Rose Garden Filled with Thorns
“- Cale a boca, Bellatrix, não é hora de falar. Ceresier, me ajude. -Narcissa levantou a irmã. - Tem uma guerra na nossa porta, precisamos da melhor Comensal em forma.
- E eu preciso contar algo importante a ela… - a jovem sussurrou mais para si mesma do que para qualquer outro, e seguiu Narcissa. Aquela informação, no entanto, não podia mais ficar consigo por muito tempo, era importante demais, perigosa demais.”
Herdeiras do Mal 2 - E começa a guerra bruxa
Capítulo 27 - Rose garden filled with thorns
Gabrielle seguiu Narcissa para o quarto de Bellatrix, ajudando-a com os curativos e poções para a outra; por mais preocupada que estivesse, o fardo daquela descoberta ainda a pressionava. Bellatrix precisava melhorar logo e ouvi-la. Afinal de contas, Gabrielle apenas estava seguindo as ordens dela.
A mulher, no entanto, não parecia nem de longe estar em condições de ter qualquer tipo de discussão importante naquele momento. Bellatrix estava quebrada, e Gabrielle via isso nos olhos dela, quebrada fisica e psicologicamente, e a loira não sabia como lidar com ela. Muito menos Narcissa a deixaria, mesmo que tentasse.
Horas se passaram antes que Narcissa deixasse Bellatrix fazer algo tão simples quanto conversar, e Gabrielle sabia que teria mesmo assim que esperar que madame Malfoy saísse do quarto para poder conversar a sós com Bellatrix.
- Você precisa descansar e se recuperar, minha irmã. - Narcissa soou cansada, de uma forma que Gabrielle nunca havia ouvido antes. - Por quê? - ela finalmente perguntou. - Por que você fez isso? Diabos, Bellatrix, você não tem amor à vida? Ele poderia- ela engoliu seco, e a risada àspera e amarga de Bellatrix seguiu-se.
- Talvez, não, querida irmã. - ela respondeu, dando de ombros. - Talvez eu tenha um desejo de morte, ou talvez seja apenas tola. O Lorde das Trevas quebraria-me ao meio antes que eu pudesse fazer qualquer coisa.
- Venha, Gabrielle, vamos deixá-la dormir um pouco. - ela saiu a contragosto, fechando a porta atrás de si, e adiando mais uma vez aquela conversa.
Katherine quase riu-se ao lembrar como Bellatrix e, por que não, o próprio Voldemort a haviam ajudado. Ela poderia, e iria, destruí-la com uma facilidade incrível. As ideia de Lucius, sem dúvida a haviam ajudado, mas ter a Lady- ex- Lady das Trevas inconsciente era uma ajuda que ela não esperava ter. Narcissa também devia ser agradecida, pelas poções que dispensaram aquele trabalho para Katherine.
Observou a figura de Bellatrix dormindo, parecendo tão tranquila que a deu nojo, maldita, mil vezes maldita. Mas então, finalmente, ela teria sua vingança. A caixa em suas mãos pareceu dez vezes mais pesada do que antes estivera quando ela a colocou na cama, ao lado da cabeça de Bellatrix, seu corpo enchendo-se da mais pura alegria quando abriu a tampa.
Sua mais nova arma desenrolou-se sozinha para fora da caixa, deslizando-se pela cama até envolver-se ao lado de seu mais novo alvo. Não apenas cabia bem ao plano, como aquele animal seria o nêmesis perfeito para a víbora que sempre fora Bellatrix Lestrange.
- Durma bem, milady. - ela disse, a voz baixa. - Que seus sonhos sejam recheados de horrores.
Ela somente observou por alguns segundos, até que Bellatrix movesse-se na cama e atiçasse o animal, cujas longas presas estavam cravadas no pálido pescoço da bruxa. As poções evitaram que ela acordasse, e Katherine pôde aproximar-se e puxar a varinha para curar os dois furos, o toque que ela precisava.
Bellatrix acordaria, e ao encontrar o animal tiraria suas conclusões, convencendo a si mesma do culpado e de que, por sorte ou destino, havia escapado…. e definharia aos poucos, enquanto tinha seu coração destruído, sem saber por onde procurar o que a matava. Sem marcas, sem salvação.
- Adeus, milady. - ela fechou a porta atrás de si, tendo uma última visão de Bellatrix coberta pelo estreito e longo manto negro que seria sua mortalha.
Bellatrix sentou-se na cama, observando os ferimentos embebidos nas mais diversas poções, logo estariam cicatrizando. Sua cama estava mais fria do que o normal, como se uma nevasca tivesse por ali passado, no meio da privamera. Perguntava-se que horas seriam, provavelmente já noite.
Estava sozinha, mas não por muito; conseguia ouvir os passos no corredor, mas ignorou-os o máximo que pôde e levantou-se da cama, bloqueando em sua mente a ideia de como os gritos de Narcissa seriam estridentes caso ela estivesse ali, vendo a irmã de pé.
Teve a impressão de ver algo mover-se perto do pé de seu criado mudo, mas ao olhar novamente, nada encontrou. Bellatrix chegou a conclusão de que tinham lhe dado poções demais.
Seu corpo ainda estava pesado, mas ela conseguiu chegar até a janela e viu o sol se pôr, estivera dormindo por grande parte da tarde, pelo jeito. Uma parte dela perguntava-se se aquele seria seu último pôr do sol. Após tudo o que havia acontecido, era bem possível.
A esmeralda cintilava em seu dedo anelar, mais uma vez lembrando-a de tudo o que a levara até ali. Por mais que tentasse, não conseguia arrepender-se. Sabia das consequencias, e que em sua maioria não haviam sido boas, mas sabia bem que repetiria tudo sem pensar duas vezes.
Os passos tornaram-se mais altos, e ela respirou fundo para a possível briga que estava por vir, seus últimos atos ainda a tormenta-la. A pergunta era: algum dia ela seria capaz de esquecê-los e superá-los? O tempo diria… se ela ainda tivesse algum para usar.
Gabrielle seguiu Narcissa de volta ao quarto de Bellatrix, para encontrar a bruxa parada próxima a janela. Ela estava pensativa, longe, e Gabrielle não conseguia mais se conter, precisava tirar o que sabia de seu peito.
- Eu descobri! - ela finalmente gritou, dando um passo na direção de Bellatrix e as duas irmãs desviaram seus olhares para ela. Narcissa, de forma repreensiva, e Bellatrix, quase assombrada. - O que pediu, Madame Lestrange, o que vínhamos procurando desde aquele dia… Lembra-se? Fiquei trancada horas na Biblioteca mas finalmente consegui. - a voz de Gabrielle quase transbordou com o alívio e felicidade.
Bellatrix não a desapontou quando lambeu os lábios e olhou para Narcissa. - Cissy, por favor, deixe-nos.
- Bella, pelo amor de Merlin, você… Volte para cama, por fa -
- Eu disse deixe-nos, irmã, não gostaria de ter de ser mais firme. Posso estar ferida, mas ainda posso derrubá-la.
Narcissa virou-se, visivelmente ofendida, e deixou o quarto a passos largos e pesados. Bellatrix suspirou e tornou a olhar para Gabrielle, enquanto caminhava mais uma vez até sua cama e sentava-se. - Sou toda ouvidos.
Voldemort engoliu seco e jogou o copo de uísque de fogo na parede, o ferimento em seu braço ainda latejando. O líquido âmbar manchava o papel de parede esmeralda, enquanto seus olhos observavam-no escorrer. Tudo esta errado e aquele latejar insistente era a prova disto, Bellatrix estava fora de controle, e ele fora de seu juízo. Ela deveria estar morta, após o que fizera, mas tudo o que ele conseguia era pensar em como ela precisara da ajuda da irmã e de Ceresier para levantar-se após aquele duelo despropositado.
Ela me feriu, sua mente continua num círculo infinito, repetindo isso a si de novo e outra vez. A mulher que sempre lhe devotara tudo, sua mais fiel e leal, a que ponto tinham chegado. Havia outra parte dele que sabia que a culpa era no fim dele e de mais ninguém. Preciso me concentrar, tenho uma guerra a lutar. E então o ferimento latejava e aquela cena voltava a sua cabeça.
O tão costumeiro rastejar de Nagini encheu seus ouvidos, e a si de ódio. Não queria, e não iria ter aquela cobra falando coisas que não queria ouvir - mesmo porque, seria ele mesmo falando a si coisas que não quer ouvir.
- Está horrível,
- Não quero conversar, não tenho tempo, e não irei.
- Oh, fugindo, eu vejo…
- Não estou fugindo. Além disso, caso tenha se esquecido, eu tenho de lutar uma guerra e não o posso fazer dentro destas paredes.
- Para onde vamos, então? - ela aproximou-se mais, e ele pegou a capa de viagem. Ela sabia que iria junto, talvez fosse a alma dele dentro dela falando.
- Bellatrix, você não vai a lugar algum! - Narcissa gritou atrás da irmã, que seguia a passos firmes - ou tão firmes quanto ela podia - através do hall da Mansão Malfoy.- Escute-me uma vez na vida! - a voz da loira tentava esconder o desespero que as atitudes de Bellatrix lhe causavam.
Bellatrix, no entanto, não podia atender aos pedidos de Narcissa, não naquela situação. Muito estava em jogo, e ela tinha pouquíssimo tempo.
- Desculpe-me, Narcissa, mas certos assuntos não podem ser ignorados. - Bellatrix ajustou a capa de viagem para cobrir o rosto e escondeu a varinha nas longas botas.
Gabrielle seguia no encalço das irmãs, parecendo aterrorizada com as consequências desastrosas do que quer que ela tivesse dito a Bellatrix causara.
- Bellatrix, você vai acabar se matando!
A irmã mais velha sorriu, levemente amarga, e juntou alguns papéis que tinha nas mãos, e os colocou no bolso interno da capa. Por um momento, pareceu que ela estava pensandoduas vezes - e Narcissa de fato esperava que foste esse o caso.
- Eu fiz um juramento, Narcissa, há muitos anos, como deve se lembrar. - ela respondeu, após alguns segundos. - Sempre fiel, sempre leal. A minha vida por ele. - Bellatrix pareceu recitar mais a si mesma do que para os outros, a nostalgia daqueles tempos onde tudo parecera fácil e revigorante, antes de tudo cair sobre si como uma avalanche. - Eu estou apenas cumprindo-o. - aquela ideia trazia-lhe quase um conforto, o círculo fechando-se enfim.
- Bella… - Narcissa parou de andar, seu corpo desistindo de lutar contra a teimosia da irmã antes que suas palavras o fizessem.
- Gabrielle… - Bellatrix andou na direção da loira e segurou-a pelos ombros. - Se o que eu fizer der errado… Você não deve saber de nada. - Gabrielle abriu a boca para falar, mas Bellatrix não a deixou terminar. - O Lorde das Trevas não vai perdoar, Gabrielle, se tudo isto der errado. Neste caso, proteja-se o máximo que puder. - Bellatrix pareceu ponderar por um momento, e puxou a varinha.
- Não, não! Severo foi o suficiente, Bellatrix, por favor! - ela suplicou. - Eu quero saber, eu quero ajudar.
- Você tem dezesseis anos, Gabrielle! E essa informação vai acabar te matando caso as coisas deem errado, você quer mesmo mantê-la? Você não é poderosa o suficiente para suportar a Legilimência dele.
Gabrielle engoliu seco e olhou para os próprios sapatos, ponderando qual seria a melhor opção para seu caso; ela não queria passar por aquilo novamente, mas o medo lhe corroía por dentro, era o momento de tomar uma decisão, o tempo delas havia acabado.
- Eu o farei, caso dê errado, me obliviarei. Quero que seja uma última opção, quando eu decidir. - ela finalmente respondeu, e Bellatrix afastou-se dela, assentindo.
- Que assim seja, então, Gabrielle. Narcissa… até a próxima. - Bellatrix girou nos calcanhares, antes que a irmã pudesse responder, e deixou a Mansão. Gabrielle voltou a fitar o chão, dando a Narcissa a privacidade que ela precisava quando, segundos depois, seu rosto foi manchado por lágrimas.
- O que disse a ela? - Narcissa perguntou, a voz trêmula.
Gabrielle fechou os olhos e suspirou, negando com a cabeça. - Eu não posso dizer, me desculpe…
Narcissa virou para olhar para Gabrielle, o corpo tenso e os olhos ainda vermelhos. Ela endireitou a postura e andou a passos lentos até Gabrielle. - Então eu sugiro que arrume seu malão, Ceresier; Hogwarts te espera.
O vento envolveu Bellatrix assim que ela pisou no jardim dos Malfoy, não tão confortável como deveria ser uma brisa de primavera. Ela sabia, os dementadores ainda estavam à solta, mas não era o frio fora de época que a incomodava, mas aquilo que sua mente não a deixava parar de pensar.
Ela segurou a varinha com mais força, e ajustou a capa de viagem ao redor de si, por horas ela soubera que aquele momento chegara, mas apenas naquele segundo ela havia de fato percebido o peso do que estava para vir.
Traição, uma parte de si gritava. Salvação, outra rebatia. Não a dela, é claro. Essa era a última coisa que ela teria após aquela noite.
