Ne me quitte pas - Pt 2



Mansão Slytherin


 


Poucas eram as ocasiões em que Voldemort deixava-se envolver por coisas tão simplórias como o sono, ainda mais estando em guerra como naqueles dias, portando quando algo do tipo acontecia, ele acordava com a estranha sensação de que perdera tempo precioso.


Enquanto ele sentava-se na cama, a realização de tudo o que acontecera o atingiu de uma vez, e ele instintivamente olhou para o lado, encontrando-o vazio, mas com os lençóis remexidos, o cheiro dela impregnado na atmosfera. Não, não fora mais uma alucinação. Bellatrix estava, ou pelo menos estivera ali.


Voldemort então olhou ao redor, não encontrando nenhum sinal de que ela estivesse no quarto, e decidiu levantar-se para descer as escadas, quando algo em sua visão periférica o parou. Algo brilhava na mesa de cabeceira, algo que ele conhecia.


Ele virou o rosto, confirmando suas suspeitas sobre o que vira, o anel. O anel com o qual ele a presenteara anos antes, selando o que já era óbvio para todos. Estava enfiado no cabo de uma rosa, uma das rosas encantadas do jardim, porém ela estava viva, como meses antes suas irmãs haviam estado, perfeita, radiante como no dia em que fora enfeitiçada. A última sobrevivente, ele sabia, a última que mantinha sua beleza.


O feitiço era ligado a eles, e quando eles começaram a tropeçar e cair, também as rosas passaram a morrer, em diferentes estágios, até que todo o jardim estivesse tomado, mas não aquela rosa. Era quase irônico como a mensagem dela de que o estava deixando estivesse ao lado da prova de que nem tudo estava perdido, talvez esta fora a mensagem que Bellatrix quisera deixar, na verdade.


Ela era muito mais complicada do que qualquer pessoa pudesse entender, mas Voldemort conseguia lê-la claramente como cristal. Ele sabia porque ela tinha feito aquilo, e mesmo assim nada conseguia tirar aquele gosto amargo de sua boca.


Ele se levantou bruscamente, pegando a rosa e o anel, e desceu as escadas dois degraus por vez, uma parte dele esperando que ela ainda estivesse na casa, mas era óbvio que não. Ele podia sentir que não. A Mansão parecia vazia, então ele foi para seu escritório, batendo a porta atrás de si de forma que ela estremeceu nas dobradiças, sua mão esmagando o cabo da delicada rosa em suas mãos, o anel sendo rolado por seus dedos, enquanto ele se deixava cair numa cadeira no canto.


A seu lado, a mesa com bebidas era um convite irresistível, e seus movimentos mais instintivos foram os de servir a si mesmo uma dose generosa de uísque de fogo, a rosa caindo em seu colo, e a bebida queimando sua garganta se tornando quase calmante, reconfortante - como se precisasse de conforto para algo, uma parte de sua mente gritou.


- Não é um pouco cedo para álcool? - ele ouviu a tão conhecida voz de Nagini, e a sentiu se enroscar na cadeira em que estava sentado. Ele riu amargamente, e tomou mais um longo gole.


- E não acha que eu já passei do ponto de me curvar a regras sociais? Ou a qualquer coisa, na verdade? Se eu quero beber, eu vou. - ele respondeu, seco, e voltou a beber a longas goladas.


Nagini se moveu mais uma vez, ajustando-se para que pudesse encará-lo, e era como ter a própria consciência o julgando - talvez ela fosse a parte de sua alma onde um dia sua consciencia estivera.


- Chega a ser inacreditável, Tom, a mudança em você. Se há alguns anos eu tivesse imaginado que o veria sofrendo por uma mulher ou por qualquer--


- Eu não estou sofrendo por ela, não diga disparates! - ele riu, enchendo mais uma vez o copo, e sem perceber muito, ajustando o anel até que estivesse posicionado em seu dedo mínimo - ou até onde ele servia naquele dedo.


Nagini soltou um som que poderia parecer com uma risada, se cobras pudessem rir, provavelmente sua alma dentro dela estava rindo de si mesma. Ele rolou os olhos e voltou a beber, preparando para o novo comentário cheio de espírito vindo de Nagini.


- Eu sinto o que você sente, Tom, não pode me enganar. - foi simplesmente o que a cobra respondeu, e ele engoliu seco, sentindo sua garganta doer - o que não tinha nada a ver com o uísque.  


Voldemort olhou para o próprio colo, para a rosa nele depositada e flexionou a mão, que tinha pontadas de dor, e quando virou a palma para si, viu os furos causados pelos espinhos da rosa que apertada momentos antes. Bebeu mais uma vez do copo, deixando o álcool começar a entorpecê-lo, antes de pensar no que responder a Nagini.


- Apenas eu posso terminar o que comecei. - ele respondeu, numa justificativa pobre para a situação, e nada era necessário para que ele percebesse que a cobra não estava convencida.


- Mesmo que assim fosse, você não desejava terminar. - Nagini respondeu, fazendo com que ele fechasse os olhos por um momento, respirando fundo. - E isso lhe incomoda. Oh, Tom, eu lhe conheço como ninguém, e eu sei como tenta se convencer de que está imune a tudo, e provavelmente está, mas nunca conseguiu se deixar imune a ela. Eu lhe digo isto há anos, e nunca me ouve.


Voldemort ouviu o que ela falava, de vez em quando bebendo de seu uísque, lembrando-se de todas as irritantes conversas desse tipo que tivera com Nagini, e suspirou de forma cansada.


- Então talvez Bella tenha tomado a decisão mais acertada: me livrar de distrações em tempo de guerra. - ele se levantou, com a rosa mais uma vez na mão, e a colocou sobre a mesa do escritório, virando o resto do conteúdo do copo de uma só vez.


- Exceto que não, porque agora ambos vão ficar presos no que seria, no que não foi. Desejando lhe libertar, ela o prendeu ainda mais. - Voldemort, de costas para a cobra, socou ambos os pulsos na mesa e xingou baixinho, desejando ainda mais uísque para poupá-lo daquela sensação que o inundava de dúvidas e tirava seu sossego.


Ver aquele anel fora do dedo dela o pegara de surpresa, desde o começo ele tinha planejado que o objeto nunca saísse do poder dela, sempre estivesse lá, brilhando contra a pálida pele da mão de Bellatrix como estivera desde o dia em que achara aquele porão.


Ele também não imaginara que algum dia veria aquele jardim morrer, ele... eternidade, tudo em sua vida convertia àquilo, ele desejava que sua vida seguisse naquele caminho e, mesmo que não admitisse em voz alta, secretamente desejava que ela fosse uma parte disso. A verdade é que ele sempre acreditara que Bellatrix estaria sempre a seu lado, que seu amor por Voldemort era tão imortal quando ele - e ironicamente fora esse mesmo amor e, principalmente, a lealdade da qual ela era tão orgulhosa que a fizera tomar aquela decisão.


Ou talvez ele estivesse errado? E aquele não tivesse sido o motivo, mas sim ela o culpar do que acontecera? Ou pensar que aquilo era o que ele queria? O primeiro pensamento, de que ela o deixara para libertá-lo, parecia adequado, mas combinava com o último, de que ela pensava que... Não era como se ela não tivesse motivos para tal. Desde o natal as coisas não eram as mesmas... Ele parou com a corrente de pensamentos, ele só saberia de fato o que a levara a tal depois de conversar com Bellatrix, o que ele faria logo, só precisava, colocar a si mesmo no lugar primeiro.


- Eu tenho trabalho a fazer, deixe-me sozinho.   


- Trabalho você quer dizer beber mais e --


- Eu disse saia.


Nagini obedeceu, deslizando para fora da cadeira e, depois em direção da porta, até sair completamente e deixar seu mestre sozinho com seus pensamentos e sua bebida.      


Conseguiu ficar alguns minutos em completo silêncio com os olhos fechados absorto em suas memórias, mas não demorou muito para que seus pensamentos fossem interrompidos por um leve ranger da porta do escritório ao abrir-se um pouco mais.


- Eu disse para que... – Voldemort não chegou a concluir a frase, quando percebeu o cheiro do perfume dela inebriando o cômodo. Chegou a pensar que estava entrando em mais um de seus devaneios, porem ao abrir os olhos viu que aquela mulher era bem real.


A meia luz poderia até ter confundido as duas afinal tinham estatura semelhante, mas os cabelos loiros que reluziram quando ela passou pela porta não deixava duvidas de que aquela Katherine Parkinson, entretanto,  as roupas, o perfume, até o modo de usar os cabelos soltos em largas ondas e a forma de caminhar estavam iguais ao de sua Bella.


Voldemort não moveu um musculo, observando Katherine se aproximar de maneira que fazia com que ele fervesse por dentro de ódio pela frustrada tentativa dela de se passar por Bellatrix, ou o que quer que aquilo fosse. Por fora, contudo, ele estava impassível, mais uma dose de uísque de fogo em sua mão, e o anel de Bellatrix preso em seu dedo mais fino, enquanto ele bebericava de seu drink, os olhos dela presos nos seus de maneira quase predatória que se acentuava a medida que ela se aproximava. Katherine entrara naquele escritório procurando problemas, ela os teria.


- Mestre... - ela falou com um tom meio receoso, sem retirar os olhos dos dele - Vim ver se esta precisando de alguma coisa..- ela deu um breve pausa parecendo tomar um pouco mais de coragem - Afinal desde que Bellatrix se foi desta casa tenho visto o senhor tão solitário e creio que isso pode não lhe fazer muito bem... - o tom de voz dela era manso, mas a medida que se aproximava dava para sentir o medo dela por estar tomando aquela atitude. No fundo sentia nojo de si por estar tendo que ir tão baixo e vestir as roupas da mulher que tanto odiava, mas se fosse para tentar agradar o Lorde ela iria tentar.


Voldemort segurou-se para não dar uma risada sarcástica face àquele comentário, dito de forma a parecer tão inocente e ainda sim tão cheio de malícia. Oh, Katherine tinha vindo para matar, e aquele jogo se tornava cada vez mais divertido. - Já que trouxe o assunto a tona, - ele tomou mais um pouco do uísque, perguntando-se até onde iria a coragem dela. - Pergunto-me porque você ainda não deixou esta casa; sou seu Mestre, de fato, mas tinha a impressão de que estava a serviço de minha mulher. - ele completou, num tom neutro, não exatamente repreensivo, referindo-se a Bellatrix daquela forma não propositalmente, o que acendeu um alerta no fundo de sua mente que ele analizaria depois.


- Eu continuo a serviço da sua mulher meu senhor... só que agora que uma forma diferente - por mais que estivesse ali por um objetivo pessoal, não perderia essa brecha de envenená-lo contra Bellatrix - A madame pediu para que eu continuasse aqui vigiando... - pela primeira vez um breve sorriso de canto brotou nos lábios dela, com o pensamento que ‘tomar conta dos “passos” dele não é algo exatamente fácil - Mas mestre eu peço o seu perdão eu realmente não queria me intrometer, mas como continuo obedecendo as ordens dela... - sentou-se sob os próprios joelhos de frente para ele, como em uma conversa casual, olhando-o com os olhos castanhos repletos de malícia.


Voldemort teria esmagado o pescoço dela com aquela acusação em qualquer outro dia, contudo começava a achar aquela conversa no mínimo uma distração, a forma como Katherine odiava Bellatrix chegava a ser trágica, mesmo para ele, um ódio cultivado cuidadosamente por décadas. Ele negou com a cabeça. - Tamanha lealdade por uma mulher que odeia é de se admirar, Katherine. - ele deu um meio sorriso, - Mostra como toma minhas ordens literalmente, entregou-se ao comando de Bella, contudo... Está certa, alguns comandos de minha mulher podem ser perigosos. Ela pode ser perigosa. - ele tentou mascarar a admiração em sua voz ao falar de Bellatrix o máximo que pode.


- Sim senhor, essa lição eu já aprendi na pele.. - falou refletindo, ao falar a palavra pele a alça da camisola que vestia deu uma escorregada ficando presa no ombro, mas a bruxa pareceu não se importar, até gostou. Um misto de coisas se passava na mente de Katherine, nunca havia chegado tão perto do Lorde, muito menos conversado “tanto” com ele, afinal só trocavam meias palavras, isso a fez refletir do quanto encantador ele podia ser...Quando percebeu o devaneio corou, lembrou-se mais uma vez do motivo principal de estar ali, quem sabe se conseguisse seduzí-lo teria sua total liberdade de volta, afinal eles não... os olhos dela automaticamente focaram na mão dele onde um anel repousava, lembrava-se desse anel e de como Bellatrix vivia se exibindo com ele por ai e se ele estava com o Lorde das Trevas é porque a separação deles estava sacramentada. - Um belo anel pena que a mulher que o usava não merecia... - acabou pensando alto.


O maxilar de Voldemort travou e toda a paciencia que ele tivera com as investidas de Katherine acabou de uma só vez, mas não o seu sangue frio. Ele tocou o rosto dela, uma carícia que nunca seria de fato dirigida a ela, e a segurou pelo queixo. - Oh, Katherine, você ainda consegue me surpreender... - ele disse num tom calmo, descendo sua mão até o pescoço dela, tocando levemente sem que ela percebesse como ele posicionava sua mão. Voldemort inclinou-se, aproximando-se dela. - Imagino que de certa forma te subestimei, e não é de meu feitio fazer algo desse tipo, é a primeira falha para levar ao fracasso. E, minha cara, você está fazendo exatamente isso agora... Subestimando-me, subestimando minha inteligência. - a mão dele fechou-se fortemente contra o pescoço dela. - Acreditou mesmo que teria a capacidade de me manipular?


- Não...- ela teve dificuldade ao falar. O rosto dela agora estava tomado pelo desespero, poucos segundos atrás chegou a acreditar que estava conseguindo algo, mas quando ele apertou o seu pescoço viu que havia se enrolado com a própria corda. - Eu não teria tal capacidade...- reunia as forças pra falar aos sussurros - Quem faz isso com o mestre é a sua própria mulher... ou o senhor não reparou que mesmo sem ela estar aqui ela continua a manipular seus sentimentos? -  ela levou ao mão até as dele repousando-as ali tentando afroxar o aperto em sua garganta - O Homem que eu conheci anos atrás já mais beberia por uma mulher, muito menos perderia o controle quando falam dela...Mas o senhor não é o único, parece que a sua eleita causa esse efeito nos homens - Se fosse para ela morrer não morreria com todas aquelas verdades presas dentro de si.


