Seven





Alice estava impaciente. Qual era o problema daquele garoto? Lílian não podia ser tão teimosa assim, ainda mais sabendo que estivera impaciente o dia inteiro. Era meio óbvio que Richard estava indo lá á seu mando, talvez pela cara ou pelo estado das vestes do rapaz.

Por isso a demora dele só a deixava mais impaciente. Quando é que ele ia chegar?

Repentinamente a porta se abriu e, apesar da semi-penumbra que se estendia pela torre, iluminada somente por tochas e, se é que se pode considerar uma iluminação, as estrelas. E Alice pôde finalmente ver a silhueta grandiosa de Richard, que carregava o que ela queria em suas mãos.

-Deixe-a ali – Ela ordenou sem pestanejar, e ele depositou a caixa preta sobre a mesa baixa que havia no centro da sala, afastando-se como um servo logo depois. Alice somente suspirou. Homens sabiam ser patéticos.

Então a morena se aproximou da caixa e abriu-a, encontrando um pergaminho com uma pena por cima. Pegou-os e se pôs a escrever.

“Hera, a Senhora sabe o que eu quero. Quero ver aquele maldito no chão” Escreveu rapidamente, a letra saindo um pouco mais inclinada pela pressa. A resposta logo apareceu:

“Temo que vá se arrepender disso, minha criança. Tem certeza que quer se vingar do menino Longbottom? Entenda, é um aviso, não uma proibição. Tem mesmo certeza disso?” Alice estranhou o aviso e por um segundo hesitou. Mas o ódio dentro de si falou bem mais alto que sua intuição.

“Quero. Eu preciso saciar essa minha raiva. Esse sentimento que palpita dentro de mim, me lembrando o tempo inteiro do que aquele desgraçado fez. Por favor Deusa, algo rápido e eficaz” A raiva da grifinória a deixava impaciente. Talvez por isso a resposta não tardou a se projetar no papel.

“Use o que ele mais odeia contra ele: A publicidade. As fofocas. Os boatos...” A garota levantou o rosto novamente, fitando o nada. Quase dava-se para ouvir as engrenagens da cabeça dela estalando, bolando algum plano diabólico para arruinar a vida de mais algum garoto.

Mas não qualquer menino.

Aquele que fizera-a querer confiar seu coração á alguém. A ele. Um mentiroso.

E agora ele iria pagar.

-Richard, venha aqui – Ela ordenou novamente e o garoto loiro corpulento que ficara de pé esperando por ela se aproximou, se curvando tal qual um elfo doméstico.

-Você vai chamar as meninas mais fofoqueiras para saírem com você. De todas as casas, de todas as séries. Por enquanto só faça isso, depois darei mais instruções – Ela disse e ele se curvou novamente, saindo da torre.

Alice sorriu consigo mesma. Ah sim, ele iria pagar...

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As três meninas estavam tomando café da manhã silenciosamente, eventualmente lançando sorrisos enviesados aos Marotos. Mas somente um deles notou.

-Qual é a delas? – James Potter pensou consigo mesmo, sem se dar conta que o tinha feito em voz alta. Sirius olhou-o estranhamente.

-Qual é a de quem? – O amigo do moreno tentou olhar na direção que ele estava olhando, e quando viu as meninas fez que não com a cabeça – Por que está olhando pra elas, Jay? Não acha que tem coisa menos... Peçonhenta nesse salão não? – Ele quis se corrigir quanto á Marlene, mas ficou quieto. Os amigos não precisavam saber.

-Não é isso Sirius, elas que tão olhando pra cá direto – O outro disse, mas Sirius apenas bufou longamente.

-Então pare de olhar. Já passamos por poucas e boas por causa delas, acho que ta na hora de aprender a lição – É, talvez fosse isso mesmo. Mas Sirius não queria desistir de Marlene. Tinha que parar de falar frases com duplo sentido.

-Tá bom – James falou desanimado e largou seu croissant no prato. Os meninos pegaram suas mochilas e colocaram sobre os ombros, deixando o salão. Sem saber que eram seguidos pelos olhares das três garotas presentes, que somente sorriam.

