Capítulo Sete

Capítulo 7
ou The One With The First ‘Modern Art’ Class

Depois de dois tempos de Geografia, um de Matemática e outro de História, o horário de almoço finalmente chegou. Lily e eu estávamos na mesma classe de História, por isso fomos juntas almoçar.

O refeitório poderia ser considerado um lugar que todos gostavam de ficar. Todos sabiam onde sentar, porque sabiam onde estavam seus amigos. Havia várias mesas redondas de madeira com cadeiras, e ao lado esquerdo ficava cafeteria.

Passamos por lá rapidinho, e peguei uma salada com pedaços de frango e um suco, enquanto Lily pegava algo que eu não sabia o que era, mas definitivamente era calórico.

- Sabia que isso engorda? – eu falei no momento em que a vi pegar a comida. Ela sorriu.

- Sabia que salada não mata fome de ninguém? – não respondi. Matava a minha fome, sim.

Avistei James de longe, conversando com alguns amigos. Resolvi não ir até sua mesa e atrapalhar sua conversa animada. Então, segui Lily até uma mesa com duas meninas sentadas.

- Oi, meninas! – Lily disse assim que se sentou. Eu a imitei, sentando ao seu lado. – Lene, você lembra da Dorcas, certo?

Logo que Lily disse isso, encarei a menina a minha frente. É claro que me lembrava dela. Também conheço Dorcas Meadowes desde pequena, nunca fomos melhores amigas, mas ela sempre fora legal comigo. Ela tinha cabelos escuros compridos com uma franja, e olhos muito azuis.

- E essa aqui é a Emmeline Vance. – Lily continuou depois que cumprimentei Dorcas. – Ela veio da Califórnia, e chegou esse ano.

Emmeline tinha olhos castanhos, e o loiro de seu cabelo era um estilo de praia, com mechas mais escuras. Tinha sardas no rosto como Lily – só que menos -, provavelmente causadas pelo sol.

- Ficamos sabendo do que houve na festa, Lene. – Dorcas disse. – Não pudemos ir, mas nos contaram logo no dia seguinte. Você deve ter feito um belo de um estrago nela, com tanta maquiagem que Jessica está usando!

Dei um pequeno sorriso, mas não me espantei. As notícias corriam rapidamente pela escola. Se acontecesse algo numa aula, na próxima já estavam todos sabendo. É o poder da tecnologia de um celular que faz isso possível.

- Desculpe perguntar, mas o que ela fez pra você bater nela?

Não queria dizer que fora pelo que ela disse. A última coisa que queria era as pessoas comentando sobre a minha vida pessoal e a de minha família também. Por isso respondi a Emmelinne:

- Ela apareceu sem ser convidada. – dei ombros e comecei a comer a salada.

- Meu Deus, nunca irei numa festa sua sem convite! – Dorcas respondeu um pouco assustada e todas rimos.

xxx

O almoço pareceu ter passado muito rápido para mim. Conversei com as meninas animadamente durante o tempo inteiro, até que o sinal bateu mais uma vez. Enquanto Lily ia para sua aula de Laboratório de Química, segui para o meu próximo período que seria de Arte Moderna.

Não me pergunte o que é isso, apenas me inscrevi para ter apenas uma aula de Ginástica por semana ao invés de duas. Esportes nunca foram o meu ponto forte.

Quando entro na sala, vejo as carteiras - que deveriam estar posicionadas em fileiras - em um círculo. E no lugar onde deveria ser apenas o quadro, havia um pequeno palco, com uma mesa e cadeira. Assim como os outros alunos que entravam, sentei-me numa das carteiras.

E em seguida a professora entrou. Se eu não estivesse sentada, provavelmente cairia de choque. Alguém precisava dar umas aulas de como se vestir para ela. Parece até que ela estagnou nos anos 80 e esqueceram de avisar ela.

Ela tinha os cabelos loiros cacheados – e não do tipo Taylor Swift e sim daquela mulher do filme Top Gun. Hello, será que ela não percebeu que permanente está totalmente out?! E ela aparenta ter uns 40, mas que nem a Sarah Jessica Parker, com poucas rugas.

