Capítulo 4



N;A1: Gente, antes de tudo, quero q vcs me avisem se o capitulo contiver qq tipo de erro... Desde ONTEM pela manhã q tento postá-lo, mas de algum jeito, a Floreios não permite q o capitulo seja postado na integra, cortando-o sempre ao meio... ¬¬
Essa é a última vez q tento. Me avisem de qq erro, ok? Boa leitura!



Apesar do fato de que em mais um ou dois dias o calendário já estaria no mês de abril, em plena primavera, a tarde escura e amarga estava começando a mergulhar na escuridão. Na verdade, pouca luz aparecera durante todo o dia. Desde cedo, pela manhã, o céu estivera pesado, cheio de nuvens baixas e carregadas, escuras como chumbo, e que transbordavam de vez em quando em episódios de chuva fina e congelante. A paisagem fora da cidade estava igualmente triste e sem vida. A única coisa que podia ser vista ao longe é que os montes estavam escuros, com a última vegetação do inverno ainda marrom. A neve, depositada nos cumes desde a última nevasca, cobria a maioria das terras altas, e escorria em trilhas casuais causadas pela erosão, ou por passagens escavadas onde o sol não penetrava, como se fossem estrias de um glacê de açúcar mal-aplicado.

Entre os montes, vales estreitos se recortavam, assumindo sua forma a partir das curvas e meneios do rio, e abaixo deste o vento soprava, vindo diretamente do norte, possivelmente do Ártico. Era um vento forte, gelado e impiedoso, que fustigava os galhos sem folhagem das árvores, arrancava velhas folhas secas das valas feitas pela chuva e as fazia voar, enlouquecidas, pelo ar taciturno. Um vento que fazia um som estranho ao passar por entre os pinheiros altos e parecia um trovejar distante das ondas do mar.

O cemitério que ficava ao lado da igreja estava exposto ao tempo, sem abrigo, e os grupos de pessoas, todas vestidas de preto, se curvavam para se proteger da ventania. A sobrepeliz branca engomada que cobria a batina do celebrante se agitava e se enfunava ao vento, como se fosse a vela mal-ajustada de uma embarcação. Harry Potter, com a cabeça descoberta, sentia que as bochechas e orelhas não lhe pertenciam mais, de tanto frio, e pensou que estaria mais confortável se tivesse colocado um sobretudo por cima do casaco.
Sentiu que sua mente estava em um estado curioso, em parte enevoada, em parte transparente como um cristal. O ritual da cerimônia, que provavelmente havia sido muito bonito e comovente, ele mal conseguira escutar. No entanto, sua atenção foi atraída pelas pétalas amarelas e brilhantes de um imenso ramo de narcisos, flamejando no ar do dia sombrio como uma vela acesa em um quarto escuro. E embora as pessoas que estavam acompanhando o enterro e se mantinham enfileiradas à sua volta, dentro do seu campo de visão, fossem, em sua maioria, anônimas como sombras, um ou dois rostos captaram sua atenção. Cooper era um deles, o velho caseiro, vestindo o seu melhor terno de tweed e uma gravata tricotada preta. E havia também a silhueta corpulenta e reconfortante de Arthur Weasley, dono da propriedade vizinha a Potter. E havia a jovem, uma estranha, incompatível com essa reunião familiar. Tinha pele branca, era muito esbelta e estava muito bronzeada, com um chapéu de peles todo preto, enterrado sobre as orelhas, o rosto quase totalmente oculto por um imenso par de óculos escuros. Muito glamurosa. Inquietante. Quem seria ela? Uma amiga de Charles? Não parecia provável...

Ele se viu perdido em especulações sem valor. Arrastou seus pensamentos para longe delas e tentou mais uma vez se concentrar no que estava acontecendo. O vento maligno, porém, como se estivesse a serviço do demônio pessoal de Harry, fez levantar com um rugido repentino um punhado de folhas mortas do chão a seus pés e as carregou, fazendo-as voar descontroladas. Perturbado, ele virou a cabeça e se viu olhando direto para o rosto da jovem desconhecida. Ela tirara os óculos do rosto, e ele notou com assombro que era Gina Weasley. Gina, incrivelmente elegante, de pé ao lado do pai. Por um instante, seus olhares se encontraram, e então ele desviou o rosto, com os pensamentos em turbilhão. Gina, a quem ele não via há dois anos, ou possivelmente mais do que isso. Gina, adulta agora e, por algum motivo, visitando o pai em Rossie Hill. Gina, a quem o seu irmão adorara tanto. E em meio a seus pensamentos turvos, ele encontrou um espaço para se sentir grato pela vinda dela hoje ao enterro. Um gesto que teria grande significado para Charles.
E então, afinal, a cerimônia acabou. As pessoas começaram a se movimentar, agradecidas, para longe do vento frio, virando as costas para a nova sepultura e as pilhas de flores de primavera que tremulavam sobre ela. Caminhavam em grupos de dois ou três para fora do cemitério, como se levadas pelo vendaval e arrastadas através do portão como poeira varrida à frente de uma vassoura implacável.

