Five





Envenenados de bom-grado


“She's freaky and she knows it
She's freaky and I like it”


“Ela é louca e ela sabe isso
Ela é louca e eu gosto disso”


Lílian olhou em volta e gostou do que viu. Casa cheia, bebida rolando, música alta no quase escuro do salão. Era exatamente disso que precisava.

Pegou um copo de vodca de uma mesa e bebeu um gole, indo para a posta de dança. Fechou os olhos e começou a dançar, se entregando ao ritmo da musica.

Sem perceber que um par de olhos esverdeados a seguia.

“Listen”

”Ouça


“She grabs the yellow bottle
She likes the way it hits her lips
She gets to the bottom
It sends her on a trip so right
She might be goin' home with me tonight”


”Ela agarra a garrafa amarela
Ela gosta do jeito que toca os lábios dela
Ela chega ao fundo
Isso a manda numa viagem certa
Ela até pode ir para casa comigo esta noite”


Bebeu mais vodca do copo, gostando do jeito que o copo se encaixava em seus lábios. Ainda de olhos fechados balançou o corpo, mas desta vez sentiu um olhar sobre si. Um olhar intenso, que não a impediu de dançar até o chão e voltar, levantando-se devagar e virando o rosto para olhá-lo.

James engoliu em seco quando ela sorriu maliciosamente e deu uma voltinha, meio que o tentando a convencê-la a ficar com ele naquela noite.

”She looks like a model
Except she's got a little more ass
Don't even bother
Unless you've got that thing she likes
I hope she's goin' home with me tonight”


”Ela parece uma modelo
Exceto que ela tem um pouco mais de bunda
Nem me incomodo
Ao menos que você tenha aquela coisa que ela gosta
Eu espero que ela vá pra casa comigo esta noite”


Ele berbericou um pouco do uísque em seu copo e largou-o na mesa, indo em direção á garota, vendo-a rebolar de costas para ele. Sabia que ela gostava do que ele tinha, aquele charme, aquela habilidade para gerar climas propícios ao que eles queriam há muito tempo fazer. Tocou de leve a cintura dela, descoberta pela blusa que só chegava até um pouco antes do busto, vendo-a se arrepiar. Mas ela não virou para ele.

Não, ela só dançou com mais vontade, esperando que ele a acompanhasse. E foi exatamente o que aconteceu.

”She shuts the room down
The way she walks and causes a fuss
The baddest in town
She's flawless like some uncut ice
I hope she's goin' home with me tonight”


”Ela fecha o lugar
O jeito que ela anda causa uma comoção
A mais malvada na cidade
Ela é perfeita como gelo não cortado
Espero que ela vá para casa comigo esta noite”


Lílian se segurou para não rir. Tudo estava correndo exatamente como havia planejado anteriormente, o que a deixava satisfeita, mas ao mesmo tempo temerosa do que viria a seguir. Fingir que estava fingindo para ele exigiria uma dose de verdade muito grande dela, e ela não sabia se sucumbiria aos apelos de sua mente, dizendo-lhe para não fazê-lo. Mas era boa atriz, sabia disso. E ele merecia uma lição. Ah, se merecia...

”And all she wants is to dance
That's why you'll find her on the floor
But you don't have a chance
Unless you move the way that she likes
That's why she's goin' home with me tonight”


”Tudo que ela quer é dançar
É por isso que você vai encontrá-la na pista de dança
Mas você não tem chance
A não ser que você dance do jeito que ela gosta
É por isso que ela vai pra casa comigo esta noite”


Outro garoto, loiro, tentou se aproximar de Lílian, dançando de frente para ela. Era atraente, até, mas atrapalharia o plano se ela se interessasse verdadeiramente pelo bonitinho á sua frente. Então ela virou-se de frente para James, somente para fugir do olhar cobiçoso e tentador do loiro. Mas se arrependeu de imediato quando viu toda a necessidade estampada nos olhos verdes, que a fizeram mergulhar e se perder da realidade por alguns instantes.

James quase sorriu, exultante quando Lílian ignorou o outro rapaz, usando-o para mostrar que já estava com alguém. Que temporariamente era dele. Ou assim ele esperava.

