O ministro e a feiticeira
Capítulo 2: O ministro e a feiticeira.
Estádio Nacional de Quadribol Alvo Dumbledore, Godrics Hollow, Inglaterra.
- Boa noite senhoras e senhores. Estamos iniciando mais uma transmissão diretamente da cabine da Jordan’s Comunications. Como narrador, ninguém menos que eu: Lino Jordan. Acompanhado de meu célebre amigo e comentarista Roger Spinnet. E por falar em cabine, que cabine luxuosa é essa aqui! Este é realmente um belíssimo estádio. Ainda houve quem fosse contra o tributo feito a Dumbledore; o principal argumento era de que o bruxo não havia sido um nome importante para o quadribol; e apesar de representarem uma minoria, os criadores de caso, liderados pela jornalista de personalidade conturbada, Rita Skeeter, por pouco não conseguiram frustrar a merecida homenagem àquele que é considerado um ícone da bruxidade. Mas o ministro da magia deu a palavra final, pondo fim à discussão. Como réplica, ainda tentaram expor os fatos da vida de Alvo Dumbledore, narrados em uma biografia não autorizada de conteúdo um tanto suspeito que, diga-se de passagem, foi escrito pela suposta jornalista. Eles afirmaram que as versões sobre o passado obscuro de Alvo, o torna uma fonte de vergonha para a comunidade bruxa, sendo que a homenagem colocaria os bruxos da Inglaterra em uma situação no mínimo desconfortável.
- É isso mesmo Lino, mas ainda bem que esse movimento sem sentido não deu em nada. Ninguém parecia concordar com essas manifestações, e acabou da mesma forma como começou: do nada. – explicou Roger.
A idéia de construir um estádio super moderno foi a primeira decisão de Kingsley Shacklebolt como novo ministro, após organizar o ministério e toda a bagunça que havia se formado nos últimos anos. “As pessoas passaram muito tempo se preocupando ou fugindo, agora iremos relaxar e nos unir; e nada melhor do queo bom e velho quadribol para cumprir esta função”, declarou o ministro.
E como jogo de estréia, não podia-se esperar algo diferente do que o Puddlemere United, já que era o time para qual Dumbledore torcia, além de ser o mais antigo da liga. Seu rival era o tão famoso Chudley Cannons, que após passar mais de cem anos em uma situação degradante, e às vezes até humilhante, vinha ressurgindo gloriosamente. Tudo isso, graças a uma nova contratação: o africano Ottah Namur.
No último jogo da temporada passada, Ottah Namur estreou em um time lanterna, mas fez até os torcedores do Appleby Arrows, o aplaudirem. ‘Um jogo já praticamente definido mesmo antes de começar’, era o que pensavam os Arrows; Talvez, pensar dessa forma tenha sido o grande erro do time. O jogo terminou com um placar de duzentos e vinte a zero, com apenas quinze minutos de partida decorrida; sendo que Namur marcou todos os pontos, rebateu a goles bem na hora em que um lançamento iria encobrir o goleiro em um gol certo para os Arrows, e ainda indicou discretamente a localização do pomo ao apanhador.
Foi assim que os Chudley Cannons terminaram a temporada passada: em último lugar, mas com sentimento de vencedores. Ottah Namur roubou a cena do time campeão, Ballycastle Bats, atraindo a atenção de repórteres, fãs e simples curiosos.
Namur nascera em de Benin, um dos países mais pobres do mundo. Aos vinte e um anos de idade, morou em um casarão colonial que era usado como uma espécie de escola de magia e bruxaria, onde um velho senhor estrangeiro recolhia crianças bruxas para ensiná-las a magia; no caso das crianças que possuíam um lar, eram convidadas a se mudarem para a escola. Namur morava na cidade de Parakou, situada no departamento de Bargou, e, ainda criança, foi para Porto Novo, capital de Benin, por convite do velho senhor.
Uma vez por semana, todos se distanciavam da cidade rumo a um descampado de terra para treinarem quadribol. Eram horas de caminhada para chegar até lá. O velho senhor costumava animar os alunos dizendo que aquilo era uma ótima preparação física. Todos levavam mantimentos para o dia inteiro, e lá recebiam todo ensinamento, de certa forma limitado, que podia ser passado por aquele homem.
