Nine
”I could take this house and this room and this bed
Just as long as I'm feeling this way
And boy, since you been away, I can't sleep
I've been awake
I just lay here trying to deal with this pain”
I lost U – Katharine McPhee
Frank observava Alice no salão comunal. Aquilo era tão estranho. Amava-a e odiava-a, e aqueles sentimentos o corroíam. Ele não sabia mais o que fazer. Não podia saber, obviamente. Remo e os outros lhe disseram para cair fora daquilo, já que ela só o fizera mal. Mas lembrava-se do tempo que passou com a garota. Um tempo que provavelmente não tinha volta.
Mas como queria, Merlim como queria beijá-la e dizer-lhe para parar com aquilo, pedir desculpas pelo que quer que tenha feito. Tinha raiva dela, claro, mas seu sentimento fazia-o querer ultrapassar seu orgulho e alcançá-la na torre que ela mesma se colocara para afastar qualquer um. Queria amá-la como acreditava que toda a garota tinha direito a ser amada. Mas seu ódio por ela tê-lo enganado daquele jeito, e agora por ter espalhado aqueles boatos sobre ele. Tinha raiva, mas a raiva é um sentimento tão superficial que só servia para encobrir todo o amor que ainda sentia por ela.
Frank logicamente sabia que seu amor não duraria muito se ela continuasse a maltratá-lo daquele jeito – afinal, seu amor próprio não deixara de existir por amá-la. Mas não queria que aquilo acontecesse, ele percebia agora olhando-a ler alguma coisa com um interesse fenomenal, anotando algumas outras rapidamente num pergaminho embaixo dela. Ela mordia o lábio inferior, concentrada, sorrindo levemente, como se estivesse empolgada com algo.
Alice percebia que Frank a observava, e se perguntava o por quê, já que seus olhos não possuíam traço algum de raiva. E era isso que a assustava. Afinal, como ele podia não odiá-la depois de tudo que fizera? Sorriu. Afinal, ele merecera. Ele a fizera ficar acordada por noites. Aliás, ainda não conseguia dormir. Seus sonhos eram sempre os mesmos: No começo via a cena de Frank com lágrimas nos olhos, quase morria de remorso. Então via-o se beijando com aquelas vacas na festa, bêbado. Então via-o de novo, odiando-a depois de descobrir que ela havia arruinado a vida dele. Era justo, já que ele havia arruinado a capacidade de amar dela, e isso era arruiná-la também. Agora se sentia somente um grande bolo cheio de sentimentos e raiva e vingança. Odiava-o.
Okay, tinha que ser honesta consigo mesma. Não o odiava, e sabia disso. Mas enterrara seus sentimentos pelo rapaz fofo e inocente tão fundo em seu peito, que nem sabia mais se conseguia desenterrá-los. Agora tudo que queria era vingança. E continuaria com ela.
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Dorcas observou o teto do quarto pela vigésima vez naquele dia. Tentava entender o que Remo falava. Tentava acreditar nele. Tinha a sensação de que estava jogando algo fora. Remo não aguentaria muito tempo. Mas alguma coisa nela pedia para que deixasse de ser boba e bolasse alguma vingança sobre Remo.
Dorcas então jogou o travesseiro para fora da cama e foi até a caixa de Hera. Pôde ouvir uma risada quando abriu-a. Esperou encontrar a pena e o pergaminho, como sempre. Mas o que viu fez seu peito apertar consideravelmente.
Lá dentro jazia uma foto sua com Remo, tirada á muito tempo. Remo se sentara ao lado dela no primeiro dia, no expresso de Hogwarts. Por algum motivo um garotinho passara tirando fotos, e Remo – sempre gentil – dera ao menino uma moeda para que tirasse foto dos dois, só como recordação. E lá estava a foto, que ela achara que tinha queimado á muito tempo. Remo timidamente colocara um braço sobre seus ombros, e Dorcas inclinara a cabeça na direção dele, ambos sorrindo. Não se lembrava mais daquilo, até ver aquela foto. Decidira. Ele sempre fora tão bom que deveria ter uma explicação para o que tinha feito.
Dorcas só colocou um robe azul por sobre o pajama e se dirigiu ao salão comunal. Ainda era cedo para ter ido se deitar como fizera, mas ela não ligava. Saiu de pijama e chinelos pelo colégio, até que viu Sirius Black.
-Black! – Ela chamou-o e ele virou-se para ela, olhando-a estranhamente.
-Meadowes? – Ele perguntou e ela quase riu da cara dele. Riu da felicidade que estava sentindo pela sua resolução. Somente riu.