Bellatrix estava quase no portão quando finalmente levantou a varinha e girou nos calcanhares para aparatar; ela desaparatou a alguns metros do terreno de Hogwarts. A carruagem já a esperava, conforme ela havia solicitado a Snape via coruja. Era de se impressionar que ele tivesse feito isso tão rapidamente.
A chegada da carruagem com os testrálios foi recebida pelo poucos estudantes próximos com certa desconfiança, aquilo estava longe do normal para Maio. Snape a esperava próximo ao portão, a expressão dura e fechada como se soubesse o que estava por vir.
- Milady, - ele cumprimentou, e Bellatrix não teve a energia para corrigí-lo.
- Snape… Precisamos conversar. - ela respondeu, passando do lado dele para entrar no Castelo.
- Sua carta parecia extremamente urgente, inquieta, quase, e não é de seu feitio, não quando-
- Quando direcionada a você. - ela completou, e seguiu calada ao lado de Snape pelos corredores do castelo, sob olhares inquietos e curiosos de cada vez mais alunos. Algo acontecia, e eles sabiam disso.
O quadro de Dumbledore encarou-a no momento em que ela pisou no escritório outrora pertencente a ele, os olhos azuis penetrantes como sempre haviam sido, e aquele sorriso que ela orgulhava-se de ter sido apagado por Draco.
- Bellatrix, bom vê-la. - o quadro cumprimentou e Bellatrix torceu a expressão.
- Mas será que nem na morte verei-me livre de você? - ela cuspiu, e Dumbledore sorriu ainda mais.
- Estas paredes são o fardo de todos os diretores de Hogwarts em sua morte, Bellatrix, e daqueles que este escritório visitam nestes tempos sombrios.
Snape sentou-se na cadeira do diretor e apoiou-se no topo da mesa, encarando Bellatrix seriamente, até que ela desviasse os olhos do quadro de Dumbledore.
- Temos um problema… - ela suspirou, mordendo a parte de dentro de seus lábios, seu corpo inteiro adotando uma postura de defesa, preparando-se para as palavras que estavam por vir. - Preciso de sua ajuda. - os olhos dela só encontraram os de Snape no último segundo, e ele assentiu.
- Sou todo ouvidos. - ele indicou a cadeira à frente e Bellatrix tirou a varinha que usava desde o desastre e a colocou em cima da mesa, encarando Snape, que então fez o mesmo com a sua.
Ambos desarmados, Bellatrix apoiou a mão na mesma e lambeu os lábios. - Primeiro, responda-me uma pergunta: Eu estava certa sobre você, o tempo todo, não estava? - Snape não respondeu, encarando-a sem expressão, o que tirou-a do sério. - Harry Potter roubou algo pertencente ao Lorde das Trevas, e a minha aposta é que ele está a caminho daqui, Snape! - ela cuspiu, socando a mesa. - Então eu pensaria na sua resposta agora, pois essa guerra termina hoje… E sem o que eu sei? Termina mal para todos.
Snape cruzou os braços e sentou-se mais confortavel na cadeira, sob o olhar incessante de Bellatrix, ponderando até que ponto a bruxa poderia estar blefando. No entanto, por que outra razão ela viria a ele? Somente por um blefe, pedir-lhe ajuda? Ele duvidava. - Sim, - foi a resposta que ela teve, simples e direta. - Acredito dever-te um parabéns por isto, inclusive.
Bellatrix podia sentir o sangue ferver ao mesmo tempo em que a felicidade de ter suas suspeitas confirmadas invadiu-a, tantos anos, tantas brigas causadas por uma desconfiança que o Lorde das Trevas não levava a sério, e no fim… Naquela noite ele saberia, ele veria… e seria inútil, pelo menos no que se referia a eles. - Ótimo, agora podemos continuar. - Snape mais uma vez indicou-lhe a cadeira, e ela enfim sentou-se.
Draco e Melinda seguiam para o Salão Principal junto com os outros alunos, quando as marcas negras arderam a ponto de seus olhós encherem-se de lágrimas. Ambos curvaram-se em dor e seguraram os braços esquerdos, em vã esperança de que a dor cessaria ou tornaria-se mais branda, sob os olhares assustados dos alunos a seu redor.
- Snape deve ter sentido, também. - Melinda comentou, indicando a saída com a cabeça. - Ele está aqui, Draco, precisamos ir… o que for que queiram nos dizer no Salão Principal terá de esperar.
Draco assentiu e pegou Melinda pelo pulso, arrastando-a contra o fluxo de alunos, ouvindo ao longe sussurros sobre o que havia acabado de acontecer na sua frente, misturados com teorias sobre o que o diretor queria falar.
A dor na marca parecia tornar-se mais fraca à medida em que se aproximavam do portão, onde Filch encontrava-se mal-humorado. - Nenhum aluno deve passar pelos portões, - ele começou, - Ordens do diretor.
Melinda pareceu crescer três metros ao ajustar a própria postura e aproximar-se de Filch, nojo brilhando nos olhos ao encarar o aborto à sua frente. - Pois nós temos ordens superiores, - ela retrucou, subido a manga das vestes de Draco para revelar a marca mais negra do que nunca.
Filch não conseguiu esconder o arrepio que a visão o causou, a iminência de uma batalha prestes a cair sobre aquele castelo, e deu um passo para o lado para que o casal passasse.
O vento cortou-os assim que pisaram nos jardins, gelando-os até os ossos; quase como um espelho, Draco e Melinda fecharam as vestes ao redor de seus corpos. - Dementadores, - ele sussurrou, e ela concordou.
- Muitos. - ela completou, dando passos ainda mais largos para acompanhar Draco lado a lado.
A floresta crescia à frente, e fechava-se atrás deles à medida em que se afastavam mais do castelo; a marca, queimando cada vez menos com a próximidade.
Ao longe, eles puderam avistar uma clareira; apesar de ela aparentar estar vazia, eles sabiam que haviam chegado. Assim que passaram os feitiços de proteção, a verdadeira clareira se revelou.
No canto, o Lorde das Trevas estava parado ao lado de Nagini, sua expressão algo que Melinda não conseguia decifrar, quando os olhos dele encontraram os seus, ele encarou-a como se tentasse decifrá-la. Legilimência, é claro. O que ela não entendia era o motivo daquilo, logo com ela? Então ela olhou ao redor, quase todos já estavam presentes, pelo o que eles viam… Menos Snape, que obviamente estava dentro de Hogwarts e… Bellatrix.
- Onde está a tia Bella? - Draco sussurrou, e pelos olhares, ele não era o único que se perguntava.
- Melinda, - ela ouviu Voldemort chamando, e sem hesitação foi para perto do pai, tão ansiosa em saber onde Bellatrix estava quanto ele próprio.
- Milorde, - ela fez uma reverência, sem nunca ter um movimento que não fosse por ele estudado, até que ele pareceu estar quase desapontado.
- Não sabe de nada, - ele concluiu. - Narcissa sabe apenas que ela veio para Hogwarts, e Ceresier… - ele riu-se. - Curiosamente, sua amiga não sabe de nada referente ao paradeiro de sua mãe, nem mesmo que ela veio para Hogwarts... ou qualquer coisa relacionada a Bellatrix que tenha ocorrido nos últimos dias.
Melinda franziu o cenho, olhando de canto de olho para Gabrielle, e voltou a encará-lo. - Obliviada, - ela comentou, tudo dentro de si consumindo-se numa das piores sensações que ela tivera em sua vida. Algo estava muito errado, e ela tinha a impressão de que não ia gostar daquilo.
Voldemort afastou-se da filha, apenas uma opção lhe restava, e ele perguntava-se porque ainda não a havia usado. Resposta que ele nunca obteve.
Fechou os olhos, ignorando os Comensais que o encaravam a seu redor, e concentrou-se nela o mais claramente que conseguia, buscando sua essencia, seus sentimentos, pensamentos, memórias. Ela estava perto, ele conseguiu perceber, perto e longe demais, afastando-se dele.
Um gosto amargo subiu-lhe à boca, ela estava resistindo, ela estava afastando-o de sua mente, suas suspeitas, aquelas que ele guardava no canto de sua mente passaram de sussurros à gritos dentro de si, enquanto ele usou tudo de si para derrotá-la, e ele conseguiria. Bellatrix podia ser forte, e oh ela era, mas não o bastante para mantê-lo de fora.
As paredes mentais espessas que ela levantava estavam caindo ao mesmo passo em que novas surgiam, mas aquele jogo não poderia durar muito mais… e se durasse, ele era paciente de uma forma em que ela nunca seria resiliente… não quando se travava dele.
Após as paredes, falsas cenas começaram a surgir, ele poderia dizer pelo leve embaçamento das imagens, criadas para distraí-lo. Ele sabia, ele via nas defesas de Bellatrix o que não queria ver, mas ainda sim estava lá. Traição, ele quase já podia sentir o gosto amargo de ser apunhaldo pelas costas.
Comensais já haviam mudado de lado no passado, traído-o, principalmente após sua queda… mas o prospecto de Bellatrix… sua mente mal podia processar a ideia. A mulher que orgulhava-se de ser a mais leal, a mais fiel de seus seguidores, agora parecia não viver aos adjetivos que havia empregado a si mesma.
Bellatrix olhou ao redor de si, quanto tempo devia fazer desde a última vez em que ela e Minerva McGonagall haviam tido uma conversa civilizada? Talvez nunca tivessem de fato.
Minerva não parecia muito mais feliz do que ela, do outro lado da mesa, desconfiança transpirando por seus poros. Ela dava olhadelas a Snape a todo momento, que confirmava com a cabeça.
- E por que eu devo confiar em você? - Minerva finalmente perguntou, fitando a mesa por um segundo, e Bellatrix nunca soube se falava com ela ou Snape.
- Porque eu confio em Severo, sempre confiei. - foi o quadro de Dumbledore que respondeu. - E ele parece confiar que Bellatrix é a chave para terminarmos esta guerra.
- Sem ofensas, Alvo, mas olhe o que confiar em Snape trouxe a você. - Minerva retrucou, e o quadro de Dumbledore apenas sorriu naquela maneira irritante em que o dono de sua imagem costumava fazer.
- Eu tracei meu caminho, Minerva, bem consciente do que fazia. - ele respondeu. - E agora é a sua vez, trace o seu… e o de todos nós. Está em suas mãos, Minerva, o desfecho desta guerra.
Bellatrix bateu o pé impacientemente no chão, esperando a decisão daquela mulher em que Snape havia confiado para tomar a decisão final, ironicamente.
Minerva pegou a pena, e olhou para o pedaço de pergaminho abaixo de si como se fosse mordê-la. - Eu achei que nós não fazíamos acordos com o diabo, Alvo.
- Eu diria o mesmo, - Bellatrix respondeu. - Mas em guerras, se você não pode vencê-los, Minerva…
Minerva assinou o pergaminho, sem olhar novamente para Bellatrix.
Voldemort saiu da mente dela, processando o que havia visto; primeiro, a prova de que no fundo estivera certo pelos últimos minutos; segundo, a prova de que Bellatrix estivera certa todos aqueles anos sobre Severus...
Bellatrix,a mulher a quem havia confiado gerar sua herdeira, a mulher que mantivera a seu lado por tantos anos…. a Lady das Trevas, o havia traído, feito um acordo com os inimigos? E seu tão odiado Severus, estava envolvido? Seria por isso que ela sempre alegava a traição dele? Pois sabia? Pois estava envolvida até o pescoço com ele?
Teriam as brigas e a implicância sido premeditadas? Tudo para desviar sua atenção, para encobrí-los, enquanto o apunhalavam pelas costas? E em quantas vertentes o haviam traido, até onde a traição teria chegado?
A traição de Severus era amarga em sua boca, e ele morreria por isso, mas a traição debaixo de seus próprios lençóis queimava…. e Bellatrix? Ela sofreria.
Ele olhou novamente para os Comensais, que o observavam atônitos. - Premiarei imensamente a quem me trouxer a cabeça de Sererus Snape, e quero Bellatrix Lestrange capturada, - ele disse, momentos depois, e viu Melinda aproximar-se com o cenho franzido. - Capturada, mas assim como Harry Potter, eu a quero viva. Ela é minha.
Melinda ficou mais pálida do que o normal, e pareceu parar de respirar por alguns segundos, fazendo com que Draco a abraçasse pelos ombros. Voldemort passou direto pela filha e parou frente a frente com Gabrielle Ceresier.
- Assim que eu colocar minhas mãos em seu namorado e sua adorada Bellatrix, vou tirar da mente deles tudo o que você sabe Ceresier, - ele avisou. - E eu espero não encontrar nada, ou você terá o mesmo destino que ela.
O burburinho dos estudantes de Hogwarts apenas aumentou quando Minerva e Snape abriram espaço para que Bellatrix passasse, e mostrasse-se a todos. Ela viu naqueles rostos as mais variadas emoções: desconfiança, medo, confusão, desespero, surpresa… Draco e Melinda não estavam perto e, considerando pela forma como sua marca queimava, deviam estar junto a Voldemort - como ela devia também estar. Podia senti-lo tentando invadir sua mente, derrubando cada parede, e não ia demorar muito até que ela não conseguisse mais segurá-lo, no entanto… ela teria que tentar, pelo menos ganhar tempo, enquanto terminava com aquilo.
