a poção de restauração



Logo depois das aulas daquele dia em que o cansaço levou aqueles seis amigos a cochilar mais vezes nas aulas do que seria saudável para suas casas (visto que graças ao fato vários pontos foram tirados), todos estavam caminhando juntos, lentamente, como zumbis, em direção ao sétimo andar, aquela seria talvez a mais importante reunião da sociedade dos marotos que eles já realizaram até então, e não haveria cansaço ou desânimo que os pudesse impedir.

Precisaram desviar seu caminho por duas vezes fingindo estar indo para a sala comunal da grifinória porque foram flagrados e não queriam ficar inventando desculpas para justificar a direção para a qual estavam se dirigindo. Em outra ocasião não ficariam tão desatentos, mas estavam realmente cansados.

Mas a muito custo chegaram ao seu destino e a primeira providência que a sala precisa tomou mediante à necessidade dos garotos foi materializar por todo o lado um incontável de poltronas estofadas reclináveis bem confortáveis.

_Nossa.... sinto que vou apagar a qualquer momento. Estou realmente com muito sono...

_Mas é claro que estamos todos cansados Sirius, fomos para os dormitórios quando o dia já estava quase clareando. Dormimos só umas duas horas essa noite. – Diz Alice.

_Mas não podemos dormir agora. E precisamos estar bem dispostos porque temos muito o que discutir e muitas decisões a tomar. Lily, meu lírio, será que você não tem, ou não pode preparar uma poção estimulante para nos ajudar um pouco?

_Claro que posso – disse Lily levemente enrubescida enquanto se materializava a um canto da sala o conhecido armário de ingredientes que elas usaram quando preparavam as capas de invisibilidade. – só vai demorar alguns minutos, graças ao feitiço acelerador que descobri naquele livro velho da biblioteca.

E enquanto Lily ia mexendo os ingredientes, medindo. Pesando, manuseando caldeirão e colher de pá, auxiliada por Alice, os garotos faziam comentários mal-humorados sobre as aulas do dia entre chingamentos disfarçados e bocejos bastante extensos de sono.

_Está pronta e levemente melhorada. Alem de estimular e animar vocês, vai dar a energia que vocês, quer dizer, nós, porque também vou tomar, não recuperamos durante as poucas horas de sono.

_Lili, por isso todos nós te adoramos.

_Claro que é por isso, em momento algum achei que gostavam de mim por causa dos meus cabelos ruivos.

Todos riram fracamente, mas ao primeiro gole da poção, que desceu queimando como wisky de fogo, todos já começaram a se sentir mais animados, e bebericando a poção, como fariam se fosse cerveja amanteigada (que não cairia mal naquele momento, mas que resolveram evitar para não perderem novamente a sobriedade) iniciaram oficialmente a reunião. Dessa vez Frank estaria na função de escrivão da ata.

_Todos sabem – iniciou com gravidade Tiago – que tivemos um perigoso insucesso ontem a noite, o que poderia ter complicado muito nossa vida, e também de Dumbledore que, não sei porque, decidiu nos ajudar, arriscando a própria reputação como diretor.

_Mas não podemos negar – interrompe Sirius – que foi uma aventura e tanto.

_Não que você não tenha razão Almofadinhas, mas é uma hora imprópria para este comentário, dada a gravidade das circunstâncias.

E a essa afirmação, o maxilar de Lily é puxado com tanta violência pela gravidade que causa surpresa em todos. Tiago levando uma assunto a sério? E o mais impressionante: quando o assunto é realmente sério!

_Portanto precisamos realmente avaliar nossas ações, descobrir em que não estamos sendo eficazes, e acima de tudo estudar minuciosamente as últimas palavras do Diretor, porque se tem uma coisa que ele deixou bem claro e nem fez questão de disfarçar em enigmas como ele sempre faz, é que ele deseja que continuemos.

_Verdade. E discutir todas essas coisas não vai ser fácil nem rápido – disse Lupin – por isso se quizer soltar mais uma dosezinha de poção Lily?

E ela, com um aceno de varinha, faz com que o caldeirão onde se depositava a poção vá levitando até cada um dos presentes e da mesma forma faz com que a concha sirva mais um bocado de poção em suas taças.

_Desculpe dizer – diz Frank deixando que a pena de repetição trabalhasse – mas sou da seguinte opinião. Em nenhum momento nossas atitudes foram realmente planejadas. Nós restauramos o mapa do maroto mas não o usamos pra mais nada além de averiguar quem está nos corredores. Acho que se nos sentarmos com o mapa e prestarmos mais atenção nas fundações de Hogwarts do que nas pessoas que transitam pela escola, podemos chegar a uma estratégia.