As roupas eram até legais. Quero dizer, seriam se não fosse por aquele colar medonho. Quero dizer, porque ela pensou que estava na moda colocar uma saia lápis, com sapatos baixos (eles fazem as panturrilhas dela parecerem inchadas ou algo do tipo!) e uma camisa cheia de babados no pescoço? A era vitoriana já foi com tudo, meu bem. Ainda mais com esse colar de pedras azuis imensas. Mas whatever.

- Meus queridos alunos. Meu nome é Margareth Joy. – ela começou assim que colocou sua bolsa em cima de uma das carteiras. – Mas vocês podem me chamar de Maggie. Ou srt.ª Joy. Como preferirem. Sei que muitos de vocês estão aqui para escaparem da Ginástica – ela continuou depois de uma breve pausa, e muitos dos alunos deram risadinhas. – mas creio que gostarão desta aula. Tentarei fazer dela a melhor para todos.

- Aqui faremos projetos dos mais diversos tipos: musicais, teatrais, entre outros. Tudo para vocês se divertirem! E faremos eles em duplas! – ela foi até a mesa, e voltou com um chapéu muito parecido com aqueles que a Jackie O. usava. – Aqui temos os nomes de todos os garotos que estão aqui. – Olhei pela sala, e contei com os olhos. Surpreendentemente, o número de garotos era quase igual ao de meninas, havia apenas um garoto a menos. Provavelmente teríamos que fazer um trio.

Ela começou pelo lado oposto do círculo, entregando o chapéu a primeira aluna, que foi passando para a próxima, de modo que eu fui a última a pegar o papelzinho com o nome.

Olhei pela sala. Todos os garotos já estavam em dupla. Acho que ela percebeu o que eu ia dizer.

- Ah querida, ou ele está atrasado, ou faltou hoje. Não se preocupe, você terá uma dupla.

Assenti com a cabeça e tirei o papelzinho minuciosamente dobrado. Li o nome, e senti meu sangue congelar. Sirius Black. Mas logo relaxei. Afinal, quantas pessoas há por aí com esse nome? Milhares, provavelmente.

- Ah, aí está você! Atrasado, mas está perdoado. – ouvi a srt.ª Joy quase berrar de emoção, enquanto eu pegava meu espelho na bolsa checar a maquiagem. – Srt.ª, conheça sua dupla.

Levantei os olhos ao perceber que ela falava comigo. O meu espelhinho? Foi para o chão, se transformando em cacos. Acho que isso significa sete anos de azar. Será que eles começariam agora? Por que, parado à minha frente e ao lado da professora, estava ele. Sirius (que, aparentemente era Sirius Black). Usando a calça bege da escola, sapatos e a camisa branca com os primeiros botões abertos e as mangas dobradas até os cotovelos, a mochila pendurada num dos ombros.

Seu rosto tinha uma expressão que eu estava com medo de desvendar se era surpresa ou escárnio, com aquele sorriso de lado e apenas uma sobrancelha arqueada. Ele parecia que estava se segurando para não rir.

Srt.ª Joy já havia se afastado e falava com outros alunos, enquanto ele se abaixava e pegava o que sobrara do meu espelho.

- Desde quando estuda aqui? – eu perguntei, enquanto ele se sentava ao meu lado, e entregava a base do meu espelho.

- Desde hoje. – ele riu levemente pelo nariz.

- Muito bem meus queridos – se ela disser ‘queridos’ mais uma vez, eu juro que vou pular no pescoço dela. – Agora que já se reuniram com seus parceiros, vou explicar como será o primeiro projeto de vocês.

Ela explicou que queria que nos inspirássemos em algum filme antigo e fizéssemos uma representação de alguma cena. E claro, teríamos que vir caracterizados como os personagens. Isso não era difícil. Ainda mais porque tínhamos uma semana para preparar o trabalho.