Para dizer as palavras que ela precisava, quase toda a sua força interior foi necessária, encarar aqueles alunos e verbalizar em publico o que havia feito era trazer à realidade, e ela não tinha certeza se de fato queria. A questão, no entanto, era mais de um dever do que de um querer, que no fundo não importava.
- Boa noite. - Bellatrix cumprimentou-os, - Imagino que estão se perguntando como, em quais circunstancias, Minerva se uniria a mim, ou eu a ela. - ela parou e seus olhos encontraram na multidão alguns olhares conhecidos, que já haviam deixado Hogwarts há eras, - Principalmente os membros da Ordem da Fênix entre vocês misturados. - ela deu alguns passos para chegar mais perto da multidão. - Eu não pretendo ferir ninguém, - alguém deu uma risada desacreditada, que ela ignorou. - Pelo menos hoje, não pretendo atacar ninguém, mas de forma alguma não me defenderei. E se eu precisar, não hesitarei em matar quem quer que seja, nunca prometi isto a ninguém. - ela olhou para Snape e Minerva de canto de olho, - Portanto, sugiro que mantenham nossa trégua.
- Trégua? - uma menina com uniforme da Corvinal deu um passo a frente, desconfiança emanando dela. - Como podemos confiar que uma Comensal da Morte, na Comensal da Morte conhecida por ser a mais próxima a Você-Sabe-Quem, a mãe da filha dele? Como quer que nós acreditemos que o traiu?
- Porque eu não o trai. - ela respondeu, simplesmente, e alguns alunos prenderam a respiração. -Muito pelo contrário, nós também temos interre- Bellatrix subitamente soltou um grito, e seu corpo curvou-se para frente, e ela caiu de joelhos, pressionando as temporas.
Snape veio a passos largos e agachou-se a seu lado, seguido por Minerva que estava atônita. - Ele sabe…. - foi tudo o que Bellatrix conseguiu dizer, antes de voltar a gritar.
- Ele está dentro da mente dela, ele viu tudo… - Snape disse a Minerva. - Se Harry Potter está nesse castelo, como dizem os rumores, eu sugiro que comecem a falar, porque em muito pouco tempo o Lorde das Trevas também estará.
Bellatrix não conseguiu conter o choro, o que deixou os alunos ainda mais apavorados, pois se as duas pessoas mais intimidadoras que eles conheciam estavam visivelmente amedrontados, o que seria deles?
- Bellatrix… - Snape sacudiu o rosto dela entre as mãos. - Você precisa fechar a sua mente, será a coisa mais dificil que você vai fazer, mas se você não cortar o acesso dele ele vai te enlouquecer! Você já o viu fazer isso incontáveis vezes, o mesmo vai acontecer a você! Não é impossível, eu o fiz por anos, não? E você é tão capaz em Oclumência quanto eu, só precisa do incentivo correto. Canalize todo o seu poder nisso, ou você vai ser inútil para nós, e para ele nesta guerra, para evitar o desastre que está por vir! Quer eu goste ou não de você, tem uma parte importante a cumprir, então saia disso para seguirmos logo com o plano!
Bellatrix gritou novamente, e os alunos deram passos para trás, sem saberem o que fazer; ela fechou os olhos com força e virou-se para socar o chão do castelo, soltando-se de Snape no processo.
- Faça alguma coisa! - Minerva gritou. - Se ele acabar com ela, como é que vamo-?
- Temo que ela seja a única que consegue se ajudar agora, Minerva. - Snape levantou-se.
- E quanto a nós?
- Nós esperamos, e torcemos para que ela saia disso inteira e tudo não esteja perdido. - ele concluiu, junto ao som de mais gritos dela.
Minerva olhou para os alunos apavorados, a mesma coisa devia passar na cabeça da maioria: se ele fazia aquilo com Bellatrix, o que faria ao resto deles? Ela esperava que nada. Ela torcia por isso, mas caso contrário… eles cairiam lutando.
- Pare! - Bellatrix gritou e tomou a atenção de todos novamente, um grito quer era muito mais uma ordem do que uma súplica. - Agora! - a testa de Bellatrix pingava suor, derivado a força física e mental que ela estava tendo que usar, ela respirava de forma errática, e os olhos estavam fechados a maioria do tempo; nos poucos momentos em que eles ficavam entreabertos, era possível ver as lágrimas misturadas à maquiagem que manchava seu rosto. - Nada disso é real! Deixe-me em paz! - foi a última coisa que ela gritou, antes de cair, inconsciente.
Foi a voz de Melinda, num simples sussurro, que o fez abrir os olhos, e perceber que encontrava-se no chão da floresta. A filha estava ajoelhada a seu lado, assustada de forma como ele nunca havia visto. - O que aconteceu?
Voldemort levantou-se e tirou os pequenos galhos que prendiam-se às suas vestes, colocando-se novamente em sua perfeita postura e expressão neutra tão usuais, mas sem conseguir tirar o tom de desgosto da voz quando respondeu: - Sua mãe.
Melinda pareceu ainda mais confusa, sua expressão dava a impressão de que algo dentro dela estava quebrado sem possibilidade de conserto. - C-como assim?
- Digamos que quando paredes normais não funcionaram, ela decidiu usar paredes espelhadas. - ele respondeu, fingindo não se importar, naquela atitude superior que ele amava adotar, principalmente quando estava na defensiva. - Não tão metaforicamente falando.
Voldemort virou-se para os Comensais, e começou a dar instruções sobre como seria a invasão do Castelo como se nada tivesse ocorrido, deixando atrás de si uma Melinda que alternava entre confusão e desespero.
Draco e Gabrielle aproximaram-se dela, preocupação estampada em seus rostos, a expressão corporal dos dois deixando claro o desconforto que também sentiam com toda aquela situação. Era tão inexplicável, como seria possível? Não… Não Bellatrix, não a Bellatrix que eles conheciam.
- V-você acha que… - Gabrielle mordeu o lábio inferior, negando com a cabeça, como se terminar aquela frase fosse impossível para ela. -Que ela…?
- Nunca. - Melinda respondeu, duramente. - Não ela, nunca. Eu não sei o que aconteceu, mas Snape está envolvido, e ele não vai gostar de quanto eu o encontrar.
Bellatrix levantou-se, arrumando as vestes, e tentando limpar a bagunça que sua maquiagem havia tornado-se no processo. - Isto… - ela disse, sem olhar aos alunos. - É que ele é capaz, contra a pessoa mais próxima a ele. Logo, eu sugiro que me ouçam, e me sigam, ou ele fará pior. Ele já está no terreno, vai invadir a qualquer minuto agora, tomem sua decisão!
Minerva deu um passo a frente, - Eu também não estou confortável com isso, mas nem todas as decisões numa guerra são confortáveis. - ela olhou Bellatrix de esguelha. Não peço que confiem em Bellatrix Lestrange, ou em Severus Snape - nunca ousaria pedir tamanho esforço a nenhum de vocês- mas em mim. Pode parecer que não, mas eu sei o que estou fazendo.
- Antes que qualquer decisão oficial seja tomada, - Minerva interveio. - Eu peço aos outros diretores de casa que evacuem todos os estudantes menores de 17 anos, e aqueles maiores que não desejarem lutar.
Um grande movimento começou, com algumas das crianças de fato correndo para fora do salão, e foi então que Pansy Parkinson subiu num dos bancos do salão e usou a varinha para projetar a voz e ser ouvida: - Isso é ridículo! Porque não simplesmente entregamos o Potter para o Lorde das Trevas, acabamos com isso e ficamos todos em paz? Antes um morto do que vários.
- Oh, como eu adoraria que fosse assim tão simples, Parkinson. - Bellatrix foi quem respondeu. - Acha mesmo que estaríamos aqui, que eu estaria aqui se já não tivesse eliminado essa possibilidade?
Pansy cruzou os braços, de maneira arrogante, e bateu o sapato no chão. - Bom, honestamente não sei mais o que pensar sobre você, milady. Não ultimamente.
- Neste caso, Parkinson, eu não poderia ligar menos para a sua presença insignificante aqui. Por que não corre com sua mãe?
- Pois sou maior e posso escolher ficar e lutar, e é o que eu farei, ou vai me impedir de lutar ao lado dele, Bellatrix?
Bellatrix riu-se, segurando-se com todas as forças para não ensinar na marra algumas maneiras para aquela garota. Ela então, deu de ombros. - Faça como bem preferir, Parkinson. Como disse, é maior e nenhum de nós é responsável por você, nem por nenhum dos outros que escolherem lutar ao meu lado e muito menos contra mim. - ela deu uma olhadela na direção de um grupo de alunos da Grifinória, que incluía Neville Longbottom.
Um burburinho começou e os alunos mais jovens foram retirados, alguns quase que à força pelos diretores de casa, que haviam preparado uma evacuação do castelo meses antes - ela já devia ter imaginado que eles tinham algum tipo de plano. Bellatrix respirou fundo, e encarou o chão antes de voltar a falar:
- Nossa principal função aqui…. é deixá-los separados. Potter e o Lorde das Trevas. Pode parecer estranho, mas é o necessário.
- Pelo menos até que eu possa chegar a Harry Potter, - McGonagall adicionou. - E Bellatrix... a Vocês-Sabem-Quem. - o tom dela era quase mórbido, e Bellatrix sentia a verdade a cair sobre si: Será que sobreviveria a este encontro final com o homem ao qual dedicara mais da metade de sua vida?
Melinda ajustara a capa ao redor do corpo mais vezes do que o normal para qualquer pessoa, usando isso como um escape para seu nervosismo que não parava de subir. O que diabos estava acontecendo? Bellatrix aliar-se com Snape contra o Lorde das Trevas? Isso era loucura, tinha que haver uma explicação mais lógica; no entanto, seu pai não parecia partilhar de sua mesma opinião, e Bellatrix corria grande perigo.
Voldemort, por mais que gostasse de parecer frio e sem reação a maior parte do tempo, não era do tipo que fazia perguntas primeiro…. mas infelizmente, não podemos fazer perguntas aos mortos, então nos cálculos dela, teria que chegar a Bellatrix primeiro.
Draco aproximou-se e passou o braço por sua cintura, trazendo-a para próximo de si e beijou onde os cabelos de Melinda encontravam sua testa; um gesto carinhoso, de conforto, ele sabia o turbilhão de emoções e confusões que passava por dentro dela naquele instante.
Eles estavam em guerra, ela precisava se concentrar, perder seus pensamentos naquilo poderiam fazê-la ser morta, e mesmo assim aquilo só viera para atrapalhar todos os planos.
- Precisamos nos preparar. - ela disse, mordendos os lábios, e ele assentiu em silêncio.
Os outros Comensais aproximaram-se para ouvir uma mudança nos planos, eles não mais esperariam por Hogwarts entregar o garoto. Não agora que Voldemort tinha outros negócios não terminados dentro das paredes daquele castelo.
- Você está pronta? - Snape perguntou, da porta do escritório do Diretor, enquanto Bellatrix ajeitava a capa sobre os ombros e verificava pela milésima vez a varinha que havia colocado na bota direita, e a adaga que estava na esquerda. - É melhor deixar em um lugar de mais fácil acesso - ele comentou, indicando a varinha com a cabeça. - Então é verdade, não tinha parado para notar ainda, esta não é a sua varinha.
- É, os rumores são verdade, mas eu pretendo recuperar a minha, muito obrigada. - ela respondeu, mau humorada. - E, sim, estou pronta.
- É claro que está, - ele não parecia acreditar em uma palavra do que ela dizia, mas havia aprendido que discutir com Bellatrix nem sempre era a melhor opção.
- Vamos. - Bellatrix passou por ele, sem nem mesmo olhar, a energia tensa ela sendo sentida a distancia por todos por quem ela passou nos momentos seguintes em seu caminho até o salão principal. Era hora.
Diversos alunos maiores de idade estavam aglomerados no salão, segurando nervosamente suas varinhas, apreensivos por aquela que provavelmente seria a noite mais díficil de suas vidas, se não a última. Os olhares de coragem e de suporte aos colegas - alguns até menores de idade, que haviam insistido em manter-se ali, como a garota Weasley. Àquele ponto, contudo, não fazia mais diferença que ela ou Longbottom apoiassem seus colegas, pelo menos para Bellatrix. O que ela poderia fazer? Ela mesma estava apoiando-os de certa maneira. O mundo de fato dava muitas voltas, algumas até indesejáveis.
De repente, um barulho muito alto de explosão encheu as paredes do castelo, apavorando os mais jovens e tirando a fria concentração dos mais velhos. Eles estavam abrindo a barreira, o tempo acabara.
Minerva vinha rapidamente pelo salão, com uma tranquilidade par apenas à de Bellatrix e Snape. Os membros da Ordem da Fênix que se aproximavam não pareciam tão confortáveis, possivelmente acreditando que Bellatrix viria a trair qualquer acordo que tivesse firmado com Minerva, mal eles sabiam suas razões e como elas a mantinham firme.
- Não sei por quanto tempo os sentinelas protegerão o castelo, - ela informou, causando burburinhos e aumentando o clima de tensão. - Preparem-se, e….
