A arrumação
Harry tinha planejado estudar um pouco na noite daquela segunda feira. Sabia que precisaria se dedicar um pouco mais em poções se quisesse passar em sua NIEM, porque afinal, o Príncipe Mestiço não estaria lá para salva-lo, nem mesmo nas páginas do livro avançado de Poções. Precisaria de uma ajudinha extra de Hermione e Neville em História da magia, porque por mais que tentasse, não conseguia ter a menor simpatia pela matéria, apesar de admitir que Doge era bem melhor professor que antigo professor fantasma, Binns.
Mas seus planos se frustraram por um pequeno bilhetinho que foi entregue por um eufórico primeiranista:
_nossa Harry, quer dizer, Sr. Harry, âh! Sr. Potter...
_pode me chamar de Harry, só Harry.
_ ah! Então Harry, foi um custo te achar. Foi na hora do almoço que a Profª McGonaghal me pediu pra te entregar isso:
_obrigado Charlie.
_ então... até mais.
_até mais.
E o garoto saiu gritando para outros primeiranistas reunidos um pouco atrás
_ nossa... ele é muito legal, ele é o máximo, me disse pra eu chama-lo de Harry, acho que agora somos amigos
E Harry se limitou a rir. Depois abriu o bilhete e o leu.
“querido Harry.
Aguardo você hoje ao anoitecer para arrumarmos a ‘bagunça’. Bem não vou dizer mais nada pois sei que você sabe do que estou falando. Portanto, até mais tarde.
Atenciosamente, Minerva.”
Harry sabia exatamente do que se tratava, e apesar de sentir que aquele tempo iria fazer uma falta tremenda, sabia também que se comprometera ao serviço que a diretora o chamava agora a fazer. Na verdade estava em cima da hora. Ele apenas despediu e foi até a sala da diretora. Parando em frente à Gárgula que protegia as escadas que conduziam às portas do gabinete pronunciou a senha que minerva previamente o comunicara: “barbas prateadas”, e a gárgula girou dando passagem ao rapaz. Ele deu algumas pancadinhas na grande porta de madeira maciça e a voz de Minerva ressoou forte do lado de dentro.
_ entre.
_professora... eh... Minerva, sou eu.
_ sim Harry, estava a sua espera. Vamos, sente-se.
_harry viu uma delicada taça de cristal diante de si, reparou bem e percebeu que havia outra diante da diretora e ainda duas licoreiras que faziam jogo com as taças. Uma estava cheia de um liquido branco que poderia ser água, como poderia muito bem ser verita serum. Na outra havia um liquido estranho, cuja coloração oscilava do vermelho ao prata e também do dourado ao verde. O líquido parecia centrifugar sozinho. Não assentava na jarra em nenhum momento. O garoto não se conteve de curiosidade, acabou por perguntar:
_professora, desculpe a curiosidade mas o que são esses líquidos?
_ ah Harry. Como sabe o trabalho que iremos fazer é bem difícil e demorado e, sabemos nós dois que sem uma ajudinha mágica, não terminaremos antes de a madrugada invadir, não é? Pois então, a única solução que encontrei foi fazermos o que precisamos em um tempo que já passou. Mas fique bem claro que ninguém, poderá saber o que fizemos.
_desculpe, não entendi professora, é pra isso que essas jarras estão aí?
_ oh! Exato Harry. Nessa primeira jarra temos água apenas, mas na segunda há uma poderosa poção de alteração do tempo.
_ então voltaremos no tempo?
_sim, voltaremos para o amanhecer deste dia mesmo. Como devolvi o vira-tempo ao ministério para que servisse de molde para a produção de mais alguns, me restou a opção de usar essa poção, mas ela é extremamente poderosa. Na verdade é usada para regressarmos anos atrás, por vezes até décadas, por isso vamos usar apenas duas gotinhas diluídas em água. Prepara-la é muito complicado mas usá-la é bem simples vamos tomá-la e depois ativaremos seus efeitos com um feitiço muito simples. Basta tocar o alto da própria cabeça com a varinha e dizer “tempus chornus” e quase instantaneamente estaremos no tempo que desejamos.