-Cadê o Remo? – Perguntou á ele, que apontou para o outro lado do corredor. Dorcas podia ver a cabecinha loira indo para o outro lado, e correu, seus chinelos fazendo barulhos estranhos no chão de pedra, ecoando sinistramente. Logo que o alcançou pegou a mão dele, virando-o para si. Remo ao vê-la ficou surpreso, mas o olhar dela revelou-lhe que a surpresa era boa. Sorriu para ela de volta.
-Dorcas, você está de pajama – Disse o óbvio, vendo-a corar levemente e revirar os olhos.
-Certo, isso importa? Mesmo se eu te disser que, eu não sei exatamente o por que, mas eu vou acreditar no que você me disse. Eu não sei por que, já que eu posso ser traída a qualquer momento, pá e tal, mas eu acredito em você. – Disse á ele, que sorriu mais ainda.
-Certo, e o que te levou á essa decisão? – Ele perguntou, mas ela soube que aquilo não importava muito para ele. Bom, ela não precisou ser tão perspicaz para entender isso, já que ele passara um braço em volta de sua cintura e mantinha os dois realmente próximos. Não que estivesse reclamando, mas aquilo fazia as coisas óbvias.
-Eu não sei. Eu não vou jogar a minha felicidade fora por causa disso. Você me disse que não me traiu, e eu acredito nisso, confio em você. Mas, Remo, eu não sei se consigo aguentar mais uma vez. Me desculpe, eu to dizendo tudo isso sem nem mesmo te perguntar se você ainda me quer - Ela olhou para baixo, evergonhada, e ele gargalhou.
-Você ainda tem alguma dúvida? – Ele perguntou prensando-a mais contra o seu corpo, e ela riu ainda corada.
-Certo, então eu acho que devo terminar o que eu tava dizendo. Eu tava dizendo que não sei se aguento mais uma dessas. Eu confio em você, mas não quero ser feita de tola por causa dessa confiança. Então hum, a não ser que você tenha uma desculpa muito boa não tem mais volta. Assim como eu espero que você me trate. – Ela disse e ele sorriu, erguendo-a pela cintura e colocando os pés dela sobre os seus, fazendo-a ficar mais alta e mais perto de seu corpo. Seus olhos faiscavam.
-Era só isso? – Ele perguntou e ela fez-se de brava.
-Por que? Eu sou assim tão chata? – Perguntou cruzando os braços. Ele se aproximou vertiginosamente de sua boca, e ela então perdeu a fala e o fôlego.
-Não, é que eu quero te beijar logo – Ela riu com aquelas palavras ele beijou-a docemente, daquele jeito que a fazia ir ao céu. Não ligava pra mais nada. Estava com ele.
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Lílian observava o lago, lembrando-se da expressão tranqüila de Potter adormecido. Aquelas imagens passavam por sua mente sem que pudesse controlar. Então um flash de como ele sorrira no café da manhã. Então perguntava-se: Será que ele a havia colocado no sofá? Será que ele a havia coberto com aquela manta.
“Certo”, você deve estar pensando. “Isso não significa nada”. Oh, mas você leu nos capítulos anteriores sobre a história de Lily e James. Você sabe que ele diz que a odeia agora, e que aquilo ultrapassa o amor que sentia.
Pois bem, caro leitor, se ele se importou em colocá-la em um lugar confortável e cobri-la com uma manta, então chegamos ao ponto que eu queria: ele está mostrando que ainda gosta dela. E aquilo obviamente poderia ser pelo remorso que sentia por achar que a havia estuprado, claro.
Todos aqueles sentimentos estavam uma tremenda bagunça na cabeça de Lílian. Ela queria parar de fingir. Queria poder tirar James de sua vida. Apesar de sua raiva e de sua sede de vingança, não gostava nada de mentir. Não queria mais aquilo, estava cansada de todo aquele ódio em sua vida, de toda aquela vontade de vingança, de tantos sentimentos corrosivos. Pela primeira vez na vida sentia-se exausta, querendo experimentar algo construtivo, algum sentimento que não descamasse as paredes de seu já frágil coração. Não queria mais aquilo.
Lílian naquele momento resolveu dar um tempo em suas vinganças. Seu espírito estava cansado demais para desejá-las. Fraco demais para querer qualquer coisa além de conforto. Quis apoiar-se em algo sólido e quente, em alguém. Suas preces foram atendidas, e Lílian ouviu alguém se aproximando na grama. Sirius.
-O que faz aqui, Black? – Secou as lágrimas que só agora notara que saíram de seus olhos. Ele sentou-se ao seu lado, abraçando os joelhos. – Deve ter raiva de mim por tudo que Alice fez a Frank.
-Ela não é daquele jeito. E você também não. – Ele disse com certeza, fazendo-a olhá-lo com ironia.
-Ah, é? E como sabe disso, Sr. Sabe-Tudo-Black? – Perguntou, mas ele somente deu um suspiro, passando um braço por sobre seus ombros e aproximando-a. Até tentou se desvencilhar, mas Sirius era absolutamente mais forte. Estava tão fraca, tão fraca. Permaneceu ali.