As vassouras, todas doadas para o colégio, já gastas e velhas, eram revezadas entre os quase cinqüenta alunos. Namur já se diferenciava dos outros desde os primeiros dias de treino. Seu corpo esguio e seus movimentos intuitivos pareciam com o de um jogador habituado com o esporte.
Entretanto, a recompensa após tantas dificuldades agora havia chegado. As habilidades do jovem bruxo lhe abriram as portas para um mundo de oportunidades que ele nem esperava um dia conhecer. Mas Ottah Namur não conseguia viver aquilo tudo sem pensar em todos que havia deixado para trás: amigos, família, a escola precária onde aquele senhor doava sua vida para meninos e meninas com dons especiais, porém sem perspectivas de uma vida melhor. A magia lhes trazia um sentido em meio a uma vida de trabalho duro e miséria. Aprendiam a respeitar a magia e a utilizá-la sabiamente.
Agora, os jogadores do Chudley Cannons estavam no vestiário do estádio, se preparando para a partida que estava prestes a começar. Ottah Namur observava seus companheiros, todos o cumprimentavam, o admiravam. Quase sempre ele apenas retribuía aos acenos; não era de conversar muito, ainda estava muito afetado por tudo que havia passado em sua vida. Não se conformava de estar ali e saber que tantas outras pessoas sofriam até mais o que ele havia sofrido. Alimentava um sentimento de gratidão por aquele velho senhor, pois sem ele não seria possível estar ali. Era difícil para Namur apenas viver o que estava à sua volta, não se deixava iludir.
Mas naquele dia algo mudaria em Namur. O estádio Alvo Dumbledore e o quadribol iriam cumprir sua missão. A alegria, a união, novas perspectivas, e principalmente, um novo sentido à vida daquele jovem africano marcado por um passado hostil, iria tomá-lo. O quadribol não era um simples esporte, e Namur estava a poucos minutos de descobrir isso.
- Bem amigos da Jordan’s Comunications, voltamos em definitivo aqui do Estádio Nacional de Quadribol Alvo Dumbledore, em Godrics Hollow. Meu amigo Roger Spinnet, o que você espera para o jogo de hoje?
- Boa noite a todos! O jogo de hoje é muito importante para os dois times, pois ambos liderança do campeonato. De um lado temos um time entrosado, muito bem montado e com um capitão, digamos assim, bastante participativo; o goleiro Olívio Wood. Do outro, temos um time bem menos estruturado e um pouco atrapalhado, mas com um jogador que faz toda a diferença; Ottah Namur é quem faz a balança se igualar, com relação ao Puddlemere.
- É isso aí Roger! E veja nossos jogadores entrando em campo.
O estádio logo irrompeu em aplausos e gritos de euforia.
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O céu já estava escuro quando um homem de pele pálida, num tom semelhante ao de cera, se esgueirava pelas vielas da cidade do Cairo, capital do Egito. Estava prestes a dar uma amostra do que poderia fazer em prol de seus novos aliados. Um cordão de ouro, de aparência antiga, com um pingente em forma de “Q” balançava em seu pescoço por debaixo da capa cinza de tom escuro. Mesmo àquela hora, muita gente ainda caminhava por ali, vendedores exibiam seus tecidos coloridos, algumas jóias e artefatos manuais; a olhos desacostumados, aquilo pareceria uma bagunça completa, no entanto, para aquele homem, era muito pior. Sentia nojo quando algumas pessoas esbarravam levemente nele, era preciso manter a calma, tinha que controlar seus impulsos.
Uma porta estreita de madeira entalhada surgiu mais à frente. A alameda terminava e outra logo seguia perpendicularmente. Era ali. Precisava apenas olhar pela janela do andar de cima e procurar um lugar mais calmo para aparatar.
Cerca de dez minutos depois, o alvo daquele homem olhava fixamente para a varinha apontada bem em seu nariz. Algumas palavras sem sentido, um lampejo verde e em seguida escuridão. O homem puxou uma pequena bandeira de dentro da capa e estendeu sobre a mesa onde apoiava a cabeça sem vida de Samir, um influente negociador – em outras palavras, mafioso - da região.
A bandeira negra com grafias em branco representa a Jihad, conceito fundamental do islamismo. Várias ações de grupos extremos do oriente médio são fundamentadas nesses preceitos; alguns estudiosos afirmam que determinadas empreitadas estão além do que a Jihad prega, mas esse ainda é um assunto com várias controvérsias.