- E mantenham-se vivos, - Bellatrix completou o que Minerva não ousara. - Boa sorte, vão precisar.
Cinco minutos, ou talvez tenham sido dois, passaram-se em torturante lentidão, cada segundo mais torturante que o anterior e o som das explosões na mesma proporção ficava mais próximo e alto, funcionando como a contagem regressiva para o momento do combate.
Quando a porta do salão principal foi abaixo, numa mistura de pó, pedra e madeira esmigalhada, até mesmo Bellatrix apertou a mão no cabo da varinha, que era pequeno demais, errado demais e não tão natural como devia ser. Maldita Granger, maldito dia na Mansão. Alguém experiente como ela sabia bem a diferença que aquilo podia fazer, mas a questão era: ela não tinha esse luxo ou o tempo de se acostumar.
Como esperado dos Comensais da Morte, eles não foram vistos antes que seus feitiços já tivessem atingido pelo menos uma pessoa pelo caminho. Bellatrix sabia bem como se defender de seus próprios métodos, mas foi parada em seu lugar quando seus olhos cruzaram-se com aqueles que só podiam ser dele: vermelhos como sangue, ardendo de ódio, mais ainda ao perceber que era ela ali, tão próxima.
- Ele na vanguarda, - Snape pareceu extremamente surpreso, o que era novidade até mesmo para Bellatrix. - É você que ele quer… - ela mal podia ouvir as palavras de Snape ou os feitiços, tão abismada que o ódio nos olhos dele a sugavam. - Bellatrix, viemos longe demais para você ser morta agora! Me ouça! - ele segurou a bruxa pelos ombros, sacudindo-a de volta à realidade, na qual os Comensais da Morte ou tinham a pior mira da existencia ou eles tinham ordens de deixa-la para os cuidados do Lorde, ela temia ser a última opção. - Você vai ter que confiar em mim, mais do que nunca.
De repente, as mãos de Snape seguravam o rosto dela, que apesar de contrariada, apenas assentiu para confirmar sua confiança. A dois metros deles, Minerva observava perplexa por cima do ombro, perguntando-se se aqueles dois idiotas queriam acabar mortos por simplesmente parar ali daquele jeito. Ela teve certeza no segundo seguinte, quando viu os lábios de Snape pressionarem-se fortemente contra os de Bellatrix, numa imitação caricata e barata de um beijo de despedida.
Aparentemente, no entanto, duas pessoas não compartilhavam da mesma opinião, pois o grito de desespero de Gabrielle Ceresier encheu o salão, e os feitiços de Voldemort explodiram com ainda mais força até que ele pudesse abrir caminho aos dois que ele acreditava serem traidores.
- Acabou de nos matar, - ela sussurrou.
- Acabei de te ganhar tempo, - ele afastou-se dela, colocando-se entre Bellatrix e a avalanche que Voldemort trazia na direção deles. - Fuja, Bella, agora! - ele gritou alto o suficiente para que todos pudessem ouvir a ultima parte.
- Acha mesmo que pode escondê-la de mim, Severus? - foi a resposta que ele recebeu, e sabia muito bem de quem, através da nuvem de fumaça ele podia vê-lo se aproximar, faminto por vingança. - Eu vou passar por você e depois por ela, e aí sim, minha querida, - os olhos de Voldemort mais uma vez dançaram de volta aos dela, - Vamos nos divertir.
Bellatrix engoliu seco, e não esperou uma segunda oportunidade para que pudesse pelo menos ganhar tempo para falar com ele como precisava, ainda não era o momento, era muito cedo, ele estava enfurecido. Ela temia, no entanto, que conhecendo Voldemort, talvez o momento certo nunca chegasse. Ela fugiu, o mais rapido que podia, agradecendo a possibilidade de desaparatar que ganhara com a invasão.
- Parece que a sua adorada amante te abandonou, Severus. - Voldemort riu-se, - tão não característico dela abandonar o barco… mas também, o que é característico dela? Quem é ela? Pergunto-me…. Lidarei com Bellatrix mais tarde e tirarei prazer em descobrir quem é a vagabunda… Agora… doía? Saber que ela dividia a cama comigo? Que eu fazia com ela tudo e mais um pouco que você podia imaginar e ela aceitava de bom grado?
- Não mais do que a ideia de que ela dividia também comigo doeu em você, milorde. Devo confessar que nunca o vi tão raivoso, tão descontrolado e… quase sentimental. - Snape sabia que estava se arriscando demais, mas ele precisava ganhar tempo, ou tudo o que trabalhou por anos teria sido em vão. - Sabe que muitos diziam que Bellatrix seria sua ruína… e aqui estamos.
Voldemort riu ainda mais alto, negando com a cabeça, e aparentando estar quase impressionado positivamente com a audácia de Snape, quando na realidade ele queimava por dentro, e o que mais queria era que Snape queimasse junto.
- Agradeço a preocupação, Severus, mas te garanto que não me deixarei arruinar pela traição de vocês dois; muito pelo contrário, os usarei como exemplo, assim como fiz com outros no passado. - ele levantou a varinha. - E pretendo começar agora.
Antes que Voldemort pudesse lançar a maldição da morte, Snape havia desaparatado e surgido novamente atrás dele.
- Sinto dizer que não é o que parece, milorde…. e sinto dizer que está errado… Nunca tive, como alguns por aí diriam, o prazer de dormir com sua esposa, nem desejei fazê-lo como metade dos Comensais da Morte por alguma razão desejaram. - ele abriu os braços. - Não de verdade ou pelo menos racionalmente….Por mais…. tentadora que Bellatrix possa ter sido naquela noite, é claro, que está trazendo a memória para justificar suas dúvidas.
- Oh, meu caro, a lembrança que tenho da noite de meu retorno é bastante diferente disto que está dizendo… O que eu acho é que está tentando me atrasar, - ele levantou a varinha, mas novamente Snape havia desaparecido e reaparecido.
- Milorde…. o senhor bem sabe o quão tentadora e teimosa aquela mulher é…. Então está bem, admitirei que naquela única noite a cobicei, como todos os outros, o que era exatamente o ponto de Bellatrix… Mostrar que nem mesmo eu era imune a ela, que de uma forma ou de outra, ela conseguiria subjugar todos nós.
Snape perguntava-se quanto mais teria que segurar Voldemort, antes de fugir ele mesmo, para que Bellatrix pudesse ter tempo de agir. Pelo menos, até agora estava vivo; ele não via Gabrielle em lugar algum, esperava profundamente que ela o estivesse ouvindo agora, para acabar de vez com todo aquele mal entendido.
- O que viu hoje, milorde, foi uma encenação que usei apenas para, como citou, ganhar tempo.
- Não muda o fato de que ambos são traidores, alinhados com o lado errado. - Voldemort deu de ombros. - Não muda em nada a posição de vocês, pelo contrário, o fato de que tentou usar Belllatrix para me atingir apenas piora sua situação, pois mostra-me, Severus, que pensa como tantos colegas seus que ela é meu ponto fraco, quando a verdade é eu não tenho pontos fracos. Matarei a você, e depois a Bellatrix - assim que descobrir a profundidade da traição dela.
Snape respirou fundo, alheio ainda à batalha ao redor deles, - então creio que devia saber o motivo de minha traição primeiro.
Voldemort cerrou os olhos e abriu os labios milimetricamente, soltando uma respiração que nem ele sabia que estava presa. A verdade é que ele já sabia o que estava por vir.
- Sou todo ouvidos, Severus. Distraia-me com sua história de bravura e heroísmo… sei que ainda vou ouvir muitas destas até o fim da noite.
Ao longe, Minerva apenas mantinha os olhos neles, impressionada com o tempo que Snape conseguira manter-se vivo. Mas talvez ele tivesse atingido o ponto correto em Voldemort: ele sempre havia sido conhecido por sua crueldade e frieza, de forma que Severus tinha atingido seu lado irracional, cru e vingativo, o tirado de seu controle para atrasá-lo. Aquele homem era mais esperto do que ela havia dado credito, mas também alguem tinha que ser para enganar a absolutamente todo mundo por quase vinte anos.
Ela só não podia se desconcentrar da guerra que ela mesma tinha que lutar, os Comensais da Morte pouco importavam-se com o pequeno show dado por Snape e Voldemort, não quando podiam atacar crianças e a ela.
Bellatrix estava em outro andar do Castelo, próxima à entrada da Sala Precisa, de onde os Comensais haviam saído no ano anterior, e onde a Ordem da Fênix havia montado seu projeto de base. Mesmo tenho corrido meio Castelo, não havia sequer um sinal de Potter.
- Abaixe a varinha, - ela ouviu uma voz conhecida, talvez conhecida demais para seu gosto. - Mãe, não me faça te atacar.
- Eu poderia dizer o mesmo para você, querida. - Bellatrix respondeu, sem abaixar a varinha. - Com a diferença de que sou mais rápida.
- E eu mais poderosa. - a garota replicou.
Bellatrix riu-se, - Discutível, mas na sua idade todos nós temos o ego por demais inflado, especialmente uma princesa que foi ensinada assim.
Melinda não conseguiu esconder a expressão de desgosto e confusão que tomou conta de seu rosto. - Eu não consigo acreditar, sabia? Quando ele, quando ele nos disse para te entregar, lá na floresta… eu… mesmo vendo eu não podia crer… Não você, não a pessoa em quem eu me inspirei por metade da minha vida, mesmo antes de- Melinda parou abruptamente, e levantou a varinha, mandando um feitiço que passou do lado da cabeça de Bellatrix para atingir um Comensal que vinha por trás dela e caiu inconsciente. - Esse é o meu momento, o nosso acerto de contas. O que diabos, mãe? Eu não acreditava, mas depois do showzinho que eu vi lá no Salão Principal... Me dá nojo olhar para você e pensar que você e ele… E a Gabrielle? Foi por isso que conseguiu ajudá-la a dormir com ele? Porque você também o fazia? Ou vocês planejaram isso juntos?
Bellatrix lambeu os lábios, e seu rosto deformou-se em uma expressão bem compatível com a que a filha ostentava - até naquele momento um espelho parecia separá-las. Por razões diferentes, era claro, ela nunca imaginaria que de todas as pessoas Melinda duvidaria dela daquela forma. Não sua filha… não ela. As coisas que ela fazia por amor.
- Melinda, eu… - Bellatrix fez um milimétrico movimento com a varinha, que para alguém como Melinda foi o suficiente para lançar a avalanche.
Bellatrix escapara Voldemort, mas teria de passar por Melinda, ou convencê-la, mas a garota já estava vindo para cima dela com todos os feitiços que conhecia, ou pelo menos aqueles que não a matariam, Bellatrix notara. Ela estava soltando toda a sua raiva e o que a bruxa mais velha tentava fazer era defender-se sem feri-la.
- SECTUMSEMPRA! - por fim ela gritou, surpreendendo Bellatrix, cujo feitiço de defesa ricocheteou e atingiu o ombro de Melinda de raspão.
- Melinda, me escute, eu não quero te machucar, - mas não me tire do sério, foi a parte que ela não disse, contudo aquilo só pareceu irritar Melinda ainda mais.
- Não se atreva a ser condescendente comigo! - Melinda gritou, - Apenas tente me machucar, mamãe. Com o ódio que eu estou de você agora, eu duvido que consiga me pegar!
- Até onde eu sei, Melinda, é você que tem que me pegar. Nem mesmo você se atreveria a me matar, ou a Harry Potter, pois afinal de contas é o seu pai que quer se divertir conosco. - Bellatrix respondeu, numa tentativa de distrair Melinda para de alguma forma conseguir desarmá-la.
Os segundos seguintes apenas provaram uma máxima para Bellatrix: o ataque era a melhor defesa; Melinda estava com tanto ódio que entre os ataques dela, Bellatrix apenas tinha tempo de se defender. Ela precisava de qualquer jeito conseguir falar com Melinda.
Então, ela começou a atacar, e não havia poder no universo parar parar aquelas duas depois que começaram - a não era elas mesmas.
Feitiços voaram para todos os lados, muito raramente atingindo qualquer uma das duas, o estado em que o andar começou a ficar não era nada quando comparado ao estrago que Bellatrix e Snape haviam feito no clube de duelos. Aquilo era artes das trevas combatendo artes das trevas sem reservas e com todo o poder que era possível. Fogo combatendo fogo numa explosão de animais de fogo maldito controlado demais para qualquer iniciante conseguir lidar, gelo combatendo gelo numa confusão de adagas afiadas e congelantes por todo o lugar.
- Oh os Comensais amariam ver isto, não acha? - Bellatrix gritou em um momento. - Provavelmente alguns deles até já sonharam com isso.
Aquilo pareu apenas irritar mais Melinda, que veio pra cima da mãe com ainda mais força, e um pouco menos de concentração, que foi o suficiente para que Bellatrix pudesse acertá-la. Melinda voou para trás com a força do feitiço, a menina bateu contra a parede e ela escorregou até o chão, com a testa sangrando um pouco. Bellatrix nao demorou a desarmá-la.
- Raiva e falta de concentração são seus piores inimigos. Podemos conversar agora?