”Those flashing lights seem to cause a glare
The way they hit her I just stop and stare
She's got me love stoned from everywhere
She's bad and she knows
I think that she knows”


”Parece que os flashes causam um clarão
O jeito que eles a atingem, eu só paro e olho
Ela me deixou doido de amor em todo lugar
Ela é má e ela sabe
Eu acho que ela sabe”


A luz abaixou lentamente até eles ficarem em uma semi-penumbra, e então luzes coloridas piscaram de todo o lugar, iluminando a pista de dança. Lílian então se soltou, agitando-se mais que antes, mas James parou. Parou para observar todas as cores batendo no cabelo dela, em sua pele, em sua roupa, delineando suas curvas e os movimentos que ela compunha ao sabor da música, deixando-o aturdido.

“Eu ainda não a esqueci” foi a verdade iminente que se instalou como um letreiro nos pensamentos do rapaz. E escritos em neon, com certeza, já que era a única coisa na qual conseguia pensar. Lílian então sorriu e juntou as mãos dos dois, colando sues corpos um tanto úmidos pelo calor, fazendo-o refletir sobre aquilo que via no olhar dela, e por trás dele. Uma sombra negra se fazia presente nas íris verdes toda vez que ela lhe dirigia o olhar, mas resolveu ignorar.

”Now dance
Little girl
You're freaky, but I like it
Hot damn!
Let me put my funk on this one time”


”Agora dance,
Garotinha
Você é louca, mas eu gosto
Maldição!
Deixe-me tocar meu funk essa vez”


Agora, de corpos colados, tanto pelo calor quanto pela ação de Lílian, á todo o movimento o corpo dela era projetado contra o seu, o que o estava levando á ensandecer. Colocou as mãos sobre a cintura alva dela novamente e começou a ditar os movimentos, temendo perder o controle diante de tanta audácia demonstrada naquele balanço simples, mas que o estava levando á loucura.

”Those flashing lights come from everywhere
The way they hit her I just stop and stare
She's got me love stoned
I think I'm love stoned
She's got me love stoned”


”Os flashes vêm de todos os lugares
O jeito que eles a atingem, eu só paro e olho
Ela me deixou doido de amor
Cara, eu juro que ela é má e ela sabe
Eu acho que ela sabe
Ela me deixou louco de amor”


Lílian então o pegou pela mão, recebendo um choque com um mero roçar de dedos, deixando-o de lado e guiando James, ainda sem olhá-lo, para fora do lugar, pretendendo manter-se no controle da situação para manter suas intenções dentro dos conformes e manipulá-lo o suficiente para que estas dessem certo.

Assim esperava, ao menos.

Já no interior de uma sala vazia e confortável, que ambos reconheceram imediatamente como a sala precisa, Lílian sorriu e levou James até a cama segurando-o pelo colarinho da camisa, e beijando-o logo depois, percebendo que ele estremecera sob seu toque novamente.

“Está no papo” ela pensou, mas não era hora para hesitação. Era hora de agir, uma ação que talvez a fizesse se arrepender no final, mas ela não se importava. Tudo que realmente valia naquele exato momento era simplesmente acabar com James Potter. Mesmo que aquilo custasse caro para ela no final.

Mesmo que talvez fosse um preço que não gostaria de pagar.

”And now I walk around without a care
She's got me hooked
It just ain't fair, but I...
I'm love stoned and I could swear
That she knows
Think that she knows, oh, oh
She knows, she knows, oh, oh”


”E agora eu ando por aí sem preocupação
Ela me fisgou
Isso não é justo, mas eu
Eu estou doido de amor e poderia jurar
Que ela sabe
Penso que ela sabe, oh,oh
Ela sabe, ela sabe, oh,oh”


Ela tampou os olhos dele com uma gravata grifinória pendurada no bolso de trás dele, se afastando lentamente logo depois. Ele exibia uma expressão da mais pura luxúria, mas mesmo assim ela pensou duas vezes. Talvez o garoto nem merecesse tudo aquilo.

“Agora é tarde de mais pra voltar atrás, Lílian. Não fraqueje agora. Faça” sua mente gritou, e Lílian se decidiu. Determinada, tirou do bolso traseiro da calça uma pequena ampola com alguns desenhos foscos no vidro transparente, que exibia a cor do líquido rosa-vívido que armazenava em sua essência.

A ruiva desenroscou a tampa esbranquiçada e beijou James, entrelaçando os cabelos castanhos entre os dedos com uma mão, e com a outra segurando o frasco já aberto, que exalava um vapor rosado pelo ambiente. Deixou que o fluido deslizasse do cristal em suas mãos até a boca entreaberta e desejosa do rapaz, que, sem entender, engoliu, achando se tratar de alguma surpresa da parte da moça.

