O salão dos espelhos



Todos elevaram a varinha e silenciosamente produziram luz de sua ponta. Caminharam sentindo todo o corpo tremer semelhante a suas sombras a tremeluzirem nas paredes apertadas do corredor, mas seguiam rapidamente, quase correndo mas evitando ao máximo qualquer barulho.

Um susto. As três portas que estiveram até então abertas se fecham consecutivamente produzindo ruído: Primeiro o quadro que dava acesso a sala comunal da Lufa lufa, logo depois a porta externa da sala, que eles abriram tocando nove vezes no tijolo diferente que havia na parede. E a terceira, e foi a que mais afligiu os marotos quando bateu fazendo um click foi a que dava acesso àquele claustrofóbico corredor. Estavam presos, até que conseguissem perceber o contrário. Mas não podiam recuar, todos sabiam disso intimamente, portanto ninguém exitou. Seguiram adiante.

O corredor era frio, com paredes muito próximas, e era bem extenso. Parecia aos marotos que terminaria em uma parede, mas mesmo com todos os receios que sentiam naquele momento, alimentavam a esperança de encontrarem uma sala, uma câmara ou coisa parecida. Seguiram muito apreensivos e atentos a qualquer coisa que pudesse parecer mais anormal do que tudo aquilo que estavam vivenciando até ali.

Sentiam no âmago do ser toda a expectativa aflorar aos jorros do peito e sabiam profundamente que estavam a um passo... só não sabiam a um passo de quê!

Caminharam quase até perderem as esperanças de chegarem a algum lugar, mas enfim chegaram a um arco por onde só se poderia passar uma pessoa pequena de cada vez. Dava para vislumbrar três objetos altos, de madeira no seu interior, mas ao tentarem atravessa-lo, uma força misteriosa os compeliu de volta, impedindo-os de avançar. No ar surgiram letras muito bem desenhadas e meio tombadas. Eles a reconheciam de algum lugar.

_Parece a letra de.... - disse reticente Lílian

_Dumbledore... – concordou Alice.

O texto cintilava diante deles e era bem claro.

“A quem ousou chegar até aqui, e quer sinceramente, e sem más intenções atravessar este portal, posso afirmar que muita perspicácia teve, e agora será provado quanto a mais três aspectos: Primeiramente precisarão provar que dominam um alto grau mágico; depois precisarão provar extrema pureza e afastamento das artes das trevas, e por ultimo, precisarão provar alto grau de lealdadea Hogwarts. A quem deseja adentrar essa câmara, desejo sorte. E àquele que conseguir peço muita cautela, pois em seu interior escondem-se segredos devastadores.”

_Bem... temos que provar alto nível mágico...

_Facil, querem ver?!

E com um leve esforço que se estampou em seu semblante, pouco a pouco foi se transformando em um bonito e alvíssimo lobo. Os amigos, impressionados com a praticidade da atitude do amigo logo o imitaram, e em seus lugares estavam um imponente cão negro, um galante cervo selvagem, uma enorme e ágil coruja, um enorme e ronronante gato selvagem e um belíssimo faisão vermelho, ruivo como a bruxa que nele se transformava.

Os seis animais, com os olhos vidrados olhando em direção ao portal notaram ao mesmo tempo uma sutil reação naquela energia invisível que a selava, apenas um discreto cintilar a mais. Em alguns minutos estavam de novo os jovens de pé diante da porta.

_Inicialmente eu pensei em patronos, - explica Remo – mas o espaço não os comportaria, então...

_Genial – interrompe Tiago – mas tem outras duas provas... a próxima é provar que não temos envolvimento com artes das trevas.

Sirius olhou preocupado.

_Ora, também é muito simples.

Diz Frank já com a varinha em punho e com um semblante pensativo, como se estivesse repassando detalhes na tela da memória.

_ “Prior incantatu” – ele pronuncia fazendo um mínimo movimento sobre a varinha de Alice, e esta revela de sua ponta sua última atuação , mais um movimento e mais uma atuação.

Todos fizeram o mesmo nas varinhas uns dos outros e em alguns momentos o portal novamente teve um comportamento digno de atenção, como se houvesse dado por satisfeito, e mais uma vez cintilou, dessa vez um pouco mais forte.

A terceira prova. Todos sentiram-se um pouco afrontados com este último teste. Afinal, não estavam ali por outro motivo além de sua fidelidade a Hogwarts, mas precisariam cumprir essa ultima tarefa. Mas o que fariam?

_Mas é claro, a terceira prova, a solução está bem nas nossas mãos! –diz surpreso consigo mesmo um Tiago muito empolgado vasculhando o bolso traseiro da calça.

_O que está procurando Pontas?

_Isso!

Todos os maxilares reagiram imediatamente. Primeiro caindo de susto, depois se contraindo em um maravilhado sorriso de aprovação.

Eis ali a solução, a chave que daria aos seis amigos passagem pelo portal. Aquele instrumento que eles próprios elaboraram e produziram, algo que facilitou tantas de suas facetas na escola, tanto suas boas ações como suas piores molecagens. Era sem duvida a prova incontestável da total fidelidade que eles dedicavam a Hogwarts. Empunhando a varinha, Tiago pronuncia calmamente as palavras tantas outras vezes proferidas: ‘Juro solenemente não fazer nada de bom’. E em segundos surgiam letras e traços no pergaminho que a essa altura do ano já estava novamente todo amassado. Abriram todo o mapa diante da porta, e mais uma vez esta se deu por satisfeita e recomeçou a cintilar, mas desta vez todo aquele brilho começou a protuberar em direção aos marotos e os envolver. Nesse momento eles souberam: conseguiram acesso a sala adiante deles.

Entraram. Poderiam jurar que seus corações iriam explodir dentro do peito, chegavam mesmo a ouvir-se as batidas uns dos outros.

Caminharam lentamente, pois sabiam que ali adiante estariam as respostas, o premio, o sucesso da aventura, a vitória, e queriam saboreá-la. A ansiedade que era tremenda não os desequilibrou e não causou nenhuma precipitação. Simplesmente avançavam lentamente em direção às três armações de madeiras erguidas no centro da sala, posicionadas estrategicamente, nos ângulos de um imenso triangulo desenhado no chão. Caminharam muito juntos, muito próximos uns dos outros, como se quisessem enxergar todos por apenas um par de olhos, ou como se quisessem ter acesso ás imagens capturadas por todos os olhos ao mesmo tempo.

Pararam no ponto central do triangulo e agora podiam ver exatamente o que eram os móveis de madeira ali depositados. Eram três espelhos. Imensos e ricos em adornos.

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