- Oh, mas você deve estar certísima quanto a isso, já que eu próprio marido é um dos afetados por dito 'efeito', não é mesmo? - Voldemort não se importava de descer tão baixo. - E como era o nome dele? O sangue ruim? Oh, eu sei disso, Katherine, é claro que eu sei. Eu sei de tudo, minha cara. Sua família o matou, não é mesmo? Quando ela convenientemente os levou ao encontro de vocês dois. - ele nunca cessou o aperto, sorrindo maliciosamente. - Mas eu devo de fato ter mudado em algum ponto de minha vida, porque o homem que admitiu Bellatrix e Alecto como seguidoras não pode ser o mesmo que te admitiu. A minha 'eleita', contudo, Katherine, não precisa me manipular para conseguir o que quer, nem ousaria tentar, afinal ela é das poucas que acredite ou não me respeita... Agora..O perfume dela? - riu-se ele. - Isso é baixo até para você.


As mémorias dela voltaram om força total em flashes rápidos e as lágrima comeram a escorrer dos olhos dela. Não conseguiu falar por alguns momentos processando todas as informações e principalmente como ele sempre sabia de tudo aquilo que o cercava e não conseguia enchergar o que estava a sua frente. - Realmente eu desci meu nível...- falou com certa ironia, sem que as lágrimas deixassem de cair ou ele de apertar seu pescoço.


- Oh, Katherine, sendo sincero, nível é algo que você não tem há anos. - Voldemort respondeu, o tom dele calmo demais, perigoso e enganador como um rio em suas águas mais profundas. Seus dedos, contudo, não pareciam cansar-se de aplicar pressão, fazendo-o quase sem esforço, como se habituados àquilo. - Agora, como você mesma disse, está a serviço de minha mulher por mais que isto te incomode e, oh, é mesmo, isto é um castigo para você, lembre-se disso. - ele cerrou os olhos, sua expressão transformando-se em linhas de ameaça. - Assim sendo, da próxima vez que visitar esta casa, será ao lado de Bellatrix, ou farei questão de transformá-la em sua última.


- Sim senhor - ela disse quase sufocada, não consguia mais falar ou pensar qualquer coisa que fosse, estava esgotada e humulhada demais para aquilo. Sentia que sua pulsão estava cada vez mais lenta e visão começou a turvar já não conseguia mais visualizar o Lorde.


 


 


Mansão Malfoy


 


Narcissa tomou mais um gole do uísque de fogo, o líquido queimando em sua garganta não era ainda suficiente para fazê-la conseguir ignorar os gritos que vinham do andar de baixo da casa, e ao que parecia ela não era a única cuja capacidade para tal era nula. Greyback havia passado duas ou três vezes perto dela, com a mesma expressão contorcida que ela apresentava - incomum dele, que também era um bárbaro, porém ela acreditava que ele imaginava o que seria feito com ele em um futuro próximo caso não se portasse devidamente, afinal Lucius era do mais íntimo círculo do Lorde e a verdade era que ninguem estava ciente dos reais motivos daquela tortura toda.


Ela sabia, é claro, e não podia fingir que não existiam, porém ter sua casa transformada em um salão de tortura nunca fora o maior de seus desejos. Ele procurara, mas no caminho de sua punição tirara também a paz de Narcissa.


“Talvez,” ela pensou, “eu me acostume com os gritos.” Ou silenciasse a camara de tortura de Bellatrix quando ela não estivesse olhando. Mais um gole de uísque acompanhou sua linha de pensamento. Nunca conseguia esquecer-se de como sua vida um dia fora naquela mansão, mas ao olhar para trás percebia como nunca tivera nada daquilo de fato.


Ela notou os capangas de Greyback endireitarem as costas quando o rangido da grande porta de madeira - que ela já mandara os elfos arrumarem - abafou os gritos de Lucius. Ela não precisou que o Lorde das Trevas fizesse sua presença conhecida para saber de quem se tratava, a reação de todos a seu redor fora suficiente.


- Milorde, - ela fez uma reverência quase mecânica, a qual ele dedicou um aceno de cabeça. - Não esperava vê-lo tão cedo aqui.... - assim como não esperava Bellatrix, foi o final que ela nunca pronunciou.


Voldemort deu um passo na direção dela, notando como ela era uma casca daquilo que Narcissa Malfoy fora um dia, não havia mais nenhum resquício da comum manutenção das aparências; ninguém sabia o que havia de fato acontecido, mas era óbvio que havia sido algo terrível pela perturbação causada em Narcissa e os gritos que enchiam a casa.


- Deixem-nos, - Voldemort ordenou por cima do ombro, e Greyback e seus capangas não precisaram de segunda ordem. Narcissa o olhou fixamente enquanto ele se aproximava.


- Eu devia ter imaginado, estou correta, milorde? - ela não tremeu ou demonstrou nenhum tipo de emoção na voz, seu tom era conformado. - Lucius nunca foi de se emendar, porque iria neste caso tão peculiar?


Voldemort nunca fora de se importar se uma resposta machucaria ou não, mas sempre soubera modular suas palavras para melhor alcançar seus objetivos, desde muito cedo fora mestre naquilo; no caso de Narcissa, contudo, não lhe parecia que tal habilidade seria necessária.


- Lucius usou todas as suas armas para manipulá-la no passado, possivelmente, sim, você poderia ter imaginado. - assim como eu, ele nunca falou. - Mas talvez tivesse em sua imaginação de que ele não ousaria, não conosco sabendo.


- Que sua volta, sua presença, o impediria, - Narcissa completou. - A mesma segurança que Bella usava para si, eu usei para mim. - segurança falha para ambas.


Um tom acima, uma leve referencia a acusação ali seria o suficiente para acusar Narcissa de traição, mas ela fora controlada o suficiente para manter sua voz num local seguro, parecendo apenas contar os fatos, mas Voldemort sabia o que estava escondido por trás daquelas palavras. Ele trancara Bellatrix naquela Mansão, ele trincara sua proteção sobre ela, não precisava de Narcissa, da própria Lady das Trevas, ou de qualquer outro para lembrá-lo e atormentá-lo com aquilo.


Narcissa suspirou, olhando finalmente para o chão, seu corpo rendendo-se ao cansaço de manter-se tão firme. - Lucius não merece minha piedade, nem a terá, milorde, posso lhe garantir, mas eu só quero que isso acabe. Quero a minha casa de volta, em paz. Então isso nos leva a principal pergunta..


- Se sua irmã irá matá-lo.


- Irá?


- Sim, porém posso lhe garantir que não será logo. Bellatrix tem uma longa lista para acertar com Lucius, Narcissa, e não lhe negarei esse prazer. Não mais.  


Narcissa assentiu, as palavras de Voldemort apenas confirmando sua certeza de que sua paz seria retirada por tão longo quanto fosse o castigo de seu marido, era a maneira de Bellatrix também puni-la, e, olhando para Voldemort, ela sabia que ele não negaria isso a ela também. Naquele ponto, para qualquer um poderia parecer óbvio que ele não negaria nada a Bellatrix em relação àquilo e que era uma questão de tempo até que ele não a negasse nada mesmo. Sua mente não conseguiu evitar voar até Severus Snape, por quanto tempo o diretor de Hogwarts conseguiria proteger-se de sua irmã? No momento em que Voldemort o entregasse a ela, não haveria mais volta, Bellatrix o teria envolvido completamente.


- Ela poderia ao menos silenciar a câmara, eu desejaria dormir um pouco. Parece inclusive que ela colocou algum tipo de feitiço amplificador naquela coisa, e eu desejo dormir. - ela respondeu, em forma de pedido, e ele assentiu.


- Aconselharei Bellatrix, agora preciso encontrá-la...


Siga os gritos, foi a resposta que Narcissa quis dar. - Ela está no ultimo subsolo, na mais antiga câmara de tortura da masmorra. - mais um grito agonizante ecoou na mansão, definitivamente alguma amplificação estava sendo usada.


- Alguém está sendo criativa, - Voldemort comentou, antes de seguir o caminho sem precisar de mais explicações de Narcissa, o prazer em sua voz era inegável.


 


Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts  


  


Desde que Severus Snape assumira a diretoria da escola, as reuniões dos professores com o diretor haviam se tornado cada vez mais tensas e mecânicamente calculadas, um passo em falso naqueles dias poderia ser a diferença entre a vida e a morte, e os professores de Hogwarts bem sabiam que estavam pisando em areia movediça.


Mesmo Slughorn não sentia-se completamente confortável, não após liberar para Harry Potter todas aquelas lembranças sobre o jovem Tom Riddle, o tempo todo fechando sua mente com medo de que Snape ou um dos irmãos Carrow tivesse acesso àquelas memórias e fossem direto contar as novidades a seu mestre. Ele nem mesmo sabia se eles tinham aqueles poderes, mas todo o cuidado era pouco.


Os outros professores, principalmente os mais próximos a Harry Potter, tomavam ainda mais cuidado e temiam todos os dias que aquele poderia ser seu último em Hogwarts, e dali não sabiam exatamente onde poderiam parar dependendo da gravidade de sua transgressão.


Então, quando a voz de Filch no corredor foi ouvida e a normal quietude quebrada, todos tornaram-se apreensivos sobre o que poderia ser, olhando insistentemente para a porta, por mais que tentassem se manter concentrados no que Snape falava. Somente quando a voz tornou-se mais próxima é que eles puderam entender o que o zelador falava com mais alguém, até que a porta abriu-se por meio de um feitiço, e eles puderam ver Filch tentando impedir Melinda de passar. Logo depois, Draco Malfoy se juntou a eles.


- Saia da minha frente, Filch, se não quiser que eu o remova como abri essa porta. - ela disse, num tom tão sem emoção que três pessoas naquela sala já haviam ouvido, vindo do pai dela. Nenhum deles conseguia determinar se preferiam-na parecida com Bellatrix ou com Voldemort.


O zelador manteve-se parado por mais alguns segundos, até que cedeu, dando um passo para o lado e resmungando algo sobre como aqueles malditos estudantes não respeitavam mais nenhuma autoridade.


- Por mais que evite, devo concordar com Filch. - Snape levantou-se. - Isso é completamente inapropriado, Senhorita Black. Hogwarts não é o seu playground, não importa filha de quem seja. - ele apoiou as duas mãos na mesa, e Melinda levantou a sobrancelha, apoiando-se da mesma maneira na outra ponta da mesa.


- Deixem-nos. - ela nunca tirou os olhos de Snape.


- Senhorita Black, o Professor Snape está com a razão, uma aluna não pode simplesmente entrar numa seção particul--- ela nunca terminou.


- Poupe-me de seus sermões, Minerva. - ela desviou os olhos para a Professora McGonagall e sorriu. - Suspenda-me mais tarde, ou tire cinquenta pontos da Sonserina, faça como bem lhe convir, e continuaremos com nossa brincadeirinha de hierarquia que tanto lhe conforta; porém neste momento podemos nos fixar no mundo real e analizar a verdadeira autoridade para podermos continuar?


McGonagall cerrou os olhos, controlando dentro de si toda a raiva e todas as verdades que queria dizer àquela menina arrogante, mas sem ela em Hogwarts as outras crianças estariam em pior condições, então, conteve-se a apenas um: - O que quer dizer?


Amico Carrow não resistiu a soltar uma risada de escárnio, cruzando os braços e negando com a cabeça. - Por favor, Minerva, nós sabemos que é mais inteligente do que isso. - ele olhou dela para Melinda, e de volta para a colega. - O que ela quis dizer, obviamente, é que nenhum de nós está falando com a Senhorita Black, aluna de Hogwarts que respeita a todos nós como seus queridos professores; estamos falando com a Princesa das Trevas em carne e osso, que no mundo real é a segunda na linha de poder, herdeira do mundo bruxo.


Melinda riu-se, encarando Amico incrédula. - É impressionante quando até mesmo dizendo apenas os fatos você consegue soar bajulador, Amico.


- Não consigo evitar, alteza. - Melinda rolou os olhos.


Alecto moveu-se em seu assento. - Finalmente. Para aqueles que a viram em ação, ver a sua atuação como a Senhorita Black era até mesmo entediante, Melinda.


Melinda ignorou as lembranças de missões que tomaram conta de seus pensamentos, e a vontade que tinha de estar ativa na guerra e não presa naquela maldita escola, e voltou a encarar McGonagall e Snape.


- Agora que já fomos esclarecidos, eu vou repetir mais uma vez: Deixem-nos.


- Melinda,


- Eu preciso ser mais clara de que é importante, Snape? Sabe tanto quanto eu que tenho ordens para não quebrar esse maldito teatrinho de aluna bem comportada, a não ser em momentos emergenciais, então pense um pouco. Quanto ao resto de vocês, qual a dificuldade de sair de uma sala?  


Em poucos segundos, Melinda, Draco e Severus Snape estavam sozinhos na sala, e assim que a porta se fechou, Melinda contornou a mesa em direção de Snape, sua agitação quase palpável.


- Precisamos deixar Hogwarts.


- O que disse? - Snape franziu o cenho. - Melinda, já lhe concedi autorizações no passado para-


- Não, eu quero dizer agora. Eu não tenho tempo de arquitetar tudo como das outras vezes. Precisamos sair, e precisa ser agora.


- Mas o que diabos está acontecendo? - inquiriu Snape, perturbado pela pressa de Melinda, e a expressão perturbada de Draco.


- Honestamente, Snape, não é da sua conta. Se existe algum lugar nessa droga de escola onde nós possamos aparatar, sugiro que me diga. - ela cruzou os braços e Snape decidiu não fazer mais perguntas.


- Não existe... - antes que Melinda pudesse se irritar ainda mais, ele levantou a mão. - Não oficialmente.


Snape aproximou-se de Melinda e colocou ambas as suas mãos no rosto dela, que olhou fixamente nos olhos do professor. Draco observou, lembrando-se de uma das aulas que Bellatrix lhe dera. Dois legilimentes podem se comunicar por pensamento, ela dissera, e ele estava presenciando.


Melinda fez um aceno com a cabeça e saiu dali mais rapidamente do que entrara, seguida por Draco, e Snape ficou apenas imaginando o que haveria acontecido para perturbá-los de tal forma naquela manhã.


A porta mal havia se fechado quando outra aluna a abriu, fechando-a atrás de si, com um sorriso que fez Snape esquecer sua aflições por um instante, deixando-se envolver pela presença da garota, que andava em sua direção lentamente.


- Aparentemente, um furação passou por este escritório... - ela comentou, deslizando os dedos sobre o mogno da mesa ao andar.


Snape sorriu, assentindo. - Um furação com nome e sobrenome, que coincidentemente é muito próximo a minha namorada. - Gabrielle sorriu.


- É, a Mel não é especialmente sutil... Não quando está sem paciência. - Gabrielle tirou a varinha e trancou a sala atrás de si para então cruzar o resto do caminho e deixar-se cair no colo de Snape.


- Menos ainda esta manhã... - ele tentou, e Gabrielle apenas colocou um dedo sobre seus lábis, observando-o sorridente.


- Uma carta chegou pra Melinda esta manhã, - ela explicou. - Ninguém nunca soube o conteúdo, porque assim que ela leu, a carta se autodestruiu; além do que, quando ela abriu, a carta cortou-a e absorveu o sangue, só então para o lacre romper.