Agora, o homem teria de ir ao encontro de seus novos aliados, os únicos trouxas decentes que havia encontrado em todo mundo. Com a confiança deles conquistada, seria mais fácil dar os próximos passos. Mas antes iria até a Alemanha; tinha alguns assuntos pendentes com uma velha feiticeira. A última vez que falara com ela, seu irmão ainda era vivo e muitas coisas aconteceram desde aqueles tempos. Mas, com certeza, ainda seria fácil encontrá-la.
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Num quarto de hospital em Durham, Franklin acabara de acordar. Sua cabeça estava zonza, parecia dopado. Na TV, pendurada em um suporte na parede, a repórter cobria, ao vivo, uma reportagem de última hora. No fundo, um luxuoso prédio localizado em uma conhecida avenida se erguia enquanto vários outros repórteres e policiais cruzavam, apressados, de um lado para outro, onde a câmera filmava.
- Você acordou?
Franklin olhou para o lado e viu sua esposa. Luisa estava com olheiras e os cabelos bagunçados. Um sorriso sereno, mas cheio de alegria se formou em seu rosto enquanto se aproximava dele.
- Oh, meu amor. Estava tão preocupada. Não via a hora de poder conversar com você, ter certeza de que você estava bem. – disse Luisa entre apreensiva e aliviada, tocando carinhosamente o rosto do marido.
De repente, Frank levou a mão ao peito, seu rosto demonstrava dor.
- O que foi querido? – perguntou Luisa, quase em pânico – O que você está sentindo?
- Acho... acho que é meu amor por você que está aumentando aqui dentro de mim. – um sorriso surgindo no rosto de Frank.
Luisa passou de pânico para raiva, mas logo se rendeu às palavras doces do marido e os dois se beijaram de uma forma como há tempos não faziam. Muitas vezes, o medo de se perder quem se ama seja a melhor maneira de provar o quanto essa pessoa é, de fato, importante.
O noticiário da TV ficou mais evidente com o silêncio do casal.
“ ... o que torna ainda mais difícil as investigações. O presidente da ONU está desaparecido há dois dias, apesar do fato só ter sido divulgado na tarde de hoje. A polícia não revela detalhes da investigação, mas, algumas fontes seguras nos informaram que a falta de pistas vem sendo a maior dificuldade da polícia. A qualquer momento voltamos com mais notícias. Aqui é Helena Spencer da Bri...”
- Você viu isso? – comentou Luisa – Será um ataque terrorista? - completou, deixando transparecer algo mais do que simples curiosidade.
- Não sei. Muito estranho! Logo o presidente da ONU? – Frank ainda olhava para a TV, pensativo - Não consigo pensar em qual seria o interesse em seqüestrá-lo.
- Só pode ser uma nova Guerra Mundial. Armas a postos é o que não faltam, todos os países estão prontos há décadas, até parecem estar querendo isso.
O casal conversava sobre possíveis guerras ou conspirações terroristas. A palavra ataque fez Luisa lembrar-se da primeira pergunta que viera à sua mente quando recebera o telefonema do hospital informando que seu marido estava hospitalizado.
- Frank, o que aconteceu com você ontem à noite? Os médicos não acharam nenhum vestígio de problema cardíaco, circulatório, cerebral. Nada. Algumas testemunhas disseram que você havia simplesmente caído no chão, outros disseram que um homem estranho estava com você.
Frank ainda não havia pensado nisso, nem sequer se perguntara o que estava fazendo em uma cama de hospital. Procurou lembrar-se de algo, mas apenas uma conversa com John lhe veio à mente. Esforçou-se para tentar lembrar de algo mais. Nada. Tinha a sensação estranha de que as imagens não se mantinham em sua mente, pareciam fugir de seu domínio, embaçadas e sem sentido. Via-as passar como se estivesse em uma montanha russa.
Ele olhou preocupado para Luisa.
- Não consigo me lembrar. – respondeu – A não ser de uma conversa com John, talvez ele estivesse comigo. Você sabe onde ele está?
- Não. Venho tentando ligar desde que saí de Cambridge para avisar que você estava aqui no hospital, mas ele não atende em casa e nem o celular. Até estranhei, ele não costuma sumir assim.