_ mas porque decidiu fazer isso prof... quer dizer... Minerva.
_ porque sei que estamos todos apertados por causa dos testes. Você e os outros alunos porque precisam estudar e nós, funcionários da escola, ah! Você nem imagina o trabalho que temos para organizá-los.
_bom... então... acho que estou pronto.
_ok então.
E minerva encheu as duas taças com água, depois com a ajuda de sua varinha, separou quatro gotas da poção que se dirigiram, duas a duas, para as taças. Depois ela propôs um brinde e os dois sorveram as taças. A bebida era boa. Causando uma sensação de leveza, como o vinho dos elfos. Logo depois pronunciaram juntos o feitiço: “Tampus Chronus” e a sala começou a rodopiar. Sentiu nitidamente as partículas do seu corpo se separando, mas sabia que não estava sendo destruído. Depois sentiu vários repuxões e quando abriu novamente os olhos, se depararam com uma outra Minerva McGonaghal sorridente, e atrás dela uma ampla janela escancarada recebendo uma grande quantidade de raios solares de uma primavera quase dando lugar ao verão.
_ Oh! Bem na hora. Vamos logo. Vocês dois vão trabalhar no escritório reservado. Já levei para lá a penseira e os frascos para o arquivamento das lembranças. Bom trabalho. Agora tenho que ir à sala dos professores. Firenze e Trelawney querem ter uma palavrinha comigo. Pedi que me esperassem lá para não atrapalha-los. Espero que não estejam se estranhando novamente.
Harry gelou. Sabia do que se tratava. Firenze iria contar à diretora a profecia que ele presenciara, e sabia também que Minerva saberia do que se tratava. Já tinha visto as memórias dele e se lembraria com certeza.
_não se preocupe, disse um pálido Harry, eles não estão se desentendendo.
_ ok então, boa sorte aos dois.
E a Minerva que os recebeu saiu da sala com seus passinhos apressados tão corriqueiros enquanto Harry permanecia ali ao lado da outra Profª McGonaghal mais recente, que viajara no tempo com ele.
_então a senhora... v-você... já sabe sobre a pedra não é?
_ sim, sei Harry.
_E não está preocupada?
_ora harry, em que aquela pedra poderia ser perigosa?
_não sei, trazendo Voldemort de volta...
_ainda que trouxesse Harry, não poderia dar a ele um novo corpo não é, os poderes da pedra não rompem o véu que separa os mundos.
_é, mas não sei, talvez ele possa orientar e ensinar outro bruxo, para que seja ainda pior que ele...
_Harry, entendo sua preocupação, sei que por mais de uma vez você teve a expectativa de que aquele monstro asqueroso não teria mais chances de voltar, mas ele sempre voltava, mas você sabe melhor do que eu que isso era por causa das orcruxes, e elas estão todas destruídas, não há mais como ele voltar. Mas sou obrigada a lhe dizer. Se tiver que surgir um bruxo tão mal e poderoso como ele, ou até mais, com a ajuda dele ou sem esta, ele surgirá, exatamente como antes dele houve o Grindewald. Portanto, devemos gozar a paz que temos agora e não nos esquecermos de estar sempre preparados para a luta, pois como Snape sempre dizia, é impossível eliminar o mal, só podemos reprimi-lo e impedi-lo de realizar seus intentos.
_ é verdade professora, mas o que devo fazer? Procurar a pedra? Descobrir quem a encontrou?
_ acho sinceramente, Harry, que talvez no futuro isso seja importante, mas por hora se permita viver, não se envolva em novos mistérios, não tão rápido. Deixe apenas que a vida siga seu curso e enquanto ela tiver que ser calma, aproveite.
_ você tem razão professora, mas sinto-me mais seguro agora que sei que está a par do assunto. Mas tenho ainda outro assunto para tratar com você
_ diga Harry.