- Selada com sangue, somente alguém com o sangue correto poderia abrir. - Snape assentiu, beijando as pontas dos dedos de Gabrielle. - Uma quantidade suspeita de segredos.


Gabrielle deu de ombros, brincando com o primeiro botão das vestes dele com sua mão livre. - Não é de se impressionar, se a realeza bruxa tem seus problemas, é obvio que chegarão ao nível máximo de segredo. - Snape assentiu, entrelaçando os dedos no cabelo dela. - Agora creio que seja melhor para nós mudar de assunto, antes que eu pense que seu interesse em mim é apenas obter informações...


- Sabe bem que eu não penso isso...


- Sei? - ela mordeu o lábio. - Talvez pudesse me lembrar... - ele o fez, diversas vezes, mandando para o fundo de sua mente que um dia, talvez próximo, pudesse perdê-la.


 


Mansão Malfoy


 


Bellatrix não ouvira os passos ecoando nas masmorras, nem sentira a presença dele na câmara quando entrou, tão atípico dela, cujos sentidos estavam tão habituados a seu lorde; porém, os gritos eram intoxicantes demais para serem ignorados por ela, estava entorpecida em seu ódio, em sua vingança, e era mais do que seu direito.


Lucius, contudo, denunciara a terceira presença ao parecer ainda mais aterrorizado, encarando a porta, por mais que sua mente o dissesse que estava mais seguro nas mãos de Voldemort do que de Bellatrix, seus instintos o traíam, ele temia, seu corpo inteiro tremia e cada tremor acordava novamente suas dores.


Bellatrix olhou por cima do ombro, e nem mesmo de Lucius conseguiu esconder a maneira como sua respiração parou por um momento. Medo? Surpresa? Nem ela mesma conseguia dizer, era incapaz de não ter resposta alguma à presença dele. Ele deu mais um passo para dentro, o cheiro de queimado e putrefação invadindo suas narinas violentamente, e a certeza de que aquele era apenas o começo o tomando por completo.


- Criatividade seria um mero eufemismo para você agora, Bella. - ele a olhou de cima a baixo, o sangue de Lucius manchando suas mãos, os olhos brilhando em prazer, e até, alguns diriam, uma nota de loucura. Ou, quem sabe, aquilo era o que a evitaria enlouquecer de vez.


- Milorde... - a voz dela saiu baixa, fraca até, - Se meus métodos o desagradam...


- Pelo contrário... - ele a interrompeu, olhando para Lucius, mas não em seu usual olhar sem emoção, num de puro nojo que ele reservara sempre para trouxas. - Existem momentos, em que até bruxos não merecem mais serem tratados com a cortesia da magia.


Bellatrix sorriu, deleitando-se com como aquilo obviamente perturbou Lucius ainda mais. Voldemort aproximou-se, seu corpo quase tocando o dela quando inclinou-se e tomou os lábios da bruxa nos seus, mas sem nunca tocá-la com suas mãos. Ela não se afastou, deixou-se envolver, correspondendo com a mesma intensidade àquele ato tão natural entre os dois.


- Explica muito, então... - ele disse, ao partir o beijo. - Porque deixou isso... - ele mostrou o anel em seu dedo mínimo, e mais vez ela parou de respirar. - De fato... - ele pegou a mão ensanguentada dela. - Não é a situação mais apropriada para usá-lo.


Bellatrix assentiu, na frente de Lucius eles não teriam aquela conversa, e deixou-se ser guiada para fora do local, com um sorriso quando Voldemort virou-se para Lucius da porta e disse: - Precisarei privá-lo da companhia de Bellatrix por alguns momentos, creio que não se importará, não é mesmo, Lucius?


Malfoy nunca respondeu, pois Voldemort fechou a pesada porta, contudo não o teria feito de qualquer forma. O Lorde puxou a varinha e enfeitiçou o corredor para que não fossem ouvidos. Ele estendeu o anel a ela.


- Quando a entreguei este anel, eu o dei a você, Bellatrix. Não o quero de volta. - quando ela não o pegou, apenas olhando dele para o anel, ele conjurou uma corrente e o colocou como pingente, dando um passo na direção dela para colocar o colar ao redor de seu pescoço.


- Milorde...


- Não sou um tolo, Bellatrix, sei em que situação estamos. - ele a cortou, e ela não tinha resposta para aquilo, ao mesmo tempo ignorando seus ouvidos que juravam ter encontrado uma nota de dor naquela declaração. Não, ela estava delirando, mais uma vez. - Sei que há possibilidade de ser irreparável, contudo, mantenho minha posição. Este presente lhe foi dado para que o guardasse, portanto, lhe peço que faça. Se não pode pelo presente, que seja pelo passado.  


Ele fechou a corrente, e Bellatrix tocou o anel pendurado em seu pescoço, o peso de um pedido vindo dele atingindo-a com mais força do que uma ordem, nunca conseguiria negá-lo algo tão simples. E o fato de que ele queria que ela mantesse o anel, por mais que eles... Ela assentiu, apertando o anel com mais força.


- Como quiser, milorde, não imaginava que... Que desejaria isto.


- Ótimo... - ele disse, ainda próximo demais a ela para que ambos pudessem ignorar a eletricidade que ainda existia entre seus corpos; Bellatrix engoliu seco, não conseguindo impedir aquela reação tão natural de seu próprio corpo, menos ainda a maneira como sua respiração deixara de obedecê-la tanto tempo antes. Os xingamentos internos e silenciosos não eram suficientes para que ela conseguisse não reagir a ele, o que era absurdamente patético, uma vez que ela tivera grande parte na decisão daquela separação. - Agora... A deixarei com sua tarefa.


Bellatrix assentiu, sua mão fechando-se sem sua permissão ao redor do braço dele, num instinto, e aparentemente ela estava tendo muitos instintos naquele dia; a naturalidade daquela proximidade assustando-a com a ideia de que talvez ela nunca mais se acostumasse com a distância.


Ele, contudo, não se moveu; pelo contrário, aproximou-se mais contrariando seu início de despedida, sua própria mão encontrando o maxilar dela, perdendo-se no caminho por entre seus cabelos até sua nuca.     


- Realizarei minha tarefa com prazer, milorde... - ela respondeu, perdendo-se no escarlate dos olhos dele, que costumavam assustar a tantos e que a ela não causavam qualquer terror; nunca haviam. Nos poucos momentos de sua vida em que o havia temido, quando falhara, ela questionara se ainda merecia segui-lo, porque apenas aqueles incompetentes deviam temer. Talvez, seu maior medo, como no incidente na mansão semanas antes, fosse cair nessa categoria.  


- Eu sei que sim, eu vejo que sim. - a resposta dele foi simples, num tom baixo, íntimo, quase encorajador.


- Obrigada. - ela disse de repente, - Por entregar-me Lucius. Eu nunca pensei que esse dia chegaria, quando eu poderia - Voldemort pressionou o polegar contra os lábios dela, e Bellatrix se calou.


- Apenas aprecie o momento, Bella. - disse Voldemort em sussurros, olhando-a nos olhos, foi aproximando lentamente seu rosto da mulher podendo agora sentir o calor de sua respiração, aquilo não era certo e sabia muito bem que aquela aproximação dava esperanças a ela; a ambos, uma voz que irritantemente lembrava Nagini sussurrou em sua cabeça, afinal ela tomara o passo final na separação. Um sorriso frio e tipicamente sonserino brotou nos lábios do Lorde, roçou a boca na dela e por fim deu-lhe um beijo no canto da mesma e se afastou. - Não podemos deixar o seu “convidado” esperando, Bellatrix.


- De acordo, milorde. - ela respondeu, com mais compostura do que ele esperava. Em sua mente contava quanto tempo aquele desentendimento duraria, mas uma parte de si sabia que talvez não gostasse da resposta.


Ele não viu como ela segurou o anel em seu pescoço e o apertou com força logo depois de curvar-se e virar de costas para ele. O peso de suas proprias decisões a sufocava, e o anel pendurado apenas piorava sua situação. Era como se ele pesasse muito mais do que jamais pesara, e mais tarde, quando ela tirou mais uma pausa e banhou-se, ela o tirou do colar e colocou-o de volta no dedo, e era como se nunca tivesse saído. Uma lembrança constante de um passado que, por mais que fosse desejado, dificilmente retornaria.


 


Mansão Slytherin


 


Voldemort deliberadamente ignorara Nagini. A ultima coisa que ele precisava era aquela cobra dando-lhe lições de consciencia ou algo do tipo. Contudo, ficar sozinho não foi um desejo que se concretizou, uma vez que pouco depois de entrar, deu de cara com Melinda e Draco. Ao chegar a conclusão de que Bellatrix não estava na Mansão, a jovem virou para o namorado e pediu que a deixasse sozinha com o pai.


- Mas o que diabos?


- Controle seu humor, Melinda. Não vou suportar um escandalo, deve-me respeito tanto quanto os outros. - ele avisou, e ela respirou fundo.


- Eu não acredito que a mandou de volta, não depois que-


- Sua mãe sabia que ia voltar, ela me disse isso minutos depois de chegar aqui. A decisão foi mais dela do que minha. - ele respondeu, colocando uma dose de uísque de fogo. - Sabe como ela é.


- Como ambos são. - Melinda corrigiu. - Vocês e essa mania de aparências, e... - ela passou a mão pelo rosto, cansada. - De fazer esse showzinho pros Comensais da Morte, vocês sabem que isso será a ruína desse relacionamento, certo? Colocam tudo acima disso, absolutamente tudo! Nenhum dos dois enxerga que...


- Que? - ele encarou-a, e Melinda olhou para os próprios sapatos.


- Que, às vezes, concessões devem ser feitas. E que são mais fortes juntos, é por isso que os Comensais da Morte os odeiam juntos, porque... Porque ela o protege mais do que poderia a si mesmo, qualquer um teme isso. Porque se já é perigoso sozinho, com ela torna-se... praticamente inflamável. Ela acabará com qualquer um que tropece antes que você note que o tropeço ocorreu.


- Em que ponto chegará a citar Severus? - ele soou zombeteiro. - Porque há anos sua mãe tem essa paranoia com ele que passou para você.


Melinda jogou os braços ao redor do corpo, negando com a cabeça, num sinal de derrota, aquela discussão não levaria a lugar algum e ela honestamente só queria ver a mãe.


- Está certo, sem concessões. - ela deu de ombros. - Acredite no que quiser, dizendo que ela voltou para a Mansão porque quis, aquilo foi o orgulho dela, o lado comensal da morte orgulhoso e leal, fazendo o que devia. O que o Lorde das Trevas desejaria, mas não aquele com quem ela dividiu a cama por tantos anos, aquele na cabeça dela, o mesmo que ela conheceu há mais de vinte anos. Ela não quer ser sua fraqueza.


Voldemort franziu o cenho, analizando a filha de perto. - E está insinuando que ela é?


- Queria que ela retornasse à Mansão Malfoy? - Melinda perguntou, ele não respondeu. - Ela em sua mente chama de fraqueza, porque é leal demais, eu penso ser exatamente o contrário. Você... Terá que decidir por si mesmo, papai.


Melinda passou por ele, pegando o copo de uísque de fogo, ela precisava mesmo de um drink, mas quando estava na porta, ouviu-o chamar seu nome. Ela simplesmente virou-se e deu de ombros.


- Ela o faz sentir. - Melinda esclareceu. - E é de se esperar que já tenha notado isso, contudo... Ela também é a própria prova de que sentir pode fortalecer em vez de enfraquecer. Eu só espero... - ela deu um sorriso triste. - Que não seja tarde demais. Enfim, vou visitar minha mãe como deve imaginar.


Voldemort riu-se sozinho, era como se Melinda e Nagini tivem-se unido para infernizá-lo. Entrou em seu escritório, olhando para a rosa suspensa na mesa, dentro de um vidro, a única sobrevivente. A esperança para ambos; eles tinham se entortado, mas não quebrado, e talvez tivessem volta. Ele tocou o vidro da rosa.


Ela o faz sentir, Melinda dissera, e ele encarava a rosa, revivendo os acontecimentos dos últimos dias, e toda a perturbação causada pelos mesmos... Não conseguia encontrar argumentos suficientes contra a declaração da filha, não naquele momento.


 


 


Quando Melinda aparatou na Mansão Malfoy momentos depois, seguida por Draco, Bellatrix ainda não tinha silenciado a câmara, e pausas não eram o seu forte.


Narcissa e Draco trocaram um olhar pesado, cheio de amarguras e sentimentos acumulados, que durou apenas alguns instantes. Nenhum deles disse nada, apenas olharam para a outra direção. Aquela era uma conversa que, por mais necessária que fosse, talvez nunca ocorreria se fosse por ela.


- Tia Narcissa...


- No porão, é onde a sua mãe está. Na mais funda das masmorras, - Narcissa respondeu à pergunta mesmo antes da mesma ser pronunciada.


Melinda assentiu e andou até onde Narcissa indicara, Draco nunca a seguiu, não sentia-se disposto a presenciar o que fosse que a criatividade de Bellatrix estava criando naquela câmara.


- Snape então os liberou de Hogwarts... - Narcissa comentou um pouco depois que Melinda saiu, quando o clima já estava pesado demais.


Draco sorriu e sentou-se ao lado da mãe no sofá. - Melinda decidiu usar seu poder de, hm, persuasão. - ele deu de ombros.


- Imagino que Severus não tenha ficado muito feliz com isso.


- Provavelmente tanto quanto você não deve ter ficado feliz ontem. - ele devolveu, olhando-a intensamente. - Fale comigo, mãe. Sou o único que... Com quem mais vai falar sobre isso? Tia Bella? Melinda? O Lorde das Trevas?  


Narcissa não respondeu, apenas olhou para o colo e negou co a cabeça, então Draco segurou sua mão, fazendo-a olhar novamente para ele.


- Devastada. - ela finalmente respondeu. - Draco eu... eu quase, em alguns momentos, e então ontem... por um milésimo de segundo, eu a odiei. - Draco franziu o cenho. - Uma parte terrível de mim que... que há muito não existia. Eu sei que a culpa é dele, e somente dele, sem perdão ... Minha irmã é a vítima, isenta de culpa, e eu deixei minha mente me enraivecer porque meu marido a “amava”, porém ele não a ama, Draco...


- É óbvio que não.  


- E culpar a vítima de algo tão terrível, tão vil...? Nada, absolutamente nada que ela tenha feito... Ele fez para machucar, para sobrepujá-la, e eu nunca vou me perdoar por ter...


- E quanto a ele?


- O odeio, Draco, pelo o que fez a minha irmã, a nós... Pela pessoa que se tornou, ou sempre foi... eu não sei... Mas agora, ele não escapará da minha irmã, meu filho.


- Eu sei, e a tia Bella vai acabar com ele pedaço por pedaço. E tudo o que eu sinto é um sentimento de justiça. Ele procurou por isso, e a tia Bella tem todo o direito de fazer o que bem entender...  que ainda vai ser pouco.- ele cuspiu as palavras. - Eu também o odeio, e fico feliz que estejamos na mesma página sobre isso. - ele deu um beijo na bochecha de Narcissa. - Nós somos a nossa família agora.