- O que há pra conversar? - Melinda cuspiu, a expressão de desgosto tentando mascarar seu desespero. Bellatrix apenas imaginava o que ela e Gabrielle haviam passado naquela floresta e no Salão Principal. - Pretende tentar me enrolar?
- Não, Melinda. - Bellatrix suspirou, - Eu não quero te enganar, muito pelo contrário, o que eu quero é te dizer a verdade.
- Ótimo, porque eu não deixei Gabrielle inconsciente em um armário de vassouras para ouvir mentiras. - ela devolveu, a voz um pouco menos tensa, e Bellatrix quase deixou-se sorrir com mudança.
- Armário de Vassouras?
- Bom, digamos que ela ficou com essa ideia absurda de vir atrás de você e eu logo percebi que era a maior estupidez que ela faria na vida… Você e Snape transformaram isso aqui em um circo. Agora, sem delongas.
Bellatrix respirou fundo e fitou o chão por um instante, para então olhar a filha novamente nos olhos e suspirar: - Não podemos matar Potter.
- Sua história é ainda mais patética do que eu imaginava, Severus. - Voldemort riu-se, parecendo estar com nojo da história que acabara de ouvir. Acreditara que seus problemas relacionados a Lily Potter teriam terminando na noite em que matara seu filho, e olhando a todos os problemas que aquilo lhe havia causado nos últimos dezesseis anos, ele calculou que aquela fora provavelmente sua vítima que mais lutara e agarrara-se à vida. - Eu tentei, Severus, ela não quis viver. Talvez seja sua vez de aceitar que Lily Potter nunca se interessou por você com nada mais do que um tolo carinho infantil e que preferia morrer a viver num mundo sem James Potter e seu adoravel e irritante bebê, você estando nele ou não. É hora de crescer, Severus.
Snape engoliu seco, o sangue fervendo como não havia há mais de quinze anos, Voldemor não entenderia é claro, nunca entenderia. Ele não era capaz, não importava no que Bellatrix pudesse acreditar. Era possivel que ninguém entendesse, no entanto.
- E pobre Gabrielle Ceresier, - Voldemort debochou, negando com a cabeça. - Uma pretendente tão boa para você, alguém para te colocar nos eixos, Severus, te fazer sair dessa obsessão doentia que nutria por essa garota que amava a outro. - Voldemort deu mais alguns passos na direção do opnente, que não recuou. - No fim, não faz diferença, Severus, por Bellatrix ou por Lily Evans, sua traição foi motivada por uma mulher, por amor. Dá no mesmo.
- Convença-se disso o quanto quiser, milorde. - Snape podia apostar que vira os lábios finos do Lorde tremerem, - Mas consigo ver o alívio tomar conta de si ao se dar conta de que Bellatrix nunca foi tocada por mim, que nunca deixou de ser exclusivamente sua. - os dedos de Voldemort apertaram a varinha com mais força, mas Snape novamente não vacilou. - As provas o enlouquecem, milorde. Ela afeta mais do que gostaria de imaginar, e me critica por Lily Evans? É tão obcecado quanto eu, se este é o caso, com a diferença de que - pobre Bellatrix - eu me importava realmente com Lily, e nunca a faria mal. Quanto a você, milorde, todos sabemos que se importa apenas consigo mesmo e é por isso que antes do final perderá até mesmo a mais cega e obsessiva tenente que tem atualmente… e já perdeu a amante.
- No fim, nada disso importa, Severus… vocês dois sabem o que fizeram, sabem o que eu vi, o que acharam, que iam me vender à Ordem da Fênix e sair ilesos? Foi isso que Bellatrix te disse? Com doces palavras te convenceu de que se fizessem um bom acordo sairiam vivos? Oh não… não é do feitio dela… - ele pareceu considerar por um momento. - mesmo com tudo o que aconteceu, isto não partiria dela… Foi você, Severus, não foi? Quem plantou a semente da traição no coração dela?
Snape franziu o cenho, mal acreditando no que estava ouvindo, Voldemort estava de fato mais louco do que normalmente já era. - Não, milorde, por mais justa que esta vingança me soe agora… Tirar-lhe Bellatrix, depois de ter-me tirado Lily, infelizmente não passou por minha cabeça… Meu plano era mais como… destruí-lo. Bellatrix do nosso lado ou lado, ou não, ela passar para nos ajudar foi apenas um adendo… mas está tão cego que não mais consegue diferenciar traidores de aliados… e talvez minha vingança esteja completa aí… nunca será feliz. Nunca mais, milorde… Por mais que tente… Quanto a mim… Eu serei. - Snape disse com a maior certeza que pode colocar em sua voz, mesmo que no fundo de siaquela fosse uma súplica ao universo e a Gabrielle, onde estivesse.
Voldemort levantou subitamente a varinha, mas antes que pudesse atacar, Snape há havia voado e atravessado a janela do salão principal, sumindo na noite muito além do alçance do Lorde das Trevas. Tempo, ele estivera ganhando tempo, mas não o atrairia daquele jeito para fora do Castelo.
- Se viver o suficiente para isso… - sussurrou para si, e endireitou a postura ao virar-se aos outros Comensais, que aproximavam-se dele com cautela. - Tragam-me a cabeça dele, num momento oportuno. Tenho assunto mais urgentes a tratar.
Os sentidos de Gabrielle retornaram lentamente, a falta de luz sendo extremamente gentil em seus olhos recém acordados; sua cabeça doía, como se tivesse sido nocauteada por um trasgo montanhês, até que ela lembrou-se que o dito cujo tinha nome.
- Melinda… - ela sussurrou, e suas têmporas doeram. - Maldição… ela não podia me deixar desacordada delicadamente? - aparentemente, a ideia de Gabrielle correr atrás de Bellatrix para tirar satisfações quanto ao pequeno showzinho que ela e Severus deram, já que o canalha estava sendo muito bem cuidado pelo Lorde das Trevas, não fora muito bem recebida pela filha. Bando de doentes, isso sim.
Snape àquele ponto já deveria estar morto, e talvez Bellatrix também, afinal de contas ela não fazia ideia de quanto tempo estivera presa naquela droga de lugar - que ela nem sabia o que ou onde era. Ela era uma montanha russa de sentimentos, e era quase como se a eletricidade daquele momento corresse por suas mão - energia essa que ela usou para socar a porta, naquele primeiro momento, fazendo sua cabeça pulsar de dor mais uma vez, mas dessa vez ela pouco se importava.
Cegada pela raiva e pela dor, ela socou aquela porta por vários minutos, até finalmente ver pelo canto dos olhos sua varinha jogada no canto daquele cubículo, e bufou num misto de ódio e alívio.
Gabrielle convocou sua varinha e com um simples murmúrio a porta a sua frente estava aberta, era de se pensar que talvez Melinda teria se dado mais ao trabalho de trancá-la. Novamente, ela não tinha nenhuma noção de quanto tempo estivera apagada, então não tinha como precisar se a falta de cuidado de Melinda fizera alguma diferença ou não para ganhar tempo.
Ela mal havia deixado o armário de vassouras quando teve que se esconder dos feitiços que vinham em sua direção atrás de uma pilastra, aparentemente Ginny Weasley e seus amiguinhos haviam feito as pazes e estavam ajudando a sustentar a resistencia em Hogwarts, que estava brilhando das mais diversas e fatais cores. Aparentemente, no entanto, eles não a haviam visto, e aquela chuva de feitiços não fora nada além do que sobrara pra ela da luta que já estava ocorrendo.
Ainda semi nocauteada, talvez não fosse muito inteligente entrar na luta, então ela usou o grupo de Comensais da Morte que estava atacando a antiga Armada como escudo para conseguir sair daquele andar.
Uma mão em seu braço quase a matou do coração, mas ao ver que era Draco, Gabrielle se deixou respirar.
- Eu estava te procurando, -
- Procurando ou viajando? Não tenho como saber a doida da sua namorada não te deixou aqui de guarda pra quando eu acordasse. - ela cuspiu, e Draco apenas suspirou, sem se dar ao trabalho de muitas explicações. - Aliás, quanto tempo eu fiquei lá?
- Uma hora, mais ou menos. - ele respondeu, apoiando-se na parede. - Melinda foi boazinha, até, eu diria. Ela só queria te tirar do caminho.
- Pra defender a mamãe, - Draco não segurou o riso.
- Mais para te defender, Gabrielle você tem zero chances contra a Bellatrix e sabe disso. - ele respondeu, sincero. - Melinda foi atrás dela, para tirar as mesmas satisfações que você, ou muito simlares: O que diabos foi o show com Snape? Porque eu pouco ligo com quem Bellatrix transa ou não, e em caso de ser verdade Snape também merece uma conversinha pois é tão culpado quanto, mas-
- Não me preocupei com Severus, pois imaginei que o Lorde o mataria antes que eu tivesse chance. - ela explicou, quase triste. - A esta altura… Qualquer satisfação que eu tivesse pra tirar…
Draco aproximou-se mais dela, pra escondê-los de um grupo que passava. - A Ordem da Fênix tomou conta da Sala Precisa, - ele sussurrou, - um pouco depois que a Mel te trancou ali, estão usando como base, por isso estão aos montes por aqui. Podemos ficar em menor número, e não sou de subestimar os outros.
Gabrielle assentiu e eles ficaram quietos por alguns momentos, até que seus inimigos passassem completamente por eles, e pudessem relaxar. - Snape está vivo, - ele esclareceu. - Usou tudo o que podia para atrasar o Lorde, para distraí-lo enquanto tia Bella fugia… - Gabrielle fez uma careta, - mas foi basicamente isso, até onde eu ouvi antes de vir te procurar e pelo o que eu ouvi pessoas murmurando depois… tudo foi um grande ato para atrasá-lo e, depois que o Lorde já estava no limite, Snape fugiu.
- Eu… eu também preciso lutar. - ela disse, firme. - Não posso ir procurá-lo, se é isso que você está sugerindo. Tem uma guerra aqui.
- Eu não sugeri isso, - ele sorriu. - mas imagino que Snape queira ser encontrado por você.
Gabrielle fitou os próprios sapatos, e mordeu os lábios, seus pensamentos a torturando. Ou mais precisamente, a falta deles, algo estava faltando e ela podia sentir, algo a mais estava faltando. Snape a havia obliviado, e provavelmente Bellatrix na mansão malfoy também, ela estava cansada de ser protegida das verdades, ela tinha perguntas e queria respostas, e naquele momento ela apostava que Snape tinha as respostas para tudo. O que quer que Bellatrix não quisesse que ela soubesse, com certeza tinha contado para ele e causado aquele alvoroço todo.
- Draco? Eu vou precisar que você me cubra nessa batalha… - o loiro apenas riu, e beijou a testa da amiga.
- Obrigada, - Draco ouviu a voz de Melinda apenas alguns segundos depois de ter ajudado Gabrielle a fugir por uma das passagens secretas. Após chegar ao jardim, ela estaria sozinha, mas como a maioria da luta estava no Castelo, ela teria mais chances. - Acredito que se ela visse minha cara depois de tê-la nocauteado, ela teria perdido muito tempo em tentar me nocautear em vez de fazer o que devia ser feito.
- Não foi nada, - ele virou-se para encontrar uma Melinda um pouco diferente da que ele havia visto por último, cerca de meia hora antes. - Mel? - além dos diversos cortes pelo corpo e hematomas mostrados pelos pedaços rasgados da roupa, ela tinha um semblante preocupado, sério demais, nada daquela natural prepotência que ela geralmente carregava aparecia. A guerra havia chegado à Princesa.
Ela lambeu os lábios, e mexeu nas unhas várias vezes, se aproximando dele com calma, ela parecia tremer. Nos olhos dela, ele podia ver quando ela se aproximou o bastante: era como se o mundo dela tivesse sido estilhaçado em mil pedaços. - Não podemos vencer esta guerra, Draco.
Draco franziu o cenho e engasgou com o ar em seus pulmões, em choque com o que havia ouvido. De todas as pessoas, Melinda era a última de quem ele poderia esperar pessimismo. Não ela, não quem era mais próxima de Voldemort; ele tocou os ombros dela - Mel, meu amor, você sabe que isso não é verdade. Podemos estar tendo uma batalha complicada, mas eles vão lutar até o último suspiro, é claro que vão. E vamos perder muitos, sim, vamos, mas… isso é a guerra, a primeira também foi assim, mas nós somos os mais fortes.
- Não, Draco, você não está entendendo… podemos vencer essa batalha, e as mais quantas que vierem pela frente, mas… essa guerra, ela nunca vai acabar, nunca vamos vencer, e nem eles vão vencer!- ela tremeu levemente por debaixo dos dedos dele. - Ninguém pode!
Draco respirou fundo, e a única explicação que fazia sentido em sua cabeça era a de que a namorada havia sido atingida por algum feitiço de confusão, a garota fazia zero sentido. - Melinda, não haverão mais batalhas, é hoje ou nunca! Hoje, um lado sai vivo e o outro morto e-
- Draco, me escuta. - ela segurou o rosto fino dele, e encostou as testas. - Nós não podemos matar Potter.
- Sim, o seu pai o quer vivo para que ele o mate.
- Não, Draco. - ela negou com a cabeça. - Ele não deve matá-lo e o nosso dever… - as palavras pareciam machucá-la. - É mantê-lo vivo.