-A Alice realmente é um gênio – Lílian disse sorrindo, tomando mais chá. Marlene riu.

-E quem não sabia disso? Ela só precisava de motivação. – A morena disse e mordeu um pedaço de sua torrada, piscando para um menino que a encarava hipnotizado.

-É, mas vocês ouviram o que ela disse. A própria Deusa alertou-a de que ela ia se arrepender amargamente dessa vingança contra o Longbottom – Dorcas disse, ficando séria. Não podia deixar de considerar isso.

-Você tem razão. Mas será que o arrependimento vai ser feio assim? – Marlene perguntou e elas se entreolharam. Não tinham como saber, afinal.

-Bom, ela já está executando o plano. O que resta á nós agora é esperar – Lílian disse e as outras concordaram, continuando a tomar seu café da manhã. Sem nem ao menos imaginar a repercussão que a vingança da amiga, sem querer, teria.

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-Quer fazer isso aqui? – Margareth Taylor perguntou ao menino loiro bonitinho que a chamara para ir aos jardins. O nome dele era Roger. Ou Richard. Tanto fazia, desde que ele beijasse bem.

-Exatamente aqui – Ele olhou para os lados discretamente e sorriu, beijando a menina e prensando-a contra uma das paredes frias de pedra de fora do castelo. O vento batia fraquinho ali, era o local perfeito. Alice com certeza seria ouvida pela fofoqueira.

Richard foi andando com Margareth entre os braços, guiando-a para outra parede, mais perto das árvores á sua esquerda. Enquanto descia os beijos para o pescoço da menina, deu mais uma olhada em direção á clareira onde Alice deveria estar, e quando viu-a com Lílian Evans sorriu. Aproximou-se mais.

-Mas Lílian, pelo amor de Merlin, não é possível um garoto ser tão broxa assim! – O tom de voz de Alice era alto, facilmente ouvido por Margareth, que, Richard notou, abriu os olhos. Exatamente como ela previra...

Alice continuou falando:

-E ainda por cima ele ronca e solta... Gases enquanto dorme. Ele é nojento Lily, acredita em mim. – Lílian estava sentada e arregalava os olhos a cada palavra da amiga, fazendo caretas.

-Ouvi dizer que ele tem um péssimo hálito. Com cheiro de ovo podre, ou pior que isso – A ruiva disse e Alice consentiu.

-Eu não o deixei me beijar logo de manhã, mas se tivesse, aposto que teria morrido sufocada por todo aquele cheiro de esgoto – Ela completou e bufou alto. – Não acredito que ele me enganou tão direitinho, fingindo ser um gentleman. Nunca mais me deixo enganar assim – Ela se sentou e apoiou os braços nas pernas, sentando-se no chão. Deu um longo suspiro, exasperada.

Richard sorriu internamente e recomeçou um beijo sôfrego em Margareth, que obviamente estava totalmente fora dali. Sua mente estava nas vozes que escutava.
O loiro até mesmo poderia sentir o veneno dela sendo produzido no cérebro, as todas as fofocas que ela iria espalhar, todas as informações que ela ia exagerar. Aquilo era perfeito. Prensou-a contra uma árvore, concentrando-se no pescoço da morena.

-Eu não podia imaginar que Frank Longbottom era tão ruim assim. Ele parecia ser ótimo... – A ruiva fez o mesmo que a amiga – Mas não fica assim Lice. Talvez um dia ele aprenda sobre higiene pessoal, aí as coisas melhoram, não é? Isso é tudo superficial, o interior dele deve ser bom – Lily deu leves batidinhas no ombro de Alice, que suspirou.



-É, tão bom quanto o de um caminhoneiro nojento. Ele é nojento por dentro e por fora, Lily. – Alice voltou a se levantar – Eu ainda não acredito que caí na dele! Só de lembrar de como ele me tratou na manhã seguinte, como alguma espécie de empregada, me mandando arrumar a cama enquanto ele tomava banho – Aliás, ele nem ao menos ofereceu para eu tomar banho antes dele – A voz de desânimo de Alice era facilmente escutada por Margareth.

