O sétimo herói



Seria a primeira vez que os seis amigos iriam passar o natal juntos. Rony convidara Luna e seu pai Xeno, e Neville e sua avó para festejarem com sua família. Seria a maior e mais feliz festa que a família Weasley já promovera, salvaguardando a tristeza da perda de Fred, é claro. A situação financeira ia melhorando, e com o retorno de Percy ao seio do lar, tudo corria relativamente bem, apesar das crises de choro da Sra. Weasley por causa do gêmeo que perdera. Mas isso era compreensível e contornável.

À tardinha do dia 24, Harry e Hermione já estavam na toca, agora reformada e ampliada, e Luna e Neville tinham marcado de desaparatar por volta das cinco horas. Estava quase na hora. Luna e Hermione dormiriam num quarto junto com a Gina, Harry e Neville dormiriam junto com Rony. Gui, carlinhos e Jorge dividiriam outro dos quarto e Percy manteria um quarto só pra ele, como sempre, apesar de ser o menor.

Anoiteceu e se reuniram todos na sala de estar, e Harry, sem saber explicar porque resolve contar a todos o que vira em Hogsmead a caminho da estação de trem. Todos pasmaram, mas de repente Neville toma-se de um sobresalto. Ele tenta disfarçar, mas era tarde. Os seis amigos aprenderam a reparar minúcias e detalhes nas atitudes uns dos outros e por isso, nenhum dos outros cinco deixaram de notar. Displicentemente todos foram saindo para os jardins gelados e, quando Harry, que foi o último a sair da sala, por causa de uma conversa acalorada com o Sr. Weasley (sobre videntes impostoras que não passavam de trouxas embotando outros trouxas por causa de umas moedas de cólar, quer dizer, dólem) chegou na companhia deles, neville começou a falar baixo e pausadamente, porém com bastante e incomum segurança:

_ pessoal, lembram bem da profecia da Trelawney? Palavra por palavra? Agora a pouco eu acho que a entendi, ou pelo menos parte dela. Prestem atenção ela disse:

“_o segredo da morte que o herói quis manter escondido entre as folhas e galhos secos foi temerariamente encontrado, e agora está nas mão de alguém que não imagina seu poder. Mas isso poderá alterar o rumo de muitas vidas e quebrar muitos dos elos que mantém seguros os mundos que nos rodeiam. O segredo que deveria ter permanecido oculto no lugar de onde surgiu mais uma vez passeia em mãos alheias e imprudentes.”

_ pois então, o segredo da morte, não entendem? O segredo da morte que o herói escondeu entre folhas e galhos? Não se lembram? Nós vimos tudo na penseira. O herói é o Harry, o segredo da morte é a pedra do anel de Peverrel, folhas e galhos, floresta proibida, não vêem?

Diante do silêncio dos amigos ele suplica claudicante:

_Não é possível, vocês concordam, não concordam? Faz sentido, não faz? Eu tenho razão, não tenho?

Depois de mais alguns minutos de silêncio absoluto - então gente? –soa a voz rutilante de Neville novamente

_eu concordo com você, - diz a sempre sonhadora Luna – e agora que você falou, me pareceu até mesmo obvio...

Mas Harry interrompe.
_sim eu também concordo, mas preciso pensar, há um buraco.

_como assim um buraco? Pergunta Rony enquanto coça uma das orelhas?

_que é – diz Harry – esse alguém de mãos imprudentes?

_claro – exclama Hermione – tudo na profecia da Trelawney faz sentido e é sim óbvio, não notamos antes porque não paramos pra prestar atenção como Neville, mas a pessoa que a encontrou... realmente não há nada que nos esclareça, nada que nos de uma pista sequer...

_nada... diz Harry com voz desalentada, e um tanto apreensivo.

_é, para quem pensou que ia levar uma vida tranqüila a partir de agora, nos estamos bem na fita...diz Gina

Mas nessa hora os garotos são interrompidos.

_ o que estão fazendo? Do que estão falando? Surge um inquisidor Jorge Weasley à porta os flagrando.

_n-n-nada Jorge, apenas conversando.

_ vocês acham que me enganam? Sei que há algo e eu quero saber. Tenho o direito. Estive ao lado de vocês, lutei ao lado de vocês, perdi meu irmão gêmeo...

_ele também era nosso irmão – interrompe Gina, mas Jorge retruca:

_Gina, você nunca entenderia, nenhum de vocês entenderia o que foi perder Fred... pra mim... não estou culpando ninguém,nem reclamando, tenho orgulho do Herói que ele foi, que ele é. Mas tudo isso me faz igual a vocês e eu tenho direito de saber tudo. Vocês andam juntos pra baixo e pra cima e nem se lembram de me contar como foi que Harry sobreviveu. Sabem, eu chorei quando vi o Harry caído no chão, e todos pensaram que era o fim. Não chorei por medo da derrota, mas chorei por ele, porque pensei que tinha perdido ele também, junto com o Fred, o Lupim e a Tonks...

_ele tem razão - adiantou-se Luna, ele está coberto de razão. Nenhum aluno de Hogwarts alem de nós fez tanto quanto ele. Ele devia ter sido incluído, desde o início.

A vexação voi geral, opressiva e acusadora, até que Harry disse.

_Jorge, desculpa, não sei como pude. Senta. Vamos te contar o que for possível e quando voltarmos a Hogwarts vamos providenciar para que saiba o resto.

_ como assim?

_confie em nos sabemos o que vamos fazer.

E sentaram-se os sete, contaram a Jorge um abreviado de toda a história e se demoraram mais na parte em que a Trelawney profetiza sobre a pedra da morte. Até alimentaram a esperança de Jorge enxergar algo que eles não enxergaram, que os ajudasse a rastrear a pessoa que a encontrou, mas também ele nem sequer pode imaginar. Poderia ter sido qualquer um.

_poderia ter sido o Hagrid – diz Jorge em tom de surpresa – ele vive zanzando pela floresta.

_talvez – diz Harry – mas é fácil descobrir. Quando voltarmos vamos até a cabana dele e perguntamos. Tenho certeza que se ele tiver encontrado não se negará a nos entregá-la.

e assim o assunto foi cessando e eles decidiram entrar de novo, pois o frio agora estava ainda mais rigoroso.


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