- O quê? - Draco se afastou dela, confuso. - Melinda, o que está acontecendo? Como assim manter Potter vivo? Você é a última pessoa, até mesmo antes da sua mãe, que eu pensaria que ia mudar de lado! Você enlouqueceu?
- Eu não mudei de lado, Draco. - ela respondeu, ressentida. - Muito pelo contrário… eu não disse que ninguém podia vencer essa guerra?
Uma hora fugindo de Voldemort, uma hora desviando dos Comensais da Morte e escondendo-se atrás da Ordem da Fênix. Aquela possivelmente fora a hora mais estranha da vida de Bellatrix, até o momento.
No fim do corredor, Nymphadora Tonks fechava sua passagem, com uma expressão nada amigável. Bellatrix não podia negar que não podia nutrir menos simpatia pela sobrinha.
- Mova-se. - Bellatrix não tinha nem o tempo, nem a paciência para lidar com problemas familiares naquele momento.
- Parece que é verdade o que dizem sobre a guerra, - Tonks respondeu, medindo Bellatrix com os olhos. - Ela muda as pessoas, faz com que percam seus princípios. Quando Minerva me disse que estávamos te ajudando, eu quis vomitar.
- Bom, querida sobrinha, acredito que ela primeira vez vamos concordar em algo. - ela respondeu, dando mais um passo, mas Nymphadora não se moveu um milímetro. - Mas Minerva não será a primeira, nem a última, a fazer acordos considerados duvidosos em tempos como estes… Dumbledore era o rei disso, - ela riu-se da expressão ofendida da outra. - Mas é claro que não se lembra, era muito pequena… mas todos se lembram de Snape, não é? Dumbledore entendia que até o mais nobre dos homens, às vezes na guerra, acaba vendendo a alma.
- Você está longe de ser nobre, Bellatrix…
- Eu me referia à Minerva, é claro, a pobre teve de passar por cima de vários ideais no dia de hoje…
- E você não, eu creio?
- Minha consciência está transparente… e, sim, eu tenho uma, Nymphadora…
- Não me chame de Nymphadora, - ela alertou. - Minerva pode ter me pedido algo, mas não sou muito fã de seguir ordens sem saber os motivos.
- Saberá quando precisar saber, auror. - Bellatrix piscou, - Os peões não precisam saber de tudo até o final.
Nymphadora visivelmente engoliu seco, tentando se controlar, em meio àquela situação horrorosa em que todos se encontravam, ninguém entendia porque diabos Minerva concordara com aquela porcaria toda, aquelas pessoas precisam ser presas e não concedidas anistia. E, menos ainda, fazia sentido Bellatrix pedir anistia, aquilo tinha cheiro de armadilha, pelo menos para Tonks, mas até aí… Minerva não tomaria uma decisão dessas sem ter certeza.
- Mas, olha, Nymphadora… você não é a única sofrendo aqui… e fazendo concessões, afinal eu tenho um mandato pela sua cabeça há alguns meses que eu gostaria de cumprir, então estamos na mesma. - Bellatrix não resistiu à provocar, - Agora, deixe-me passar.
- Por que então que eu não torno as coisas mais fáceis para você, titia. - Tonks parecia que ia espumar de ódio a qualquer momento. - Seu acordo com Minerva se limita a não nos atacar, mas eu não tenho nenhuma intenção de te deixar sair viva desse corredor.
- Oh, é mesmo? Fofo que você pense assim, mas nosso histórico diz o contrário, e o sangue que você deixou no chão do Ministério, também. - Bellatrix se limitou a sorrir, e Tonks levantou a varinha.
- Não tenho medo de você, Bellatrix!
Bellatrix afastou-se alguns passos, somente o que ela teve tempo de fazer antes que fosse atingida de raspão por um feitiço da auror, - Ora, ora, ora… Provocando uma serpente, você vai ser picada, querida.
- Estou contando com isso, - Tonks cuspiu no chão e atacou novamente, sendo dessa vez defendida. - Se Minerva acha útil vender a alma, eu não.
- A soldado descumprindo as ordens do general, - Bellatrix pareceu pensar. - No momento não posso exatamente julgá-la por tal, apenas rejubilar na chance que está me dando de cumprir minha missão.
- Aguardo ansiosa.
Bellatrix levantou a varinha e sorriu em sua alforria, uma delas sairia morta daquele corredor e, com certeza o sangue a ser derramado não seria o dela. Nymphadora estava brincando com fogo e iria se queimar.
Remus corria os corredores de Hogwarts, naquele momento mais preocupado em achar Nymphadora do que Harry. Ele sabia que o garoto precisava mais dele, mas conhecia a mulher e o quão tempestuosa ela podia ser e algo em si dizia que ela havia feito exatamente aquilo que ele a aconselhara contra.
Provocar Bellatrix Lestrange era ainda mais perigoso do que aliar-se a ela - movimento de Minerva que ele ainda julgava imprudente, principalmente porque não havia quem lhes dissesse como Bellatrix conseguira este acordo - e além de perigoso, era tolo. Bellatrix tinha um premio a receber de Voldemort pela cabeça de Nymphadora e, assim que ela atacasse-a, revidaria. Sua esposa era boa, a melhor no que fazia, mas Bellatrix era fria, calculista, e nem mesmo pensava para matar.
- Sabe que sua irmã, - ele ouviu a voz de Bellatrix, no corredor ao lado, e parou em pânico ao ver o que estava acontecendo. - Amaria estar aqui para ver isso… pobre Nicky, a ovelha negra da familia da ovelha negra… Interessante como as coisas funcionam, não é?
- Me mate logo, Bellatrix. - Nymphadora respondeu, sua garganta presa debaixo da bota da outra bruxa, a varinha a muitos metros de distancia, e o corpo coberto de ferimentos.
Bellatrix somente brincou com a mira da varinha, - Nunca ouviu que eu gosto de brincar com a comida antes de comer? - Remus sabia o que estava por vir, - Crucio.
Nymphadora começou a berrar e a se contorcer debaixo da bota da tia, e provavelmente de qualquer que fosse o feitiço que a mantinha no chão, pois mesmo que ela parecesse se debater muito, seu corpo mal se movia. - Eu sei que está aí, Lupin, e qualquer movimento seu vai alongar o sofrimento dela. - Bellatrix tinha a mão sobre uma faca que trazia na perna, e nem mesmo olhava para ele. - Consigo sentir o seu cheiro de cachorro molhado daqui. Agora… eu ficaria quietinho se eu fosse você, porque acho que Nymphadora aqui não gostaria de te ver morrer.
- Remus… - Nymphadora soluçou, - Corre, Remus, fuja… Eu cometi um erro,… - ela soluçou novamente e soltou mais um grito, - ela não vai me deixar ir, Ted… Teddy… Precisa… - mais um grito, e ela fechou os olhos com força, seu corpo todo tremendo e suando frio.
- Não… - ele respondeu, chorando, ele não suportava vê-la sofrer daquela forma. - Não, não, não! Bellatrix, você fez um acordo!
- Ela me atacou primeiro, - ela rebateu, - Ela quebrou o acordo, eu nunca disse que não responderia a um ataque… Não poderia, vai contra minha natureza. - ela moveu novamente a varinha, e Nymphadora gritou mais. - Achei que a este ponto em sua vida de auror, já teria mais experiência com a Cruciatus, que surpresa mais agradável.
- Remus… - Tonks tentou com todas as forças que tinha estender o braço na direção do marido. - Vá...
- Nymphadora, não! - ele estendeu a mão em reciprocidade, mas Bellatrix agarrou mais forte a faca, e ele deixou o braço cair.
- Não… me… chame… de.. Nymphadora… - ela conseguiu rir em meio ao choro, e Bellatrix suspendeu a maldição, arrancando um grande suspiro dela.
- Ah, que tocante… Boa noite, Nymphadora. - Bellatrix usou o outro pé para rapidamente quebrar o pescoço da sobrinha, que caiu morta no segundo seguinte, os olhos ainda abertos e olhando para ele.
Remus gritou e correu para tentar acordar a mulher, sem acreditar no que estava vendo, ela estava morta, estava acabado. Eles tinham lutado tanto, ele segurou a mão de Nymphadora e a beijou.
Ele a vingaria, era o mínimo que sua esposa merecia, então com sua outra mão agarrou sua varinha e a estendeu na direção de Bellatrix, mas era tarde demais e o raio verde já brilhava em seus olhos, ele encontraria Nymphadora, por fim.
“O edificio mais mal assombrado do Reino Unido”, era o que diziam sobre aquele lugar e, por mais que Gabrielle não temesse aquele tipo de coisa - pelo menos não mais - algo lhe dizia que encontraria alguns fantasmas indesejados por ali.
Ela tinha certeza que, se Snape havia fugido, aquele era o primeiro lugar em que devia procurar. Se era mal assombrado ou não, não fazia diferença, mas ela podia apostar que num lugar com tantos fantasmas Voldemort teria muito mais dificuldade de localizar Snape por legilimencia - e este era o perfeito lugar para se esconder do Lorde das Trevas.
As tábuas rangiam em lugares aleatórios, sempre assustando-a de modo a pular e agarrar mais sua varinha, “Estamos em guerra, é claro que estou preocupada, isto podia ser uma armadilha”, ela pensou, iluminando seu caminho mais uma vez com a luz da varinha.
- Eu sabia que você ia me achar, - ela ouviu uma voz conhecida por trás dela e tentou segurar o sorriso que insistia aparecer em seu rosto porque ele estava vivo ainda, havia conseguido fugir de Voldemort ileso. Por outro lado, ela não sabia se ele teria a mesma sorte em fugir dela dependendo de como as coisas ocorressem ali.
- Pelo visto o Lorde das Trevas ainda não destruiu o seu traseiro traidor, - ela cuspiu e virou-se para ele.
- E a sua varinha está baixa, - ele atestou e nem mesmo Gabrielle havia notado que havia baixado a guarda e seu corpo não lhe obedecia quando ela tentava mais uma vez levantá-la. - Você quer respostas, e as terá, mas tem algo que eu também quero… desde que deixou Hogwarts para a Mansão Malfoy. - ele se aproximava dela aos poucos, e Gabrielle involuntariamente prendia a respiração. - Me magoou na época, que você me deixou para ir servir de dama de companhia para pessoas que me odeiam .
- Que te odeiam com motivos, - Gabrielle acrescentou, - e por sua culpa. Você não tinha o direito de me obliviar, Severus. Quem diabos você pensa que é?
- Alguém fiel, - ele parecia quase melancólico, e ela queria vomitar, ou socá-lo, mas tudo o que conseguia era ficar ali paralisada observando-o na meia luz. - Alguém que cumpre suas promessas.
- Ah, vá à merda, Severus! - Gabrielle soltou, entre os dentes, e o mediu com os olhos. - Você está longe de ser uma pessoa fiel, e muito menos leal a ninguém além de si mesmo… não seja hipócrita, nem mentiroso, eu mereço mais do que isso.
Snape suspirou, e negou com a cabeça, sem nunca parar de se aproximar dela, e Gabrielle se odiava por não conseguir se mover. O ódio a corroía e, por mais que as respostas lhe fossem importantes, ela queria bater nele, ferí-lo para soltar sua mágoa. Agora que ele estava tão próximo, ficava muito dificil de controlar seu instinto homicida e ser racional.
Ele já parecia ter uma ideia diferente, e cancelou o espaço entre os dois num único e rápido passo, pegando-a de surpresa com sucesso, e segurou o pulso de Gabrielle para baixo afim de manter sua varinha apontada para o chão. A mão livre dele embrenhou-se por entre as mechas loiras e trouxe o rosto de Gabrielle o mais próximo possível do seu sem beijá-la. - Eu sou e você entenderá, por mais que o resultado seja me odiar, mas não quero que me odeie pelos motivos errados, Gabrielle.
A loira engoliu seco e tentou lutar contra o aperto dele em seu pulso, mas ele era imensamente mais forte, e no canto de sua mente ela sabia e ansiava pelo o que estava por vir, ela se odiava por isso, mas ansiava com todas as forças que aqueles milímetros fossem exterminados e ela pudesse sentir seus lábios nos dele mais uma vez. - Senti sua falta, - Snape sussurrou, e Gabrielle foi apenas capaz de fechar os olhos antes que ele a beijasse e abafasse o “Eu também” que ela não conseguiria conter.
Foi quase ridícula a forma como Gabrielle baixou a guarda para ele, aceitando aquele beijo de reencontro como se nada estivesse acontecendo, diabos ela ainda o amava, e não podia se livrar disso, maldito sentimento doentio que a cegava.
Ela só notou que haviam se movido quando suas costas encontraram-se com uma das paredes de madeira envelhecida, que tremulou com o contato deles. Snape soltara sua mão, e agora envolvia os dois lados do rosto dela, não mais tendo a necessidade de mantê-la no lugar, mas usando a posição como vantagem para puxá-la para mais perto.
Gabrielle agarrou o ombro e o pescoço dele com força, quase que como tentando puni-lo com a dor ao mesmo tempo em que cedia a ele. Ela sentia-se fraca, patética por se entregar e completa ao mesmo tempo. As feridas dela ainda doíam, mas aquele momento servia para estancá-las, parando momentaneamente o sangramento que fora reaberto naquela noite.