Repentinamente, Franklin sentiu uma pontada na cabeça. Um lampejo vermelho inundou sua mente. Um homem com um sobretudo roxo havia retirado um pequeno pedaço de madeira das vestes e apontado para seu peito. A lembrança veio tão viva, que parecia estar sendo exibida em uma tela de cinema. Ele começava a se lembrar do que acontecera. Era tudo muito estranho, não entendia o que significava aquilo. Que instrumento era aquele? Qual o efeito da luz vermelha lançado por aquele objeto? Perguntas sem qualquer resposta agora o atormentavam. Talvez por isso decidira não contar nada a Luisa.
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Proudfoot andava apressado pelos corredores do ministério. Atravessou uma grande porta dupla, toda ornada com entalhes em relevo na madeira, que dava em uma ante-sala. Ali, vários sofás de três lugares e cadeiras se dispunham organizadamente; quadros de bruxos e bruxas se movendo e algumas plantas davam mais vida ao ambiente. De um lado, uma mesa cheia de papéis, mas todos organizados, formavam o espaço de trabalho da secretária de Kingsley.
- Bom dia Sr. Proudfoot! O ministro lhe aguarda, pode entrar. – foi logo dizendo, de maneira eficiente, a mulher atrás da mesa.
Meio tenso, Proudfoot conseguiu murmurar apenas um “obrigado” em resposta à secretária.
Entrando por outra porta, bem em frente à anterior, o auror olhou para Kingsley, que estava no fundo da sala conversando um homem de cabelos brancos.
- Me desculpe ministro – desculpou-se Proudfoot rapidamente, com ar desconcertado – a sua secretária me disse para entrar, então...
- Entre Proudfoot. Pedi para Madeleine que o fizesse entrar assim que chegasse. Sente-se – respondeu o ministro distraidamente apontando para uma cadeira ao lado do outro homem.
O auror caminhou até a cadeira e se sentou, um pouco sem jeito e ainda nervoso.
- Bem, eu vou indo. – disse o homem de cabelos brancos – Caso precise de mim novamente, é só me chamar ministro. E obrigado pelo chá.
- Eu é que agradeço tudo que o senhor tem feito pela comunidade mágica.
Kingsley acompanhou o homem até a porta e se despediu com um aperto de mão. Assim que fechou a porta se voltou para o auror e caminhou de volta para a mesa.
- Agradeço sua rapidez ao meu chamado, Proudfoot. É um caso importante. E mais complicado do que pensei que fosse.
O ministro endireitou-se na poltrona. Proudfoot ficou ainda mais inquieto. Havia esperado muito tempo para saber o que estava acontecendo realmente; na noite passada, seqüestrara um trouxa em uma missão de emergência. Talvez, por ser um dos poucos aurores presentes no ministério, tivesse sido escolhido para a missão, mas ao mesmo tempo não acreditava tanto nessa possibilidade, já que sempre tivera uma boa relação com Kingsley.
- O trouxa que você seqüestrou ontem, chama-se John Held. Ele é um cientista, uma espécie de estudioso que tenta explicar coisas sobre como a vida funciona. A questão é que, de alguma forma, ele começou a descobrir a magia através de seus estudos.
O auror prestava atenção a cada palavra proferida pelo ministro e tentava entender melhor o que estava sendo explicado. Não via nada de tão preocupante; nada que não pudesse ser resolvido facilmente.
- Aquele senhor que conversava comigo agora a pouco – continuou o ministro – é Tenório Peasegood, irmão de Arnaldo Peasegood e atual professor de Estudo dos Trouxas em Hogwarts. Foi ele quem nos informou sobre as descobertas de John Held. Tenório fazia algumas pesquisas de campo avançadas em palestras ministradas por trouxas. Por sorte assistiu à apresentação de John e nos avisou imediatamente. O trouxa havia citado em sua palestra que seus estudos indicavam ao que ele poderia chamar de magia; de certa forma parece até pouca coisa pra se preocupar, mas Tenório nos disse para intervirmos imediatamente, porque o trouxa iria publicar seus estudos em revista.
Proudfoot ouvia tudo muito atentamente, eram muitas informações em pouco tempo.