-Por que você está fazendo isso, Lily? James me contou sobre o “estupro”, mas eu não acredito que ele tenha feito aquilo. E também não acredito que Alice quisera tanto assim machucar Frank. Vocês todas estão magoadas, isso é absolutamente compreensível. Eu só não entendo por que vocês não conseguem passar por cima disso e seguirem com suas vidas – Ele estava sábio demais para seu gosto, pensou Lílian. Olhou-o estranhamente.
-Black, fez algum curso de sensibilidade? Anda conversando com Remo sobre o comportamento feminino? Ou isso tudo é só culpa por ter feito Marlene abortar? – Ele deu uma risada triste.
-Um pouco dos três. A possibilidade de ser pai que me atingiu naquele momento em que vocês me contaram que Lene estava grávida me fez ver as coisas com outros olhos. A idéia de colocar outro ser humano no mundo assusta, pode crer. Mas, fala aí Lily. Você ainda não me respondeu – Uma mão dele, a que estava em seus ombros, foi para os cabelos dela, brincando com as mexas vermelhas. Pelo jeito, ambos estavam com a guarda incrivelmente baixa daquele jeito.
-Certo, então prepare-se, pois você vai entender mais da mente feminina do que qualquer um nesse colégio – Ele riu e fez sinal para que ela continuasse. – Você deve se lembrar do episódio da aposta que você fez com James sobre um certo beijo em uma certa garota – Então o entendimento passou pelos olhos dele, absoluto.
-Meu Merlin, eu não lembrava disso. Lily – Ele olhou-a subitamente apavorado – A garota era você? Você era a menina que o James beijou? Oh céus! Como eu pude ser tão idiota! Quantas ruivas existem nesse colégio? Olha Lily, eu sinto muito, eu era um trasgo naquela época – Ela deu uma risada. Aquilo realmente importava agora? – Se você quer um consolo, aquele foi o primeiro beijo de James também – Ele disse e agora era a hora de Lílian olhá-lo surpresa.
-Sério? Mas... Mas... – Ele riu.
-É, eu sei. Ele só saía com as garotas, sem beijá-las. Disse que estava esperando alguma coisa, até que viu você. Ele babou, é sério. Daí eu soube da sua reputação de rainha do gelo e fiz aquela aposta estúpida com ele. E ele aceitou. – Sirius continuou mexendo nos cabelos dela. Aquilo era um pouco íntimo demais, Lílian pensou. Quem visse de fora, acharia que eles eram namorados.
-Bem, voltando. Depois daquele episódio, bem, eu fiquei com raiva por ele me usar daquele jeito. Muita raiva. Quer dizer, que tipo de monstro tira o primeiro beijo de uma garota por causa de uma aposta, depois de iludi-la durante semanas? Ele me feriu e tirou toda a minha fé nos garotos, Sirius. Eu o amava e ele fez aquilo comigo – Disse cerrando os dentes com força, tentando não chorar.
-Lily, ele não podia saber se você o amava ou não. E nem que aquele era seu primeiro beijo, como o dele era. – Sirius tentou argumentar, mas Lílian colocou um dedo sobre os lábios dele. Os dois se olharam e perceberam que assim eles ficavam realmente muito próximos.
Lílian se esticou um pouco para alcançá-lo, assim como Sirius abaixou um pouco o rosto para tocar o de Lílian. Tudo era muito sutil. Tocou os lábios dela com suavidade, uma mão indo para a face dela. Lílian correspondeu, mas o beijou ficou mais nesse entrelaçar de lábios, ele prendia o lábio inferior dela entre os seus e ela se limitava a corresponder, então ele mudava de lábio e ela fazia o mesmo.
Eles então se separaram e ele afastou os cabelos de Lílian do rosto. Olharam-se por alguns instantes e Lílian levou uma mão os cabelos dele, entrelaçando seus dedos neles. Os dois se moveram ao mesmo tempo, capturando os lábios do outro em mais um beijo. Não havia amor ali, eles sabiam. Somente o desejo de estar perto de alguém e se sentir acolhido. Sirius então afastou-se dela e levantou-se, estendendo uma mão para ajudá-la a fazer o mesmo. Lílian aceitou e então foram lado a lado para o salão principal para jantar.
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Marlene estava no salão principal quando viu Lílian e Sirius entrarem lado a lado. E também viu a mão dele passar pela dela enquanto trocavam um olhar cúmplice. Não estava enciumada – não muito, já que ela mesma dispensara Sirius. Nem se sentia traída por ser a sua amiga ali com ele, agora beijando-o de leve e se sentando ao lado dele na mesa. De modo algum, ambos eram livres.