Foi ele quem se afastou, nem mesmo Gabrielle podia mensurar quanto tempo depois ou o estrago que aquilo poderia ter feito em sua resolução, e recostou sua testa à dela. - Desculpe-me, eu precisava, eu… Não estou tentanto te manipular, Gabrielle. - Ele se afastou, e a jovem precisou de toda a sua força para não gemer em reclamação. Maldito homem. - É como disse, você merece a verdade por mais dolorosa que possa ser.
A loira guardou a varinha, em um sinal de paz que Snape prontamente entendeu com um leve sorriso, e cruzou os braços. - Ótimo, então comece a falar.
- Não, não aqui… muitos fantasmas já ocupam este lugar, não é prudente trazer mais um à tona. - Gabrielle não entendeu as palavras dele, que parecia pensativo e quase como se derrotado, mas ela pouco se importava com o local, contanto que suas respostas chegassem.
- Que seja….onde então?
Draco havia há pouco deixado Melinda, indo avisar os Comensais na ala leste de que as ordens haviam mudado e que qualquer um que avistasse Harry Potter deveria reportar imediatamente à Princesa das Trevas; chances eram que alguns Comensais ignorariam essas ordens, mas se metade deles não questionassem e mudassem os planos, já estariam em maior vantagem.
A cabeça dela girava enquanto ela mesma prosseguia para a ala oeste, à procura dos que em teoria lá estariam para tentar a mesma manobra. Todos eles estavam ganhando tempo, precisavam controlar o que ocorreria antes que o desastre trazido pelos planos de Voldemort chegasse.
Aquela ala, no entanto, parecia deserta e ela estava exausta, o peso de tudo o que acontecera começando a chegar a ela. A noite teria consequências desastrosas para todos eles, ela temia, parar Voldemort dificilmente seria algo fácil de se cumprir.
Ela ouviu um barulho atrás de si e se virou para encontrar Pansy Parkinson, que a observava quieta do canto do corretor. - O que está fazendo aqui? - ela inquiriu, quase irritada, - Devia estar na ala sul da escola, não aqui.
- Eu devia, sim, mas estou cansada de ouvir ordens suas. - ela cuspiu de volta, - então decidi fazer o que eu queria.
- As ordens não foram minhas, - Melinda lembrou-a.
- De seu pai, oh sim, mas nesses dias não é tudo a mesma coisa? - Pansy levantou a sobrancelha e Melinda começou a perder a pouca paciência que ainda tinha.
- Não, não é, mas que seja. Agora o que você quer é não me obedecer, mas me seguir? - Melinda debochou, e tentou passar para o outro lado do corredor, mas foi bloqueada por Pansy. - Parkinson, eu realmente não tenho tempo para perder com as suas bobagens, tem uma guerra acontecendo, e estamos no meio de uma batalha, caso não tenha notado.
- Eu esperei por tanto tempo… - Pansy comentou, quase que em um transe, sua atenção mais introspectiva do que em Melinda. - É hoje… hoje finalmente o seu reinado termina, princesa. Você vai perder tudo o que ama, ver escorregar por seus dedos, espere e verá.
Melinda cerrou os olhos e puxou a varinha, - Do que você sabe? - ela rosnou, - O que está acontecendo?
- Nada demais, - Pansy riu-se. - Só que esta guerra está indo pelo ralo, e antes do fim… sua familia feliz será massacrada.
Melinda mal teve tempo de se defender, antes de Pansy vir para cima dela com uma adaga; Melinda moveu-se rapidamente mas não conseguiu desviar completamente do golpe e - no momento em que pegou sua varinha e a apontou para Pansy - a adaga entrou profundamente na lateral de seu joelho e a Princesa das Trevas caiu no chão com um baque surdo.
Ela agarrou a varinha com ainda mais força, cegada pela dor, e atingiu Pansy Parkinson pouco antes de ela conseguir fugir. Melinda forçou-se a sentar, e analisou o ferimento. A adaga estava funda demais, além do que provavelmente estava envenenada… ela não escaparia dali sem fazer algo em relação àquilo.
- Merda… - ela respirou fundo e puxou a adaga de uma vez, enchendo o corredor com um grito estridente de dor.
O sangue imediatamente começou a escorrer pelo chão, enquanto Melinda recuperava o air para seu próximo passo… - Vulnera Sanentur - ela sussurrou, com as mãos ainda tremendo enquanto ela apontava ao ferimento sua varinha.
Pouco a pouco, ela viu o ferimento começar a fechar, numa velocidade mais lenta do que ela gostaria, e mais uma vez uma dor insuportável tomou conta dela aumentando à medida que mais partes do corte moviam-se para fechar.
Somente vários minutos depois, quando o ferimento não era nada além de cicatriz, a dor tornou-se suportável, mas os cantos escuros da cicatriz diziam a ela apenas uma coisa: ela estava certa, veneno.
- Bezoar. - afirmou a si mesma, enquanto levantava com certa dificuldade. - Espero que tenha sido burra o suficiente para usar algo que o bezoar bloqueie… - Melinda disse ao corpo de Pansy Parkinson, inerte a seus pés.
Ao virar no final do corredor, Melinda ouviu o barulho de passos que tornaram-se mais e mais determinados a cada segundo. Alguém estava ali e, talvez, não fosse o melhor momento para tropeçar na Ordem da Fênix. Podia ser tão poderosa quanto quisesse, mas ainda mancava.
Os passos se aproximaram, as pessoas donas deles passaram a ser silhuetas e, então, Melinda reconheceu o líder do grupo e xingou o universo. Diggory.
A expressão no rosto de Cedric, no entanto, era a de uma criança no Natal. Melinda estava sozinha em um corredor e por alguma razão a usual postura arrogante dela estava faltando. Ele esperava o momento em que descobriria.
- Cedric… - uma menina de aproximadamente vinte anos sussurrou, - É…
- Sim… eu sei quem é…. - ele respondeu, dando passos mais largos na direção de Melinda, que não se moveu um centímetro sequer e agarrou a varinha com força.
- Boa noite, Diggory. - ela cumprimentou, preparando-se internamente para a batalha que estava pra vir. - Acredito que esse nosso encontro já está bastante atrasado.
Cedric riu-se amargo, e as outras pessoas com ele puxaram as varinhas, apenas para que ele levantasse a mão: - Ela é minha.
Melinda lambeu os lábios, - Tem certeza disso, cunhado? Alguns o chamariam de inconsequente.
- Eu fui selecionado para o Torneio Tribruxo, Melinda, como representante de Hogwarts. Eu sobrevivi a ele, e ao seu pai. Eu posso derrubar uma menina mimada,
- Hilary não pôde, - ela respondeu, e Cedric imediatamente ficou pálido e cerrou os dentes. Ela sabia escolher as palavras, ela tinha uma desvantagem crescendo em sua perna e precisava criar uma nele - mesmo que psicológica.
- Dobre a sua lingua pra falar dela, sua maldita! - ele cuspiu, - Hilary valia dez de você!
- Talvez… Afinal ela teve a criação que devia ter sido minha, mas no fim… Você foi a derrocada dela… Pobre Hilary, não soube controlar seu coração… e olhe aonde isto terminou para ela. Como você se sente, Diggory? Sempre me pergunto isso. Ela está morta por sua causa. Sim, eu a matei, nunca negarei isso… mas, foi você quem colocou a maldição da morte em minha mão.
Cedric aproximou-se rapidamente e Melinda não se moveu um centímetro, não apenas para não demonstrar qualquer tipo de medo, mas também para evitar que ele notasse o problema em sua perna, mas quando a mão dele fez contato com sua bochecha, a princesa perdeu o equilibrio e chocou-se com o chão.
Rapidamente, Melinda levantou a varinha para proteger-se do feitiço que vinha de Cedric e colocar-se de pé rapidamente para revidar. Aquela luta não seria nem de longe tão simples como podia ser, por mais que ela tentasse não demonstrar, ela podia sentir o veneno correndo em si e não tinha muito tempo até ser irreversível. Maldição.
Manter o equilíbrio defendendo-se dos feitiços dele era consideravelmente mais complicado com aquele ferimento; ela estava acostumada com o campo de batalha, mais até do que devia - alguns diriam, mas mesmo assim sua capacidade com aquele ferimento estava muito comprometida.
Cedric franziu o cenho, ele começara a perceber que algo estava errado com a garota - que parecia ter dificuldade de se manter em pé. Um sorriso formou-se em seus lábios, no milésimo de segundo que ele teve pra se deleitar em seus pensamentos antes que ela o atacasse mais uma vez.
Defender-se de Melinda obviamente não seria nada fácil, tendo algo estranho acontecendo ou não, mas foi quando ele conseguiu respirar e acertá-la que tudo se encaixou na mente dele. Melinda fora jogada para trás e suas vestes rasgadas mostraram a lateral - aquele ponto já enegrecida - de sua perna. "Veneno," alguém atrás dele sussurrara e ele não podia concordar mais.
- Alguém começou meu trabalho por mim? - ele provocou, numa expressão que era praticamente uma caricatura dela mesma. - Não sei se estou desapontado ou agradecido.
- Não achei que tripudiar fosse do seu feitio, Diggory. - Melinda cuspiu de volta, com falso choque. Ela levantou-se novamente, respirando fundo para se equilibrar mais uma vez.
- Acabar com você é do meu feitio, - ele rosnou e olhou por cima do ombro. - Vão. Ainda tem uma guerra acontecendo nesse castelo, a Ordem pode precisar de vocês. - seus amigos fizeram menção de dizer algo, mas ele não os deu tempo. - Eu disse vão. Ela é minha. Além do que, um showzinho com plateia é tudo o que ela quer… - ele voltou a encarar Melinda, - e não vou dar-lhe este gosto.
Com hesitação, os companheiros de Cedric os deixaram sozinhos, e Melinda sorriu quase impressionada. - Vou fingir que acredito, Diggory, mas nós dois sabemos a cruel verdade: você não quer que eles vejam quem você vai se tornar, o quão parecido comigo esta guerra o tornou.
- Eu posso ser muitas coisas, mas parecido com você não é uma delas. Seria um desserviço à memória da Hilary.
- Você foi um desserviço à ela. - foi a última coisa que Melinda disse, antes de voltar a atacá-lo.
Cedric defendeu-se e, em vez de revidar com feitiços, ele chutou a lateral da perna de Melinda com toda a força, quase sentindo prazer demais quando ouviu o grito que ela soltou ao cair no chão. O pé de Cedric, então, encontrou o estômago de Melinda. - Eu vou ter o prazer de acabar com você com as minhas próprias mãos, monstro.
Melinda levantou-se, a perna envenenada latejando, e com dificuldade para respirar, mas conseguiu acertar um soco na boca de Cedric, usando toda a força que tinha conseguido adquirir naqueles ultimos meses. Antes que Cedric conseguisse se recuperar completamente, ela o acertou do outro lado com o cotovelo, dessa vez arrancando sangue. - É assim que quer brincar, cunhado? Assim será. - e ela guardou a varinha no bolso.
Cedric limpou o sangue de sua boca abruptamente e devolveu o soco na direção de Melinda, que conseguiu aparar com o próprio braço, mas foi atingida pelo outro punho dele logo em seguida.
Ela guinchou de dor e cambaleou para trás, sem conseguir desviar da rasteira que veio de Cedric. Ela caiu em cima do braço e viu escuro por um momento, cegada pela dor, mas foi obrigada a rolar no chão para não ser atingida pelo pé de Cedric, e acertou o calcanhar da bota na virilha dele.
Cedric gritou de dor e caiu de joelhos, o tempo suficiente para que ela ficasse de pé, ainda segurando o braço ferido, e o atingisse no rosto com o joelho. Mais uma vez, o homem cuspiu sangue, e xingou, mas conseguiu levantar-se com o rosto roxo e ela viu o rasgo que havia feito na boca dele. Ela mal podia imaginar como seu próprio rosto estava.
Ele avançou contra ela novamente, desta vez a jogando contra a parede. Melinda bateu a cabeça e ameaçou perder a consciência, o que despertou na garota pânico: se ela desmaiasse, estaria morta. - Eu disse que você ia virar como eu, - Ela se debateu contra o corpo de Cedric, que agora tinha suas mãos no pescoço dela: - Como se sente, Melinda? - ele cuspiu, começando a apertar a traqueia dela. - Sabendo que você perdeu? Não deve ser fácil, já que te ensinaram que seu destino é vencer. Já que você sempre passou por cima de tudo e de todos pra vencer. - ela se debateu mais ainda, ainda sem sucesso. Seus olhos começavam a encher-se de lágrimas, mas ela se recusava a deixar qualquer uma cair, fosse de dor ou desespero. - É inútil, você deu uma boa briga eu devo admitir, mas eu ainda sou mais forte. - ele apertou mais e Melinda não conseguia mais respirar. - Últimas palavras? - o comentário a levou de volta ao dia em que matou Hilary, naquela mesma escola, exatamente um ano antes. Aquilo não fora por acaso.