_ e sobre uma lembrança que... não devia ter vindo ou... pelo menos não estava aí antes e que... bem Minerva, se puder me acompanhar, acho que me sentiria mais confortável em te mostrar
_ ok então.
E os dois mergulharam na bacia bordada de runas. Logo Harry e Minerva estavam parados em uma espécie de limbo e ele apontava na direção da lembrança que Harry queria mostrar.
_ é ali professora. Veja.
E a cena da casa destruída de seus pais surgiu novamente diante dos olhos dos dois.
Minerva estava parada ao lado de sua versão mais jovem e mais a frente estava um Dumbledore já bem velho, mas não tanto quanto no tempo em que harry convivera com ele na escola. A dupla testemunhou novamente tudo o que foi feito naquele dia nos escombros da casa, até o momento dos feitiços de proteção criados pelo falecido bruxo.
_ bom, já é o suficiente – disse Harry – vamos sair
Já do lado de fora ele encarou com olhos de carinho a amiga e perguntou.
_ Minerva, seja sincera, você colocou essa lembrança entre as outras ou ela realmente veio por descuido? Há algo que queira me dizer? – Harry se lembrou de duas ocasiões em que ouviu essa mesma pergunta sendo feita por Dumbledore. A primeira diretamente pra ele, e olhava nos seus olhos da mesma maneira que ele olhava Minerva agora. E uma segunda vez a Tom Marvolo Riddle aos seus dezesseis anos, mas com um olhar bem diferente, agora conseguia notar. Nessa ocasião o olhar do diretor era de análise, de questionamento.
_ ah! Harry! Você precisa compreender uma coisa: assim como podemos ver criaturas que os trouxas não podem, podemos presumir que existem milhares de outras que também nós não podemos ver. E essas criaturas estão em constante comunicação conosco, até mais do que com os trouxas. Eles querem interferir, e muitas vezes querem ajudar. Portanto, não importa muito se eu coloquei a lembrança misturada com as outras ou se isso foi mera coincidência. O que importa é que você a viu e agora sabe o que quer fazer.
_ mas o que há naquela casa de importante? Sei que devo ir até lá, mas não sei o que procurar.
_ ora, somente pelo fato de que seja o que for que estiver ali, é seu e você tem direito de reaver, já vale a pena a visita, mas você mesmo tem experiência nisso, deixe seu coração te guiar que lê te colocará bem diante do que você precisa encontrar. Mas vamos ao trabalho que o tempo, mesmo que esteja se repetindo, não para não é mesmo?
E os dois trabalharam duro toda a tarde, revisando todas as lembranças, colocando-as nos frasquinhos e etiquetando-as devidamente. O trabalho foi árduo, mas tão agradável e divertido por causa dos constantes comentários entre uma lembrança e outra que nem viram quando terminaram e não chegaram a se cansar. Quando o tempo alcançou o limiar do momento em que partiram, ouviram um clique, houve um momento em que a luz desapareceu completamente e recobraram a consciência quando se encontravam novamente sentados à escrivaninha, como se jamais tivessem saído dali.
_prontinho Harry, está liberado, pode voltar aos seus afazeres.
Por um momento Harry se sentiu um tanto aturdido, como se duvidasse que aquilo tudo tivesse realmente acontecido, e olhou meio desconcertado para a diretora sentada ali diante dele. Ela riu-se e disse apenas.
_ vá andando harry, daqui a pouco a lembrança de nossa... digamos... viagem vai lhe parecer mais real.
E Harry saiu da sala, se dirigiu aos amigos e acabou que nem estudou porque gastou todo o tempo na sala comunal contando tudo aos amigos. Tinha tomado uma importante decisão na diretoria de Hogwarts no dia posterior à madrugada de guerras, à qual ainda não tinha deixado de cumprir, e nem deixaria jamais: nunca mais iria esconder nem deixar de contar nenhum detalhe do que acontecesse aos seus verdadeiros amigos, porque eles simplesmente valiam à pena.
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