Harry se viu lá fora, na calçada, apertando mãos e emitindo sons apropriados.

- Muito obrigado por ter vindo... Sim, foi uma tragédia...
Velhos amigos, pessoas do vilarejo, fazendeiros do outro lado de Relkirk, muitos dos quais Harry jamais vira antes. Amigos de Charles, em sua maioria, que se apresentavam.

- Muito gentil, você ter vindo de tão longe. Se tiver tempo antes de voltar para casa, dê uma passada em Potter. A Senhora Cooper está com uma grande mesa de chá preparada...

Agora, apenas Arthur Weasley esperava para falar com ele. Arthur, grande, sólido, todo abotoado em seu sobretudo preto e com um cachecol de lã, o cabelo ruivo com fios grisalhos levantado como uma crista. Harry procurou por Gina.

- Ela foi embora - disse Arthur. - Voltou para casa sozinha. Não é muito boa nesse tipo de coisa.

- Que pena! Mas eu faço questão de que você venha até Potter, Arthur. Agora vamos tomar alguma coisa para aquecer.

- Claro! Vou aparecer.

O reverendo se materializou a seu lado.
- Não vou poder ir até Potter, Harry, mas obrigado assim mesmo. Minha mulher está de cama. Uma gripe, eu acho. - E se cumprimentaram em silêncio, representando agradecimento por parte de um e condolências por parte do outro. - Me diga o que você está planejando fazer agora.

- Eu poderia contar em detalhes neste instante, só que ia levar muito tempo.

- Outra hora, então. Não faltará oportunidade.

O vento inflou sua batina. As mãos, segurando o livro de orações, estavam inchadas e vermelhas de frio. Pareciam gordas salsichas, pensou Harry. O reverendo virou-se e se afastou do rapaz, subindo pelo caminho que ia dar na igreja, entre as sepulturas inclinadas, com a sobrepeliz drapejando através do ar cinzento. Harry o acompanhou com o olhar até que ele alcançou a igreja e fechou a pesada porta atrás de si. Foi então caminhando devagar pela calçada abaixo, até onde seu carro esperava estacionado, solitário. Agora que a provação dos funerais terminara, começava a parecer possível aceitar a idéia de que Charles estava morto. Uma vez que ele aceitasse isso, talvez as coisas começassem a se tomar um pouco mais fáceis. Harry já se sentia assim. Não estava mais feliz, certamente. Parecia, no entanto, mais calmo, capaz de se sentir satisfeito pelo fato de que tantas pessoas tivessem vindo para o enterro; e feliz, especialmente por Gina ter estado ali.

Depois de alguns instantes, enfiou a mão meio sem jeito no bolso do casaco, encontrou um maço de cigarros, pegou um deles e o acendeu. Olhou para a rua vazia e disse para si mesmo que já estava na hora de voltar para casa. Ainda havia as últimas obrigações sociais, que precisavam ser cumpridas. As pessoas estariam esperando por ele lá. Girou a chave na ignição, ligou o motor e colocou o carro em movimento, saindo em direção à rua e triturando a água que congelara junto à sarjeta com as pesadas bandas de rodagem dos pneus para neve.
Por volta das cinco horas, o último visitante já havia ido embora. Ou, pelo menos, o penúltimo. O velho automóvel Bentley de Arthur ainda estava parado na porta da frente, mas Arthur não podia ser qualificado propriamente como visita.
Harry, após ver o último carro sair, voltou para dentro de casa e fechou as pesadas portas da frente com um forte empurrão. Voltou então à biblioteca, para o conforto da lareira crepitante. Ao fazer isso, Lisa, a cadela da raça labrador, levantou-se com interesse e atravessou o aposento, indo até a porta, onde ficou ao lado de Harry. Então, compreendendo que a pessoa a quem estava esperando ainda não chegara, voltou lentamente para o tapete central, onde se acomodou novamente. Ela era, ou tinha sido, a companhia canina de Charles, e, de certa forma, o seu ar de perda e abandono era o mais difícil de suportar.