- Mas como esse é apenas o primeiro projeto, vou sortear o filme para vocês também! – enquanto algumas pessoas não gostaram dessa idéia, eu fiquei aliviada. Extremamente, na verdade, por não ter que decidir o filme junto a ele. Provavelmente sairia briga. – Mas vou deixá-los escolher a cena que quiserem! – Okay, deixa pra lá.

Ela colocou vários papeizinhos dentro do chapéu mais uma vez, e começou por nós. Fiz menção de pegar o papel, mas hesitei, o olhando. Ele arqueou as sobrancelhas, acenando com a cabeça, me incentivando a continuar. Peguei o primeiro papel que meus dedos tocaram e tirei do chapéu. Estava escrito ‘Bonequinha de Luxo’ (1961), dirigido por Blake Edwards.

- Só pode ser brincadeira.

Ele se inclinou para perto de mim a fim de conseguir ler o que estava escrito no papel. O que eu ouvi a seguir foi uma risada alta e rouca, que mais se assemelhava a um latido de cachorro.

- Que ironia, não?

Nem me dei ao trabalho de responder-lhe. Apenas olhei para ele com o olhar mais mortífero que consegui encontrar naquele momento. Mas nem assim ele tirou aquele maldito sorriso do rosto.

Assim que o sinal tocou, peguei minha bolsa rapidamente e saí da sala. Mas logo me dei conta de que isso não fora suficiente para despistá-lo – ele estava andando tranquilamente ao meu lado.

- Então – ele começou, claramente querendo rir. – Você já assistiu o filme, né?

- Não. – respondi prontamente sem olhá-lo.

Se ele ficou surpreso, disfarçou muito bem. Não consegui encontrar nenhum traço disso em seu rosto pelo canto do meu olho. 

- Então acho que devíamos assistir juntos para decidirmos a cena.

- Tudo bem. Na minha casa amanhã depois da aula? – perguntei, parando em frente a sala de Química.

- Não acho que seja uma boa idéia. – arqueei a sobrancelha, questionando-o. – Su... – ele parou de repente, provavelmente pensando melhor no que falar. – Pode ser. Eu levo o filme.

Murmurei um ‘okay’, e entrei na sala. Não estava nem aí se eu o havia deixado falando sozinho e se fora falta de educação. Ainda estava chocada demais com o fato de ele estudar na mesma escola que eu. E então uma voz me chamou, tirando-me dos devaneios. Era Nigel, que me chamava para sentar-me ao seu lado.

- E então, como você está se sentindo? Sabe, estando em casa de novo... – ele perguntou, enquanto eu me sentava na carteira que ele havia reservado para mim.

- Acho que está tudo indo normal. Até certo ponto, claro. – eu respondi, essa última parte referindo-me a aula de Arte Moderna. Ele pareceu querer saber sobre o que estava me incomodando, mas não disse nada. E então, o professor chegou, explicando alguma coisa que eu definitivamente não entendia. Passei a aula inteira tomando anotações, mas nada do que ele dizia fazia sentido.

Por isso que quando o sinal tocou, fiquei muito feliz. Nigel e eu saímos conversando, indo em direção a entrada da escola, porque essa fora a última aula do dia.

- Então, - ele disse. – Amanhã depois da aula, vou fazer o teste pra entrar no time de futebol da escola. Você que ir ver? – arqueei a sobrancelha. Parecia muito arrogante da parte dele, pensar que eu gostaria de ir vê-lo jogar futebol. – E depois poderíamos ir numa lanchonete, sei lá.

Ele dizia tudo isso, enquanto passava a mão nos cachos atrás de sua cabeça. Ele era fofo, eu tinha de admitir.

- Tudo bem. – ele abriu um grande sorriso, como de uma criança.

- Ok. Uma hora, certo? – eu assenti com a cabeça e ele se aproximou me dando um beijo em cada bochecha. – Até amanhã, então.

- Até. – eu respondi, enquanto ele se afastava indo embora.

- Eu fico longe um dia, e já tem um cara em cima de você? – James disse, assim que chegou ao meu lado. – Pelo amor de Deus, Marlene, controle-se!