Mas ainda assim, Marlene estava absolutamente surpresa. Absolutamente. Quer dizer, não era normal que Lílian Evans estivesse ficando com Sirius Black. Era uma coisa que, se o salão todo não tivesse visto tão bem quanto ela (todos ficaram em silêncio e suspenderam suas respirações por alguns segundos), iria achar que estava delirando. E, por um momento de nostalgia, passou uma mão por seu estômago chato, acariciando sua barriga enquanto olhava.
Balançou a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos, mas não conseguiu. Como teria sido a sua vida se tivesse ficado com o bebê? Será mesmo que Sirius iria ajudar? Iria trocar suas noites de farra por uma noite mal dormida em casa, acordando para alimentar o bebê? Nada de sexo, nada de bebidas, toda a parte boa da vida dele trocada por responsabilidades e mais responsabilidades. Perguntou-se realmente se ele teria ficado com ela.
Decidiu que pararia de se perguntar. Perguntaria para quem mais conhecia Sirius no mundo. James.
-Potter – Ela chamou-o, ele estava ao lado de Remo, bem perto dela. Ele olhou-a estranhamente, afinal, o que Marlene tinha para falar com ele? – Quando sair, me espera na pêra – Era óbvio que ela falava da entrada da cozinha, mas por quê ela simplesmente não falara? Provavelmente queria falar com ele sozinha. Assentiu com a cabeça e continuou seu jantar.
Ao sair do salão foi até a entrada da cozinha, vendo-a lá.
-Potter, tudo o que eu vou falar aqui é absolutamente hipotético. E você tem que me jurar que não fala isso pra ninguém – digo, que eu andei perguntando essas coisas pra você – Ela tinha as mãos sobre o estômago, James percebeu, e pelo jeito o gesto dela era inconsciente. Passou a mão pelos cabelos. Aquilo estava ficando cada vez mais estranho.
-Certo McKinnon, fala logo. – Disse á ela, que deu um suspiro.
-Bom... É sobre o Sirius. Digamos que uma garota engravide dele – James fez cara de surpreso, mas a expressão dela identificou exatamente o que ela queria dizer. “Hipóteses”. James voltou á respirar. – Digamos que uma garota ficasse grávida dele. Ele a ajudaria? Digo, ficaria do lado dela, ajudaria a criar o filho, conseguiria lidar com as responsabilidades e tudo mais? – Agora Marlene olhava para o chão, toda vermelha.
-Bom... – Ele coçou a nuca, refletindo sobre revelar aquilo para ela. – Absolutamente que sim. Sirius tem tara por ser pai, é o sonho dele desde que entrou nesse colégio. Ele sempre quis um filho – Bom, talvez não exatamente com a idade que ele está, mas não acho que isso influenciaria muito no comportamento dele. Enquanto eu morro de medo de ter um filho – Ele sorriu encabulado. Bom, se ele não iria contar o que falaram ali, era justo que ela não contasse também. – Ele adora a idéia. Principalmente se for com você – Oh, maldita língua grande. Sirius o mataria.
-O que? – Ela estava absolutamente pasma. Claro, ele tinha que ser tão boca grande. Coçou a nuca nervosamente.
-Uma vez ele teve a belíssima idéia de discutir esse tipo de coisa na minha casa. Estávamos todos lá – Edgar, Frank, Remo, Pedro, Sirius e eu. Eu disse á ele que aquilo era coisa de mulherzinha, mas sabe como o Sirius é. Ele fez todos nós discutirmos sobre esse tipo de assunto, e o assunto se engajou em outro. De filhos para a mãe deles. Na época nenhum de nós sabia o que queria, só ele. E ele disse alto e claro que se fosse para ter um filho, queria que fosse com você. Mas, hmm, acho que éramos muito crianças, então não conta – Deu um suspiro derrotado – Céus, Sirius vai me matar depois disso.
-Não se preocupe – Ela disse sorrindo compreensivamente. Exatamente como sua mãe fazia. Estranho lembrar disso. – Eu lancei um feitiço no começo desse corredor. Você não poderia me esconder nada, nem se eu te perguntasse a cor da cueca que você está usando ou se você já teve algum sonho erótico comigo – Ela riu com os próprios exemplos, mas James foi ficando pálido.
-Branca, sim. – Ele respondeu e ela não conteve a gargalhada.
-Sério, e se eu te perguntasse... – Ele ficou mais pálido ainda e ela riu. Então uma idéia se passou por sua cabeça.
-Marlene, olha bem o que você vai perguntar – Ele avisou-a, mas a expressão dela ficara séria do nada. Ele engoliu em seco.
-Você ama a Lílian? – Ela perguntou, e emendou outra pergunta para a resposta dele não ficar tão sozinha. – Você já teve alguma fantasia com algum Maroto? Qual deles? Algum lugar ou pessoa especial? – Sabia que aquelas perguntas não eram tão constrangedoras quanto á primeira. Mas ainda assim James estava ficando azul.