Harry notou que Arthur, que ficara sozinho no aposento, tinha levado uma cadeira até perto da lareira e parecia mais à vontade. Seu rosto estava vermelho, talvez devido ao calor do fogo ou, o que era mais provável, por causa do aquecimento central ativado pelas duas doses grandes de uísque que já tomara.
A biblioteca, desarrumada como sempre, apresentava por toda parte restos do excelente chá da Senhora Cooper. Migalhas do bolo de frutas estavam espalhadas, sujando toda a toalha branca feita de tecido de linho adamascado, na mesa que fora levada para um dos cantos do aposento. Xícaras vazias estavam também por toda parte, misturadas com copos que continham restos de algo um pouco mais forte do que chá.
Assim que Harry apareceu, Arthur olhou para ele e sorriu, esticando as duas pernas e dizendo com uma voz ainda cheia de sotaque da sua Glasgow natal:
- Acho melhor ir andando. - Ficou parado, entretanto, sem esboçar nenhum movimento para se levantar.

Harry, parando ao lado da mesa para se servir de um pedaço de bolo, pediu:
- Fique mais um pouco, Arthur, por favor. - Ele não queria ficar sozinho. - Quero ouvir tudo a respeito de Gina. Pegue mais uma dose.

Arthur Weasley olhou para o fundo do seu copo vazio, como se analisando o oferecimento de mais bebida.
- Bem... - disse ele afinal, esticando o copo para Harry encher, como de fato ele sabia que aconteceria. - Talvez apenas mais uma dose, bem pequena. Mas... E você?... Ainda não bebeu nada. Poderia tomar alguma coisa para me fazer companhia.

- Sim, vou tomar agora. - Levou o copo até a mesa, encontrou outro limpo, serviu o uísque e adicionou uma quantidade muito pequena de água, retirada de uma jarra. - Não reconheci Gina, sabia? Fiquei ali, sem conseguir imaginar quem poderia ser. - E levou o copo de Arthur reabastecido e o seu, cheio, até a lareira.

- É verdade... Ela mudou muito.

- Está com você há muito tempo?

- Chegou há uns dois dias. Estava nas Antilhas com uma das amigas. Fui até o aeroporto em Prestwick, para recebê-la. Não estava planejando ir até lá, mas... Achei que seria melhor contar a ela pessoalmente, logo na chegada, a respeito de Charles. - E armou um sorriso inacabado. - Sabe, meu caro, as mulheres formam um grupo muito engraçado. É difícil saber o que estão pensando. Às vezes, reprimem e escondem os sentimentos, parecem até mesmo temerosas de demonstrá-los.

- Mas ela veio hoje, para o funeral.

- Ah, sim. Estava lá. Mas, pode acreditar, esta é a primeira vez que Gina pareceu encarar de frente o fato de que morrer é uma coisa que acontece com pessoas que conhecemos de verdade, e não apenas com nomes em jornais, em colunas de avisos funerários. Os amigos morrem. Os amantes morrem. Ela talvez apareça aqui para ver você amanhã... Ou depois de amanhã... Não dá para afirmar ao certo.

- Gina foi a única mulher por quem Charles realmente se interessou na vida. Você sabe disso, não é, Arthur?

- Sim, sei. Desde quando ainda era uma menininha...

- Acho que meu irmão estava apenas esperando que ela crescesse.

Arthur não ofereceu nenhuma resposta a isso. Harry encontrou um cigarro e o acendeu. Depois, deixou-se sentar na beirada da poltrona que ficava do lado oposto à de Arthur, em frente à lareira. O visitante olhou para ele e perguntou:
- O que é que você vai fazer agora com esta propriedade? O que vai acontecer com Potter?

- Vou vendê-la - respondeu Harry.

- Assim, simplesmente?...

- É, simplesmente. Não tenho alternativa.

- É uma pena se desfazer de um lugar como este.

- Concordo com você, mas eu não moro aqui. Minha vida, meu trabalho e as minhas raízes estão em Londres. Além do mais, nunca fui talhado para ser um latifundiário escocês. Charles é quem possuía esse perfil.

