Eu Sou Você que se Vai
A viagem se alongava, claro que já tinham desaparatado tanto quanto era possível, mas aquela ilha era imensa, cheia das armadilhas mais ardilosas que a mente insana do Velho Dumbledore pudera ter imaginado para proteger o artefato antigo impregnado de magia perigosa, apesar de não ser magia das trevas.
Agora a viagem necessitava ser engendrada por vassoura, e para desespero dos aurores que os escoltava, não podia de forma alguma ser em grande velocidade, ao contrário, precisava ser em extremo vagar, para não sofrerem com as artimanhas tramadas pelo velho mestre. Os feitiços de ocultamento e desilusórios com os quais Dumbledore havia camuflado a entrada da caverna ainda permaneciam intactos. Era de se esperar que tivessem desaparecidos em decorrência de sua morte, mas estavam intactos, e isso complicava até as beiras do impossível a tarefa árdua que a equipe tinha em mãos. Isso também os fazia crer que Dumbledore não os fizera sozinho. Provavelmente tivera ajuda de outros bruxos poderosos, Jamais poderiam supor que além de suas mãos e sua varinha, também estiveram trabalhando em toda a proteção as de McGonaghal, Flitwich e Hagrid.
Mas depois de horas, quando a tarde ameaçava impossibilitar a viagem de volta, enfim encontraram os indícios tão meticulosamente pesquisados por eles que apontavam para a caverna, e enfim conseguiram encontrar.
À porta da fenda que se afundava na rocha, a garota, sentindo o vento úmido que saia de seu interior, de repente sente suas pernas falharem das forças por um segundo, não por se ter imaginado diante do espelho, mas por ter novamente imaginado Rony diante da traiçoeira superfície cristalina, e temeu imaginar o que o marido poderia enxergar, pois ela sabia que fosse o que fosse que ele enxergasse, seria o desejo mais íntimo de seu coração. Nessa fração de segundo um incontável de cenas se reproduziu em sua tela mental, de tantas e tantas vezes em que ela e o idolatrado marido divergiram.
As lembranças foram profundas, atingindo cada pisão que Rony tinha dado em seu pé quando ainda estudavam em Hogwarts. Lembrou-se de quando Rony acusou injustamente seu gato Bichento de ter assassinado seu rato Perebas que na verdade este era o assassino Rabicho disfarçado. Lembrou-se do tanto que sofreu durante o tempo em que Rony os havia abandonado quando estavam em busca das orcruxes. Recordou-se de tantas divergências que sentiu definitivamente que não poderia mais dar nenhum passo sequer.
Mas não podia esmorecer, não podia fraquejar. Sabia da importância da missão. Sabia o quanto lhe fora confiado. Recuperou o auto-controle e notou que não poderia correr o risco de ser deixada pra traz. Percebeu que não podia deixar ninguém perceber o que estava acontecendo em seu íntimo, não poderia deixar ninguém notar fraqueza em si nesse momento. Aprumou o corpo e seguiu os outros, carregando consigo a certeza de que iria encontrar Ojesed nos fundos da caverna.
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Quando eu respeito os sinais vejo você de patins vindo na contramão,
Mas quando ataco de macho você se faz de capacho e não quer confusão.
Nenhum dos dois se entrega, nós não ouvimos conselho.
Eu sou você que se vai no sumidouro do espelho!
Eu sou você que se vai no sumidouro do espelho!
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