A garota logo começou a afastar Richard.

-Eu posso... – Ela olhou para o chão, tentando achar um jeito de fugir dali – Ir ao banheiro? Te encontro daqui á meia hora na frente do salão principal. Preciso passar em alguns lugares no caminho – Ela disse e Richard fez a sua melhor cara de desapontamento, dando um sorrisinho logo depois e beijando-a em despedida. Teve que forçar-se a não gargalhar quando Alice olhou para ele e começou a sorrir, satisfeita.

Mas ele não podia parar agora. Ainda tinha mais onze meninas para levar para qualquer lugar do colégio e agarrá-la antes da meia noite.

É, aquele dia seria longo. Mas com certeza a recompensa que Alice o daria valeria todo o esforço. Foi sorridente para o colégio para encontrar a loira de olhos esbugalhados, Lyn Portman – A segunda maior alcoviteira do colégio.

Afinal, tinha sorte em ter achado Alice.

Ou assim pensava.

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-Ele faz tudo o que você pede assim, como um cachorrinho? – Lílian gargalhava sentada no chão da clareira que ajudara a amiga com o plano, tentando não rolar de rir naquele chão sujo. Ele era assim tão patético ou Alice era assim poderosa?

Ou os dois?

-Exatamente. Ele até se curva para mim como um elfo. E a língua dele, meu bem... – Alice revirou os olhos, lambendo os lábios lentamente – É simplesmente divina. Faz milagres nos lugares certos.

-Seria divertido se todas nós tivéssemos um desses para si, não? – Os olhos da ruiva agora brilhavam com maldade.

-Talvez. Mas depois pensamos nisso. Tenho que encontrar Marlene perto da sala de Poções, ela está me esperando para a próxima cena – Alice piscou e Lily riu, vendo a amiga lhe mandar um beijo e sair andando rápido em direção ao castelo.

“É” Lílian pensou com orgulho “Finalmente estamos conseguindo nos libertar. Antes tarde do que nunca” Pensou levantando-se, limpando a saia e caminhando distraidamente até o salão principal, pretendendo tomar um lanche.

-É aí que você se engana, Evans – A voz que saiu de trás de uma árvore logo após a ruiva sair dali era ferina, cheia de ódio. – Eu não vou deixá-la fazer mal a mais ninguém. – James Potter arrumou os óculos no rosto e se dirigiu ao campo de quadribol para treinar.

Sem saber que seria o maior prejudicado com a própria decisão.

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”Maneater
Make you work hard, make you spend hard, make you want all of her love
Wish you never ever met her at all”


Maneater - Nelly Furtado

Frank atravessou o salão principal sentindo imediatamente os olhares femininos sobre si. Mas, incrivelmente, não se sentiu confiante ou feliz. Havia algo mais pairando naqueles olhares curiosos e cínicos, como se soubessem de algo que ele não sabia. Foi rapidamente para o lado dos marotos.

- O que há com essas garotas? – Ele perguntou olhando para os lados, sentindo-se mal. Como se elas transferissem uma energia ruim com aqueles olhares, e agora ele estivesse se sentindo humilhado, como se estivesse com algo muito errado na cara.

- Eu sei lá. São garotas, afinal – Sirius disse despreocupado, ainda com a boca cheia. Frank continuou tenso.

-Relaxa aí Frank. Alguma delas deve ter espalhado que você ficou com cinco na festa da escola, e que se todas elas ficaram, bem, você deve ser bom em alguma coisa – Remo fez uma careta, assim como os outros. Sirius fingiu vômito.

-Certo, Remo, você realmente entende bem da cabeça feminina, todos nós sabemos, mas não precisa acabar com o meu café da manhã por isso – Sirius reclamou e Remo deu de ombros, voltando a ler seu livro.

-Só tentei achar explicação lógica baseada nas mentes delas - Ele disse indicando Dorcas e as outras, sentadas na mesa conversando.

-E o que você sabe delas? – Sirius perguntou com ironia.

-Mais do que você, obviamente, que só presta atenção no próprio umbigo – Marlene chegou com as mãos na cintura dizendo, com um sorriso suave no rosto – Olá rapazes.

