Capítulo 10



Hermione ficou observando enquanto ele subia a escada, as pernas compridas e fortes pulando de dois em dois degraus. Tirou a capa e as botas grandes e saiu à procura de Jody. A cozinha estava vazia, mas ela encontrou a Senhora Cooper passando o aspirador em uma sala de jantar totalmente acarpetada e, aparentemente, poucas vezes utilizada. Desligou o aparelho quando viu Hermione aparecer na porta.

- Conseguiu resolver o problema com o carro? perguntou.

- Sim. Seu marido foi muito gentil e levou o automóvel para a oficina. A senhora viu o Jody?

- Sim, está por aí, aquela gracinha de criança. Desceu logo que acordou, já tomou o café da manhã comigo, na cozinha, e estava bem-disposto. Comeu dois ovos cozidos, torradas com mel e um copo de leite. Depois, levei-o até o antigo quarto de brincar e ele está lá agora, se distraindo com todos aqueles brinquedos de montar, casas de tijolinhos, carros e sabe-se lá o que mais.

- Onde fica esse quarto?

- Venha comigo, vou lhe mostrar. Abandonando a limpeza, seguiu na frente, subiu a pequena escada dos fundos e saiu em uma porta que dava em um corredor que tinha paredes pintadas de branco e era revestido por um carpete azul.

- Esta aqui era a ala das crianças, nos velhos tempos. Os pequenos todos tinham esse espaço só para eles. Não é mais usada agora, é claro. Já não é usada há muitos anos, mas eu acendi um fogo bem gostoso na lareira, e o ambiente está agradável e bem quentinho.

Abriu a porta e deixou Hermione entrar na frente. Era uma sala grande, com um espaço que se projetava para fora do quarto, onde havia uma janela alta que dava para o jardim. O fogo crepitava por trás de uma proteção de metal alta. Havia velhas poltronas, um sofá bastante usado, várias prateleiras com livros, um antigo cavalo de madeira sem cauda e, no chão, Jody. Estava cercado por um forte feito com blocos de madeira, que se espalhavam por todo o chão, até os cantos da sala. A construção estava cheia de pequenos veículos de época, soldadinhos de chumbo, caubóis, tudo isso misturado com pequenos cavaleiros medievais em armaduras e também animais de fazenda. Jody olhou para cima quando a irmã entrou no aposento, e a concentração na brincadeira era tão grande que ele nem ao menos ficou sem graça por ter sido pego em uma atividade tão infantil.

- Nossa! - disse Hermione. - Quanto tempo você levou para construir tudo isso?

- Comecei depois do café. Cuidado para não derrubar essa torre!

- Eu tomo cuidado! - Pulou bem devagar por cima da construção e foi até a lareira, onde ficou encostada no protetor.
A Senhora Cooper estava olhando para Jody, encantada.

- Nunca vi nada feito com tanto capricho! - falou.

- E olhe só aquelas estradas minúsculas! Você deve ter usado todos os blocos e tijolinhos do quarto.

- Quase todos! - Jody sorriu para ela, à vontade. Obviamente, já tinham se tomado grandes amigos.

- Bem, vou ter que deixá-los agora. O almoço sai ao meio-dia e meia. Fiz torta de maça para a sobremesa, com um pouco de creme. Você gosta de torta de maçã, meu anjo?

- Sim, adoro!

- Que bom! - E saiu. Eles a ouviram cantarolando baixinho.

- Ela não é legal? - perguntou Jody, alinhando dois blocos altos e montando um portão cerimonial para o forte.

- Sim, ela é muito legal. E você, dormiu bem?

- Dormi. Dormi demais, até. É uma tremenda casa! - E empilhou mais dois blocos sobre os anteriores, para aumentar ainda mais a altura dos portões.

- O carro foi para a oficina. O Senhor Cooper o levou. O motor estava sem anticongelante.

