Para afastá-la...
Hermione acordou devagar. Não sabia onde estava, mas sabia onde não estava e não estava mais em seu casamento. Sentou-se ainda sentindo a cabeça pesada e tonta. Estava em uma cama. Uma cama simples. Era um quarto, mas estava na penumbra. Lá fora, os raios cortavam o céu negro: chovia e ventava.
Depois de alguns segundos tentando acostumar à escuridão, Hermione levantou-se, e caminhou em direção do que parecia uma porta, mas estava trancada.
- É para seu próprio bem... – falou uma voz que Hermione conhecia.
Hermione olhou assustada ao redor, tentava ver onde Malfoy estava, mas não havia sinal dele. Havia muitas sombras pelo quarto e era possível que ele estivesse encoberto.
- Malfoy...? Onde você está? – perguntou Hermione, sentindo seu coração se acelerar. Não sabia direito o que estava acontecendo. Não sabia porque ele não fugira para longe, porque ele preferiu voltar e arrancá-la de seu casamento com Harry. E por que, afinal, ele a atacou? Ela já não tinha feito a escolha de ficar ao seu lado? Por que Malfoy a atacaria...
- Eu estou aqui... sempre estarei aqui, perto de você, nas sombras...
- Você está me assustando... – falou Hermione, sentindo seus olhos marejarem.
- Não é minha intenção! – falou Malfoy, mas mantinha o mesmo tom grave e misterioso.
- Draco... por favor... – suplicou Hermione, sem saber direito nem para onde olhar.
- Você ficaria comigo nas sombras, Hermione? – perguntou Malfoy, novamente naquele tom de suspense. – Você ficaria comigo na dúvida, no medo, na escuridão eterna? Não há como fazer isso... querida. Eu achei que houvesse. Não posso ser aquilo que você quer... não posso ser um homem bom, como você deseja. Eu sou o que sou. Sou o mal, um monstro, o próprio diabo. Você me faz pensar que pode viver na escuridão, Hermione, mas não pode. Eu te trouxe aqui para isso, para te mostrar que não há como viver comigo sem entrar na escuridão, uma escuridão da qual talvez jamais saia...
- Você não pode decidir por mim... – respondeu Hermione, tentando acalmar seu coração. Entendia agora o que Malfoy queria fazer. Era um jogo. Mas não um jogo de cabo-de-guerra. Não adiantaria a Hermione puxar Malfoy para o seu lado, pois ele não viria. O que Malfoy queria dizer é que se ela quisesse ficar com ele, teria que ser como ele é. Teria que vir para o lado dele. – E é você que não entende: eu tenho a luz dentro de mim, Malfoy. Não importa onde eu vá, eu a levarei comigo. Se eu for para o seu lado, eu não entrarei na escuridão, mas eu a afastarei e você ficará iluminado, porque é assim que funciona.
- Você é ingênua ou tola! – falou Malfoy, num tom sério. – Você vai se machucar mais...
- Então teste-me... teste-me, Draco e eu te garanto que te mostrarei que não sou nenhuma tola, nem tão ingênua a ponto de não entender o que tudo isso representa. Hermione fechou os olhos e se concentrou. A princípio não escutava nada além do som da chuva e dos trovões lá fora. Mas depois de alguns segundos, escutou a respiração irregular de Malfoy e andou na sua direção. Parou quando sentiu suas mãos espalmarem o peito de Draco. Então abriu os olhos.
Estavam a um centímetro um do outro. A escuridão ali já não era tão cegante. Ela deslizou sua mão para cima, alcançando o rosto de Malfoy.
- Eu já fiz a minha escolha, Draco... e você sabe qual é...
Draco se aproximou e envolveu Hermione pela cintura trazendo-a mais para perto de si.
Ela apoiou a cabeça no ombro dele e deixou-se ficar ali por alguns segundos, mas então ele a puxou com força e puxando seus cabelos cobriu seus lábios. Hermione não sabia o que estava acontecendo. Alguma coisa estava erra, não parecia ser ele mesmo, que era sempre tão delicado e meigo com ela. Em seguida obteve a resposta. Ele a empurrou. Tão forte que ela caiu no chão, arranhando a mão.