Todos a cumprimentaram de volta, inconscientemente e levemente apreensivos. Porque aquele sorriso da Marlene, meu bem, nunca trazia nada de bom. Claro que muitas vezes era no máximo alguma azaração fraca, um susto. Mas as vezes a catástrofe era quase pior que a bomba de Hiroshima.

-Frank, sua ex, a Isabella, ta terminando contigo nesse momento. Ela me mandou vir avisar isso – O queixo de Frank caiu. Por que diabos Isabella terminaria com ele? Ela era uma vadia, ela realmente era uma vadia. Namoraria qualquer um, por que não ele?.

-Isa, o que houve? – Ele se levantou e foi perguntar á agora ex-namorada, que tomava café com as amigas.

-Eu descobri que você não é pra mim. Você é nojento. – Ela disse e virou a cara para sorrir cúmplice com uma garota que ele não pôde reconhecer de imediato.

-E o que foi que eu fiz pra você? – Ele perguntou e ela só sorriu.

-Pra mim não. Pra ela. – A garota apontou para Alice, que deu um sorrisinho para ele – Se você acha que eu vou mesmo transar com você pra ter que aturar seu péssimo humor matinal, pode esquecer a garota disse decidida, passando a ignorá-lo.

Frank ficou branco, em choque por alguns segundos. Depois olhou para a morena, que agora conversava com Lílian, e ria muito.

-Alice – Ele chamou-a se aproximando dela. Ela olhou-o com indiferença.

-Que é? – Perguntou de volta. Mas hesitou na última sílaba, hesitou em coloca o ponto de ironia ali ao ver os olhos dele. Olhos dos quais ela gostava, apesar de ter raiva de quem os possuía. Aqueles olhos, seus olhos, agora estavam cheios de rancor e mágoa.

-Eu nunca quis que fosse assim. Eu gostei de você, Alice. Eu realmente te amei. Mas isso foi antes de ver o quão manipuladora, venenosa e fria você pode ser. Você é um monstro, Alice Fillibet – Ela não percebeu, mas prendia a respiração por todo o tempo que ele falava. De um modo estranho, parecia que a dor dele a afetava também.

-Eu não queria que fosse assim. Não queria – Ele passou as mãos pelos cabelos, transtornado. Então virou as costas e saiu do salão com passos firmes, mas a cabeça meio pensa, como se não quisesse pensar no que estava pensando.

Lily observou bem as reações de Alice, e então percebeu exatamente por que a Deusa dissera que a garota iria se arrepender amargamente daquilo. E concordou totalmente. Alice olhou para o prato com os olhos desfocados e opacos, antes de esboçar um sorriso obviamente forçado, e então colocar uma pitada de maldade nos lábios.

-Mal sabe ele que eu nem comecei... – A morena tentou forçar uma risada má, mas tudo o que conseguiu foi sons que lembravam soluços em algum ponto em que a voz decaía em lugares errados, a risada quebrada em lugares estranhos.

“Alice, não vê o que está fazendo?” Lílian se perguntou. Se conversasse com ela, só conseguiria uma briga. A única coisa que poderia fazer era rezar e tentar dar indiretas para a amiga, para ver se ela finalmente se dava conta de seus reais sentimentos. Talvez, naquela situação, fosse melhor perdoar mesmo, afinal, eles estavam quites.

“O que eu estou pensando afinal? Homens não prestam, e fizemos um juramento para nos vingarmos deles o mais que pudermos”. Sacudindo a cabeça Lily afastou esses pensamentos e acompanhou Alice até o banheiro, para logo depois irem ás aulas.

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Sem muitos comentários sobre esse cap. E, afinal, o que será que vai acontecer com a Alice e o Frank? (Pra ser franca, eu também não sei XD)
to recomeçando a ter idéias pra essa fic, mas vão com calma, sim? Muito obrigada por lerem e mil desculpas por fazer vocês esperarem tanto tempo. Mas eu realmente não tive mais idéia nenhuma pra essa fic. Vo continuar me esforçando. Muito³
Beijos carinhosos,

Doods xD - 18/12/2008

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