- É? O velho e tolo Caleb... - disse Jody, abanando a cabeça. A seguir, escolheu uma peça em forma de arco e colocou-a com cuidado sobre os blocos do portão, coroando a sua obra-prima. Abaixou a cabeça e encostou o rosto no chão, olhando através do arco, como se fosse pequenino e capaz de passar pela abertura montado em um cavalo branco, com uma pluma sobre o elmo agitando-se na brisa e um estandarte com uma cruz que o dividia em quatro partes, levantado bem no alto.

- Jody, na noite passada, quando estava conversando com Harry Potter, você não contou nada para ele sobre a história ou a vida de Angus, contou?

- Não. Falei apenas que estávamos indo encontrar com ele.

- Falou sobre Diana? Ou Neville?

- Não, ele não perguntou.

- Não diga nada.

- Por quanto tempo mais vamos ficar nesta casa? - E levantou os olhos.

- Tempo nenhum. Pretendo encontrar Angus ainda esta tarde. Vamos direto para Strathcorrie assim que as estradas forem liberadas.

Jody não fez nenhum comentário a respeito. Hermione o observou enquanto ele pegava um pequeno cavalo de uma caixa aberta e depois procurava por um bonequinho que servisse para aquela sela. Encontrou-o e juntou os dois, animal e soldado, e ficou admirando-os por um momento, para avaliar o efeito. Colocou então o cavaleiro, com todo o cuidado, sob o arco do portão do forte. De repente, falou: - A Senhora Cooper me contou uma coisa...

- O que foi que ela contou?

- Esta casa não é dele.

- O quer dizer com "esta casa não é dele?” É claro que tem que ser dele.

- Na verdade, pertencia ao irmão dele. Harry mora em Londres, e o irmão é que morava aqui. Era fazendeiro. É por isso que tem um monte de cães, tratores e coisas de fazenda por toda parte.

- E o que aconteceu com o irmão dele?

- Morreu. Em um desastre de carro. Semana passada.

Morto em um desastre de carro. Alguma coisa, alguma lembrança longínqua surgiu no fundo do subconsciente de Hermione, mas quase de imediato ficou perdida, suplantada pelo horror que sentiu, à medida que a informação dada com tanta naturalidade por Jody se acomodava em sua mente. Teve que colocar a mão sobre a boca, como se tentasse abafar a realidade. Morto.

- É por isso que Harry está aqui... - Jody começou a falar mais depressa, um claro sinal de que ficara perturbado com aquilo. - Veio por causa do enterro e tudo o mais. Para organizar as coisas, segundo a Senhora Cooper. Vai vender a casa, a fazenda e todo o resto, e nunca mais quer voltar. - Ficou de pé com cuidado, pulou por cima das pecinhas até chegar ao lado de Hermione, e postou-se junto dela. A irmã sentiu então que, apesar da sua aparente frieza, Jody estava, de repente, precisando muito ser confortado.

Colocou o braço em torno do menino e disse:
- E no meio de todos esses problemas, nós ainda tínhamos que aparecer de repente, meu Deus. Pobre homem!

- A Senhora Cooper falou que isso acabou sendo bom para ele. Disse que assim ele fica com o pensamento longe da tristeza. - E olhou para cima. - Quando é que vamos encontrar com Angus, então?

- Hoje mesmo! - prometeu Mione, sem hesitar.

- Hoje mesmo.

Além da prometida torta de maçã com creme como sobremesa, havia para o almoço um delicioso pastelão de carne, batatas assadas e um purê de nabo tipicamente escocês, ou "nabinhos moídos", como a Senhora Cooper os chamava, enquanto os colocava sobre o prato de Jody. Hermione, que imaginou que estaria com fome àquela hora, descobriu que não estava. Jody, porém, comeu tudo e depois atacou com gosto especial um tablete de doce "feito em casa".

- E agora, o que é que vocês dois vão fazer pelo resto do dia? Meu marido só vai voltar lá pela hora do chá.

- Posso continuar brincando no quarto das crianças? - Jody quis saber.

- Claro, meu anjo. - A Senhora Cooper olhou para Hermione.

- Acho que vou dar uma volta - anunciou a morena.

- Mas... você já não tomou ar fresco o suficiente por hoje? - A Senhora Cooper parecia surpresa.

- Gosto muito de ficar ao ar livre. E tudo fica tão mais bonito, por causa da neve...