- Até então, as informações que conseguimos coletar nos indica que tomamos a decisão certa. Hoje bem cedo montamos um grupo de busca composto por aurores, obliviadores e estudiosos sobre trouxas para irem até a casa de John Held. Seu endereço estava em um papel de emergência, em uma espécie de bolsa pequena dentro do bolso de sua calça. Na casa do trouxa, o grupo de busca achou vários papéis relativos aos estudos citados na palestra; acharam também, em uma máquina que eles chamam de computador. A máquina foi apreendida pelo ministério até arranjarmos alguém que saiba manusear melhor a máquina, para que se descubra mais coisas.
O ministro fez uma pausa. Sabia que Proudfoot precisava de um tempo para assimilar todas as informações. Após algum tempo, o auror levantou o olhar, o nervosismo quase todo dissipado de si. Se fosse isso mesmo, então não haveriam mais problemas. Com os estudos do trouxa e aquela máquina estranha em poder do ministério, tudo seria mais fácil.
- Que bom tudo está resolvido, então. – Proudfoot exibia um sorriso, o corpo completamente relaxado – Basta apenas limparmos a mente do trouxa e mandá-lo para casa, não é?
Kingsley retribuiu o sorriso, só que bem menos entusiasmado.
- Eu também queria que fosse simples assim. Há algumas complicações nisso tudo. Vasculhamos a mente do trouxa e achamos algumas coisas que também estavam em seus estudos. Ao que parece, ele está descobrindo informações sobre a magia, através de um pergaminho antigo. Ainda não conseguimos entender a relação entre os dois, além do que, o pergaminho está escrito em uma linguagem completamente desconhecida para nós. Seus pensamentos também estão confusos e cheios da linguagem estranha do pergaminho. Daqui a pouco irei a seu encontro para tentar fazer com que ele nos explique do que exatamente se trata. Se arriscássemos apenas mandá-lo embora com a mente alterada, estaríamos negligenciando esse pergaminho misterioso e ainda estaríamos sujeitos à possibilidade desse trouxa ainda ter alguma parte desse estudo em outro lugar ou, de alguma outra forma, vir a descobrir tudo novamente. É melhor sermos precavidos.
Proudfoot tentava agora acreditar que aquilo tudo tivesse acontecendo realmente, o nervosismo lhe tomara novamente. Kingsley tinha razão ao dizer que aquilo tudo era estranho. E além do mais, a rapidez com que tudo acontecia trazia certo espanto. O ministro parecia sentir o mesmo, pois nem sua peculiar facilidade em manter a calma conseguia reter, por inteiro, o receio que sentia.
- E o que o senhor deseja que eu faça? – perguntou Proudfoot tentando se manter firme, mas com receio da resposta.
O ministro se levantou. Seu porte físico e o falso semblante de “poucos amigos” faziam muitas pessoas se intimidarem. Mesmo quem já o conhecia bem, ainda não conseguia vê-lo sem esse estigma. Não completamente.
- Pelo que fui informado, na noite anterior, quando você e Marlowe partiram para a missão, encontraram o trouxa com um amigo, não foi?
- Isso mesmo senhor ministro. Mas não há com que se preocupar, Marlowe alterou a mente dele. Neste momento não deve se lembrar do que aconteceu ontem à noite.
- Certo. – disse Kingsley pensativo – Mas o que me preocupa é o fato dele saber algo sobre esses estudos. John Held pode ter dito algo para o amigo, o que nos colocaria em uma situação de risco. Quero que você espione esse trouxa e colha qualquer informação que pareça útil. Qualquer coisa. Caso perceba algo estranho ou que seja relevante em nossa investigação, me avise imediatamente. Se for o caso, precisaremos seqüestrá-lo também.
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Um “Q” balançava no pescoço de um homem vestido com uma capa cinza escuro; aquele pingente havia sido herdado. Era um desses tesouros de família que atravessa gerações a fio. Andando pelas ruas de Frankfurt, avistou uma casa mais à frente. E por sinal, era uma belíssima casa.
Parou por um instante, e observou a bela casa branca. Olhou a porta de cor rosada e deu um sorriso escarnecedor. Era quase inacreditável que a pessoa a quem procurava estivesse morando ali. Olhou de um lado a outro da rua; estava pouco movimentada. Alguns carros passavam apressados e pedestres caminhavam esporadicamente pelas calçadas. O frio daquela noite ajudava a disfarçar o homem estranho, já que usava a capa surrada de sempre.