 


Assim como Bella não notara a presença de Voldemort, o mesmo ocorreu com Melinda, que observou por alguns minutos da porta, antes que mesmo Lucius notasse sua presença. Ele riu, de desespero e sarcasmo em uma mistura perturbadora.


- A família toda veio, que lindo, onde está o Draco? Também vai ajudar a titia? - ela entrou na câmara, enquanto Bellatrix colocava de lado o utensilho enferrujado que antes segurava.


- Sinto interromper, - Melinda se desculpou, - mas como pude deixar Hogwarts...


- Sem problemas querida, não é como se Lucius pudesse ir a algum lugar. - Bellatrix respondeu, sorrindo.


- Ótimo, então creio... - ela se aproximou de Lucius, cujo corpo se contraiu, e sorriu de canto. - Não se preocupe, Malfoy, você está a salvo de mim. Não tocarei em um fio de cabelo seu... Apesar de que minha mãe não lhe prestará, como já vejo, a mesma cortesia.


- Obrigado pela sua cortesia, Melinda. - ele respondeu com sarcasmo, e Bellatrix afivelhou uma faixa de couro ao redor da boca dele.


- Bem melhor.


- Podemos almoçar juntas, creio?


- Perfeito. Nos vemos mais tarde, Lucius, temos muito a conversar ainda.





Apesar das piadas que fizeram, as duas seguiram caladas até o piso superior da Mansão, onde tinham certeza que Lucius não as ouvira. Melinda parou subitamente e Bellatrix a encarou, suspirando.


- Vou subir, lavar esse sangue de mim, e então poderemos almoçar. - ela disse, em tom final. - Não antes disso, principalmente pois tenho essa certeza de que irá inundar-me com perguntas.


- Provavelmente.


- Mais uma prova de que este será um longo almoço. Sei que veio de Hogwarts, então sugiro que também tire o seu tempo para se refrescar e relaxar um pouco... - Bellatrix virou de costas para sair, mas parou, voltando a encara a filha. - Você já...?


- Sim, já passei na Mansão Slytherin; aparentemente, fui tola o suficiente para supor que estaria lá.  - a voz dela carregava alguns tons de reprovação, que Bellatrix simplesmente ignorou.


- Podemos conversar sobre isso no almoço, vou ordenar que os elfos o sirvam no jardim. Imagino que Narcissa e Draco também precisem de certo tempo sozinhos. - Melinda assentiu, e Bellatrix se retirou, deixando a filha para trás não muito satisfeita.


 


Na privacidade de seu quarto, enquanto deslizava seu corpo para dentro da banheira e deixava a água quente relaxar seus músculos tensos pelo trabalho de antes, Bellatrix ponderava. Ansiar por algo é inerente ao ser humano, e como em todos os casos, quanto mais tempo a ânsia é mantida, mais a necessidade de cumprí-la consume. No caso dela, finalmente o tempo de sofrimento acabara e o de Lucius apenas começara. E seria longo, para que o cumprimento não deixasse a desejar no gosto final da vingança. Tudo seria perfeito.


Bellatrix esfregou uma mão na outra, o sangue deixando sua pele e manchando a água abaixo de si, o sorriso nunca deixando os belos traços da bruxa. Seu corpo inteiro perdera toda a tensão e ela sentia-se viva como nunca. Não, nada similar às outras vezes, nada parecida consigo mesma de dias antes… Ela era ela mais uma vez, finalmente, e não deixaria que nada mais lhe tirasse o que lutara tanto para conseguir.


Sua criatividade inundava sua mente com o que faria a Lucius, como o machucaria, e parecia que nunca acabariam as possibilidades de fazê-lo pagar. Seu coração, bem no fundo, enchia-a de sentimentos que ela não queria ter, de como aquilo não teria acontecido novamente se o Lorde não a tivesse trancafiado lá, e, por mais que isto tivesse facilitado, ela sabia que no fim das contas a culpa era exclusiva de Lucius. Contudo, ela tentava apagar a mágoa ue se instalava nela em relação àquele castigo que facilitara tudo.


Bellatrix amava o Lorde das Trevas mais do que a si mesma, mais do que era capaz de suportar, pelos dois, como ele no passado havia dito, mas além disso, ela o respeitava, lhe era leal, e aqueles pensamentos e mágoas manchavam sua lealdade de forma que lhe incomodava admitir. Ela não queria aqueles sentimentos, então qualquer um deles ela descontaria em Lucius Malfoy, limpando sua alma daquilo, voltando a ser a Bellatrix que não pesava, que não media as ações de seu Lorde…. Lady das Trevas, que ela mal sabia se ainda era, ou não.


Ela escorregou até que a águua cobrisse sua cabeça, numa tentativa de afogar os pensamentos que não queria ter, e concentrou-se em tirar todo aquele sangue de si, o que levou um tempo um pouco maior do que ela desejaria, mas não que isto a tivesse incomodado.


 


Muitos minutos depois, quando Bellatrix já estava pronta, o vestido carmim ajustador perfeitamente a si - e que esconderia melhor as manchas de suas aventuras, por assim dizer, nas masmorras… Ela olhou o anel sobre a cômoda, como se a encarasse, e ela o colocou no dedo, fechando os olhos, aquilo fazia-a sentir certa, como as coisas deviam ser, como se estivessem voltando a seu lugar, mesmo que ela tivesse certeza de que não estavam.


Bellatrix foi ao encontro da filha, sentou-se à frente de Melinda, que não parecia mais feliz do que estivera antes. Era óbvio que a garota julgava as escolhas dos pais, e não era como se ela não tivesse razão em diversos pontos, e Melinda não era o tipo de pessoa que perderia a opinião de expressar sua opinião - especialmente uma discordante.


- Vá em frente, diga o que tem a dizer... - Bellatrix disse, soando mais cansada do que desejava.


- Não creio que eu precise, já sabe o que quero dizer, mas já que insiste: não devia estar aqui. Seu lugar é na Mansão Slytherin -


- Meu lugar não é para você decidir, Melinda. - Bellatrix cortou-a, e a filha enrigeceu o maxilar, numa clara tentativa de segurar a irritação.  


- Pode não ser, mas certamente não é aqui e não precisa-se ser um gênio para perceber algo tão óbvio. - Melinda brincou com a comida com seu garfo, mas não chegou a comer, com aquele assunto tão pesado não era de se espantar, apesar de Melinda ter estômago para coisas piores.  - A questão é que ambos vocês são mais teimosos do que qualquer um poderia aguentar.


Bellatrix revirou os olhos e largou o garfo que acabara de pegar, indo direto ao vinho. Aquela discussão seria impossível sem algum álcool. Melinda, às vezes, era tão parecida com o pai em suas convicções que chegava a ser impressionante até mesmo para Bellatrix.


- E não deixaremos de ser, - Bellatrix respondeu, após beber um longo gole de seu vinho, e foi a vez de Melinda revirar os olhos mal criada.  - Meu ponto é... Eu permanecerei aqui, Melinda... Por uma série de motivos. Para começar, minha vingança em relação ao Lucius está me entretendo imensamente.  - Melinda imaginava. - E... quanto ao Lorde e eu, às vezes penso que o que quer que nós temos parece ter se alongado além de seu tempo e... está tirando o foco dos pontos principais. Estamos em guerra, Melinda, ele é o líder deste lado, eu sou uma das tenentes... não podemos nos dar ao luxo de resolver nossos problemas pessoais.


- E você não pode deixar-se ressentir, não é mesmo? - Melinda comentou, pela primeira vez mordiscando a comida. Bellatrix não tinha certeza do que responder, ela apenas fitou o próprio prato sem falar nada. - É leal demais para até mesmo admitir o que está sentindo. É óbvio que está ressentida. Eu estaria. Ele a trancou aqui com Lucius, isso foi pesado, e, bem... deu no que deu. Este é o verdadeiro motivo, quer queira concordar ou não: ambos estão fugindo da mesma coisa... Sentir algo que não querem. Merlin sabe que esta conversa com ele não foi muito mais produtiva.


Bellatrix sentou-se mais ereta na mesa, encarando Melinda em perfeito choque. Era inacreditável que a filha tivesse levado este tipo de conversa ao Lorde das Trevas. Em alguns momentos, o sangue daquela garota fazia-a perder a noção do perigo.


- O que disse a ele? Melinda, sendo ou não do sangue dele, deve-o respeito como qualquer outra Comensal e este tipo de assunto-


- Devo respeito a ele, e exatamente por isso devo a verdade. Vocês estão indo pelo caminho errado, os dois. A Ordem da Fênix deve estar dando vivas agora. - Melinda respondeu debochada. - Até eles sabem que são mais fortes juntos.


- Eu não o abandonei. - Bellatrix protestou. - Nunca o faria, sabe disso melhor do que eu.


- Sabe que não foi o que quis dizer. A relação de vocês nunca mais será a mesma, por mais que desejem e tentem... Sempre haverá nostalgia, mágoa ou ambos. - ela deu de ombros. - Mas vocês parecem estar dispostos a arriscar, então não vou discutir mais do que já o fiz.  


Bellatrix segurou-se para nao suspirar aliviada e encorajar Melinda por tabela. No fundo, ela sabia o quão correta Melinda estava. Ela mesma não conseguira segurar a si mesma, seus próprios pensamentos, quando o vira mais cedo. Sabia também que nunca conseguiria.


- Ainda bem, pois imagino que também queira terminar seu almoço em paz. - Bellatrix disse, retornando a seu vinho.


- Sim, - a filha respondeu, tornando sua atenção à comida. - Imagino ser um pecado disperdiçar comida tão bem preparada.


A exemplo da garota, Bellatrix concentrou-se em comer e um silêncio incômodo desceu sobre aquela mesa, Melinda inconformada com a teimosia dos pais, e Bellatrix com os próprios erros e sentimentos. Talvez o maior de seus erros fosse ter desobedecido Voldemort daquela maneira, deixado-se apaixonar quando ele tão claramente condenava aquilo. Ali estava ela, quase duas décadas depois... Colhendo dentro de si os frutos de sua desobediencia. Ele era o Lorde das Trevas, nunca deixaria de sê-lo, e continuaria a puni-la por mais que... Ela inconscientemente segurou os talheres com mais força, e a comida tornou-se difícil de engolir.


Ela olhou para cima e Melinda a observava, daquela mesma maneira que ele costumava fazer, intrigada. Era como se ela pudesse lê-la como um livro aberto, mesmo que sua barreira de oclumência estivesse mais forte do que nunca. Possivelmente, Melinda não precisasse mais daquele artifício para conhecer seus pensamentos.


- Diga...


- Isso nunca vai deixá-los... A escala de cinza entre a Bellatrix e a Lady das Trevas. Pensaram que ia quando se tornou a Lady, mas isso nunca vai acontecer. A não ser que você, ele, e todos aceitem que você é diferente deles. Que tem privilégios, que tem algo que eles não tem: ele se preocupa com o seu bem estar. Somente a partir dessa aceitação, as coisas se tornaram brancas ou pretas novamente, você aí sim será a Lady. Igual a ele, e não somente acima dos outros.   


- Melinda.


- Desculpe-me, não foi para isso que eu vim afinal. Foi para ver como estava, porque.. - ela pirrageou. - Querendo ou não, com vingança ou não... O que aconteceu, aconteceu e não há como ignorar. Sei que combinamos de ter um almoço pacífico, mas... sob as circunstâncias, sinto não poder sustentá-lo.


Bellatrix pegou mais uma vez a taça de vinho e daquela vez, tomou longos e demorados goles enquanto a filha a observava atentamente. Ela não sabia o que dizer a Melinda, ela não sabia como sentia-se. Estava dormente quanto àquilo, não queria sentir, queria apenas ter a vingança sendo sua segurança, seu trunfo para lidar com aquela situação.


- Sinceramente... - ela deu de ombros. - Eu estou cega, minha cara, com a vingança. Ter Lucius em minhas mãos para descontar todo o ódio está nublando meu julgamento sobre mim mesma, Melinda.


A jovem fez que ia falar, mas Bellatrix levantou a mão, calando-a imediatamente. Não que a garota tivesse calado-se muito feliz, ela bufou e cruzou os braços enquanto a mãe falava novamente.


- Eu não estou tentando te enrolar, Melinda.


- Eu não disse isso...


- Pensou.


- Achei que eu era a Legilimens. - Melinda respondeu, mal criada demais para ela mesma, soando muito mais infantil do que era de fato. Ela fez uma careta ao perceber como soara. - Desculpe, não quis ser tão mal educada.


Bellatrix riu-se, dando de ombros e segurando a mão da filha. - Estou falando sério, Mel. Entregar-me Lucius foi a melhor coisa que o Lorde das Trevas já fez, a melhor recompensa que eu já pude ter.


Melinda pareceu satisfeita, respirando conformada. Não conseguiria tirar dela mais do que já tirara, então o jeito era desistir, apesar de esta ser uma palavra da qual a garota não gostava.


- Quando deve voltar a Hogwarts? - Bellatrix mudou o assunto.


- Creio que ainda hoje... - ela respondeu, com um sorriso de canto. - Snape não estava exatamente feliz com minha saída para começar... Apesar de não poder ligar menos para o que ele pensa... Bellatrix levantou a taça e sorriu. - Bebamos a isso.


 


Lucius estava sozinho nas masmorras, suas feridas enlouquecendo-o em sua dor. Bellatrix estava sendo cada vez mais criativa, e ele sofrendo cada vez mais. Sentia partes de si perderem a sensibilidade e o cheiro de podridão era penetrante. A pior parte era que ele sabia que nem de longe estava perto de sua morte. Bellatrix asseguraria isso.


O ranger da porta fez todos os seus músculos enrijecerem em preparação para o que estava por vir, mas para sua felicidade não foi Bellatrix que ele viu cruzar a porta. Katherine Parkinson apoiava-se no portal, analisando a situação dele.


- Vai tripudiar?


- Não... Tenho certeza de a situação é ruim o suficiente sem minhas considerações. - ela respondeu, entrando na câmara, e fitando-o com nojo. - Ela está sendo bastante criativa, preciso dizer. O que você fez para merecer isso, Malfoy?


Lucius engoliu seco, mas não respondeu a pergunta de Katherine, observando o teto da câmara como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Ela negou com a cabeça, e deu uma risada amarga, mas não incrédula. - É claro que não vai falar, sabe que se o fizer ela vai prolongar mais a sua dor, prefere ficar calado. Bellatrix tem a colleira bem apertada em você, eu vejo.


- O que ela fez, para que a odiasse tanto? Eu sei que destruiu seu casamento, mas isso foi depois, foi há pouco tempo. Seu ódio é antigo... Qual dos seus namorados ela roubou? Ou foi uma posição de monitora em Hogwarts?


