socos com suas mão frágeis não faziam nem cócegas em meu peito. Senti ela desistir e começar a corresponder. Aumentei a intensidade do beijo. Merlin, essa garota me leva à loucura. Ela beija muito bem. Mas o que eu estou fazendo? Não consigo parar!
Ela voltou à consciência e me empurrou para longe. Seguimos com a ronda que tínhamos juntos e depois fomos para a Ala dos Monitores da Sonserina e Grifinória, ou seja, nosso flat conjunto. Nada foi dito entre nós.
Antes de dormir, fiquei pensando em como nunca havia reparado nela antes. Logo após cai em um sono profundo e sem sonhos.

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