- Mas Potter não significa nada para você?

- Claro que sim. Significa muito. É a casa onde fui criado.

- Você sempre foi um sujeito do tipo que não se preocupa demais com as coisas, sempre teve uma cabeça boa. O que é que você faz em Londres? Eu jamais consegui suportar aquele lugar.

- Pois eu adoro Londres.

- Está conseguindo ganhar algum dinheiro lá?

- Bastante. O suficiente para um apartamento decente e um bom carro.

- E quanto à sua vida amorosa? - Os olhos de Arthur se estreitaram.

Se outra pessoa tivesse feito essa pergunta a Harry, ele teria se ofendido, ou ficaria agressivo, pela intolerável interferência. Mas isso era diferente. “Seu velho manhoso!” pensou Harry, e respondeu:
- Satisfatória.

- Já posso imaginar você em Londres, circulando com um monte de mulheres maravilhosas.

- Pelo seu tom de voz, não consigo descobrir se você desaprova isso ou está apenas com inveja...

- Eu nunca poderia imaginar - disse Arthur, secamente - que Charles iria conseguir um irmão mais novo assim como você. Alguma vez já pensou em se casar?

- Não pretendo me casar até ficar velho demais para fazer qualquer outra coisa.

- Ah, ah... - Arthur deu uma risada ofegante. - Essa resposta me coloca no devido lugar. Mas voltemos a falar de Potter. Se pretende realmente se desfazer dela, você a venderia para mim?

- Preferiria vendê-la a você em vez de a qualquer outra pessoa. Você sabe muito bem disso.

- É que eu poderia juntar a sua fazenda com a minha, e também aquela parte com as terras não cultivadas... E ainda o lago. Mesmo assim, restaria a casa principal, esta aqui. Você poderia vendê-la em separado. Afinal, não é grande demais, nem muito longe da estrada, e o jardim é perfeitamente administrável.

Era reconfortante para Harry ouvi-lo falar dessa maneira, analisando as decisões emocionais sob uma perspectiva prática, e usando uma linguagem direta. Isso fazia com que seus problemas parecessem menores. Essa era a maneira de Arthur Weasley trabalhar. Foi assim que ele enriquecera, em uma idade relativamente nova. Conseguiu vender o seu negócio em Londres por uma soma astronômica e passou a fazer o que sempre quis, ou seja, voltar para a Escócia, comprar algumas terras e se estabelecer ali, levando a agradável vida de proprietário rural.
Entretanto, a realização dessa ambição teve seu aspecto irônico, porque a mulher de Arthur, Elaine, jamais pareceu muito animada em abandonar a parte sul da Grã-Bretanha, onde nascera, para criar raízes no interior, e logo se mostrou entediada com o ritmo lento da vida em Rossie Hill. Sentia falta dos amigos, e o clima sempre a deixava deprimida. Os invernos, costumava reclamar, eram longos, frios e secos. Os verões eram curtos, frios e úmidos. Não é de surpreender que suas viagens aéreas para Londres tenham se tomado cada vez mais freqüentes e com um tempo de duração cada vez maior, até o dia inevitável em que decidiu não voltar mais e o casamento terminar.
Se Arthur sofreu com a decisão da mulher, conseguiu esconder esse sentimento muito bem. Gostava de ter Gina apenas para si, mas quando ela ia visitar a mãe, jamais se sentia solitário, pois seus interesses na região eram inúmeros. Assim que se instalara em Rossie Hill, a comunidade local se mostrara cética a respeito de sua capacidade para trabalhar como fazendeiro. Arthur, porém, provara que era competente nisso, e agora era muito bem aceito, se tomara membro do clube em Relkirk, e tinha sido até mesmo nomeado juiz de paz. Harry gostava muito dele.

- Arthur, você faz tudo parecer tão sensato e fácil, não é como se fosse a venda do velho lar de uma família e tudo o mais.

- Bem, pois é assim que as coisas são. - E acabou de tomar o seu drinque com um simples e enorme gole, colocando o copo sobre a mesinha ao lado da cadeira e se pondo subitamente de pé. - De qualquer forma, pense a respeito. Por quanto tempo você ainda vai ficar por aqui?

- Consegui uma licença de duas semanas no trabalho.

- Que tal nos encontrarmos na quarta-feira, em Relkirk? Poderíamos almoçar juntos e conversar com os advogados. Ou será que eu estou forçando a situação, tentando apressar a compra da propriedade?

