Capítulo Seis
Capítulo 6
ou The One Where Classes Begin
- Hoje definitivamente não vai ser um bom dia. – foi a primeira coisa que disse quando me levantei da cama às sete da manhã. A semana que passara foi mais insuportável do que era possível. Tudo por parte de minha avó, claro. Todas as reuniões dos clubes de velhas senhoras foram em casa. Acho que ela temia que eu desse outra festa. Ou talvez ela só quisesse me irritar, me obrigando a participar dessas reuniões, a servir chá para elas, ou falar sobre a escola.
Levantei da cama, e fui até o banheiro tomar um banho, senão, eu não iria acordar. Meia hora depois eu estava saindo do quarto, calçando meus Christian Laboutin pretos preferidos, a saia azul marinha da escola, e a camisa branca. Nada de blazer ou gravata hoje, parece que vai fazer calor.
- Bom dia! – James disse passando pelo corredor, e descendo as escadas junto a mim – Animada para o primeiro dia de aula?
- Animada não é a melhor palavra para descrever o que estou sentindo neste momento. – eu respondi o olhando.
Entramos na sala, onde Stella acabava de colocar nossos pratos á mesa. James e eu dissemos ‘bom dia’ em uníssono, e então reparei que meus avós não estavam lá. Estranho, porque geralmente minha avó é a primeira a descer para se certificar que o café-da-manhã está em deu devido lugar e etc.
- Onde estão nossos avós, Stella? – James perguntou, como se lesse meus pensamentos.
- Acho que seu avô já foi para o escritório e sua avó o acompanhou. – ela disse sorrindo – Comam direito, sim? – e saiu.
Sentei-me à mesa e enquanto James comia devorava o café-da-manhã, meu estômago embrulhou. Não sentia a menor vontade de comer, e se algo descesse pela minha garganta, sabia que iria voltar rapidinho pelo mesmo lugar que entrou.
- Não vai comer? – ele perguntou – graças a Deus – depois de engolir a comida.
- Estou sem fome. – disse empurrando levemente o prato que estava à minha frente, e tomando um copo d’água. James apenas deu ombros e continuou comendo. – Vou subir pra pegar minha bolsa no quarto, está bem?
Peguei minha bolsa vermelha e desci a tempo de ver James chegando à porta, balanço a chave do carro no maior estilo Dona Norminha na mão.
- E aí? Vai querer uma carona?
- Como se você pudesse dirigir! – disse passando por ele, enquanto ele dizia algo como ‘Rá rá, engraçadinha’. – Muito obrigada, mas Will vai me levar.
Quando o carro estacionou em frente à escola, senti meu estômago embrulhar mais uma vez. E desta vez, acho que era nervosismo. Mas ele não durou muito, porque James passou o braço pelos meus ombros, me reconfortando.
- Relaxe, tudo vai dar certo. Você vai ficar segura com Lily. – ele continuava com seu jeito calmo e tranqüilo – E além do mais, eu não vou deixar nenhum cara chegar perto de você, lembra?
- É, mas não são os caras que me preocupam. – eu respondi enquanto avistava Jessica e seu esquadrão de vacas amigas. Elas me encaravam com uma cara nem um pouco amigável e Jessica usava bastante maquiagem. Provavelmente pra esconder o roxo do hematoma de uma semana atrás. Quando pensei no estrago que eu provavelmente fiz – que não era visível com tanta maquiagem por cima – me senti melhor. Bem melhor, aliás. E então, Lily chegou.
- E então? Como você se sente sendo popular já no primeiro dia? – não entendi o que ela quis dizer – Várias pessoas viram o que aconteceu na festa, e desde então, você é a ídola das garotinhas do primeiro ano, de todas as outras que não gostam da Jessica.
Me virei novamente, e então vi Jessica e seu esquadrão vindo em nossa direção.
- Não que você precise, mas... boa sorte. – ele disse saindo do meu lado. Eu o puxei automaticamente para que ficasse comigo. – Ah Lene, eu não estou a fim de ficar no meio de uma briga de garotas hoje. Principalmente uma na qual você está no meio.
- Você não vai a lugar algum. – eu respondi a ele, meio segundo antes de Jessica parar na minha frente, batendo aqueles Prada falsificados da coleção passada no chão.
- Ouvi dizer que você voltou.
- Porquê? Está se sentindo ameaçada? – eu provoquei, arqueando a sobrancelha.
Sentia alguns muitos olhares curiosos sobre nós, mas eu não estava ligando para isso. Ela apenas riu da minha resposta:
- Nos vemos mais tarde Marlene querida. – ela frisou bem a última palavra, e saiu andando com suas amigas numa direção oposta a minha.
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- Ai meu Deus, ele realmente falou isso? – Lily disse surpresa, mas com um sorriso malicioso em seu rosto. Eu havia acabado de contar a ela sobre a conversa que Sirius e eu tivemos perto da piscina. Ainda era estranho para mim saber o nome dele, e ainda assim, nunca dizê-lo em voz alta.