-Mais que tudo – Foi a primeira resposta dele, e Marlene se compadeceu. O garoto era legal, apesar do que fizera. – Sim. Sirius, você e eu no vestiário masculino da grifinória no campo de quadribol. Marlene pelo amor de Merlin pára senão eu vou morrer por falta de irrigação nos meus membros – Ele disse, roxo. Marlene só riu.
-Oh, sério que foi comigo? – Ela gargalhou – Sério Potter, você é impossível. Relaxa. O que foi dito aqui vai ficar aqui, assim como eu espero que você não conte o que eu te perguntei aqui – Ela alisou novamente o estômago chato.
-Okay. Da próxima vez, se quiser perguntar alguma coisa, me avisa antes. Eu respondo o que tenho que responder e me poupo desse constrangimento. – Ele passou a mão pelos cabelos, ainda roxo, e ela riu.
-Tá legal, Potter. - Deu então um sorriso. “Fantasia comigo e com o Sirius? Oh gosh, espero que ele nunca peça algo assim de natal com alguma Felix Felicis” Ela pensou revirando os olhos, percebendo que estava alisando seu estômago.
Marlene então ficou enjoada. Mega enjoada. A porta da cozinha tinha se aberto, e o cheiro de comida a fez querer vomitar.
-Ah não, não não não – Ela dobrou-se e James foi para perto dela rapidamente, ajudando-a. Marlene pôs todo o jantar para fora naquele exato momento. James então ajudou-a a sentar-se e pediu aos elfos que limpassem aquilo logo. Estava assustado.
-Marlene, as suas perguntas eram hipotéticas, não eram? – Ele afastou o cabelo suado dela de seu rosto pálido. Ela estava ainda mais apavorada que ele.
-Eu ao menos pensei que sim. Abortei a criança essa semana – Ela revelou á ele, tentando se sentar direito, apoiando as costas na parede.
-E como sabe que não eram gêmeos? Será que isso é possível? – James agora estava mais que apavorado. Ela estava grávida de Sirius? Aquilo só podia ser piada.
-Oh meu Merlin! Eu só tomei dose suficiente para matar um! – Ela gemeu de dor na barriga, seu estômago revirando.
-Lene! O que você vai fazer? – Perguntou quando ela tentou levantar-se.
-Pedir á Lílian mais uma dose – Ela disse e ele segurou-a pela cintura. Marlene mal podia andar.
-O-okay, eu te levo – Ele foi segurando-a pela cintura. Encontraram a ruiva no salão principal ainda comendo, ao lado de Sirius. Ao ver a morena naquele estado, Sirius rapidamente se levantou e amparou-a pelo outro lado, colocando um braço dela sobre o seu pescoço. Estava fraca demais para andar depois daquilo tudo.
-Marlene? O que aconteceu com você? – Lílian se levantou e rapidamente os quatro saíram do salão principal, mas ainda assim chamando um pouco de atenção. Foram direto para a sala precisa, onde Lílian quis um lugar confortável e bom para fazer poções. Entraram e os garotos deixaram-na em um sofá, enquanto Lílian sentava-se ao lado dela.
-Marlene acha que só abortou um bebê. Podiam ser gêmeos – James revelou e Sirius e Lily entreolharam-se.
-Certo, mas com você nesse estado eu não posso te dar outra dose da poção, Lene. Você pode morrer. E abortar uma criança que já tem quase um mês é demasiadamente perigoso pra você, principalmente porque essa poção de aborto só pode ser tomada á cada quatro meses. Daqui á três meses você vai estar de quatro meses já, e a poção não funciona mais, só do modo trouxa, e ainda assim com altíssimos riscos de morte. – Lílian disse e Marlene arregalou os olhos.
-Isso quer dizer que eu vou ter que ter esse bebê? Meu Merlin Lílian, eu não posso! – Ela disse – A poção que eu tomei para abortar o primeiro pode afetar esse segundo? – Ela perguntou com as mãos na barriga, dolorida.
-Não há como isso acontecer. Muitas mulheres usam aquela poção pra abortar só um. É normal. Seu azar for ter engravidado de gêmeos – Lílian disse indo preparar uma poção para ajudar com o enjôo da amiga. Sirius passou a mão pelos cabelos. James olhou para ele.
-Seu infeliz. Você ta preocupado, mas ta pulando de alegria, não ta? – James perguntou á Sirius, que só pode soltar um sorriso triste.