- Só que está começando a ficar nublado. Não vamos ter uma tarde muito bonita.

- Não me importo.

- E você se incomoda se eu não for com você? - perguntou Jody, preocupado.

- Claro que não.

- É que eu preferia ficar aqui para construir uma arquibancada no meu forte. Você sabe, daquelas cobertas, feitas para o povo assistir aos torneios entre os cavaleiros.

- Sim, faça isso.

Envolvido com seus planos, Jody pediu licença e desapareceu escada acima para pô-los em ação o mais rápido possível. Hermione se ofereceu para ajudar a Senhora Cooper com a louça, mas foi dispensada. "Saia fora, vá, vá, antes que a chuva chegue", foi o que ouviu. Assim, saiu da cozinha e seguiu através do saguão. Colocou a capa e as botas de borracha que usara pela manhã, amarrou um lenço em volta da cabeça e saiu da casa.
A Senhora Cooper estava certa a respeito do dia. Nuvens apareceram, vindas de oeste, havia uma certa apatia no ar, e o sol sumira por completo. Enfiando as mãos bem no fundo dos bolsos do casaco para mantê-las quentes, ela foi em frente, a pé, através do gramado e depois pela alameda. Atravessou os portões e saiu direto na estrada. Virou para a esquerda, na direção de Strathcorrie, e começou a caminhar um pouco mais depressa.
"Fique sentadinha e me espere em Potter", Harry dissera, e se ela não estivesse de volta na hora de seu retorno de Relkirk, ele provavelmente iria ficar furioso. Analisando bem, Hermione percebeu que não se importava. Afinal, de qualquer modo, depois daquele dia, provavelmente eles dois nunca mais iriam se ver de novo. Ela escreveria para ele, é claro, para agradecer pela sua gentileza e hospitalidade. Mas jamais iria vê-lo novamente.
Além do mais, era importante que quando ela e Angus se encontrassem mais uma vez, após todos esses anos, isso não acontecesse diante dos olhos de um estranho com espírito de crítica. A pior coisa a respeito de Angus é que você jamais podia imaginar o que esperar dele. Sempre provara ser a pessoa mais imprevisível do mundo, vago, esquivo, de enlouquecer qualquer um. Desde o começo ela teve algumas reservas e dúvidas a respeito dessa aventura louca de vir até a Escócia procurar pelo irmão mais velho. De algum modo, porém, o entusiasmo de Jody a contagiara. O menino tinha tanta certeza de que Angus estaria lá, esperando por eles de braços abertos, maravilhado por revê-los e ansioso por ajudá-los que, analisando a distância, lá em Londres, ele conseguira convencê-la disso tudo também.

Agora, porém, na luz gelada daquela tarde escocesa, as dúvidas voltaram. É claro que Angus deveria estar no Hotel Strathcorrie, porque era lá que ele trabalhava. O fato, porém, de que ele engraxava os sapatos dos hóspedes, carregava lenha e trabalhava como servente não era garantia de que não estaria com os cabelos compridos, uma barba imensa, ou talvez descalço e sem a mínima intenção de fazer algo para ajudar seus irmãos. Ela já até podia imaginar a reação de Harry Potter diante dessa atitude, e soube então que não teria agüentado tê-lo presente para testemunhar esse grande reencontro familiar.
Além do mais, havia essa nova informação a respeito da morte recente e trágica do irmão de seu anfitrião, e a sensação de forte constrangimento, por terem abusado da sua gentileza e tirado vantagem da sua inquestionável hospitalidade, em uma ocasião totalmente inoportuna como aquela. Não havia dúvida de que o quanto antes ele se livrasse dos hóspedes, melhor seria. Não havia dúvida também de que ir procurar Angus agora, por conta própria, era a única coisa sensata a fazer.