Soltei risada alta, enquanto andava em direção ao carro, onde Will nos esperava com a porta aberta.

- Não é culpa minha se os homens não resistem ao meu charme, James. – eu disse, e logo em seguida, ele me abraçou pelos ombros, bagunçando todo o meu cabelo.

xxx 

- You wanna kiss me, don’t you?

- I always wanna kiss you.¹

E então, aconteceu. Aquele momento esperado por todos, o que aumenta os índices de audiência, que faz o coração de todos bater mais rápido: o beijo.

Não me importava se aquele beijo era falso, uma ilusão, ou algo do tipo. Só sei que eu não conseguia desgrudar meus olhos da televisão. House e Cuddy eram perfeitos um para o outro. E uma batida na porta atrapalhou todo o meu encanto. Levantei da cama, bufando. Quando sentava para assistir minhas séries, ninguém podia me atrapalhar.

- O quê? – eu disse, abrindo a porta. Era James quem estava lá parado.

- Vovó vai passar daqui a pouco aqui pra te mandar dormir. São quase onze horas, e o volume da sua televisão não está o que se pode chamar de baixo.

- Está bem. – respondi, bufando mais uma vez, e desligando a televisão. – E obrigada! Boa noite, James.

- Boa noite, prima.

E fechei a porta, correndo até a cama, e me cobrindo, pouco antes de alguém abrir a porta e logo em seguida fechá-la. Com certeza era minha avó, conferindo se eu já estava dormindo. Essa era uma das regras da casa dela: dormir até as 10 da noite todos os dias. É claro que havia muitas outras que deveriam ser obedecidas. 

E pouco tempo depois, adormeci, pensando em tudo que havia acontecido no dia.

 

 

¹. Cena final do episódio 23 da quinta temporada de House.  Uma das melhores cenas de beijos em séries. Tradução:

- Você quer me beijar, não quer?
- Eu sempre quero te beijar.

http://www.youtube.com/watch?v=Nrpv48v6oZA

 

N/Gaby: Capítulo sem imagem, música ou revisão (me desculpem por qualquer erro de gramática). Esse capítulo está pronto desde antes de eu postar o anterior, por isso me desculpem pela demora. Mandei os capítulos 7, 8 e 9 pra Mary por e-mail na esperança de que ela betasse, mas nenhuma resposta dela, por isso estou postando do mesmo jeito. Fico feliz que ainda lêem a fic e que estão gostando dela. Não gosto muito deste capítulo, mas prometo que os próximos serão melhores. Tenho tantas idéias para a fic, só me resta colocá-las no papel. Ou no notebook, no caso. Mas ultimamente anda meio difícil fazer isso, minha inspiração está em baixa. Deve estar sendo consumida durante meus estudos. Anyway, muito obrigado por todos os comentários que recebo; leio todos e me desculpem por não respondê-los, é por falta de tempo mesmo.

E para compensar tanta demora, uma pequena prévia do próximo capítulo:

Após uma série de exercícios para se aquecerem, o treinador começou a dividi-los em dois times para fazer um jogo.

- Time branco! Anton! Johnson! Stonner! Boyd! Black! – meus olhos arregalaram e meu queixo caiu. O treinador continuou falando os nomes mas eu não ouvia. Se dirigindo aos outros que agora seriam de seu time estava ele, usando o uniforme branco de treino, e rindo enquanto conversava com alguns caras.

- Time vermelho! Bones! Booth! Campbell! Denver! Murray! – e mais outros nomes foram ditos, enquanto Nigel se dirigia ao lado oposto do campo, colocando um colete vermelho, para a tristeza das meninas na arquibancada, de Lily,futuramente, e admito, um pouco minha. Não teria sido sacrifício algum vê-los sem camisa.

Bom, eu disse que era pequena, não disse?
Beijos, e muito obrigada pelos comentários!

ps: essa formatação da floreios é uma filha da puta. pronto falei. desculpem pelo palavrão.

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