-Eu não queria que fosse assim, que estragasse o futuro de Marlene. Não queria que fosse assim, mas você sabia que é com quem eu queria e o que eu queria. Marlene, eu egoístamente te pediria para ficar com ele. Mas eu não seria tão egoísta a ponto de querer que você mantenha dentro de si algo que irá mudar toda sua vida. – Ele disse á ela, que sentou-se no sofá com dificuldade, bebendo a poção que agora Lílian lhe oferecia.
-Sirius, aparentemente eu não tenho escolha. Ou mantenho o bebê ou morro – Ela disse angustiada.
James e Lílian se afastaram um pouco dos dois.
-Então eu só tenho uma escolha. Agente vai ter que casar, Marlene – Ele disse e ela finalmente ficou mais pasma do que estava.
-O que? Mas... Mas... – Ela tentou argumentar, sem achar argumentos.
-Só para aplacar a raiva das nossas famílias. Você não tem idéia da decepção de Walburga se ela descobrir que eu vou por um filho no mundo sem nem ter casado com a garota. Marlene, por favor. – Ele pediu ajoelhando-se ao lado do sofá onde ela estava. Ela passou a mão pelos cabelos.
-Eu não queria casar por conveniência. Nunca quis. – Ela já não mais segurava as lágrimas. Ele segurou as mãos dele.
-Eu sei, mas eu quero meu nome nesse bebê. Por favor, Marlene. Eu não vou me importar se você for ás festas e voltar bêbada, eu juro – Ele fez piada e ela deu uma risada triste, as lágrimas ainda descendo pelo rosto.
-Certo, se você continuar a me fazer rir mesmo num momento de pânico eu caso com você – Ela disse ainda rindo e chorando ao mesmo tempo, e ele deu um sorriso genuíno para ela, abraçando-a.
-Okay, hum. Vamos deixar isso quieto por enquanto, até a barriga apareceu. Viu só? Papai vai cuidar bem de você – Ele falou com a barriga dela, que deu uma gargalhada.
-Sirius, ele provavelmente não pode te ouvir ainda – Ela disse o lógico, mas ele fez uma carranca.
-Sem chance. Ele pode não ouvir, mas sabe que sou eu. Não sabe, bebê? – Ele falou com a barriga dela de novo, a face mais boba impossível.
-Mas e a escola? Como é que agente vai fazer isso? – Ela perguntou e ele levantou-se do sofá.
-Certo, Walburga não vai querer uma briga com os McKinnons, então provavelmente vai tomar todas as providências. Ainda assim eu vou pedir pra Dumbledor dois quartos separados dos outros, um ao lado do outro, um seu e um meu. E daí eu arranjo um elfo-babá pra cuidar dele enquanto agente estiver nas aulas. Eu fui criado por uma lá de casa, muito boa, mas a minha mãe libertou ela quando viu que ela me ensinava algumas coisas fora do padrão para elfos. Ela agora trabalha com dinheiro, mas isso pra mim não é problema. – Ele foi falando como se falasse para ele mesmo, e não para Marlene. Ainda assim ela assentiu.
-Oh céus, eu ainda não acredito que isso ta acontecendo – Ela disse olhando pra própria barriga. Não sabia mais se estava triste ou feliz. Afinal, um filho era para a vida toda, e ela nem tinha tido a possibilidade de pensar se queria um. Bom, agora já estava feito.
-Você me promete que agente vai fazer o melhor que puder? – Ela perguntou a Sirius, que rolou os olhos.
-É óbvio. – Ela então ofereceu um sorriso á ele. Lílian se aproximou e Marlene e perguntou se ela estava bem, a morena assentiu com a cabeça. Então deu um selinho em Sirius, que entendeu que aquilo era uma despedida. Durara somente algumas horas. Sorriu para ela e deu um beijo decente, uma despedida decente. Nenhum dos dois queria magoar Marlene, então teriam que procurar conforto em outras coisas. Quando Lílian conseguiu se soltar pegou James pelo braço e levou-o para fora da sala.
-O que está fazendo? – Ele perguntou e ela olhou-o severamente.
-Eles precisam de um tempo sozinhos. Eles vão ter um filho agora, Potter, não sei se você entende isso – Ela disse e começou a caminhar, e ele acompanhou-a.
-Certo, não precisa me atacar. Eu entendo que eles precisem de privacidade. Só que se você não percebeu, eu deixei o meu óculos na bancada – Ele disse e ela percebeu que algo estava faltando no rosto dele.E percebeu que os olhos dele eram meio esverdeados. E então não quis mais ver os olhos dele.
Voltaram para a sala, mas já não havia mais porta.
-Você espera eles saírem, Potter. Eu vou para o dormitório – Lily disse, mas ele segurou-a.