A porta, sem mais nem menos, abriu-se. Ninguém era visível dentro da casa. Ela já sabe que estou aqui, pensou.
A sala era mal iluminada e suja; alguns archotes pequenos estavam acesos nas paredes. Como esperava, o aspecto externo da casa era apenas um disfarce.
- Pode subir.
A voz fina e gasta cortou o silêncio. Até mesmo aquele homem, frio e insensível como só ele, sentiu-se receoso.
Subindo as escadas, o homem ia sempre olhando em volta. Não era a sujeira nem a escuridão, e tão pouco alguns quadros velhos com bruxas estranhas se movendo que o fazia ter cautela. E sim, unicamente, a dona da casa.
As escadas davam em um salão enorme, muito maior do que a sala a qual entrara lá embaixo. Os olhos começaram a se acostumar com a escassez de luz, que era maior ainda ali. Logo foi percebendo que aquela sala fora, na verdade, um conjunto de quartos. As paredes estavam todas destruídas, caídas ao chão. Ainda era possível ver alguns pedaços de madeira e tijolos em pé.
No fim do salão uma pessoa estava sentada encolhida em uma cadeira de balanço.
- Então, finalmente veio atrás de mim? – a voz era de uma velha, aguda e falhosa - Não pensei que fosse demorar tanto. Quanto faz mesmo? Desde a morte de Quirinus? Oito anos? Nove?
- Fui até a Floresta Negra e me disseram que... – tentou falar o homem, a voz firme.
- Eu deixei ordens para que lhe dissessem onde estou.
A mulher ergueu o braço, na mão uma varinha. Um movimento circular, em seguida o local estava bem iluminado.
Uma senhora, aparentando uns sessenta anos, se tornou visível. O corpo bem torneado, a pele alva e os cabelos loiros muito bem cuidados não condiziam com a voz. Falava devagar, de um jeito como se estivesse possuída.
Os dois permaneceram calados por alguns instantes. Quem voltou a falar primeiro foi a mulher.
- Hoje é o jogo de estréia do estádio que fizeram para Alvo.
- Sei disso. – respondeu o homem um pouco incomodado com o assunto.
Mais silêncio.
- O que mais você tem feito além de se envolver com trouxas religiosos? – perguntou a mulher, falando um pouco mais rápido.
O homem se espantou. Tentou não demonstrar, mas era quase impossível. Como ela soube?, perguntou-se em pensamento.
A mulher sorriu maliciosa.
- Pensou que estivesse sozinho por aí?
- Não se intrometa nisso! Não tem nada a ver com você!
Com um olhar incrédulo a mulher calou-se. Cuidarei disso em outro momento, pensou.
- Me diga logo o que você quer. Qual o motivo dessa visita depois de tanto tempo? Não deve ter sido por saudades. – dardejou a mulher com um sorriso de escárnio.
O homem hesitou. Teria que ir direto ao assunto; não era o tipo de coisa a se pedir com rodeios. Não para aquela mulher.
- Preciso falar com Quirinus. Só ele pode...
- VOCÊ ESTÁ LOUCO? – a feiticeira se levantou de um pulo, o grito havia quase feito sua voz sumir, como se tivesse um ganso na garganta.
A mulher estava ofegante, parecia ter corrido uma maratona. Há muito tempo não ficava tão fora de si. Pareceu ter percebido isso, pois logo se recompôs e sentou de volta na cadeira de balanço.
- Você não pode pedir isso. Tem mais com o que se preocupar.
- Eu sei com o que devo ou não me preocupar; e nesse momento preciso falar com Quirinus, nem que para isso eu tenha que lhe enfrentar.
A mulher olhou-o, uma gargalhada rouca, quase inaudível, ecoou pelo salão.
- Você não está louco a esse ponto. Não teria coragem. Vamos fazer um acordo; eu lhe dou uma coisa com que se preocupar e você esquece essa história por enquanto. Parece-me justo. O que acha?
- Não adianta tentar me enganar. – o homem já estava impaciente. Já sabia que não iria convencê-la facilmente, mas também não esperava ter que barganhar, logo com ela.
- Não há mentiras Murdovus, apenas más notícias.