Lílian beijou-o mais uma vez, dessa vez mais calmamente, como se quisesse torturá-lo, e então ele desmaiou, desabando na grande cama de lençóis brancos, caindo como um patinho inocente no plano da fria caçadora que o levava para a sua panela.

Mas, como dizem que a vingança é um prato doce que se come frio, a garota começou a se despir e despiu-o também. Começou a alterar as memórias do rapaz rapidamente, forjando então em seu próprio corpo alguns hematomas e um supercílio arranhado, umas duas unhas quebradas, marcas de dedos furiosos em sua cintura. Enrolou-se em suas roupas, agora rasgadas, e borrou sua maquiagem com água, deixando ficar a marca das gotas que resvalaram por sua pele, e ainda passando a mão com força sobre os lábios para borrar o batom avermelhado que passara. Ajeitou tudo para que houvesse vestígos de maquiagem nele também e sentou-se encolhida no canto da sala, no chão frio, sorrindo.

Agora era só fingir que estava dormindo, esperar, e ver se ele gostaria do grand-finale de sua noite de fantasias.

Bem, ele poderia até não gostar... Mas ela com certeza adoraria...

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Emmeline dançava com Alice e Marlene, quando sentiu um olhar intenso sobre si. Olhou para trás e viu um loiro lindo olhando-a enquanto bebia um drinque sentado no bar. Cabelos lisos, olhos verdes.

A noite estava pra ela.

-Já volto meninas – Foi o que ela disse, e então foi até o rapaz, andando compassadamente, o jeans ressaltando duas curvas, a blusa avermelhada de manga boba não ajudando a esconder muita coisa, o que fazia realmente o trabalho era o top avermelhado que ela usava por baixo.

-Você não é amigo dos Marotos? – A garota agora reconheceu-o, vendo-o arquear uma sobrancelha.

-Na realidade sou um deles. Prazer, Edgar – Ele disse pegando uma das mãos da loira e beijando-a, galanteador e sexy.

-Hum... – Emmeline sorriu – Será que um dos “dez mais” da escola como você aceitaria dançar comigo? – Ela perguntou e sorriu, vendo que os olhos dele escureciam.

-Eu aceitaria dançar, mesmo que não soubesse que você também é uma das dez mais desse colégio – Ele sussurrou no seu ouvido e pegou-lhe a mão, conduzindo-a para a pista de dança. E, assim de costas, Emmy notava que ele realmente tinha porte para aquele paletó preto que usava.

Ah, e como tinha.

Ele pôs as mãos na cintura dela e aproximou os corpos, no que ela colocou os braços sobre os ombros dele, começando a dançar. Ele começou devagar, mas Emmeline nunca havia visto um garoto tão charmoso na vida. Ele exalava sensualidade por todos os poros, deixando-a entorpecida e desnorteada. Mas tinha que usar suas armas também. Então virou-se de costas, ainda dançando, sendo seguida por ele.

“Vamos para algum lugar mais calmo” ele sussurrou no ouvido dela e a loira sorriu, o seguindo. Sabia no que aquilo daria.

E, o melhor, tinha certeza que sairia ganhando.

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Marlene foi abordada por Sirius ainda na pista de dança. Parou e sorriu para ele.

-O que faz aqui? Vá buscar uma das suas fãs para esfregar na minha cara, vá! E ande logo, aproveite que estou de bom humor – Ela disse sorrindo, vendo a cara de bravo dele.

-O que espera com isso, Marlene? – Ele perguntou e olhou para os lados, levando-a pelo braço para um canto.

-Você está me machucando – Ela disse e ele soltou-a, parecendo notar agora que apertava seu braço – Ai! O que eu espero com o que?

-O que você espera me beijando no quarto e logo depois fingindo que não aconteceu nada, heim, Marlene? Eu não sei o que você espera com isso, mas saiba que eu não sou bom em fingir coisas. – Ele disse e ela sorriu docemente de novo.

-E é por isso que sempre sai perdendo, fofinho – Ela apertou a bochecha dele e sacudiu-o um pouco, ainda sorrindo.

-Marlene, por favor! – Ele quase se alterou, então ela fechou a cara.