Katherine aproximou-se mais, e debrucou-se sobre a mesa de tortura onde Lucius estava deitado, o ódio e amargura emaranhados em cada pedaço do rosto dela, na forma como respirava. - Nada disso... Não sou tão fútil, Malfoy... Se bem que, sim, ela o tirou de mim. Mas não assim. Já amou alguém na vida, Malfoy? Verdadeiramente?


- Sim, eu pelo menos acredito que sim.


- Bellatrix, huh? - ele concordou. - Chame do que quiser o que sente por sua cunhada, e use de exemplo se quiser, mas eu me refiro à forma como ela se sente pelo Lorde das Trevas, o tipo de amor que consome e constrói ao mesmo tempo, que faz com que você sinta-se vivo, parte de algo, que te completa... Eu senti, uma vez.


- Não pelo seu marido...


- Não... um colega, ainda nos tempos de Hogwarts. Pertencia à Corvinal, sua inteligência foi o que me fez olhar para ele, me ajudou uma vez em uma aula...Naquela época, eu ainda era tola o bastante para pensar que sua cunhada podia ter amigos, que sabia ter. - ela suspirou, o arrependimento de seus erros passados tão óbvio que era triste assistir. -  Contei a ela, e Bellatrix... oh, ela apoiou-me, Lucius, devia ter visto.


- E quando a vadia mostrou o rosto?


O rosto de Katherine fechou-se, o corpo todo rígido, as lembranças provavelmente sendo mais do que ela conseguia aguentar. - Um mês, o tempo que levou para ela arquitetar a maneira perfeita de me destruir... Ela... Ela contou para os meus pais que ele era mestiço, e o fez de uma forma que eles a acham a jovem mais preociosa do mundo, ajudando sua amiguinha a livrar-se de uma vergonha em sua vida. Tinha que ver como eles a elogiavam, e, enquanto eu gritava com ela e a xingava, eles diziam que um dia eu ia agradecê-la e desculpavam-se com ela. Minha mãe a abraçou. E no dia seguinte, eles conseguiram trazê-lo até nossa casa... E foi o último dia de vida dele. Bellatrix destruiu minha vida Lucius, pelo mero prazer de fazê-lo, e eu a reencontrei anos depois quando meu marido decidiu tornar-se Comensal, e a vi sempre tão acima de todos, e ainda mais tempo se passou e eu assisti Melinda destruir a vida de Pansy como sua mãe outrora fizera com a minha e não pude suportar... e tudo o que eu conseguiu foi: Bellatrix tornar-se a Lady das Trevas. Eu a odeio, Lucius, sim, muito, e não vou descansar até acabar com ela.


- Percebe-se...


- Eu fui até Rodolphus Lestrange, sabia? Pedir-lhe ajuda... Mas o tonto já se tornou o melhor amigo dela, mesmo depois de anos sendo traído, é o que eu chamo de um ser superior. - ela contou, sarcástica, e Lucius teria rido se não fosse tão doloroso. - Logo, venho a você. Sei que não pode me ajudar com ações, mas ideias. Conhece Bellatrix tão bem...


Lucius não precisou pensar muito pra responder. - O calcanhar de Aquiles dela é conhecido... e intocável, mas não o que eles têm. Acabe com o relacionamento deles para sempre, e acabará com Bellatrix.


- Eles estão brigados,


- Ela o perdoará. Tem que ser melhor do que isso, convença-a de que ele perdeu o interesse nela, como mulher e comensal, de que ela tornou-se descartável para ele, e Bellatrix tornará-se sua própria ruína...


Os olhos de Katherine brilharam, ir até Lucius tinha de fato sido uma ideia brilhante, aparentemente, ele já tinha todo um plano formado, e ela só tinha que executar. -  Como? - ela finalmente perguntou, e ele sorriu, acenando para que ela chegasse mais perto.





Draco e Melinda não ficaram muito mais na Mansão, no final da tarde já estavam a caminho de Hogwarts; Draco nunca descera as escadas para ver o pai, era melhor assim, Narcissa preferia assim, também.


Após a saída dos dois, aproximadamente uma hora depois, Narcissa encontrou Bellatrix sentada na Biblioteca, com um copo de uísque de fogo, numa posição muito similar à que ela própria estivera poucas horas antes.


- Pensativa, - a loira comentou, sem emoção, servindo-se também de uma dose, o que causou uma risada um tanto sarcástica vinda de Bellatrix.


- Pensei que você fosse adepta do vinho, - ela comentou, bebericando de sua própria dose. - Não sei, sempre me deu esta impressão.


Narcissa respondeu com o mais frio dos sorrisos, dando de ombros. - Certas situações na vida demandam entorpecentes mais fortes, de ação mais rápida. - ela respondeu, trazendo o copo à boca.


Bellatrix observou enquanto a irmã bebeu, não evitando a careta que seguiu-se a cada gole - o que quase provocou um sorriso na irmã mais velha - e sentar-se no sofá oposto ao dela.


- Algum dia superaremos isso? - Narcissa perguntou cansada, - O estranhamento que sentar na mesma sala que a outra causa.


Bellatrix riu-se, virando o resto do conteúdo em seu copo, - Não sei, Cissy. - ela respondeu, sincera. - Seu marido causou uma bela confusão nessa família, devo dizer.


- E está recebendo por isto. - Narcissa devolveu, e Bellatrix cerrou os olhos, curiosa.


- Incomodada com o tratamento que tenho dado a ele?


- Gostaria de poder dormir em minha própria casa, sim. Por que está me punindo também, Bella? - Narcissa apertou o copo entre seus dedos. - Nada disso é minha culpa, e minha casa transformada num inferno não estava exatamente em meus planos.


- Seu ponto?


- Faça o que quiser com Lucius, destrua-o pedacinho por pedacinho, mas silencie a droga do quarto enquanto o fizer. É uma delicadeza que imaginei poder esperar de você; como eu estava errada, huh?


Bellatrix ajeitou-se no sofá, negando com a cabeça, enquanto uma expressão incrédula apoderava-se de seu rosto. - Silencie o seu. - ela respondeu, dura. - E conseguirá dormir perfeitamente. - com isso, ela bebeu o resto do conteúdo de seu copo. - Meu problema não é contigo, Cissy. Não estou te punindo. Acredite ou não, isto não é sobre você. Algumas coisas no mundo não giram a seu redor, por mais dificil que possa ser de acreditar. Você não é a pessoa que eu quero ouvindo. - Bellatrix levantou-se e encheu o copo novamente.


Narcissa a olhou como se tivesse acabado de engolir algo de gosto ruim, e ainda estivesse engasgada. Ela soltou uma gargalhada amarga. - Às vezes eu me esqueço de que gentilezas soam para você como fraqueza e de que não tenho mais poder sobre minha própria casa. - ela levantou o copo. - Beberei a isto.


- Fique à vontade. - a morena deu de ombros, arrumando o vestido a sentar. - Porém a sua casa, querida irmã, tornou-se um quartel general. Já está mais do que na hora de abrir mão desta utopia de que ainda pode apegar-se a alguma ideia de liderança aqui dentro.


- Pensei que não fosse a Lady das Trevas mais, - Narcissa devolveu, num tom cortante. - Que era por isto que tinha voltado sem o anel, mas vejo que ele já está de volta a seu lugar. - os olhos azuis se fixaram na esmeralda cintilando no anelar esquerdo da irmã.


Bellatrix moveu-se desconfortávelmente, e a bebida que desceu por sua garganta queimou mais do que o normal. Repentinamente, ela sentia seu sangue ferver. - Talvez eu não seja mais, contudo nesta guerra eu ainda tenho a patente mais alta de todos nessa casa. - ela bateu o copo na mesa de centro. - Se quiser brincar de casinha e dar ordens aos elfos, que o faça, não poderia ligar menos. Mas quanto à guerra, deixe-a nas mãos dos adultos, Cissy.


Bellatrix levantou-se, sem olhar para trás. A irmã conseguira tirá-la do sério mais do que ela gostaria de até mesmo admitir. Não havia chegado à porta quando ouviu a voz de Narcissa chamando-a.


- O que foi? - perguntou girando nos calcanhares, mal humorada.


- Eu… Hm… Como você está? - a loira perguntou, cruzando os braços de maneira desconfortável, esquisita. - Devia ter sido a primeira coisa que eu perguntei quando te vi.


Bellatrix riu-se, com um certo tom de sarcasmo por trás das notas de diversão. - Não totalmente não teremos essa conversa, Cissy. Desculpe-me, mas… Simplesmente não. Não agora, não sei se algum dia.


Narcissa fitou o próprio colo, balançando a cabeça e focando-se novamente no uísque de fogo que bebia, perguntava-se a que ponto haviam chegado, ambas. Ela havia atingido o fundo do poço, e assistia Bellatrix fazer o mesmo aos poucos. Seriam suas vidas as mesmas algum dia? Elas se recuperariam? Ela duvidava.


- Bebamos então a nós, - Narcissa levantou o copo, - Fechando-nos em nossas próprias angústias porque nunca mais conseguiremos confiar na outra. Ou pelo menos você em mim.


- Nunca confiou em mim, Narcissa. Sabe bem disso. Menos ainda quando soube do que aconteceu entre Lucius e eu em Hogwarts. - Bellatrix riu-se. - Escondemos de você a vida toda, até…


- Até aquilo voltar para morder você. - Narcissa completou. - Até você ter que me contar.


- Basicamente.


- Por que nunca me contou? - a loira disparou, do nada. - Porque eu nunca soube disso?


- Quer saber se rimos às suas custas? É isso? Se seu marido e seu discutíamos como você foi o prêmio de consolação dele? - Bellatrix aproximou-se novamente. - A Black que ele pôde ter, em vez da que ele queria ter? - Narcissa engoliu seco, segurando o copo com mais força. - Sabe a resposta para isso, Narcissa, por Merlin. Por que estamos desenterrando esse assunto mesmo? Lucius e eu não tocamos no assunto de nosso affair adolescente até o dia em que ele me tirou de Azkaban… E eu já te falei, não era importante para mim.


- Não foi isso que eu perguntei. - Narcissa levantou-se, deixando o copo cair. - Dois anos, Bella, você levou quase dois anos para me contar o que ele tinha feito com você e só porque...só porque eu ataquei você por perdoar o Lorde das Trevas depois do Ministério você me contou, para mostrar que Lucius era ainda pior.


Bellatrix desviou o olhar, recusando-se a encarar Narcissa. Ela não queria mais discutir, piorar tudo, mas a loira estava-a arrastando para aquele assunto tão desagradável. - Você nunca acreditaria, Narcissa, como nao acreditou quando lhe contei… Como chamou-me de louca! Possivelmente, se o Lorde das Trevas não tivesse confirmado, teria dito que eu forjara as evidências! E, dependendo de quando eu contasse… - Bellatrix respirou fundo e balançou a cabeça.


- Seria pior para você… Quem diria que algum dia eu ouviria vulnerabilidade na sua voz, Bella, seu temor por ele era real. - Bellatrix riu-se amargamente, olhando nos olhos da irmã com incredulidade.


- Eu vivia sob o teto dele, Narcissa. - ela respondeu, tentando acalmar-se. - Ele chegou a mim não uma, mas duas, aliás, três vezes. Não tenho medo de Lucius agora, não com ele trancafiado e com pedaços do corpo faltando e outros que não deviam estar aparecendo para fora, muito menos o temi depois de me tornar a Lady das Trevas. Diabos, não o temi logo depois que o Lorde voltou às nossas vidas! - ela parou para respirar. - Mas você deve lembrar-se da sombra de mim mesma que me tornei naquela época, no quão derrotada estava, então sim, Narcissa, eu o temia. E eu sabia do lado de quem você ficaria…


Bellatrix virou-se de costas para Narcissa mais uma vez, cruzando os braços sobre o peito e fechando os olhos. Maldita hora em que haviam iniciado aquela conversa infernal, aquele assunto estava enterrado e assim devia ficar.


- Bella…


- Chega do momento profundo e tocante, Narcissa, temos uma guerra para lutar. O que está no passado nele deve ficar. - Bellatrix atravessou o cômodo até a porta, onde girou nos calcanhares e fitou Narcissa. - Se seu marido tivesse aprendido essa lição, e não fosse um canalha nojento, não estaria sendo fatiado naquele porão imundo. Agora, se me da licença, é exatamente isso que eu vou continuar fazendo.


Bellatrix sumiu pela porta e Naricssa escondeu o rosto nas mãos, segurando as lágrimas. A pior parte era que ela sabia que a irmã estava provavelmente certa, se ela tivesse contado, ela não teria acreditado. Maldição, maldição na vida dela era aquele seu amor por Lucius.


 


Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts


 


Quando Draco e Melinda finalmente desaparataram em Hogwarts, Snape estava esperando-os nos portões da escola, de cara fechada e extremamente mal humorado.


- Achei que não voltariam. - ele comentou, frio.


- Mas é claro que voltamos, - Melinda respondeu, tirando a capa de viagem. - Ainda temos aulas, se lembra?


Snape riu-se amargamente, negando com a cabeça, seus feições contorcendo-se numa careta de desgosto. - Pensei que a realeza não precisasse finalizar seus NIEMs.


- Oh, mas é claro que precisa. - Melinda respondeu, divertindo-se com o quão carrancudo ele estava. - Agora se nos dá licença, estamos cansados e precisamos descansar.


- Aulas o dia todo amanhã como bem sabe, professor. - Draco completou. - Boa noite.


Eles passaram por ele, o diretor girando em seus calcanhares para acompanhá-los com os olhos. - Boa noite, Malfoy.


Snape olhou para para baixo, refletindo sobre a mudança que vira ocorrer em Draco Malfoy com o passar dos anos. Ele estava se tornando o que o Lorde das Trevas queria dele, um comensal, um assassino... Mais do que o pai jamais fora, e tudo o que Narcissa não desejaria para ele.


- Pensativo... - ele ouviu uma voz conhecida, e olhou para ver Gabrielle esperando-o, coberta pela capa da Sonserina.


- Seus amigos acabaram de chegar. - ele respondeu, andando até ela.


- Tão mal humorado. - ela disse, divertindo-se muito mais do que ele desejaria. - Podemos trabalhar nisso... Cinco minutos, na sua sala.


Ele não poderia negar que ela estava certa, então simplesmente assentiu e observou-a se distanciar, com um sorriso quase melancólico no rosto. O relógio estava correndo contra ele, contra eles, a atmosfera ficava cada vez mais pesada, e ele sabia: estava prestes a perder Gabrielle, ou perder aquilo pelo o que lutara todos aqueles anos… A ideia o assombrava, a ideia de ter que escolher.


- Eu já estive aí, sabia? - ele ouviu uma voz familiar, e virou em sua direção, espantado. A jovem que o encarava tinha longos cabelos ruivos, como Lily tivera um dia, mas feições completamente diferentes. Nicky Tonks. - Reconheço esse olhar em qualquer lugar, diretor. Dúvida. Seja o que for que você está decidindo, é melhor tomar essa decisão logo, porque o relógio está fazendo tique taque na nossa direção. Não se preocupe, não estou insinuando nada como Melinda e a Lady das Trevas, apenas dando um conselho como alguém que também já teve que tomar decisões muito complicadas.