- De modo algum. Quanto mais cedo resolvermos o assunto, melhor.

- Sendo assim, Vou indo para casa.

Ele seguiu em direção à porta e imediatamente Lisa se levantou e, a distância, os acompanhou até o saguão, que estava gélido. Suas patas arranhavam o piso taqueado e encerado.
Arthur olhou para ela por trás dos ombros e disse:
- É uma coisa muito triste ver um cão sem dono.

- É o pior de tudo.

Lisa observou enquanto Harry ajudava Arthur a colocar o casaco e depois acompanhou os dois até o lado de fora, onde o velho Bentley preto esperava. A noite estava, se é que era possível, mais fria do que nunca, a escuridão era total e o vento, fustigante. A pista de entrada para a casa estava cheia de poças, e o gelo fazia barulho quebrando sob os sapatos.

- Ainda vamos ter mais neve pela frente - disse Arthur.

- Parece que sim.

- Quer que eu leve algum recado para Gina?

- Diga a ela para aparecer por aqui. Peça para ela vir me visitar quando quiser.

- Farei isso. Nós nos vemos na quarta-feira, então, no clube. Meio-dia e meia.

- Estarei lá. - Harry bateu a porta do carro. - Dirija com cuidado...

Depois que o carro saiu, Harry voltou para dentro de casa com Lisa nos calcanhares e fechou a porta. Ficou ali de pé por um momento, com a atenção voltada para a extraordinária sensação de vazio que havia na casa. Essa sensação já o atingira antes. Isso vinha acontecendo a intervalos regulares, desde que chegara de Londres, há dois dias. Ficou imaginando se poderia vir a se acostumar com isso.
O saguão estava frio e quieto. Lisa, preocupada com o fato de Harry estar completamente imóvel, empurrou o focinho por dentro da sua mão, e ele se curvou para acariciar a cabeça dela, balançando-lhe as orelhas macias por entre os dedos. O vento continuava açoitando as janelas, e uma corrente fria pegou a cortina que estava pendurada em uma janela entreaberta de frente para a porta principal e a fez aumentar de tamanho como uma onda que se encapela, transformando-a em uma bandeira de veludo em redemoinho. Harry sentiu um calafrio e resolveu voltar para a biblioteca, enfiando a cabeça no lado de dentro da cozinha, no meio do caminho. Foi quando encontrou a Senhora Cooper, que vinha saindo com a sua bandeja, também indo de volta à biblioteca. Juntos, empilharam xícaras e pires, amontoaram copos e limparam a mesa. A Senhora Cooper dobrou a toalha engomada e Harry a ajudou a carregar a mesa de volta até o meio do aposento. Depois, seguiu-a de volta até a cozinha e segurou a porta aberta, ficando de lado para que ela pudesse passar com a bandeja carregada. Entrou na cozinha logo atrás, carregando o bule de chá vazio em uma das mãos e a garrafa de uísque, também quase vazia, na outra.
Ela começou imediatamente a lavar a louça.

- A senhora deve estar muito cansada - disse. - Deixe a louça para lavar amanhã.

- Ah, não, não posso fazer isso... - E se manteve com as costas voltadas para Harry. - Nunca na vida deixei uma única xícara suja para lavar na manhã seguinte.

- Então vá para sua casa assim que acabar de limpar a cozinha.

- E o seu jantar?

- Estou cheio de bolo de frutas. Não vou querer jantar.

As costas da Senhora Cooper se mantinham firmes e ela estava rígida, como se fosse impossível demonstrar toda a sua dor. Ela tinha adoração por Charles. Harry disse:
- O bolo de frutas estava muito gostoso... - E depois completou a frase: - Muito obrigado por tudo.

A Senhora Cooper não se virou. Após alguns instantes, quando ficou claro que ela não tinha intenção de se virar nem de olhar para Harry, este saiu da cozinha e voltou à biblioteca, deixando-a sozinha.



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N/A: Finalmente o Hrary apareceu!!! \o/
ficaram com pena dele? perder o único irmão num acidente... e o coitado ainda vai ter que... Eita! eu e minha boca grande já íamos estragar a surpresa! hehehe
se estiverem gostando, por favor COMENTEM!
3 comentários novos = Capítulo 5 postado!
bjooos a todos!

p.s: Obrigado a Nick Granger Potter por ter me avisado da continuidade do erro no capítulo! ;)

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