Tropeçando ao longo da estrada comprida e coberta de neve, ela passava o tempo, enquanto caminhava, tentando se convencer de que isso era mesmo verdade.
Já havia andado por quase uma hora, sem ter a menor idéia de quantos quilômetros cobrira, quando um caminhão veio se aproximando pela sua lateral, rolando vagarosamente, pelo trecho íngreme da estrada. Era a máquina de limpar neve da Prefeitura, com suas imensas pás de aço cortando caminho através da massa branca e brilhante como se fosse a quilha de um navio através da água, espalhando uma imensa onda clara que parecia espuma, dos dois lados da estrada.
Hermione saiu do caminho, subindo em uma mureta para deixar a máquina passar, mas esta parou a seu lado, e um dos homens da cabine abriu a porta e se dirigiu a ela.

- Para onde você está indo, moça?

- Strathcorrie.

- Faltam ainda dez quilômetros. Quer uma carona?

- Sim, agradeceria muito.

- Suba, então. - Ela desceu com cuidado da mureta, e ele estendeu a mão calejada para ajudá-la a subir, arrastando-se no banco para o lado, a fim de dar espaço para ela.

Seu companheiro, o homem mais velho que estava dirigindo, disse, circunspeto:
- Espero que você não esteja com pressa. A neve está muito espessa na borda do morro aí adiante.

- Não estou com pressa. Já é uma grande vantagem não ter que andar.

- Sim, ainda mais com esse tempo "buuraavo" falou ele, pronunciando "bravo" com o mesmo sotaque do homem no posto de gasolina.

Ele preparou as lâminas pesadas do equipamento, soltou o freio de mão e foi em frente. Estava, de fato, em passo muito lento. De tempos em tempos o caminhão parava, os dois homens saltavam e faziam um pouco de exercícios extenuantes com a pá, acabando de limpar as pilhas de neve e sujeira que tinham ficado para trás, colocando-as, estrategicamente, nos acostamentos da estrada. A umidade penetrava através das janelas da cabine, e os pés de Hermione, dentro das botas largas, começaram a parecer duas pedras de gelo.
Finalmente alcançaram o topo do último monte antes da cidade, e o motorista falou, em tom gentil:
- Chegamos a Strathcorrie! - E ela viu a paisagem branca e cinza aparecer diante deles, no fundo de um vale e ao lado de um lago, comprido e tão tranqüilo, que sua superfície, que refletia o céu cinzento, parecia feita de aço.

Do outro lado do lago, as montanhas subiam novamente, e tinham um padrão de cor escura, com fileiras de abetos e pinheiros que pareciam árvores de Natal. Além desses cumes suaves, era possível avistar outros picos mais elevados, em uma cadeia de montanhas longínquas que seguia na direção norte. E abaixo, bem em frente a eles, apertada em torno da parte mais estreita do lago, ficava o vilarejo. Hermione notou a torre da igreja e as ruazinhas cheias de casas acinzentadas. Havia um local para barcos com ancoradouros, um cais e pequenas embarcações que tinham sido trazidas para a margem arenosa e cheia de seixos, a fim de ficarem protegidos durante o inverno.
- Que lugar lindo! - disse ela.

- É mesmo um bonito lugar!... - respondeu o ajudante. - E muitos visitantes aparecem por aqui nos meses de verão. Velejam em barcos alugados, ficam em pousadas e, às vezes, dormem nos trailers que trazem rebocados nas caminhonetes.

A estrada seguia morro abaixo. A neve ali, por alguma razão, não parecia tão espessa, e o caminhão descia mais depressa.
- Onde é que você quer ficar? - perguntou o motorista.

- No hotel. Hotel Strathcorrie. Sabe onde fica?

- Sim, claro que sei.

No vilarejo, as ruas cinzentas estavam todas molhadas, com neve que derretia, descia pelas sarjetas e pingava das calhas, fazendo sons de pedrinhas atiradas na água. A máquina de limpar neve desceu pela rua principal, passou por baixo de um arco ornamental em estilo gótico, construído para comemorar alguma ocasião da era vitoriana há muito esquecida, e parou diante de uma construção comprida e toda pintada de branco, à frente da qual havia uma entrada de paralelepípedos e uma placa que ficava balançando ao vento sobre a porta, e onde estava escrito Hotel Strathcorrie. Sejam bem-vindos.
Não havia sinal de vida.