_Tem toda razão Frank, mas se Lupin, que é observador, puder me ajudar a rememorar com a máxima exatidão possível as palavras de Dumbledore, talvez consigamos desvendar mais uma dica disfarçada que, acho eu, ele nos deu nessa madrugada.

_Sabe Pontas, - diz Alice – também notei algo nas palavras do Professor, mas andei pensando e nem consegui desconfiar do que possa ser.

_Mas eu acho que o mais prático será começarmos por tentar relembrar com a máxima exatidão as palavras de Dumbledore. – diz pensativo Lupin – hum... vejamos.... ele disse: “...então compreendam mais uma coisa. Não será sempre que poderei acobertá-los ou os socorrer em momentos como este, marotos....” aui ele deixou bem claro que está nos ajudando, mas que há restrições no que ele pode fazer por nós.

_Pelo menos nos deixa claro que não está desfavorável a nós, não é Aluado? –diz Alice, afetado satisfação na voz – o que é muito bom pra nossos planos.

_Isso mesmo. Mas ele disse também; “... É de extrema relevância que sejam mais, muito mais cautelosos e atentos...” ou seja, não está satisfeito com a forma como temos agido. Ele esperava mais cuidado, talvez mais competência da nossa parte. Acreditava em nosso potencial e esperava que déssemos mais importância ao que estamos fazendo.

_Mas não sabemos o que estamos fazendo, estamos apenas procurando e nem sabemos o que. Se ele ao menos nos dissesse o que ele acha que vamos acabar encontrando...

_eu acho, Almofadinhas, que ele esperava que entendessemos que a coisa era importante quando nos procurou da primeira vez e deixou transparecer, ainda que por enigmas, que aprovava nossa aventura. Mas sigamos. Ele também disse: “...não estão na pista errada de forma algumas, talvez na direção equivocada, contrária mesmo...” aí está o ponto. Ele sabe, pelo menos desconfia de algum lugar em que possamos encontrar algo.

_De fato Aluado. Mas conhecendo um pouco Dumbledore, acredito que ele saiba exatamente onde a coisa está, talvez ele mesmo a tenha escondido nesse lugar que ele está tentando nos fazer encontrar, e deseja, por algum motivo, que consigamos algo que... meu Deus.... algo que seja relevante talvez... contra Você-sabe-quem!!!

_Acho que você viajou, Corujão. Acho que não pode ser isso – disse com ima insegura incredulidade Sirius – ou pode?

_Isso não importa agora – intervem Tiago – o que importa é que Dumbledore está contando com a gente, e nos está apoiando, como disse no início da reunião, e por isso precisamos agir rápido e... bem... melhor... e não podemos nos esquecer de que é imprescindível que ninguém descubra nada. Ele voltou a afirmar isso: “...não contem nada disso a ninguém. Ninguém, entenderam?...”

_Pois então vamos aos planos. - raciocina Lily - Se Dumbledore disse que estivemos na direção errada, chegou a dizer oposta, é porque não temos que nos ater na parte frontal do castelo, deve estar no subsolo e nos fundos. Talvez próximo às masmorras.

_E isso complica as coisas. Tem a sala de poções.

_Mas nela sabemos que não tem nada, não é mesmo Frank? O que me preocupa é... será que teremos que invadir a sala comunal da sonserina pra investigar?

_Creio que não é o caso, Almofadinhas. Afinal, se fosse assim, teríamos que invadir também a sala da Lufa-Lufa, e Dumbledore não para de nos pedir discrição.

_Verdade Manhosa. Mas olhe aqui no mapa do maroto. No subsolo estão desenhadas varias salas no subsolo que antes não haviam. Será que elas surgiram graças ao feitiço de restauração que fizemos nele? Ou será que o castelo está tentando se revelar pra nós?

_O importante Sirius é que nele tem, ao menos agora, a indicação de vários corredores e câmaras que nós nem sabíamos que existiam, e acho uma boa idéia começarmos por essa aqui. A do meio. Repara que ela segue exatamente a direção oposta àquela passagem que pegamos do corredor da cozinha.

Pronto. Estava tudo decidido e planejado. Os marotos haviam bebido poção suficiente pra ficarem acordados mais uma noite e decidiram que esperariam todos dormirem pra agirem sem susto, mas que mesmo assim usariam as capas, o mapa e o olho-de-nuca, porque segundo Dumbledore, cautela nunca é demais.

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