-Evans, eu não vejo absolutamente nada sem os meus óculos. Pede pra entrar aí, lembra de como você pediu da última vez, pelo amor de Merlin – Ele pediu e ela. Ambos sabiam que estavam pensando na mesma coisa. No suposto estupro dele. Lílian então pensou, pensou seriamente em livrá-lo daquilo e fazer o que Sirius lhe aconselhara: seguir com a sua vida. Naquele exato momento, lembrando-se de todo bem e todo mal que ele havia feito para ela, talvez o bem fosse maior que o resto. Lílian já não mais ligava.
-Ok Potter – Disse lembrando-se do que pensara ao entrar na sala e entrando de novo, sem nem olhar para Sirius e Marlene, pegando o óculos do outro e saindo. Ao chegar lá fora colocou os óculos nele.
-Valeu Lily – Ele disse passando a mão pelos cabelos.
-Okay, eu cansei disso – Ela disse vendo a culpa nos olhos dele. Tudo o que não queria era que ele sentisse pena de si mesma.
Pegou um frasco dentro da sala e saiu, colocando a varinha em uma têmpora e tirando um fio prateado-translúcido de lá, colocando no frasco.
-Eu vou me arrepender disso. Pode me odiar, Potter. Eu te odeio também, por uma coisa que você nem lembra de ter feito. Divirta-se – Ela disse deixando-o sozinho. James entrou na lembrança e viu o dia da festa. Aquela noite em que fizera mal á Lílian. Viu tudo do ponto de vista da garota. Viu que ela jogou o sonífero em sua boca. Viu que ela mesma fizera aquilo em si mesma. Viu que ela o enganara para ele pensar que tinha feito mal á ela. Viu tudo o que tinha para ver.
Mas algo dera errado quando ela tirara aquela lembrança da cabeça. Tinha pedaços de outra lembrança entrelaçados. Algo que ele se lembrava muito bem. O seu primeiro beijo dado na orla da floresta, com ela. Sempre soube que era ela. Mas nunca pensar que ela poderia odiá-lo depois daquilo. Nunca pensara que poderia se apaixonar por ela depois daquilo. Nunca pensou que algo tão simples pudesse tomar proporções tão grandes. Suspirou.
Saindo das lembranças dela, o engraçado é que não a odiava. Não mais. Se sentia aliviado. Sentia raiva, mas não era porque não conseguia entender a cabeça dela que deveria julgá-la. Ele fora sujo, e ela retribuíra. E ele a amava. Céus, a amava mais do que poderia agüentar. Sua raiva ainda estava lá, obviamente, mas James conseguia sentir seu coração bater mais uma vez.
Foi para o dormitório e encontrou-a dormindo no sofá, em frente á lareira. Chegou perto dela e, contrariando a raiva que sentia dela, depositando um beijo na testa dela, renovado. Agora que lembrava-se o motivo de toda a raiva dela, talvez pudesse contorná-la. Talvez pudesse amaciar Lílian e mostrar para ela que dessa vez era de verdade.
Talvez.
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Emmeline observou pasma o rapaz á sua frente. Aquele definitivamente não poderia ser o Edgar que conhecera, que a forçara. Quase disse sim.
Quase.
-Sabe o que é? Meus pais tão me transferindo pra Beuxbatons – A cara dele não podia ser mais decepcionada. Ele então ficou espantado.
-Mas Beuxbatons não é uma escola só de garotos? – Ele perguntou e ela sorriu.
-Sim, mas meu pai é amigo do diretor de lá, e meu pai é meio excêntrico, acha que a educação no estilo militar é a melhor que pode ter – Ela disse corando um pouco. Ele sorriu.
-Edgar, bem... – Emmeline mordeu o lábio inferior. – Será que você podia me dizer uma coisa?
-Claro – Ele riu.
-Você se lembra de alguma coisa da festa do dia dois? – Ela perguntou, observando a reação dele.
-Eu não fui nessa festa – A voz dele era absolutamente convicta. – Eu estava de cama, na enfermaria jogando cartas com a Madame Pomfrey. Quebrei o braço caindo da vassoura. Mas por que? – Edgar perguntou-lhe e Emmeline olhou para trás. Aquele moreno maldito ainda estava lá. As peças foram se encaixando na cabeça de Emmeline rapidamente, fazendo-a virar-se de costas e apontar a varinha para o outro.
-E aí, gostosinha? Não precisa se fazer de difícil – O moreno tinha aquele sorriso. Aquele sorriso da festa. Maldito imprestável!
-Ei, amigo, se eu fosse você eu calaria a sua boca antes que eu vá aí e acabe com você Sem varinha - Edgar disse. Ele era alto, e forte. Amedrontador, quando ameaçava. E ele estava ameaçando.
-Sai da frente, loiro gay, e veja como é que se faz pra pegar uma gata dessas – O outro foi se aproximando de Emmeline, e Edgar se pôs na frente da garota.
