ENCONTRO COM PAIS
Acordei no corpo dela. Isso foi realmente estranho... Bati na porta do meu quarto e entrei. Ela (eu? Até agora não sei...) dormia profundamente enrolado nas cobertas.
— Hermione... Hora de acordar... — sussurrei. Nossa, como a minha voz havia ficado doce... Também, no corpo dela como poderia não ficar assim... Ela disse algo inteligível do tipo “agora não...”. Dei uma olhada no meu quarto. Ela tinha passado por uma bela arrumação. Desde que comecei a dormir ali, aquele lugar estava bagunçado e agora estava tudo em perfeita ordem, exceto por um pequeno aparelho cheio de números e uma tela quadrada. Peguei-o para examinar e, do nada, começou a tremer, tocar uma musiquinha alegre e a acender e apagar luzinhas. O larguei enquanto dava um berro de susto bem agudo (se fosse no meu corpo, eu diria que era uma coisa gay a se fazer, mas como eu sou Hermione Granger por algum tempo, todos os hormônios e neurônios femininos dela estão em mim, certo?) e me escondi atrás da cama. Ela havia acordado agora, finalmente:
— O quê? Quando? Onde?
— A-ali. — foi tudo o que consegui dizer e apontei o dedo trêmulo para aquela coisa. Ela fez uma cara de aborrecida, pegou o objeto e o levou até a orelha com medo, como se já soubesse o que a aguardava.
— O que você está fazendo? — disse desesperado. Ela fez sinal de silêncio.
— A-alô...
— Hermione Jane Granger! Onde você está? Nós não combinamos de você aparatar aqui na King’s Cross? Como iremos até a convenção de pais e filhos se você não está aqui ainda? Dormindo até agora? Eu não acredito! Arrume-se em 30min e venha para cá! — ela afastou aquele negócio do ouvido, já que até eu ouvia o que estava sendo dito.
— Ahn... Eu já estou indo...
— Espere aí, você não é a minha filha. Por acaso é o namorado dela? É o... Como é o nome dele mesmo? Ricardo Wesel? Ah, não importa! Fique longe da minha filha, ouviu? E avise a ela para se aprontar rápido. — e silenciou-se.
— Mas... — ela desligou o aparelho, bufou e começou a massagear as têmporas.
— O que foi? Que bicho é esse?
— Isso é um celular e o que foi é que você está no meu corpo e eu estou ferrada.
— Celu-o-quê? Por que você está ferrada?
— Celular oras! É um aparelho trouxa. Olha, existem coisas sobre a minha vida que eu prefiro não comentar com ninguém e gostaria que você ficasse de bico calado também. — confirmei com a cabeça, fazendo-a prosseguir. — Ahn... Meus pais participam de competições onde os filhos estão envolvidos desde que eu era pequena. No começo, achei legal, mas, com o passar dos anos, todo ano sempre a mesma competição é um saco...
— O quê? Você participa dessas coisas? — não pude me segurar e comecei a rir compulsivamente. — Muito boa, muito boa mesmo... — ela me olhou com um olhar de reprovação. — Desculpe. — respondi quase de imediato. — Então... Suponho que queira que eu finja ser você nesse evento...
— Sim. Então, vá tomar banho enquanto eu arrumo a mala e as suas roupas. — ela me empurrou para o chuveiro. Antes de sair, deu uma boa olhada nas pernas de seu antigo corpo. — Argh! Eu não posso aparecer com as pernas desse jeito! Vamos ter que depilar isso tudo depois de você tomar banho. — e saiu.
Senti medo, mas esse negócio de depilação deve ser como se barbear: bem fácil, rápido de sem dor. Pelo menos é isso o que eu espero... Tomei uma ducha rápida sem lavar os cabelos e fui para o quarto. As roupas que eu usaria estavam em cima da cama, mas a Granger não estava ali. Vesti as roupas intimas e comecei a ouvir vozes na sala conjunta.
— Eu já disse que eu quero ver a Mione, Malfoy! Mas o que você está fazendo aí? — essa pergunta foi para mim, que, trouxa do jeito que sou, enfiei a cabeça para fora do quarto.
— Oras, esse é o meu quarto!
— Não, esse é o do Malfoy!
— É? Ah, é que... Que...
— Faltou água no banheiro da Granger e eu deixei-a usar o meu. Não que eu goste da idéia, mas não quero levar outro soco... — interrompeu a Santa Hermione Granger. Essa história de soco não foi uma boa, mas pelo menos ele caiu.
— Ah ta. Se for só isso, eu queria avisar que amanha tem os testes de Quadribol.
— Considere avisado. — respondi delicado (estou começando a duvidar da minha própria masculinidade...)
Quando ele saiu, soltamos um “foi por pouco” e seguimos para a tal de depilação. Agora eu sei como mulher sofre... Aquela cera super quente e depois aquele puxão sem dó nem piedade... Credo! Dói pra burro! Mas valeu a pena... As pernas dela ficaram lindas... E que pernas, hein?! Nossa... No que é que eu estou pensando?
— Eu vou ter que vestir isso? — questionei ao ver uma saia bem comprida (até quase a minha canela) e uma camisa branca justa.
— Vai! Vista a blusa e depois a saia, sem reclamar. — e me deu as vestimentas que estavam em cima da cama Eu estava fechando a saia (que não estava fechando) quando: — Não! Não assim! Isso é uma saia de cintura alta. Fica um pouco abaixo das costelas.
— Ah... Assim?
— É. Isso mesmo. Agora coloque esses sapatos. E tome cuidado! É o único par de escarpins pretos que eu tenho. — eu ia perguntar o que era escar-não-sei-o-quê, mas resolvi fechar a boca.
Ela passou maquiagem em mim e arrumou meu cabelo. Eu fiquei muito gata... Chega de pensar como ela é bonita porque ela NÃO É! Hermione Granger e linda ou bonita em frases afirmativas NÃO combinam! Ela não é bonita! Nem um pouco! Talvez um pouquinho... Talvez muito... Não! Draco Malfoy, pare de pensar nisso!
Os pais dela já estavam a minha espera e ficaram fazendo mil e uma perguntas e querendo saber o máximo possível do que já havia acontecido. Foi estranho. Meus pais nunca demonstraram tanto carinho, amor e preocupação como os dela... Por alguns minutos, senti inveja dela e quis estar em seu lugar e desejei que meus pais fossem, pelo menos uma vez, não tão centrado no Lorde das Trevas e me dessem mais atenção como os Grangers.
N/A: Gente, desculpa ter passado tanto tempo sem ter postado. É que eu viajei semana passada e daí não deu pra postar, mas o cap tá aí. Foi maus a demora ae. Bjão :*
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