Snape abriu e fechou a boca, não sabendo como responder, uma vez que não esperava Gabrielle ali, muito menos Nicky. Era como se a aluna pudesse vez por detrás de suas defesas, e ele não gostava daquele talento que parecia ser tão comum àqueles ligados de alguma forma a Bellatrix Lestrange.


- Não sei do que está falando, Tonks, mas lhe aconselho a ir para seu dormitório. - ele respondeu, seco, bem típico da maneira como tratava os alunos em geral. - Ou para o salão comunal, como bem preferir. Se me dá licença, eu tenho que ir.


 


Dispistar Snape com a desculpa de que eles precisavam dormir não impediu que Melinda recebesse uma coruja na manhã seguinte, vinda de seu mal humorado diretor. E olha que Gabrielle tinha aparecido no Salão Comunal somente pela manhã…


- Queria falar comigo? - Melinda perguntou, assim que entrou no escritório de Snape, que a esperava sentando, de braços cruzados. Ele apenas indicou-a a cadeira, e ela se sentou. - Fale então, sou toda ouvidos.


- Melinda, o que aconteceu ontem não pode se repetir… - ele disse, cansado, e massageando as têmporas. - Eu sou o diretor de Hogwarts e você é minha aluna!


- Caímos então na mesma questão de ontem, as hierarquias estão bastante bagunçadas…


- Não, não estão! - ele tentou não se alterar. Precisava conseguir controlar Melinda, ou então qual seria o propósito de tudo aquilo. - Aqui dentro não existe a Princesa das Trevas!


Melinda claramente tentou segurar uma risada um tanto quanto mal educada que estava prestes a soltar, ela precisava ser educadas apesar de sua total falta de vontade para tal .


- Continue dizendo isto a si mesmo, Snape, se te faz bem; porém, cedo ou tarde a realidade há de cair: Sua preciosa Hogwarts nunca mais será a mesma, e nem ela nem nenhum de nós dentro destas paredes está a salvo da Guerra que nos cerca…


- Triste ver como não consegui colocar qualquer consciência em você, Melinda…. - não foi Snape quem falou, mas o quadro acima dele na parede, o quadro de Dumbledore. - Tão jovem, tão corrompida por um poder que não devia ter, que obteve cedo demais… tão…


- Filha de meus pais? - ela deu risada, olhando de Snape para o quadro. - Olá para você também, velho. Como está aí para onde Draco te enviou?


- Outro caso lamentável que eu não consegui salvar, por mais que tivesse mais esperanças para ele do que tinha com você…


- Oh, Dumby, era a sua influência contra a minha… Acha mesmo que tinha quaisquer chances de vencer? - ela riu mais ainda, deliciada com aquela situação. - Bom, veja aonde isto o levou, não é mesmo?  Diga-me, como se sente não tendo notado que estava dando aulas àquele que se tornaria o maior bruxo de todos os tempos? Um das trevas, ainda? Oh, e como foi ver crescer aquele que lhe tiraria a vida?


- Sinto não ter impedido a corrupção de ambos, e de sua mãe… cujo caso era mais delicado, pois vindo da familia que vinha, seu comportamento era esperado, então… não havia muito o que desconfiar.


- Até ela se tornar quem hoje é… com um poder inimaginável e crueldade maior ainda… Destino, Dumby, meu caro… Não conseguiria nos impedir, não com seus meios… Apenas matando-nos, mas não é de seu feitio. Cada um tem sua maneira de resolver as coisas, a de Snape é obliviação.


- O que diabos quer dizer com isso?  - Snape levantou-se, mais afetado do que desejava demonstrar.


- Que eu sei que por qualquer razão que seja, obliviou a Gabrielle, Snape. As memórias confusas dela, o tempo que ficou aqui naquele dia… peças de um quebra cabeças que levam a uma única conclusão… - ela estava tão calma que ele queria esganá-la.


- O que diabos…?


- Sabe que não consegue me enganar, não mais… Eu sei que você fez isso, e sei que se eu procurar o bastante consigo achar na sua mente… Ou vai fechá-la para mim, Snape? E assinar seu atestado de culpa.


- Não se atreveria.


- Oh, teste-me, professor Snape. Podemos ficar horas numa batalha de Oclumência e Legilimência aqui, mas eu sei o que procurar… e mesmo que consiga esconder de mim, não me convencerá. Pode apenas admitir, e sair andando disso, ou as coisas podem ficar feias. Você obliviou Gabrielle Ceresier?


Snape sabia que era capaz de mantê-la fora, mantivera Voldemort por tantos anos, mas… ela sabia o que procurar, e se algo escapasse. Maldita garota, e de qualquer forma, se contasse suas suspeitas a Gabrielle, seria o suficiente para que a loira desconfiasse dele, tamanha a admiração que tinha por aquele pequeno projeto de monstro.


- Todos fazemos coisas das quais nos arrependemos… por nossos motivos… - ele respondeu antes de perceber o que havia feito, e olhou para o copo em sua mesa, que já estava lá quando ele havia chegado. Nas mãos de Melinda, um pequeno frasco. Veritasserum, ele devia ter testado o suco de abóbora, mas sempre estava lá, os elfos sempre. - Eu a obliviei porque não queria perdê-la e… - antes que ele pudesse terminar, ouviram um barulho do outro lado da porta, e tudo o que viram quando a abriram, foram os cabelos loiros de Gabrielle descendo as escadas correndo. Pensando rapidamente, Snape correu daquela sala, deixando Melinda sozinha antes que ela conseguisse mais informações do que havia vindo buscar… Quando ela teria colocado o Veritasserum? Teria encantado algum elfo para tal? Não importava, ele tinha que se ficar o mais longe possível dela até o efeito passasse. Só então ele poderia falar com Gabrielle, pois ela também tiraria tudo o que quisesse dele, coisas que não poderia tirar.


 


Mansão Malfoy


 


- Gabrielle, - Bellatrix disse, surpresa, ao ver a loira entrar pela porta da Mansão Malfoy. Ela tinha os olhos vermelhos e o rosto manchado pelas lágrimas, e ao ver Bellatrix, ela desviou o olhar para o chão. - O que está fazendo aqui?


Narcissa apareceu logo atrás de Bellatrix, parecendo bem menos confusa do que a irmã estava. - Ela me pediu para vir pra cá, - Narcissa explicou. - Aparentemente, ocorrerram problemas. - ela indicou o malão de Hogwarts da jovem flutuando atrás dela.


- Problemas? - Bellatrix arqueou a sobrancelha e deu um passo em direção de Gabrielle, que abraçou a si mesma, dando de ombros. - Com o traidor?


- Bellatrix! - Narcissa repreendeu-a, andando rapidamente para abraçar Gabrielle. - Isso lá é jeito de se falar, se o Lorde a ouvisse-


- Ele já me ouviu falar assim, e é o que penso, Gabrielle sabe bem. - Bellatrix devolveu.


- Está bem, madame Malfoy… No fim, provavelmente é verdade. - Narcissa afastou-se de Gabrielle, olhando-a com confusão. - Ele… ele me Obliviou.


- O que? - Bellatrix franziu o cenho, controlando-se para não deixar os lábios formarem um sorriso. Por maior que fosse seu ódio por Snape, ela gostava da menina.


- Exatamente, eu o ouvi dizendo. Saindo dos próprios lábios dele, eu…- ela deu de ombros - Obviamente eu não sei o que ele apagou, ou porque, mas a quebra de confiança… Como eu vou saber que não está certa, Bellatrix? Como eu vou saber que não estou dormindo com um traidor? - ela mordeu o lábio. - Ele já me traiu em fazer isso…


Ela começou a chorar, e Narcissa a abraçou mais uma vez, enquanto Bellatrix foi até a mesa de canto e colocou uma dose de uísque de fogo para a jovem. - Toma, bebe isso… Você com certeza precisa de algo mais forte do que chá neste momento.


Narcissa a olhou com um olhar repreensivo, mas Gabrielle era quase maior de idade, e ela precisava concordar que a outra provavelmente estava mesmo precisando daquilo. Snape havia passado de qualquer limite, obliviar uma pessoa assim tão próxima.


- Madame Lestrange…. Bellatrix… Avise o Lorde das Trevas. - Gabrielle pediu, após vários goles do líquido. - Não sei o que ele apagou de minha mente, mas pode ser importante.


Bellatrix acariciou o cabelo de Gabrielle, sorrindo para ela. - Vou avisá-lo, mandarei uma coruja imediatamente. Se há alguém que pode recuperar suas memórias, é ele.


- Obrigada… Eu… Eu simplesmente não posso suportar a ideia de que ele faria isso comigo, que fez… Nem sei se quero saber mesmo, eu nem falei com ele, ou com ninguém, eu corri direto pra cá. Melinda provavelmente está preocupada, ela estava com ele quando ele confessou.


- Pode usar a lareira para avisar suas amigas, - Narcissa interferiu. - Conversar com elas, você parece precisar.


Gabrielle assentiu e os elfos levaram as coisas dela, e Bellatrix começou a escrever uma carta ao Lorde das Trevas, contando tudo o que havia acontecido e como precisavam falar urgentemente com ele, por mais que entendessem que estava ocupado. Ela considerava que ele daria mais atenção ao caso, sendo que a reclamação vinha de Gabrielle, e não de alguém com histórico ruim com Snape; contudo, Bellatrix nunca chegou a mandar dita carta.


No final daquela mesma tarde, Voldemort entrou na Mansão Malfoy a passados rápidos, procurando Bellatrix incessantemente, até que conseguiu encontrar-se com ela, cuja marca negra queimava em seu braço como nunca. Ele estava mais fora de si do que ela jamais o havia visto.


- Onde está Melinda?


- Em Hogwarts… - Bellatrix respondeu, enquanto ele segurava-a pelos braços. Voldemort soltou-se dela, que cambaleou, e uma carta caiu de suas mãos.


- Não consigo falar com ela, ou com Snape! E Draco não a viu o dia todo. Não consigo acessar a mente dela, e não a sinto. Eu sempre tenho uma certa percepção dela, eu sei que ela está lá, em algum lugar, por causa do link mental, mas… Não agora. - ele parou para respirar, e Bellatrix pegou a carta, preso a ela estava um fio de cabelo. - É dela, eu testei. - ela leu a carta, algum idiota estava claramente ameçando-o usando Melinda como isca, dizendo que ela havia sido tirada de Hogwarts e estava em poder deles, mas ela ainda estava lá.


- Gabrielle acabou de voltar de Hogwarts, Melinda está lá… Sã e salva, deve estar na Sala Precisa, por isso não acessa sua mente ou a sente. - ela tocou o braço dele. - Esta é uma ameça falsa.


- A trigésima… - ele comentou. - Mas como eu não consegui contatá-la, e ela voltou pra Hogwarts ontem a noite, eu… Foi estúpido, eu estava no meio de uma viagem, não devia ter lido esta maldita carta.


Bellatrix andou até ele, estranhando aquele comportamento tanto quanto era possível, aquele não era o Lorde das Trevas que todos conheciam… O que estava acontecendo? Preocupação? Era aquilo que ela estava vendo? A preocupação de um pai por sua filha?


- Vou chamar Gabrielle… O idiota da carta é provavelmente Diggory, e seu tremendo desejo de morte…


- Se mandar-me mais uma carta dessas, eu eu o encontrarei e tornarei esse desejo realidade, por mais que Mel o queira para si. - ele respondeu, e Narcissa trouxe Gabrielle rapidamente para que ela confirmasse ter visto Melinda ainda naquela manhã.


Voldemort estava claramente menos agitado ao final do relato de Ceresier, mais calmo e menos volátil. As três mulheres encaravam-se em tanto choque que mal lembraram-se de contar a ele o acontecido com Snape. E, quando ele despediu-se e saiu rapidamente, elas ficaram vários minutos sem se falar, fitando a porta.


- O que foi isso? - Narcissa finalmente quebrou o silêncio.


- Eu não sei… - Bellatrix respondeu, - mas preciso descobrir.


- Preocupação, uma clara preocupação, mas… Como? É isso que precisa ser descoberto. - Gabrielle respondeu pelas duas, tão chocada quanto elas, pois só havia uma resposta para aquilo, e era impossível.


- Livros são o que não faltam nessa casa… - Bellatrix concordou. - Mas algo está fora do lugar…


Gabrielle assentiu, a Lady das Trevas estava certa, e eles estavam em guerra. Não era do feitio do Lorde deixar-se afetar daquela maneira, mesmo pela filha. A biblioteca as esperava, aquela demonstração de preocupação e afeto denunciava algo muito maior, cujos detalhes precisavam ser descobertos, pelo bem de todos eles, antes que algo acontecesse que os obrigasse a levar a guerra para um novo nível, para a batalha final.


 


Alguns dias depois


 


A chegada de Voldemort na Mansão Malfoy despertou o temor em todos, não havia um que não tremesse ao vê-lo explodir porta adentro, passos fortes a ecoar em todos os corredores, sua fúria era quase palpável, elétrica, arrepiando a todos.


- O que foi, agora? - ele demandou, olhando a seu redor, todos de cabeça baixa, estudando os próprios sapatos como se fossem a coisa mais interessante de suas vidas. Apenas Bellatrix ergueu a cabeça, após uma reverência, e o encarou nos olhos. Os dela, contudo, marejados e gritando o horror que se espalhava pela mulher. - Foi você que me chamou, - ele comentou, caminhando em direção a ela. - Por quê? Sabe melhor do que todos, Bella, que eu estou ocupado. Tenho uma guerra a terminar, portanto, é bom que seja importante. - ele parou e a analisou. - Oh, mas da outra vez também era, não é mesmo? Mas demoraram muito a me chamar.


Bellatrix respondeu dando um passo para o lado. Atrás dela, duendes tremiam, olhando para o chão como todos. Ao contrário dos outros Comensais, no entanto, eles entendiam a gravidade da situação.


- Milorde… - o duende balbuciou, sua voz tão trêmula quanto o próprio ínfimo corpo. - O cofre da madame Lestrange, ele foi invadido.


Voldemort deu um passo na direção da criatura, sua fúria então triplicada, - Como? Bella tem o cofre mais seguro daquele lugar, ele é protegido por um dragão. Agora digam-me, como deixaram-no ser invadido, seus vermes?


- Ela… ela tinha a varinha e... - o duende tentou explicar-se, e Voldemort olhou para Bellatrix, cuja expressão de medo havia transformado-se em uma careta do mais profundo desgosto, nojo.


- A sangue-ruim. - ela respondeu à pergunta muda de seu Lorde. - Polissuco. - era como se a palavra estivesse presa em sua garganta. - Ela se transformou em mim, levou um certo tempo até esses idiotas se darem conta de que a minha varinha havia sido roubada.