-Quer que eu diga o que? Fui fraca, okay? Sucumbi á saudade que tinha de você. Mas eu só a tinha - A morena frisou – Isso quer dizer que não a tenho mais.

-Então prove. Dance comigo. – Ela arqueou uma sobrancelha – Se você conseguir não me beijar eu acredito em você – A garota refletiu. Seria mais como um teste, já que sabia que conseguiria fugir dele depois se quisesse.

-Tudo bem –E foram para a pista. Lene sentiu o cheiro que o rapaz exalava, aquele perfume embriagante, mas se conteve. Era uma boa menina e conseguiu passar aquela dança sem beijá-lo, abraçá-lo ou qualquer outra coisa que seu intimo queria desesperadamente fazer, mas seu orgulho não permitia.

-E então, provado? – Ela perguntou e viu aquele brilho nos olhos dele. Aquele brilho de animal prestes a dar o bote.

-Sir... – Ela teve tempo de dizer antes que ele a puxasse e a beijasse, de um jeito que ela não conseguia resistir. Enlaçou-o pelo pescoço e retribuiu com toda a força da sua saudade, da sua vontade reprimida por todo aquele tempo, por toda aquela raiva que sentia por ele tê-la traído. Várias vezes.

-A música ainda não tinha acabado, má ange – Ele disse cinicamente em seu ouvido, mordiscando o lóbulo da sua orelha somente para vê-la arrepiar-se – Acho que venci. – Ela rangeu os dentes, tanto de raiva quanto para conter o ímpeto que crescia em seu interior, incitando-a a beijá-lo.

“De novo não, Marlene!” ela pensou e sorriu para o garoto, voltando para a pista de dança e sendo abordada por um rapaz de cabelos castanho-claros. Sorriu para ele e aceitou o pedido para dançar, aproximando-se e roçando seu corpo no dele o quanto podia, virando o rosto para observar a reação de Sirius. Mas ele não estava mais lá.

Levemente decepcionada, disse ao garoto que estava com um pouco de dor de cabeça e que iria para a cama. Ele sorriu simpático, agradeceu a dança e ofereceu-se para levá-la até lá. E, pela cordialidade, simpatia e quase inocência, deveria ser um lufa.

-Não, obrigada – Ela recusou com um sorriso doce diante de toda aquela simpatia e saiu do salão, vestindo o casaco longo preto sobre o vestido cor de ameixa que usava. Abraçando os próprios braços por causa do frio, foi andando até os jardins, parando em frente á uma arvore bem perto do lago.

-Você sempre sabe onde eu estou, não sabe? – Ela perguntou sentindo o perfume tão conhecido, aquele mesmo que ficara impregnado em suas roupas, em seu nariz, em sua mente. De um jeito tão profundo que não sabia se algum dia conseguiria tirá-lo dali, apagá-lo de suas memórias.

Sirius somente saiu de trás da árvore e sorriu maliciosamente, apoiando-se charmosamente na mesma.

-É, acho que eu tenho um dom – Ele disse mostrando o mapa do Maroto, e ela sorriu novamente.

-Não me deixe brigar com você novamente, ta bem? – Ela pediu se aproximando dele e segurando-o pela lapela do paletó. Ele somente sorriu docemente ao ver o brilho triste do olhar dela, segurando o rosto alvo e bem desenhado.

-Nunca mais – Foi o que ele disse antes de beijá-la avidamente, permitindo-se entregar-se ao momento, sem tentar agradá-la ou agradar a si mesmo. Permitindo-se ser quem era e fazer como fazia, beijando-a com toda a doçura e todo o desejo que possuía, quebrando a máscara de autocontrole que possuía diante das outras garotas, para fazê-las se apaixonarem.

Com Marlene não precisava disso. Poderia ser quem quisesse, poderia ser ele mesmo, assim como a aceitaria como fosse. Nunca imaginara realidade tão forte e palpável á instalar-se em sua mente, em algum recanto escuro e são de seu pensamento.

“Estou me jogando de um abismo. E o pior, estou gostando disso” Sirius pensou ao ver o olhar perdido e confiante de Marlene. “Ela é um veneno. Que eu vou tomando com prazer, degustando lentamente” abraçou-a forte, comprimindo-a contra seu peito, como se quisesse que seus corpos se fundissem, tamanha era a necessidade que sentia de estar com ela.

“Espero que nunca acabe” pensou beijando-a de novo, e desistindo de saber o que iria acontecer.

Que a noite os guiasse.

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