Two
Um mês depois e ele continuava em sua casa, espalhando seu cheiro, agora ele ocupara o quarto de hóspedes, e pegara as roupas sabe-se lá como. Acostumou-se tanto com a presença dele ali, matando os insetos quando chamava, rindo dela quando caía, concertando o chuveiro, andando sem camisa, dando bom-dia, arrumando a mesa do café, soltando seus comentários escárnios.
Naquele dia Gina empunhou a varinha, alerta, quando viu fumaça saindo pela janela de sua casa. Abriu a porta sem fazer barulho e entrou, indo para a cozinha ainda empunhando firmemente a varinha, o lugar de onde vinha a fumaça.
Quando chegou ao aposento deparou-se com a cena mais inusitada de sua vida. Tão inusitada que deixou a varinha cair no chão com um estrépito, rindo e atraindo a atenção da fonte de suas risadas.
Draco Malfoy vestia um avental e um chapéu de cozinheiro, na frente do fogão, fazendo alguma coisa que cheirava muito bem, mas que desprendia muito vapor, que Gina identificou como sua “fumaça”. Malfoy parou o que estava fazendo e olhou para a ruiva, arqueando uma sobrancelha, parecendo enfezado.
-Do que está rindo, pobretona? – Nem o xingamento dele abalou as gostosas gargalhadas da ruiva, que já estava sentada no chão segurando a barriga de tanto rir.
Gina tinha visto a mesa arrumada já várias vezes, aliás, todas as refeições a mesa estava posta antes mesmo de ela chegar. Mas nunca vira-o preparando nada, e hoje, como chega mais cedo, pudera apreciar esse tão amável espetáculo...
“Ela até que está atraente desse jeito...” Draco pensou e se condenou logo depois, voltando a prestar atenção nela.
-Ah, Malfoy, é que você esta... muito engraçado - Ela disse ainda entre gargalhadas, secando uma lágrima de riso que escapava de seus olhos.
-Hunf. Se acha tudo assim tão engraçado , então não vai querer o que eu estou preparando... – Ele tirou uma lasanha do forno e uma sobremesa de chocolate do congelador, colocando tudo em cima da mesa já posta para dois – E também não vai querer que eu mantenha a casa assim limpa, ou quase, já que você acabou se sujar com seus sapatos imundos – Gina olhou para as botas sujas de lama e fez cara de espantada.
-Tudo bem, tudo bem, o senhor é quem manda... – Gina estava espantada com o autoritarismo, bem como com o poder de persuasão e habilidade gastronômica dele. Foi até o quarto na ponta dos pés, limpando a lama do chão logo depois com um pano, já que sua casa era enfeitiçada contra magia (?).
Chegando em seu quarto viu que a cama estava arrumada e que tudo estava limpo e bem-feito, Gina sabia que aquilo era tudo manual. Trocou rapidamente de roupa, colocando um short verde-musgo e uma blusa rosa-pálido, andando descalça mesmo, já que era verão, e lavando as mãos para então se encaminhar até a cozinha.
“Bem, talvez ele ache que assim quitará sua dívida comigo” A ruiva pensou sentando-se á mesa, vendo-o depositar uma jarra suco de uva recém feito na mesa e sentar-se na ponta dela, deixando a garota sentada á sua direita.
Draco serviu-a de lasanha e suco, servindo-se logo depois.
-Isso tá muito bom – Ela exclamou e se repreendeu depois ao ver o sorrisinho escárnio que ele tinha nos lábios.
-Aposto que nunca comeu nada melhor – Ela engoliu em seco quando os olhos acinzentados encararam os dela, penetrantes. E então lembrou que o rapaz sabia legilimência.
“Aqui não, Malfoy. Essa é minha casa e acho que os pensamentos são meus” Gina pensou e ele ficou com cara espantada, enquanto ela tomava um gole do suco, sem deixar de fitá-lo.
Harry não havia aprendido oclumência, mas ela sim, e era muito boa nisso.
-Okay Weasley, okay... – Ele disse em resposta ao pensamento dela e sorriu.
-Na verdade eu nunca comi na melhor mesmo – A ruiva piscou e sorriu, surpreendendo-o mais uma vez.
Passaram o resto da refeição em silêncio, periódicamente elogiando a comida, a deliciosa sobremesa ou o suco que Draco fizera, sob o olhar cinico dele.
A mulher se levantou da mesa cumprimentando Draco e foi lavar a louça, enquanto Draco secava. Logo depois ela se encaminhou para a sala de TV, que seu pai lhe dera fazia algum tempo, e viu que Draco assistia á um filme de terror.
-O que é? –Perguntou sentando-se num sofá de dois lugares ao lado do no qual ele estava, que era de três.
-O massacre da serra elétrica – Ele disse o nome do filme e riu quando ela fez uma careta.
-Ué, não vai ver o filme? Cadê sua coragem grifinória, Weasley? – Ele perguntou com um sorriso escárnio quando ela se levantou e estava prestes a sair da sala. Ela voltou rangendo os dentes e sentou-se ao lado dele, onde ele indicava com a mão, cruzando os braços.
-Sinceramente acho que ficou em Hogwarts – Ela disse após ver a primeira cena de morte, quando agarrou o braço do rapaz e escondeu seu rosto lá. Ele sorriu, sabendo que ela não iria sair dali enquanto não acabasse o filme, só porque ele o desafiara.
Gina assistiu ao filme todo, por vezes escondendo o rosto no braço dele nas cenas mais fortes. E então o filme acabou e Draco desligou a TV com a ruiva ainda grudada em seu braço.
-Ruiva, já acabou – Ele disse e ela fez o rosto aparecer, olhando ao redor a TV desligada. Então levantou-se e foi para seu quarto sem dizer uma palavra, sob os risos dele.
-BOA NOITE RUIVA! – Ele gritou lá da sala e Gina bateu a porta com força, sentindo muita raiva dele.
Draco riu mais um pouco e foi para seu quarto, tomando um banho e vestindo uma boxer branca (não transparente, por favor), deitando-se.
“Ah, essa ruiva ainda me mata de rir” Ele pensou sorrindo e adormeceu.
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Gina abriu a porta lentamente, vendo o quarto iluminado pela luz da lua que entrava pelas portas de vidro que davam para a sacada do quarto de hóspedes, das quais pendiam duas cortinas brancas bem transparentes. Adentrou no aposento pé por pé até chegar na cama e subiu nela, engatinhando até um corpo que estava deitado no meio dela.
-Gina? O que foi? – Draco abriu os olhos com a movimentação repentina da cama e disse isso ao ver a cabeleira da ruiva sobre seu rosto.
-Shhh... – Ela disse e se acomodou ao lado dele, aninhada ao seu peito – Fiquei com medo daquele maldito filme, me deixa dormir aqui? – Ela pediu e ele riu, colocando uma das mãos na cintura da ruiva.
-Tá bom... Só não sei como você foi parar na grifinóAI! – Ela beliscou o peito dele e ele exclamou, voltando a rir depois – Okay, okay, fiquei quieto – Ele disse e acomodou-se no travesseiro, puxando-a mais para perto.
-Boa noite – Ela disse e adormeceu, colada ao seu corpo.
Draco afastou uma mexa do cabelo dela do rosto e beijou-lhe a testa:
-Boa noite, pequena – E adormeceu também, com a luz da lua crescente nítida lá fora.
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