Voldemort cerrou os olhos e limpou a garganta, controlando sua fúria para poder fazer a pergunta que poderia mudar tudo ali. - O que foi roubado? - a pergunta não fora para os duendes.


- A taça. - foi a resposta de Bellatrix e, no que ela fechou os olhos para controlar seu medo, a luz verde encheu a sala e os duendes cairam mortos, todos em um só golpe de ódio de Voldemort.


O Lorde das Trevas aproximou-se da mulher, que abrira novamente os olhos, num reflexo do mais mortal dos feitiços, e o encarava mais uma vez, não se dando ao trabalho de esconder o medo. Ela o temia, o que estava se tornando mais e mais comum nos últimos tempos, por mais raro  que fosse no passado.


Os dedos de Voldemort fecharam-se ao redor do braço dela, e a respiração de Bellatrix pareceu falhar, o rosto dele não próximo de forma que ela sentia o poder exalando dele, envolvendo-a e sufocando-a naquele ódio tremendo que nem mesmo o bruxo mais poderoso de todos os tempos podia controlar.


Ela mal piscara e eles estavam no escritório da Mansão, trancados, e silenciados. Todos os outros na salam estavam perplexos com a aparatação tão repentina, mas nenhum dos dois podia ver ou se interessava com aquilo, haviam assuntos mais urgentes para serem discutidos. Bellatrix, no fundo de sua mente, reconhecia que Narcissa devia estar apavorada, mas ela tinha preocupações mais urgentes do que a de sua irmã consigo.


- A taça. - ele repetiu, sibilando cada palavra. - Primeiro o diário, agora a taça, Lestrange… O diário foi culpa de Lucius, mas e a taça… Qual desculpa tem para me dar agora? Estava em seu cofre. É claro, os duendes… Como você não tem sorte…


Ele andou na direção dela e a encurralou contra a mesa do escritório que antes pertencera a Lucius, e os olhos de Bellatrix encheram-se novamente de lágrimas. Voldemort pegou uma das mãos dela e a colocou contra seu peito, seus lábios finos curvando-se em um sorriso sarcástico.


- O mais irônico é que eu não sou capaz de amar… - ele sussurrou - e já perdi duas partes de minha alma por sua causa. Devia estar orgulhosa, Bella, não conseguiu meu coração, mas minha alma.


Bellatrix tremeu da cabeça aos pés, seus lábios não conseguindo mais segurar o soluço que saiu deles, e as pernas da morena falharam. Ela teria caído de joelhos, se ele não a tivesse segurado pelos braços no meio do caminho.. Bellatrix olhou para cima, chorando completamente daquela vez.


- Milorde, eu… eu não sei mais o que fazer, eu tentei proteger com tudo o que eu podia. Eu nunca… Nunca, nunca deixaria algo tão precioso desprotegido… - ela soluçou mais e Voldemort finalmente deixou-a cair no chão. Bellatrix agarrou-se à barra das vestes dele, as mãos mal a obedecendo, e engoliu seco. - Perdoe-me, sei que não mereço esta misericórdia, perdeu algo tão precioso por minha culpa, mas mesmo assim lhe imploro, pelos anos que o servi-


- Oh, sim… - ele concordou. - Aqueles antes de minha volta, antes de você falhar uma vez atrás da outra. O que aconteceu com você, Bella?


- Eu o perdi! - ela respondeu, numa sinceridade cortante. - Eu o perdi por quatorze anos! Eu virei uma sombra de mim mesma, não é desculpa, eu já devia ter me recuperado, mas… A sua perda… Eu nunca…


- A mais leal…. A mais fiel… quem diria que um dia isso nos atrapalharia, Bella? - de repente, ela foi puxada para cima por um feitiço que a forçava a ficar em pé novamente. - Que isso se tornaria um problema. Pior, que nao consiga superar, mesmo comigo aqui… Mais vivo do que nunca, imortal! - ele segurou os dois lados do rosto dela. - E eu não vou a lugar nenhum, com ou sem os pedaços de alma que me fez perder.


Bellatrix mordeu os lábios fortemente, tentando segurar as lágrimas que manchavam seu rosto. A ideia de que ele havia perdido algo tão precioso por culpa dela, de seus próprios descuidos, de seu próprio azar e destino, era a pior tortura que podia sofrer, pior que uma Cruciatus, ou do que qualquer coisa que pudesse ter feito a Lucius naquelas semanas. Ela sentia-se despedaçar por dentro, e a intensidade do olhar dele não ajudava neste quesito.


- Eu imploro seu perdão… - ela sussurrou. - Castigue-me, machuque-me… - mas não me olhe assim, ela nunca terminou. - Por favor…


A mão dele deslizou no rosto dela, delicada e perigosamente o suficiente para fazer o pulso de Bellatrix sair do ritmo, mas qualquer dor que fosse era melhor do que aquilo. Aquele olhar, aquela decepção nele, tudo era doloroso demais para ela.


O que veio a seguir, foi ainda mais doloroso. A mão dele desceu pelo pesçoco dela, experimentando, pedaço por pedaço, e os lábios dele contra a orelha da bruxa, cuja respiração tornou-se mais errática do que ja estava. - Perdi tanto por sua causa, Bella, que a pergunta que fica é: Valeu a pena? - as mãos dele foram de repente para a cintura da bruxa e a viraram de costas para ele.


Bellatrix apoiou as mãos na mesa, as unhas arranhando o mogno, e sentiu a respiração dele novamente em seu pescoço, inconscientemente deixando sua cabeça cair para o lado enquanto o Lorde encaixava seu corpo no dela, os longos dedos segurando a cintura dela com força o suficiente para deixar hematomas.


- Prove, Bellatrix, prove a mim que não cometi o maior erro de minha existência ao tocá-la pela primeira vez naquela noite há vinte anos… Prove-me que todos estão errados ao dizer que será minha ruína, prove que eu estou errado por acreditar… - e certo em ignorar todos os meus instintos, ele deixou para si mesmo.


Bellatrix tremeu da cabeça aos pés e ele ficou impossivelmente próximo, seus dedos escorregando pelas laterais do corpo dela até a saia do vestido rubro.


- Como? - ela mal sussurrou a palavra, e ele riu-se, circuncando o corpo dela com as mãos, trazendo o tecido da saia para cima, Bellatrix mais trêmula a cada segundo.


- Servindo-me… de sua maneira favorita, é claro, aquela que nos trouxe aqui. - ele subiu a saia dela até o fim das coxas, e Bellatrix olhou por cima do ombro, deixando os próprios braços acompanharem os dele, ajudando-o a subir o tecido até que as coxas dela estivessem descobertas, chegando a rasgar uma parte do mesmo. Então, ela colocou as mãos sobre a mesa novamente, deslizando-as até que seus cotovelos também tocassem o mogno.


- Como quiser, milorde, sou sua. - a mão dele embranhou-se nos cabelos negros, enquanto a outra apalpava as nádegas descobertas dela.


O pouco tecido da calcinha dela foi tocado pelos dedos dele, e ela gemeu baixo, fechando os olhos tentando entender o que aquilo tudo significava. Ele estava irritado com ela, e isto era ser educado sobre o real sentimento dele em relação a ela, sobre porque tão de repente ele a tocava daquela maneira, quando devia torturá-la. E, ao mesmo tempo, ela tentava lembrar-se de que eles estavam separados, de que aquilo era uma má ideia.


- Tão molhada que chega a ser vergonhoso, Bella… Será por isto que tem errado tanto ultimamente? Porque ver-me irritado a excita? - ele perguntou e Bellatrix mordeu o lábio para não gemer. - Seria uma explicação para erros tão seguidos e estúpidos. - a voz dele estava cheia de tons de sarcasmo e ódio, mas os dedos dele parados em sua calcinha eram distrativos demais.


Quando o Lorde tirou ambas as mãos do contato com ela, Bellatrix quase gemeu desconte, mas logo o toque estava de volta, e sua calcinha havia sido puxada para o lado e ele entrou nela em uma só estocada que a fez agarrar a borda da mesa.


- Merlin, - ela praticamente cuspiu a palavra, e seu corpo mal havia se habituado a tê-lo dentro de si, fazia tanto tempo desde a última vez, quando ele saiu completamente e como antes entrou de uma só vez. As juntas dela ficaram brancas com a força que ela usou contra a borda da mesa naquela vez; ele estava sendo bruto, mais do que o usual, punindo-a, tirando tudo o que ela podia dar, e ela certamente não sentaria no dia seguinte, mas ao mesmo tempo ele estava colocando todos os nervos dela em fogo, e a cada vez que as coxas dela chocavam-se contra a mesa no ritmo que ele impunha, ela gemia mais alto, a mera ideia das marcas que ela teria no dia seguinte mandando vibrações direto a seu clitóris.


- Já se contraindo toda, Bella? - ele perguntou, puxando o cabelo dela para que ela olhasse por cima do ombro. Inteiro dentro de Bellatrix, ele dobrou o corpo para frente e mordeu o lóbulo dela. - Terá marcas para lembrar por dias, não se preocupe… Poderá até se masturbar lembrando-se de como conseguiu cada uma. - ela gemeu mais uma vez, seus quadris movendo-se em círculos lentos, a necessidade de que ele se movesse corroendo-a por dentro.


- Milorde… - ela praticamente implorou, e ele saiu completamente, virando Bellatrix para si. Ele a pegou e a sentou sobre a mesa, abrindo as pernas da mulher com seus joelhos, ela mal precisou de qualquer incentivo para abri-las.


Bellatrix deixou o corpo pender para trás, até estar apoiada nos cotovelos, seus olhos fixando-se no membro ereto dele à mostra, sua boca salivando com a visão.


- Agora… olhando-a assim, talvez tenha valido a pena… - ele abaixou um pouco e chupou o clitóris dela entre os lábios uma única vez, afastando-se dela rapidamente, Bellatrix praticamente convulsionou sobre a mesa. - Principalmente com a excitação escorrendo pelas pernas… - ele se posicionou entre as pernas dela mais uma vez.  


Bellatrix levantou os braços acima da cabeça, até conseguir agarrar-se à borda da mesa novamente, bem a tempo dele se posicionar e recomeçar, entrando e saindo com força o suficiente para mover a mesa do lugar; ela bateu a cabeça contra a mesa, fechando os olhos enquanto cruzava as pernas ao redor do quadril dele, os saltos cravando-se em sua coxa.


- Abra os olhos. - ele ordenou. - Olhe para mim.


Bellatrix abriu os olhos novamente, focando-se nas íris vermelhas dele; contudo, aquela não era a maneira usual dele olhar para ela. O desejo estava ali, insano e selvagem, como sempre estivera, mas algo estava diferente… algo faltava, e havia sido substituído por outra coisa que a lembrava muito de como ele a olhara depois do Ministério, depois da fuga de Potter.


Ele aumentou o ritmo insanamente, e Bellatrix sabia que estava perto do clímax, ela não duraria muito mais; pela forma como os movimentos dele não eram mais precisos, sabia que ele também… Mesmo naquela situação, ela não conseguia desfocar o olhar dos olhos dele, aquela expressão tão diferente e incômoda.


Como ela previra, Voldemort estava gozando dentro dela em questão de segundos, e, o que ela não previra, ele estava fora dela no momento seguinte, já se recompondo. Ela, que estivera tão perto do orgasmo, sentia seu corpo todo reclamar insatisfeito, cada nervo, cada centímetro de pele necessitando de mais. Então, ela se sentou, e o olhou, inquisitora.


- Oh, é claro: você se provou, Bella. - ele esclareceu, frio. - É possível que tenha valido a pena. - ele terminou de se recompor, enfim.


Bellatrix fechou os olhos e mordeu o lábio inferior, controlando a própria respiração. Ele acabara de colocá-la no lugar em que todos os Comensais da Morte a queriam, a prostituta de luxo dele, para ser usada a seu bel prazer. Sem beijos, pouquíssimas carícias, preliminares… Tão diferente e ela mal percebera.


- Fico contente em satisfazê-lo, milorde. - ela disse, quase sem voz, descendo da mesa, e arrumando o vestido como podia. Fez uma reverência e ele se aproximou dela, tocando-lhe o queixo com uma delicadeza incompatível com toda aquela situação. Ele pegou a mão esquerda dela, e beijou a pedra do anel que lhe dera de presente tempos antes.


- É claro que fica… - comentou. - Sempre tão característico de você. Agora, tenho assuntos mais urgentes a tratar.  


Ele estava a caminho da porta, quando ela colocou-se de pé e deixou uma risada sarcástica sair de si, - Estava certo, sim, milorde… - ela deu alguns passos na direção dele. - Foi um erro. Tudo, até aqui, com exceção de Melinda, trouxe-nos apenas problemas e complicações. - ela completou, amarga.


Voldemort girou nos calcanhares, e ele conseguia ver a resolução nos olhos dela. Não era porque aquilo era o melhor para eles, ou para a guerra, ela se arrependia, de tudo, de deles, e de repente, algo o sufocava, e ele tentava ignorar. Manteve-se impassível, como só ele sabia fazer.


- Está dizendo que devíamos ter parado nela, deixado apenas nos negócios.


- Nós dois sabemos que isto, o que for que temos, estava condenado antes de começar! Você mesmo disse, não é capaz de me amar, e eu cometi o erro de amá-lo. Tudo o que eu fiz foi lhe entregar tudo o que eu tinha, como comensal, como mulher, como ser, e em troca? Isso! - ela abriu os braços ao redor de si. - Teve a necessidade de me humilhar.


- Você praticamente implorou pelo castigo, minha cara, me lembro de tê-la jogada a meus pés neste sentido.


- Eu implorei, sim, por uma Cruciatus! Por algo mental, ou qualquer castigo físico! Ou é assim que castiga Alecto Carrow quando ela erra? Ou, digamos, Snape?


- Está passando dos limites, Bellatrix.


- Eu pedi que me desse um castigo aplicável aos comensais da  morte, e o que fez? Deu-me esperanças de que havia me perdoado, de que éramos nós novamente, para tirá-las de mim no fim, para rebaixar-me ao posto de sua prostituta! Eu não vou descer de Lady das Trevas para isso! - ela praticamente cuspiu as palavras. - Por mais que nunca tenha admitido isso… Diabos, por mais que eu nunca tenha me deixado admitir, eu sou a única mulher no mundo bruxo compatível com você, a única poderosa o suficiente para estar a seu lado, mas eu nunca estive, eu sempre me mantive um degrau abaixo. E agora… decidiu rebaixar-me, porque não aguenta a ideia de ter alguem a seu lado, porque perdoar-me completamente… Seria admitir ter um igual. Depois de tudo, de todo esse tempo, se é para estar abaixo, que seja como Comensal da Morte, no meu degrau de tenente.