- Está funcionando? - perguntou Hermione, em dúvida.

- Sim, está, sim. É que não tem muito movimento por aqui nessa época do ano.

Agradecendo pela carona, ela saltou do caminhão limpa-neve. Enquanto o veículo se afastava ruidosamente, ela atravessou a rua, foi pela calçada em paralelepípedos e entrou pela porta giratória. Lá dentro havia um cheiro penetrante de cinza de cigarros misturada com repolho cozido. Um quadro mostrava um filhote de cervo sobre um morro molhado, e havia um balcão com uma placa em cima, RECEPÇÃO, mas ninguém ali para receber. Ao lado da placa, porém, havia uma sineta de mesa, que Hermione tocou. Em um momento, saiu uma mulher de dentro de um escritório. Usava um vestido preto e óculos de armação enfeitada com strass, e não parecia muito satisfeita por ter sido interrompida no meio da tarde, especialmente por uma jovem vestindo calça jeans, uma capa de chuva e um lenço vermelho em volta da cabeça.

- Sim?

- Desculpe incomodar, mas eu gostaria de saber se posso falar com Angus Granger.

- Ah... - respondeu a mulher de imediato. Angus não está! - Parecia bastante satisfeita por ter sido capaz de fornecer essa informação.

Hermione simplesmente ficou olhando para ela. Acima, na parede, um relógio tiquetaqueava e emitia um som forte que parecia amplificado, devido ao silêncio do lugar. Em algum ponto localizado nos fundos do hotel, um homem começou a cantarolar. A mulher ajeitou os óculos.

- Ele estava aqui, você entende? - explicou ela, como se estivesse dando razão à pergunta de Hermione.

Hesitou por um instante e depois quis saber:
- Foi você quem por acaso enviou um telegrama endereçado a ele, por esses dias? Chegou um telegrama para ele, aqui no hotel, mas Angus já tinha ido embora quando o estafeta apareceu com a tal mensagem. - E abriu uma gaveta, de onde tirou o envelope laranja. - Tive que abri-lo, entende? Teria tentado avisar a você que ele não estaria aqui, só que não havia nenhum endereço.

- Não, não havia...

- Ele estava aqui realmente, entende? Trabalhava conosco no hotel já fazia mais de um mês. Ajudava em todas as tarefas. Estávamos com falta de mão-de-obra, entende?...

- Mas... Para onde é que ele foi?

- Ah, não sei informar ao certo. Foi embora com uma senhora americana, para trabalhar como motorista dela. Essa senhora estava hospedada aqui e não tinha ninguém para dirigir o carro que alugara. Então, como conseguimos outra pessoa para colocar no lugar de Angus, nós o liberamos, e ele foi ser empregado dela. Um chauffeur particular - completou com afetação, como se Hermione jamais tivesse ouvido a palavra.

- E eles falaram se iriam voltar aqui?

- Sim, voltarão em um ou dois dias. "No fim de semana", foi o que a Senhora McDonald disse.

- Senhora McDonald?

- Sim, a senhora americana da qual lhe falei. Os antepassados do marido vieram desta parte da Escócia. É por isso que ela estava tão interessada em sair por aí visitando a região. Foi quando resolveu alugar um carro e contratou Angus como motorista.

De volta no fim de semana. Isso poderia significar sexta-feira ou sábado. Só que Hermione e Jody teriam que estar de volta a Londres na sexta-feira. Não poderiam esperar até o fim de semana. Hermione estava com casamento marcado para logo depois. Na próxima terça-feira ela ia se casar com Neville e tinha que estar lá antes disso, porque ia haver um ensaio da cerimônia na segunda-feira... Diana iria ficar furiosa... E havia todos aqueles presentes.
Seus pensamentos corriam de um lado para o outro inutilmente, para a frente e para trás, como um irrequieto cavalo de corrida. Tentou se recompor e disse a si mesma que precisava ser prática em um momento como aquele. Mas compreendeu que não conseguia pensar em uma só idéia que fosse prática. Não era capaz de dizer nem fazer coisa alguma. “Eu não agüento mais, cheguei ao limite das minhas forças.” Era isso que estava sentindo. Agora, quando ela ouvisse alguém dizer "Cheguei ao limite das minhas forças", iria entender perfeitamente o significado da frase.

