Probabilidades altas de acerto



Especialmente essa noite a sala comunal da Grifinória ficou povoada até depois da meia noite. E alguns amigos que notaram a ausência dos colegas dedicavam a eles uma superlativa atenção, na expectativa de descobrir o que eles andaram fazendo na noite anterior. Já que uma vez por mês inevitavelmente eles sumiam e reapareciam apenas ao amanhecer, muitos já haviam se acostumado e deixaram de sentir interesse, visto que nunca tinham sucesso em tentar descobrir o que os marotos faziam em tais noites. Mas dessa vez foi muito diferente, e o sumiço chamou a atenção principalmente porque era o segundo dentro do mesmo mês e com menos de dez dias de intervalo.

Ao ultimo e mais insistente colega foi necessário lançar um feitiço ‘obliviate’ para que esquecesse do assunto e sentisse muito sono.

Enfim foi possível sair. Passaram pela escada de mármore e se depararam com o pequeno corredor que levava à sala comunal da Lufa lufa. Não conheciam outra passagem que mantivesse o rumo reto, cortando exatamente ao meio as profundidades do castelo. Caso decidissem não segui-la, teriam que escolher o caminho à direita ou à esquerda. Mas não queriam, ao menos por enquanto, desviar-se dos planos traçados na reunião que ocorrera à tarde. Por isso decidiram seguir pela passagem. Claro que Sirius já sabia exatamente como adentrar a sala comunal da Lufa lufa, conhecimento adquirido graças a um chamego que teve com uma estudante da casa no início do ano letivo. Esta, claro, questionada por ele, não se fez de rogada e entregou todos os segredos a ele.

_Pontas, que acha de entrarmos?

_Ora, Almofadinhas, se concentre no que você veio fazer, não pense em travessuras agora. Não iríamos estar mais perto do nosso objetivo se entrássemos aí agora.

_Mas e se o que estamos procurando, apesar de não sabermos o que é, estiver lá dentro?

_Façamos o seguinte: - disse razoavelmente Remo – vamos examinar com bastante atenção as paredes do corredor. Vocês sabem que é bem possível que haja uma passagem secreta muito bem escondida por aqui. Se houver, vai estar realmente muito bem camuflada e de acesso bem difícil, pois senão já teria sido descoberta. Se encontrarmos, não desviaremos nosso caminho por uma travessura inconseqüente, mas se não encontrarmos nada, então a teoria de Almofadinhas terá sentido e aí entraremos, todos sob as capas, e não iremos aos dormitórios, mesmo porque esses ficam, nós sabemos, no terceiro andar.

E então cutucaram todas as paredes, bisbilhotaram os quadros, tentaram feitiços reveladores, fizeram o escambau pra tentar encontrar algo, mas não obtiveram sucesso.

_Então Sirius? Como se entra na sala?

_Muito simples. Estão vendo esse tijolinho aqui? Percebem que ele tem um tom amarelado mais claro do que os outros ao redor? Basta tocar com a varinha nove vezes que a passagem se abrirá. Porém, lá dentro estará um quadro que nos cobrará a senha, e teremos que torcer para ela não ter mudado desde o inicio do ano.

E assim o próprio Sirius fez. Bateu as nove vezes com a varinha no tijolo e a primeira passagem se abriu. Diante do quadro ele declamou o poema que era a senha: “qualquer maneira de amor vale a pena”, mas nesse momento as espinhas de todos esfriaram. Pois o quadro se manteve imóvel. Eles sabiam que precisariam pensar em algo, se não quisessem virar as costas e voltar para os dormitórios com uma frustrante derrota nos ombros. Tentaram ‘ainda que eu falasse a língua dos anjos e dos homens, sem amor eu nada seria’ e ainda assim nada aconteceu. Mas Alice de um sobressalto toma a frente e fala quase se atropelando nas palavras:

_O que está em cima é como o que está embaixo;
Por tais coisas se fazem os milagres de uma coisa só.

E a porta se abriu, fazendo abrirem-se também as bocas dos colegas.

_De onde tirou essa frase, Manhosa?

_Ora. A tabula esmargadina. Nunca leram não? É uma das bases da teoria da magia, uma das principais?!?!?!

E entraram mais silenciosos e com bastante cautela. Olharam tudo em volta. Ficaram impressionadíssimos ao notar como tudo era arrumadinho e aconchegante. Não demorou muito pra eles notarem que entre o requinte e a simplicidade do ambiente, não havia muito espaço para passagens secretas ou segredos ou mistérios ocultos. Sirius até insistiu para eles subirem aos dormitórios, mas a oposição unânime o fez aceitar e sair emburrado atrás dos colegas.

O quadro se abriu. Eles passaram e Frank achou prudente não fecha-lo antes de o outro pórtico se abrir. Afinal, se desse algo errado, a pior coisa que poderia acontecer naquele momento era eles ficaram ali presos e apertados como sardinhas em lata entre uma porta e outra. Mas o que aconteceu foi sensacional. Quando as duas portas estavam abertas, o último reflexo da lareira incidiu sobre a parede oposta do corredor e ali, naquele momento, e só naquele momento foi possível ver nitidamente uma minúscula maçaneta.
Frank já ia soltando o quadro para que este pudesse voltar a bloquear a entrada da sala mas Alice, que percebera a maçaneta antes dos outros apenas disse “não feche ainda. Apenas olhe aqui” e todos estatelaram os olhos naquela parede parecendo não acreditar.

Tão acostumados que estavam, tanto com magia quanto com aventura, nunca antes os corações dos seis jovens bateram tão forte e rápido. Sentiram no fundo da alma que estavam mais próximos que nunca de seja lá o que for que precisavam encontrar.

Tiago não perdeu tempo. Ergueu a mão e girou a maçaneta, ele tentou a primeira mas viu que não conseguiu retrair totalmente a lingüeta que mantinha a porta fechada. Tentou de novo e desta vez torceu mais longamente a maçaneta. E tentou mais uma terceira. Torceu e notou que ainda era insuficiente. Lupim impacientou-se e se adiantou, varinha em punho, ao amigo: - “inclinoroto” – pronunciou o feitiço que imediatamente fez com que a maçaneta girasse até seu extremo, e a porta se abriu revelando o mais escuro corredor que eles já viram e que eles já se aventuraram a galgar.

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