- Sim. Mas isso não foi nada de mais.
- Como assim? – Lily continuou, agora com uma expressão chocada. – Tem tudo de mais! Ele está a fim de você. E você deveria aproveitar; ele é muito gostoso!
- Lily! – eu falei surpresa, mas sem deixar de sorrir. Lily sempre fora assim, um pouco desinibida quanto a algumas coisas, e elogiar garotos definitivamente é uma delas. – Pra começar, foi ele mesmo quem começou a me chamar daquele nome, lembra? – eu ainda ficava irritada apenas com a simples menção daquele nome, por isso nem me atrevia a dizê-lo em voz alta para não me irritar.
- Whatever. – Lily respondeu, desistindo. Ela sabia que eu não iria aceitar a idéia dela por nada. – Te vejo mais tarde, ok? – e saiu andando.
Fui na direção oposta de Lily, e à medida que andava, senti a tontura ficar mais forte. Eram quase nove horas, e eu estava percebendo o quão estúpido foi da minha parte ficar sem tomar o café-da-manhã. Dizem que é a refeição mais importante do dia. Não que isso importasse alguma coisa no momento.
Sentei em um dos bancos, sentindo a luz fraca da manhã bater em mim. Fechei os olhos, apoiando uma das mãos na testa, ainda me sentindo tontura, e agora, dor de cabeça seguido de um vazio no estômago.
- Você está bem? – a voz grave e masculina pegou-me de surpresa e me fez dar um pequeno pulo do banco, levantando o rosto. – Desculpe não queria te assustar.
Então notei o rosto do garoto que estava parado à minha frente. Era alto, com cabelos cacheados castanho-claros e olhos de uma cor que não consegui distinguir como verde ou castanho. Tinha um sorriso simpático no rosto, e uma leve covinha se formava na sua bochecha esquerda. Usava a camisa branca da escola, a gravata e a calça bege, todos impecavelmente passados. Era realmente bonito, e ali a minha frente, fazia-me lembrar de tê-lo visto em algum lugar, provavelmente como modelo numa revista. Mas então, percebi que não fora numa revista que o havia visto.
- Nigel? Nigel Murray? – não tinha certeza se estava certa, mas minhas suspeitas se confirmaram quando o garoto deu um sorriso, agora mostrando seus dentes alinhados, obra-prima de um dentista.
- Marlene McKinnon? – ele perguntou, acho que tão perplexo quanto eu.
Eu conheço Nigel Murray desde criança. Além de estudarmos juntos, nossos pais são amigos. Pode-se até dizer que éramos grandes amigos quando crianças. Esse era o tipo de garoto que minha avó gostaria que eu casasse: bom moço, vai ser médico, rico, etc etc.
- Meu Deus! – eu exclamei, agora levantando do banco para encará-lo melhor. – Eu não te vejo há... Faz tanto tempo que já nem sei mais!
Ele riu:
- Acredito que fazem uns seis anos. – Nossa, como o tempo passa rápido. Nigel havia se mudado com sua família para a Itália, devido ao trabalho de seu pai. Hm, e parece que a Itália fez muito bem a ele. Estava com a pele levemente bronzeada, que contrastava com seus olhos que no momento, reparei melhor, estavam verdes. – Eu não sabia que você tinha voltado.
- É, voltei há algumas semanas. – eu respondi sorrindo também. – Mas e você?
- Estou de volta desde o começo do ano. – hm, porque Lily não me disse nada sobre isso?
E então, aquele maldito sinal velho e escandaloso tocou.
- Bom, te vejo por aí. – disse pegando minha bolsa, enquanto ele me dava um sorriso e ia para a direção oposta à minha.
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- Okay, quando é que Nigel Murray ficou tão gato e gostoso? - eu perguntei a James, assim que o avistei no pátio sozinho e me sentava ao lado dele.
- Você está mesmo falando isso para mim? Seu primo? – ele disse assustado com o que eu acabara de falar. – Porque você não fala isso para Lily? Eu realmente não quero ouvir coisas desse tipo.
- Porque eu não consegui achar Lily em nenhum lugar! E além do mais, você é meu melhor amigo, é sua obrigação ficar me ouvindo dizer essas coisas.
- É... – ele começou – mas eu também sou seu primo. Por isso posso muito bem te mandar ficar quieta e não falar coisas de mulher na minha frente.
- Que coisas de mulher? – Lily disse interrompendo minha conversa com James.
- Onde você estava? – Lily ia responder quando eu a interrompi – Não importa. Porque não me falou que Nigel Murray voltou?
- Esqueci. – Lily respondeu dando ombros, como se aquilo não fosse importante. Wrong. Aquilo era mega importante. Ah, qual é! Eu também gosto de apreciar vistas lindas, ‘tá legal? E então, Lily abriu um sorriso malicioso. – Hm, vejo que você já viu ele. Sabe, ele é minha dupla nas aulas de Laboratório de Química. E vai por mim, ter aquele deus grego do meu lado é muito bom.