A mulher atrás do balcão começou a ficar um pouco impaciente com toda essa espera.
- Você precisava ver Angus por algum motivo urgente?

- Sim, sou irmã dele. É muito importante.

- E de onde é que você veio agora?

- De Potter - respondeu Hermione, de imediato.

- Mas a Fazenda Potter fica a treze quilômetros daqui, e a estrada está bloqueada.

- Eu vim caminhando por uma parte do caminho. Depois, peguei uma carona na máquina de limpar neve. - Ela ficou pensando que eles iam ter que esperar por Angus, de qualquer maneira. Talvez pudessem se hospedar naquele hotel mesmo. Gostaria de ter trazido Jody, assim eles já poderiam ficar por ali. - Será que a senhora teria dois quartos vagos para podermos ficar hospedados?

- Por que "podermos"? Tem mais alguém?

- E que eu tenho outro irmão menor. Ele não está comigo agora.

A mulher pareceu ficar em dúvida, mas disse "Espere um momento", indo para o fundo do escritório consultar um livro. Hermione se encostou no balcão e decidiu que não serviria de nada entrar em pânico, só faria com que se sentisse mais enjoada... Muito enjoada.
E então percebeu que tudo voltara - a velha náusea e a dor em fisgada no estômago. Desta vez os sintomas chegaram de repente, pegando-a completamente de surpresa, como um monstro horrível que estivera esperando o tempo todo que ela virasse a esquina para saltar. Tentou ignorar a sensação, mas era tão forte que não dava para ignorar. Foi aumentando com uma velocidade assustadora, como se fosse um grande balão que alguém estivesse enchendo de ar. A dor era enorme e tão intensamente agonizante, que não sobrou lugar na sua consciência para mais nada. De repente, ela era toda feita de dor, uma dor que se estendia até o horizonte mais distante. Hermione fechou os olhos e sentiu um som, tipo o soar distante de uma sirene de alarme.
E então, quando achou que não poderia agüentar mais, a sensação começou a diminuir, saindo lentamente para fora dela, como se fosse algum adereço que estivesse retirando do corpo. Depois de algum tempo, abriu os olhos, e se viu encarando diretamente o rosto da recepcionista, que parecia horrorizada. Ficou pensando quanto tempo teria ficado naquele estado, ali, de pé, diante dela.

- Você está se sentindo bem?

- Sim... - Hermione tentou sorrir, mas seu rosto estava molhado de suor. - Acho que é indigestão. Já aconteceu antes. Agora, então, com a caminhada...

- Vou pegar um copo d'água. É melhor você se sentar.

- Já estou bem.

Mas algo estava errado com o rosto da mulher. Ele avançava e recuava em um borrão indistinto. Aparentemente, estava falando. Hermione podia ver a sua boca abrindo e fechando, mas não ouvia nenhum som saindo-lhe dos lábios. Esticou o braço e agarrou a ponta do balcão, mas não adiantou nada, e a última coisa da qual ela se lembra foi o padrão colorido do carpete balançando e crescendo, até atingi-la com um ressonante barulho na parte lateral da cabeça.

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N/A: Gente, não sei o que há! Eu posto o capiulo direitinho, e depois é como se houvesse dado algum tipo de erro! O Capitulo não sai inteiro... Oo
Espero q agora esteja tudo certinho...

Quanto ao amor entre eles, estamos quase lá! Como eu disse e repito pela enésima vez: o livro no qual a fic é baseada é um pouco romântico demais... Além do que, pelo que se pode perceber, Hermione e Harry só se conhecem há 2 dias! Ela é noiva, ele perdeu o irmão... seria estranho se de uma hora p outra ele tomasse ela nos braços e jurasse amor eterno, não? Oo
ahuahuahaua

Mas estamos chegando nessa pate sim! Vou postar logo o proximo capitúlo e talvez vcs já fiquem um pouquinho mais satisfeitos...
Bjos e COMENTEM!

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