- Draco...? – Hermione olhou na direção dele, tentando entender.
Ele se aproximou dela com um ar perigoso e quando ela pensou que ele fosse ajuda-la a se levantar, ele simplesmente sorriu. Hermione não podia ver o rosto dele direito, mas via seus dentes alinhados na penumbra:
- Você é uma idiota, mesmo! Caiu no meu plano uma vez e está caindo novamente. Quantas vezes você precisa apanhar para aprender, Granger? - falou ele, num tom sarcástico.
- Por que está falando assim, o que está acontecendo? – perguntou Hermione, completamente confusa.
- É assim que eu falo com sangues-ruins como você. Você acha mesmo que eu ficaria com alguém que nem é nascida bruxa? Uma mulherzinha ordinária que não pensaria duas vezes em trair o próprio marido com qualquer um.
Hermione se levantou, aborrecida.
- Draco... isso não é engraçado. Por que está fazendo isso? Porque você está falando essas coisas...
- Não entendeu ainda, bonitinha... – falou ele, fazendo um cachinho com uma mecha do cabelo de Hermione. – Eu usei você. Enquanto Harry estava preocupado com o maldito casamento, eu fugi e consegui meu livro de volta e agora todos vão morrer se não se renderem ao meu poder. No fim, eu conseguirei tudo o que eu sempre quis. Se eu te peguei é porque você é importante para Harry. Eu vou te colocar na masmorra só por diversão e quando Harry estiver disposto a negociar, eu vou usar você como moeda de troca, se é que você vale alguma coisa!
Hermione não aguentou e esbofeteou Malfoy. Depois se arrependeu pois viu que ele ficou furioso. Ele a agarrou pelo braço e a arrastou para fora do quarto, abrindo a porta com uma chave que estava no pescoço dele. E se no quarto estava escuro, o corredor pelo qual Draco andava era ainda mais escuro. Hermione tentou se desvencilhar dele, mas ele era muito forte. No final do corredor, Draco abriu aquilo que parecia ser um cela e empurrou Hermione na parede.
- Agora você vai aprender a respeitar um nascido bruxo! – falou Malfoy e segurando Hermione com força na parede, colocou em seus pulsos algemas que a mantinham com os braços no alto, mal podendo tocar com os pés no chão.
- Malfoy... para com isso... porque você está fazendo isso comigo... eu amo você... você sabe que é verdade... não me machuque por favor... Malfoy...
Mas Draco não lhe deu ouvidos e saiu da cela, trancando a porta atrás de si, sumindo no quarto ao lado.
- DRACO!!! DRACO!!! – Hermione chamou, mas ele não voltou. Ele a abandonara. Havia usado Hermione para conseguir o que queria e agora a abandonava. E ela havia abandonado toda uma vida, a moral e os bons constumes para ficar com ele. E apesar de tudo, ele a rejeitara. Como poderia ter sido tão idiota a ponto de pensar que um homem perigoso como Malfoy pudesse ter se apaixonado por ela? Como pode pensar que seria capaz de muda-lo. Foi tão incompetente em muda-lo quanto ele foi bem-sucedido em transformá-la de auror a criminosa.
- Não... Malfoy... não me faça prisioneira também...
Malfoy escutava o choro de Hermione com o ouvido grudado na parede. Cada lágrima que Hermione derramava custava nele a paz e a tranquilidade. Queria poder correr até ela, abraça-la, beijá-la e dizer que ele a amava. Que ela transformara seu coração e sua alma. Mas não podia... não podia... precisava terminar o que precisava primeiro e depois, quando ele a soltasse, ela voltaria para Harry Potter. Era a Potter que Hermione pertencia. Não a ele. Ele era um monstro, um homem terrível que só conhecia o mal e a escuridão. Queria tanto protege-la. Queria tanto confortá-la... mas precisava ser forte. Afastá-la era o certo a fazer...
Comentários (1)
nossa 'o' , tadinha da hermione :/ , o Draco mané sempre querendo decidir sozinho o que é melhor para a hermione ;x
2012-10-01