- Com licença. – James falou, passando por mim e Lily. Eu a encarei.
- O quê?
- Precisava mesmo dizer isso na frente dele? Ele está a fim de você, e você está agindo como a Meredith/Izzie com o George¹.
- Tudo bem, desculpa. Não faço mais isso. – e se sentou no mesmo banco que James estava momentos antes. – E você tem que parar de assistir seriados médicos.
- Eu te desculpo. Mas só se você me contar o que aconteceu na festa do James. – Ignorei a última parte que Lily disse. Quando disse a última frase, Lily fez uma careta.
- Porque faz tanta questão de saber, se ele já te contou? – ela revirou os olhos.
- Para sua informação, ele não me contou. E faço muita questão de saber, afinal você é minha melhor amiga, e ele é meu primo. E além do mais, depois da festa, vocês tem estado numa trégua um com o outro que é muito estranha. Por isso desembucha. Agora!
Lily suspirou, com ar de cansada.
- Tudo bem. Eu estava lá na festa, me divertindo, quando ele chegou do nada, e pediu pra dançar comigo. Só isso.
- Ah, boa tentativa Lily, mas você não fugir de mim tão fácil assim. – eu sabia que tinha mais além disso. Ela apenas não queria me contar. – Eu quero detalhes.
Lily suspirou mais uma vez.
- Tudo bem.
.flashback on.
Lily estava entediada. Numa festa! Isso realmente não era comum, pelo menos não para ela. Rejeitou o que deveria ser o quinto cara que pedia para ficar com ela ou até mesmo dançar. Não estava com ânimo para aturar caras possivelmente bêbados.
- Dança comigo? – ela ouviu uma voz masculina lhe perguntar. Estava pronta para rejeitar o próximo cara quando viu quem era, tamanha fora sua surpresa: James Potter.
Num impulso, Lily abriu a boca para dizer a mesma resposta que havia dado a noite inteira, mas parou. Ficou cogitando a possibilidade de dançar com ele. Não faria mal algum, e além do mais, era seu aniversário. Que este fosse seu presente a ele.
Levantou-se, ignorando a mão que ele estendia a ela. Era um momento de paz, mas não significava que Lily iria ser tão boazinha com ele.
Ao som de uma música remixada, eles dançavam. Surpreendentemente, para Lily, James dançava muito bem. E para ele, o modo que ela se movia era incrível. Como se ela pertencesse a pista de dança, exatamente no ritmo da música.
Ele se aproximou dela. Instintivamente, ela se afastou, mas James a segurou pela fina cintura. Sentindo como James era forte, Lily deixou-se ser levada. Se ele fizesse algo, sofreria as conseqüências. Mas ele apenas encostou sua bochecha na dela, aproximando seus lábios do ouvido da garota.
- Obrigada. – ele disse, num tom razoavelmente alto, devido a música. E isso a fez parar de dançar.
- Por quê? – ela perguntou, no mesmo tom que ele, agora apoiando a cabeça no ombro do garoto, e colocando suas mãos, uma em cada braço dele.
- Por ter aceitado dançar comigo. – ele continuou, dessa vez, inspirando fundo, sentindo o perfume que vinha do alvo pescoço dela. Ela se arrepiou ao sentir isso, e fechou os olhos. – Foi um ótimo presente de aniversário.
Ela riu, jogando sua cabeça para trás, e depois para frente, apoiando, inconscientemente, sua testa no ombro dele. Agora era ela quem sentia o perfume masculino dele, através dos primeiros botões da camisa dele, abertos.
- Feliz aniversário, James. – ela disse enfim, causando um alvoroço dentro do garoto, pois era a primeira vez que ele a ouvia dizer seu nome com sinceridade.
E continuaram dançando.
.flashback off.
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¹. George O’Malley, Izzie Stevens e Meredith Grey são personagens da série Grey’s Anatomy.
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N/A: Gente, nem acredito que já estamos na semana do Natal. O ano passou tão rápido pra mim que fico até chocada. Anyway, o capítulo não foi betado porque o pc da Mary pifou, mas ela volta a betar no próximo.
Esse capítulo é meu presente de Natal/Ano Novo para vocês (apesar de não ter ficado muito bom). Mas ainda assim espero que gostem. Pra vocês terem uma idéia, já estou começando a escrever o capítulo 9! Só demorei pra postar mesmo, porque me dava branco toda vez que eu tentava escrever esse flashback da Lily. ._.
Amo todos os comentários de vocês, sério. E as capas também! ;)
Beijão e nos vemos em 2010! ;D
Gaby
Comentários (1)
Awww*-* Lily dando uma chance ao James!!! Ameii o capitulo!
2011-12-12