- Bella…


- Eu nunca, nunca, fiz nada para ser humilhada como acabou de fazer, milorde. Muito pelo contrário. Sempre o respeitei e amei, incondicionalmente, mas depois disso. Está vendo porque foi uma má ideia? Ainda teria a sua Bella, caso contrário, aquela que agora beijaria o chão que pisa. E não uma que neste momento o considera tão baixo quanto Lucius Malfoy!


Voldemort cerrou os olhos, o sangue borbulhando em suas veias,  como ela ousava falar com ele naquele tom, daquela maneira, quem ela pensava que era. Ele levantou a mão, e foi cortado pelas palavras dela.


- Bata-me, bata-me e prove meu ponto! - ela cuspiu. - Esta é a última vez em que está ouvindo a Lady das Trevas falar com você, usando a liberdade que nunca devia ter dado a ela, não para dar somente uma parte. Eu nunca fui a sua Lady, milorde, sejamos sinceros. Assim que saímos por esta porta, eu voltarei a ser apenas a melhor de suas Comensais e apagarei de minha mente a que nível consegue chegar. Assim como o que Lucius fez, isto foi para machucar, humilhar. A única diferença, é que eu dei meu consentimento neste caso, do que eu profundamente me arrependo. Me manipulou para me machucar, pois bem o conseguiu. Começou a me ferir quando me prendeu aqui.


Voldemort andou na direção dela, e Bellatrix recuou, fazendo uma reverência sarcástica. - Talvez estivesse certo, talvez o meu problema era que estava ficando distraída, não se preocupe, milorde, terá sua Comensal favorita de volta em pouquíssimo tempo.


Os olhos dela não escondiam as lágrimas que ela não queria derramar, e a sensação de sufocamento tomava conta dele. O que diabos ele tinha feito? Ela passou por ele e foi até a porta, parando para olhá-lo por cima do ombro.


- Não se preocupe, vou manter isto. - ela o mostrou o anel. - Sempre comigo, como uma lembrança de que negócios, prazer e amor nunca devem se misturar, principalmente neste ramo.


Ela bateu a porta atrás de si e ele esperou vários momentos para ir atrás dela.  - Quem você pensa que é para falar comigo assim, Bellatrix? - ele gritou assim que a viu no corredor, vários rostos aparecendo nos cantos para observar a briga.


Bellatrix girou nos calcanhares, o rosto manchado pelas lágrimas, e olhou para o chão, mordendo o lábio. - Uma mulher que cometeu diversos erros, milorde. A sua Lady de brinquedo. Não há com o que se preocupar mais, manterei-me no meu lugar daqui para a frente.


Ele estava perdendo-a, ele sentia, para sempre. Bella continuaria sendo sua melhor Comensal, mas ele nunca mais poderia se aproximar dela, não daquela maneira, não… - Crucio.  - a palavra escorreu dos lábios dele em um tom de nojo, e ela nem mesmo tentou resistir, mal ela sabia que talvez ele quisesse sofrer mais o feitiço do que aplicá-lo.


Caída no chão, e se contorcendo, ela deixou uma última lágrima manchar seu rosto. Aquele era o fim, definitivo. Em sua visão embaçada, ela imaginou ter visto os olhos dele embaçados, também, a varinha sendo segurada com mais força do que o normal. Ele de repente cessou o feitiço. - Lute de volta! - ele ordenou, e ela sentou-se no chão, confusa. - Eu não vou tolerar que fique aí como um trouxa ficaria apenas sofrendo, não depois de tudo o que eu ouvi de você, Bellatrix! Lute, torne-se um desafio para mim!


- Isso é uma ordem?


- Eu não acho que precise ser. Vamos acabar com isso, aqui e agora, porque amanhã teremos uma guerra a travar.


- E dessa vez não poderemos resolver na cama, não é mesmo? - ela alfinetou, e um feitiço vermelho veio em sua direção. Ela desviou e tirou a varinha presa na cinta-liga, apenas apontando-a na direção dele. - Sabe que não vou atacá-lo. Mesmo, mesmo depois de tudo isso, eu… eu ainda sou eu. - eu ainda o amo, ainda é o meu Lorde. - A mais leal, a mais fiel, se lembra? - e aonde isto me levou?


- E se for uma ordem?


- A cumprirei, como sempre.


Ele virou de costas para ela. - Não vou força-la a fazer isto, se não é o que quer. Não a forçarei a nada que não queira, Bella, a fiz esta promessa há vinte anos, e cumpro minha palavra. Se não é capaz de me atacar… Se a raiva que sente não é suficiente.


A provocação foi a gota d’água, e ela levantou a varinha. - Está certo, vamos resolver isto como adultos, mas eu quero fazer isso com você virado para mim, olhando nos meus olhos, se possível, milorde. Não o atacaria pelas costas.


Voldemort girou nos calcanhares e andou até ela. Fez uma pequena reverência como em um clube de duelos tradicional, e ela repetiu o gesto.


- Milorde…


- Milady. - Bellatrix travou o maxilar, e respirou fundo, afastando-se dele. Aquele era o motivo daquilo, soltar toda a raiva.


Dez passos, dez longos passos, e os Comensais ali presentes os observando, atônitos, chocados. Aquela não era a Bellatrix que eles conheciam, e muito menos o Lorde das Trevas. Eles estavam resolvendo um problema pessoal, em público, violentamente. Nada por debaixo dos panos como sempre faziam, não, aquilo era uma declaração. Não havia mais uma Lady das Trevas, ela havia abdicado de uma vez por todas.


- Pronta?


- Sempre…


O ar da Mansão Malfoy tornou-se mais pesado, e o som dos lábios deles se movendo para bradar os feitiços iniciais fora o único barulho feito por alguma alma ali presente, e em seguida, a destruição causada pelos mesmos.


Eles raramente acertavam o alvo, ambos habilidosos demais para se deixarem acertar, mas o tipo de destruição causado aos locais atingidos fazia todos se contorcerem em pensar o que aqueles feitiços fariam aos bruxos. Bellatrix foi acertada duas vezes seguidas, contudo, na coxa e no rosto, por um feitiço que abriu dois profundos cortes.


Ela conseguiu ainda manter-se em pé por vários momentos, até mesmo para acertá-lo com um feitiço muito similar, mas só de raspão no braço, o que causou no Lorde um olhar do mais profundo terror. Ela o havia acertado, ela o havia ferido, por mais que ele tivesse incitado aquilo… Era inimaginável. Logo em seguida, ela cambaleou e caiu, o sangue formando uma poça. Ele abaixou a varinha.


- Narcissa, Gabrielle! Cuidem dela. - então, ele desaparatou, a própria mão estancando o sangue do ferimento.


- O que diabos foi isso, Bella? - Narcissa repreendeu.


- Uma briga de casal do nível deles.


- Sinto lhe dizer, Gabrielle… Mas… - Bellatrix forçou-se a falar. - Não existe mais casal aqui.


- Cale a boca, Bellatrix, não é hora de falar. Ceresier, me ajude. -Narcissa levantou a irmã. - Tem uma guerra na nossa porta, precisamos da melhor Comensal em forma.


- E eu preciso contar algo importante a ela… - a jovem sussurrou mais para si mesma do que para qualquer outro, e seguiu Narcissa. Aquela informação, no entanto, não podia mais ficar consigo por muito tempo, era importante demais, perigosa demais.




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Comentários (4)

  • MaryLestrange

    Morre dia 29 de Setembro de 2013, por volta das 8:30 da manhã, um pedaço da alma de Mariana Vieira. Causa do óbito: capítulo 26 de Herdeiras do Mal II. Que ela descanse em paz. PORRA PRI!!!!!! Eu te amo, que não fique dúvidas quanto a isso, mas doeu muito aqui! Sério, eu achava que dor no coração era uma metáfora, mas eu juro por Merlin que senti dor mesmo, fisicamente, quando li esse capítulo, senti o coração apertando, to falando sério! Fiquei o dia todo processando a dor pra poder ter condições de escrever um comentário decente e falar um pouco de cada coisa, pq se eu comentasse assim q terminei ia ficar só chorando e lamentando por eles aqui... Então, primeiramente eu quero dar um abraço bem forte na Mel, e outro na Nagini, pq elas falaram umas grandes verdades que precisavam ser ditas, e eu achei o maximo! Depois eu quero apertar o pescoço da Parkinson até ela ficar sem cor, bem devagarinho. Não, mentira, eu quero ver o sangue dela espalhado por toda parte e a cabeça dela numa estaca pra servir de exmplo. Que raaaaaaiva daquela mulher!!!! Nem senti dó com a backstory dela -embora agora faça bem mais sentido esse recalque todo, mas mesmo assim pqp quantos séculos tem aquilo, a Bella era adolescente ainda, e a desgraça guarda rancor até hoje? E o Lucius, pior ainda. Vou me juntar à Barbara na campanha pra estuprar o Lucius com uma adaga!!! O cu do Lucius não pode ser perdoado!!!! Não quero nem ver os detalhes desse plano, morrendo de medo de quando ele for executado... Snape tá fudido né! Mesmo com toda essa parada de "oopsie, esqueci de contar pro lorde que o comensal favorito dele acabou de dar mais uma deslizada feia" quando essa parada do obliviate vier à tona o bicho vai pegar pra ele... Só tenho dó da Gabie, coitada. E por falar em Gabi, OQ DIABOS ela descobriu? Eu ainda n saquei oq é (ainda mais agora que meu raciocínio tá afetado por causa dessa cap) , to fritando todos os meus neurônios pra juntar as peças e n consigo montar o maldito quebra-cabeças! Mas tudo bem, au ainda descubro, antes do proximo cap eu descubro. U-U  E a conversa com a cissy? Merlin, que coisa tensa! Ficou muito boa, cheia de emoção, de palavras engasgadas a mto tempo... Adorei! Tomara que um dia as duas voltem a se entender melhor...  Agora, o melhor/pior eu deixo pro final, a parada depois do gringottes. PQP! Não tenho palavras pra comentar esse trecho a n ser: FODA! Nos sentidos bons e nos ruins!!!! MORRI com tudo, desde o momento em que ele cheogu na Mansão Malfoy.  A nc (eu sabiaaa que o orgasm denial era nesse cap, e vc zoando minha cara!!!) foi hot apesar de eu ter lido com as lágrimas já fazendo fila pra eu soltar. E depois que ele gozou.... ai cara! Nunca negue um orgasmo a Bellatrix Lestrange, ela fica puta -QQQ Nossa, mas eu chorei, e chorei e chorei!!!!! Eu coloquei o notebook de lado, abracei o travesseiro e me enrolei em posição fetal e ali eu fiquei por uns bons minutos, só chorando! E as coisas que ela falou depois!!!! Nossa, aquilo atingiu o fundo do meu coração, mais até que as ações dele, principlamente pq era tudo -ou qse- tudo verdade ali, então doeu de mais ainda! E doeu ver ele incomodado com aquilo, nossa doeu de mais!!!! E qdo ela pensa que tinha se arrependido de todos aqueles anos, deles dois, FILHA DE UM TRASGO, pri!!!! doeu de mais, meu choro tipo triplicou qdo eu li essa parte!!! E o duelo? Ah nem, sacanagem, ele ainda deixa ela sangrando ali (seria algo simbolico?) ... E ela desce do porsto de Lady!!!! T-T e mesmo assim acho que acho que eu fiquei mais trsite do jeito q foi do que se ele destituísse a Bella... Ain, n consigo entrar em detalhes dobre essa parte do cap, se nao entraa co chamanaman eu choro de novo, então vai ficar nisso mesmo, até pq já estrapolei minhas consdições psicológicas pra vim comentar kkkkkk Resumindo: foi pesado esse cap, foi muito tenso e instenso, sofri de mais, apesar de ter achado cada palavra perfeita *-* Agora, vc n pode sob nenhuma circunstancia demorar tanto pro proximo cap. se nao e tenho um infarto! To mega ultra zuber curiosa ocm oq a gabie sacou, e com o cap em si, e se demorar tanto eu fico doida, doidinha, juro por Merlin!!!! Bjos Pri, mas uma vez parabens por escrever a melhor fic vb de todos o s tempos.  :*

    2013-09-30
  • Laris Black

    Primeiro, eu juro por Deus que eu estava super ultra mega animada e feliz por um capitulo novo! Tanto que tinha lido a previa que tu postou no fandom umas mil vezes e ja até tinha decorado! Estava pra rancar os cabelos com os spoiler que tu mandava no chat, mas agora não resta nada! Parece que um dementador sugou toda minha felicidade! Primeiro, eu amei o inicio, quase infartei quando ele foi lá tipo' que palhaçada tu é minha ! '' e ai uma sentelha de esperança nasceu no meu coração, não é o fim! O que aumentou ainda mais minha curiosidade, mas hoje, eu fui ler esse capitulo lamentavel! Lamentavel sim... está perfeito como todos os outros no criterio de gramatica coerencia e todas aquelas coisas, mas no quesito sentimental! PUTA QUE PARIU ! Eu nunca falei tanto palavrao lendo um unico capitulo em toda minha vida 36 paginas de puro terror, nostagil e choro! Pri, tu pegou pesado! MUITO PESADO! eu tive pequenos infartos em varios momentos do capitulo mas esse ultimo, que ela falou mesmo! Acabou tudo! Cara, eu fechei os olhos, contei até tres, senti meus pelos do braço se arrepiarem e a sensação se prolongar para o pescoço e rosto. Eu terminei de ler e desliguei o pc pq eu precisava digerir o que estava acontecendo, ameaçei gorfar 2 vezes no almoço em familia pq a todo momento vinha os flash e eu me recusando a acreditar. Não era possivel. O capitulo ficou tão mas tão intenso que eu não estava com forças para comentar e nem me indignar mais. Quero dizer que EU QUERO QUE ALGUEM FODA COM O CU DO LUCIUS! Pq eu sei que ele vai fazer o lordão acabar com o cu da bella. Vei, eu simplesmente não estou conseguindo expressar meu desespero! Eu escrevo esse comentario sentindo meus pelos se arrepiarem e o mal estar espalhar pelo meu corpo. EU TO SEM PALAVRAS. Pri, tu partiu meu coraçao! :////////ps: mari, eu to sem forças para disputar o tamanho do comentario. 

    2013-09-29
  • RenathaBlack

    Hahahahah acho que vou ser a segunda então. Mel o cap. ficou muito bom o final foi tipo :OOOO por um momento por um pequeno momento eu quase, quaseee senti pena da Parkinson mas passou :DValeu esperar 183 dias mas acho que se não tivesse lido partes do cap. antes teria sido mais emocionante, porem a curiosidade foi muito grande hahahah  Espero que o próximo saia logo, quero ver a batalha de hogwarts e para poder começar HdM 3 muahahahahh

    2013-09-29
  • MaryLestrange

    OMG FINALMENTE DEPOIS DE SEIS LONGOS MESES, EXATOS 183 DIAS DE ESPERA!!!!! UHUUUUUUL!!!!! Primeira a comentar! hahahahah Vou ler agora! ;)

    2013-09-29
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