-Hey, foi você que me arranhou aquele dia. Por que fez aquilo? Eu ainda estou com marcas – Ele disse mostrando uma casquinha de machucado grande no antebraço. Provavelmente saíra sangue. A peça que faltava entrou na cabeça de Emmeline, completando o quebra cabeças. Emmeline soltou um grunhido baixo.
-EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ FEZ ISSO! NÃO ACREDITO QUE SE FEZ PASSAR POR EDGAR PRA FICAR COMIGO! VOCÊ QUASE ME FORÇOU, SEU MONSTRO! – Ela disse aquilo e os olhos de Edgar ficaram confusos.
-Ele... Se fingiu de mim? Pra ficar com você? Mas... –Edgar rosnou, deu dois passos e deu um belo soco no nariz do outro. O garoto caiu e foi ajudado pelo amigo, que andava ao lado dele. Edgar colocou um braço sobre o ombro de Emmeline.
- Tenha mais respeito, idiota – Ele disse com desprezo, caminhando rápido. Então voltou-se para Emmeline, que ainda estava faiscando.
-Desse jeito só eu levo detenção. – Ele explicou olhando para ela. – O que foi que ele te fez na festa? – Emmeline vendo os olhos verdes do rapaz, teve medo. Já se decepcionara uma vez. Agora se decepcionaria de novo. Ou assim pensava. Era melhor só deixar as emoções fora daquilo.
Não conseguira. Olhou para ele novamente e as palavras começaram a jorrar.
-Ele se apresentou como sendo você. Foi doce e fofo. Me convidou para ir para fora da festa, e então ficou comigo. Mas ele começou a querer me forçar. Eu não deixei e ele quase me agrediu. Eu estava sem varinha e desesperada, tive que fugir. Jurei que ia me vingar dele – Ela disse e corou. Ele riu.
-De mim, você quer dizer – Ele riu e ela corou mais ainda. – É compreensível. Além do mais, acho que a melhor vingança que você pode fazer agora é seguir com a sua vida e esquecer aquele babaca. – Ela sorriu para ele, não querendo. Ela não queria mais. Não queria mais. Não queria se enganar com ele. Ou com nenhum deles. - ...E talvez, ficando com o original – Emmeline então olhou-o.
-Não dá, Edgar. Eu já disse, vou pra Beuxbatons – Ela disse.
-Mas você volta, não volta? – Ele perguntou e ela deu um suspiro.
-Em algumas semanas – Ela disse novamente, e ele suspirou. – Mas até lá você não me quer mais. Não vai esperar até lá – Seus pensamentos foram verbalizados antes que pudesse passá-los pelo filtro de sua mente. Corou de novo. Edgar riu.
-É esse o problema? Ora, Emmeline, eu posso esperar. Eu espero. – Ele pegou as mãos dela e ela deu um sorriso presunçoso.
-Ah é? E como eu vou saber disso? Como eu posso ter certeza que você me esperou? Não leve a mal, Edgar, mas eu não vou jogar meus sentimentos no lixo de novo. Eu já gostei de você uma vez, não sei se consigo de novo – Revelou-lhe, corando novamente. O que estava acontecendo consigo? Não podia olhar para ele que falava toda a verdade sem medir conseqüências!
-Pois bem, me lance um feitiço – Ele disse colocando os braços esticados retos ao corpo, pronto. Ela hesitou.
-Tem certeza? – Ela perguntou e ele deu-lhe um sorriso que quebrou-lhe o coração. Ele estava mesmo disposto á fazer aquilo?
-Eu gostei de você e só ouço coisas boas á seu respeito. Vale a pena esperar por você, mesmo que seja só para levar um fora seu depois que você descobrir que a minha risada é bizarra – Ele disse e ela riu. Era como se nunca tivesse sido machucada por aquele idiota.
-D-desculpe, eu... Eu tinha perdido a fé que encontraria alguém disposto a se preocupar comigo – Ela revelou, não mais se preocupando em esconder. Estava sendo uma tola. Era a primeira vez que falava com ele. Mas ele não parecera se importar.
-Oras... – Ele abraçou-a – E você esperaria por mim se fosse o contrário?
-Talvez – Ela respondeu sorrindo de lado se separando dele.
-Eu vou pegar o endereço de Beuxbatons e vou mandar cartas. Quando você quiser, okay? – Ele disse e beijou-a no rosto – Amigos? – Ele perguntou estendendo uma mão para ela, que aceitou.
-Okay. – Emmeline sentiu-se tola. Mas uma tola feliz.
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Comentários (2)
é Beuxbatons sim... é como se os pais dela dissessem que o problema dela são suas companias, e então querem tirar ela de perto das amigas... ^^ beijo
2011-10-20Uma pergunta!é Beuxbatons ou Durmstrag?Pois Durmstrang é uma escola estilo militar,já beuxbatons é light!Bjão
2011-09-30