Silêncio. Os dois se olhavam, cada um tentando adivinhar o pensamento do outro. Havia dúvidas sobre o que era algo ruim para cada um.
- Ontem, o ministério recebeu uma denúncia de um trouxa que estava descobrindo a magia através de estudos. A notícia ruim é que o tal trouxa descobriu um pergaminho estranho, mas ninguém do ministério conseguiu decifrar o que diz nele.
Murdovus fixou o olhar nos prédios lá fora. Essa era, sem sombra de dúvidas, uma das piores notícias que poderia receber. O ministério não poderia descobrir o que estava escrito naquele pergaminho. Se o conteúdo caísse nos ouvidos da comunidade bruxa causaria um grande alvoroço, e seu plano iria por água abaixo.
- O tal trouxa possui um amigo que pode saber de tudo também. – continuou a feiticeira – Neste exato momento um auror está indo atrás dele, na cidade de Durham; parece que esse amigo está saindo hoje mesmo de um hospital trouxa.
Murdovus virou-se sem dizer mais nada. Mais alguém iria morrer pela sua varinha naquela noite.
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Enquanto os jogadores entravam em campo a torcida delirava. As arquibancadas eram expostas quase como um prédio, levemente inclinadas; o que dava a sensação de se estar quase dentro de campo, mesmo com um recuo de quase de trinta metros. Alguns rumores diziam que tudo fora construído com auxílio de estudos trouxas chamados de arquitetura.
Conforme os nomes eram chamados, os jogadores entravam em cena, um de cada time, fazendo alguma manobra na vassoura. Parece que até propositalmente os dois últimos foram os de Olívio Wood e Ottah Namur. O goleiro apenas acenou para a torcida, que era maioria absoluta nas arquibancadas. O artilheiro meneou levemente a cabeça; a torcida dos Cannons foi ao delírio e mesmo sendo minoria, não eram poucos.
Olívio chamou o time e todos se reuniram. Palavras de estímulo eram gritadas por ele, enquanto os jogadores de uniforme laranja apenas se colocavam a postos. Namur olhava para de um time a outro. Quando olhava para seus companheiros sentia como se um penhasco os separasse. A diferença técnica era gritante. Ele sabia que todos esperavam muito dele, o que era uma grande injustiça. Claro que Ottah era quem “carregava” aquele time nas costas, mas as coisas não poderiam continuar assim para sempre. Aquela era uma situação insustentável.
Todos se calaram. Antes do jogo, fariam um minuto de silêncio como forma de homenagem a Alvo Percival Wulfrico Brian Dumbledore.
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N.B: WoW!!! My God! Quanto mistério! Capítulo maravilhoso, bastante esclarecedor sobre certos fatos, mas que também criou novas lacunas que já estão me fazendo arrancar os cabelos de curiosidade. E gente, precisamos concordar... temos, além de uma estória maravilhosa, uma verdadeira aula de História e Geografia! Rsrsrs... Viram só? Fic’s não são apenas contos, mas conteúdos!
p.s: Não vejo a hora de nossos personagens prediletos entrarem nessa teia de mistérios! :)
Beijos para todos e até a próxima!
Lore Weasley Potter
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N.A.: Bem pessoal, mais um capítulo postado, e diga-se de passagem, muito interessante e revelador!! Espero que vcs possam ter achado o msm!! Estou me esforçando e estudando para produzir essas linhas!! Na historia são abordados algumas coisas que são reais, como por exemplo, nesse cap eu cito e explico MT sucintamente sobre o Jihad. Não posso explicar profundamente mtas coisas, e caso vcs se interessem por algum assunto, pesquisem, é bom conhecermos mais sobre o mundo em que vivemos, olharmos mais para os lados!! A historia de Ottah Namur vem trazer um drama à historia, espero que tenham gostado, assim como o rapido momento de romance entre Frank e Luisa!! Não percam o proximo capitulo: o desfecho emocionante do jogo de quadribol, o desenrolar da estória de John e seus estudos, a nova caçada do misterioso Murdovus, e enfim............................. Harry & Cia!! NÃO PERCAM! Ah, e COMENTEM!!!
Meus especiais agradecimentos à Lore, a beta mais incrivel da floreios. Lore, vc é d++++++++++++!!!
Abraços.
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