No canto de sua visão turva, ela viu o corpo inerte de Pansy Parkinson caído a alguns metros, e tocou sua varinha presa entre seu corpo e a parede. Era sua melhor chance. “Accio Adaga,” ela focou o seu pensamento o máximo que pode e estendeu a outra mão. O toque gélido da lâmina em sua mão foi quase prazeroso. Ela olhou uma última vez nos olhos de Cedric, antes de cravar a adaga na lateral da garganta dele.
Ele caiu no chão, com a mão ao redor da adaga, tremendo, e ela tossiu várias vezes, enquanto o ar voltava dolorosamente a seus pulmões. Cedric não conseguia falar, mas a olhava com o mais profundo ódio, e numa decisão de segundo ela puxou a varinha, antes que ele fizesse o mesmo, e a apontou na direção dele, mandando a varinha de seu oponente para o outro lado do corredor. - Acabou, Diggory. - ela cuspiu, a voz rouca e com um floreio da varinha, a adaga estava fora do pescoço dele e o sangue começou a correr. Ela deu alguns passos na direção do agonizante ex-cunhado, e suspirou. - Avada Kedavra.
- Masmorras, - ela lembrou a si mesma, e começou a se afastar do local. Cedric e Pansy ficaram para trás, assim como sua história com os dois ficaria a partir daquele momento.
Seu corpo todo doía, e ela não sabia como conseguiria chegar ao fim daquela batalha. O veneno ja corria por seu corpo todo e a mataria logo. Ela precisava de um benzoar.
Bellatrix estava muito ocupada fugindo de Voldemort, Gabrielle com Snape, e Draco com os Comensais na Ala Leste. Ela estava sozinha, ou tão sozinha quanto ela podia estar sendo quem era. Com sorte, trombaria em Greyback ou algum outro Comensal no caminho. Sem sorte, ela tinha um longo e perigoso caminho pela frente.
- Reconheço esse lugar, - Gabrielle comentou, sentada em um dos barcos. - Faz tanto tempo… parece outra vida.
- Seis anos, na vida em que você ainda não era capacho de ninguém. - Snape respondeu, e ela fechou a cara.
- Na mesma vida em que eu não me apaixonava por mentirosos, mas não estamos aqui para analisar minhas escolhas de vida, não é mesmo?
Severus respirou fundo e assentiu, sentando-se ao lado de Gabrielle em um dos botes. - Está coberta de razão... nós já tivemos essa conversa, mas agora quero fazer direito. Eu fiz tudo o que fiz, menti e me arrisquei todos esses anos por amor. - ele confessou e Gabrielle engoliu seco, sentindo-se levemente enjoada. - Por amor eu fiz uma promessa que pretendia seguir até o meu último suspiro. Lily Evans foi o meu primeiro amor e isso moldou vinte anos da minha vida. Por ela me tornei Comensal, ou melhor, pela rejeição dela... E por ela supliquei clemencia, quando o Lorde descobriu por minha boca... Lily Evans Potter, era seu nome de casada. - Gabrielle segurou a respiração.
- A mãe do Potter, - ela olhou para os pés. - A clemência não chegou e você se virou contra nós…
- Eu me virei contra ele, contra o mestre que me prometeu clemência à mulher que amava. Apenas a ela. Ele clama ter concedido... ela não aceitou, é claro. - ele riu-se amargo.
Gabrielle lambeu os lábios, uma parte de si queria sentir pena dele e admirar sua lealdade, outra tinha nojo se sentia usada de certa forma. Ela sorriu, quase tão amarga quanto ele. - É claro... ela não o amava. E quem se iludiria a ponto de acreditar que ela deixaria seu filho morrer..?
- Um homem desesperado e se afogando em culpa... - ele respondeu, numa sinceridade e abertura que ela não lembrava ter visto antes. - Eu dei a profecia, eu a condenei. No meu ódio a James Potter, minhas ações levaram a morte de ambos. Por isso, jurei a ela, ao cadáver dela... que olharia por seu filho. E faria tudo em meu poder para destruir o assassino dela.
Gabrielle então riu, e ali ela ria de pena e de desgosto. Ela não reconhecia o homem em sua frente, - Então devo te dizer que você falhou, e falhou muito antes desta noite, da batalha lá dentro e do desfecho que nós dois sabemos que ela precisa ter! Você podia ter esperanças de destruir o Lorde das Trevas, mas.. olhar por Potter? Não me faça rir, e não se engane! Tudo o que você fez foi perseguir e atormentar a vida do garoto desde que pisou em Hogwarts, e a escola inteira sabe disso. Poupe-me de seus devaneios românticos. Salvá-lo no macro não é cuidar, Severus. - ela riu-se, - Não faço ideia do que Dumbledore pode ter visto em você, e Lily Evans provavelmente teria nojo do tratamento que você deu ao filho dela…
- Eu queria… - ele suspirou, olhando para o chão do barco. - Mas ele era tão igual ao pai, eu não suportei ver outro James Potter na minha frente, Gabrielle. Tão arrogante, tão…
- Infantil? Acredito que o mesmo possa ser aplicado a você, e olha que está ouvindo isso de mim! - ela cuspiu e cruzou os braços, - Uma garota te rejeita, você não aceita e deixa isso moldar a sua vida e suas escolhas por… o que? Vinte anos?
- Eu fiz pior, - ele riu de si mesmo. - Ela nunca me quis como nada além de um amigo e eu estraguei isso também. Ela era nascida trouxa e eu perdi o controle uma vez… a chamei de sangue ruim… Não preciso dizer que Lily ficou enojada. Chego a dizer que facilitei o caminho ao Potter… Levei anos para admitir isso a mim mesmo. Eu a afastei de mim, Gabrielle, e fiz isso sozinho.
- Ainda bem que você sabe… E parece que você é mestre nisso, não é mesmo Severus? Estragar seus relacionamentos, afastar de você todos que se importam? Você tinha tudo! O Lorde das Trevas te concederia qualquer coisa que você pedisse, por ser o preferido, todos sabemos que a Lady das Trevas ficava enlouquecida com isso… - ela negou com a cabeça. - Nós poderíamos ter tudo, e não tivemos porque você se apegou a uma obsessão.
- Obsessão? Eu a amava, eu…
- Você ainda a ama, eu já entendi. Mas a verdade é essa, Severus: você não ama a falecida Lily Potter. Você é obcecado com o que você queria ter e não teve. E… ah! Deixa eu te contar uma novidade? Ninguém é obrigado a gostar de você...
- Diz a garota que me perseguiu até eu quebrar... - Gabrielle respondeu com uma bofetada. - O que? Você foi atrás até da Bellatrix! Nós dois sabemos disso, Gabrielle, então me poupe de seu julgamento!
- Eu pelo menos fiz alguma coisa e não fiquei me lamentando no canto! - ela cuspiu de volta, - Não fiquei me lamentando por alguém que se casou com outra pessoa… - ela riu amargamente sozinha, - ou pelo menos não que eu soubesse… porque isso tudo que eu estou vendo só mostra que na sua cabeça obsessiva você se casou com ela. É quase inspirador, a devoção fora dos limites. O que você quer, Severus? Que eu me debulhe em lágrimas com sua história? Adivinhe só, eu não vou… nem me lembro se da última vez me debulhei, mas imagino que não já que você apagou minha mente.
Snape fitou os próprios pés por segundos que pareceram uma eternidade, de alguma forma parecia que aquilo estava indo pior do que a primeira vez. - Eu só queria que você entendesse que… que há mais na vida do que Comensais da Morte ou a Ordem da Fênix, que nem sempre as nossas lealdades são guiadas por nossos ideais, ou compensadas com misericórdia.
Gabrielle levantou-se e saiu do pequeno bote onde estava sentada, dando alguns passos na margem para pensar. Ela não sabia o que era pior, o fato de ele ser um traidor, ou o motivo. Doía, doía muito. - Pedir misericódia pela pessoa que nunca te amou, - ela lambeu os lábios, mesmo que Snape às suas costas não pudesse ver, - e esperar que o Lorde das Trevas conceda. Oh, pobre Severus… Pobre Gabrielle.
A loira virou-se e ele pôde ver os olhos dela brilhantes de lágrimas, o corpo da jovem tensionado, e a mente dela… uma névoa eterna. Oclumência, é claro. “Bellatrix…? Melinda…?”, não importava, na verdade, mas tê-la escondendo seus pensamentos era quase como uma facada. - O que quer dizer?
- É isto que você quer comigo, não é, Severus? Ter alguém para fazer por ti o que fez por Lily Potter… alguém próxima o bastante da princesa para quem sabe ter uma influência. Será que Melinda seria mais misericordiosa do que o Lorde? Ou a Lady, talvez? Após qualquer ajuda tenha sido essa que você deu a ela… Quero dizer que parte de mim deseja que não, Snape, que elas não te concedam nada… porque o Lorde com certeza não vai.
- Não! - ele negou, abismado com a conclusão em que a garota chegara. - Gabrielle, eu te rejeitei no principio por uma razão, não só porque era minha aluna. Eu não estava pronto, até que eu estava. Até que você me deixou pronto para continuar e deixar o passado para trás. - Gabrielle começou então a rir, as lágrimas correndo pelo rosto num contraste bizarro.
- Então quero dizer que novamente você falhou! Seu passado está mais vivo do que nunca, Severus, nada ficou para trás! Se tivesse, você estaria lá dentro ao meu lado terminando essa guerra… não aqui se escondendo como um covarde!
- Nós não terminaríamos essa guerra, porque ela não vai ser terminada, Gabrielle. Não do jeito que nenhum de nós queria… - ele comentou, quase assombrado. - Já que minhas promessas decidiram se cancelar. Prometi a mim mesmo que vingaria a morte de Lily, e que protegeria seu filho. Mal eu sabia que teria que escolher entre um e outro.
- Do que diabos está falando?
- Mas é claro que você não sabe… Bellatrix, então, ela te obliviou antes de sair da Mansão Malfoy. Esperta, seria perigoso que você soubesse de algo quando ela não aparecesse.
- Pare de me enrolar, Snape. O que eu não sei?
- Você não sabe que no fim… Eles não podem se matar.
Melinda cambaleou até as masmorras, desviando o maximo que podia de pessoas da ordem e, para seu azar, ainda não havia encontrado um Comensal sequer. - Merda, - xingou ao terminar de descer as escadas, sua visão já estava turva e ela sentia-se fraca. Maldição de castelo enorme. Ela não sabia se estava perto ou longe da sala que havia sido de Snape antes de se tornar diretor (e que guardava seu estoque) - ou se havia dado cinco ou cinquenta passos depois da escada - Mas suas pernas estavam fracas e ela tremia. Ao longe, ouvia a voz de seu pai ressoar nas paredes do castelo, ouvira que ele havia retornado à floresta e desejava que pudesse tê-lo acompanhado. "Potter", "Snape" e "Lestrange" foram as únicas palavras que conseguiu distinguir. Bufou, e negou com a cabeça, aquela porcaria toda tinha que acabar. Este pequeno momento de distração custou caro à princesa, que em seu próximo passo, não mais conseguiu firmar-se, e desabou. Na pouca consciência podia ter, Melinda preparou-se para a queda e surpreendeu-se quando sentiu braços a seu redor, alguém evitara sua queda e lhe dava o suporte que suas pernas negavam. As madeixas ruivas contra seu rosto entregaram sua salvadora, - Nicky.... - Que zona de merda é essa e o que diabos aconteceu com você?
Melinda só conseguiu formar mais uma palavra, antes de desmaiar: - Ben..zoar... Nicky rapidamente colocou a garota com cuidado no chão e saiu correndo, ainda com dificuldades de absorver o que estava acontecendo. Mas se havia alguma coisa que aprendera no tempo em que convivera com aquelas pessoas era a não perder tempo e não se desesperar. Benzoar. Ela respirou fundo, e correu para o único lugar onde podia encontrar aquilo. As masmorras, pelo jeito, eram o unico lugar onde a Ordem da
Fênix não havia se infiltrado então ela não precisava se preocupar em esconder Melinda - mesmo porquê não era como se ela tivesse tempo para isso. A antiga sala de Snape era ainda mais sombria vazia, e parte dela temia que o professor tivesse colocado armadilhas para pegar alunos inconvenientes e/ou engraçadinhos que achavam que poções eram boas drogas para se distribuir na última festa do Salão Comunal.
- Benzoar, - ela repetiu novamente, quase como um mantra, a descrição de um benzoar que lhe fora ensinada martelando sua mente. Ela não poderia ser a pessoa a deixar sua amiga morrer… Mas além disso, a pessoa que deixara a princesa morrer: àquela hora era possível que ela já fosse até mesmo orfã, e os Comensais da Morte eram sua última alternativa de família. Ela fizera uma escolha, não se arrependia dela, mas agora seu destino se equilibrava naquele maldito antídoto.
Ela puxou a varinha, numa tentativa quase improvável. - Accio Benzoar! - um barulho foi feito no fundo da sala, como uma pedra em metal, e ela sorriu… agora era achar o armário correto. - Accio Benzoar, - ela repetiu mais uma, duas, três, quatro, cinco vezes… até encontrar o armário do qual vinha o som. “Podia ter sido pior,” Ela pensou, antes de se lembrar que teria que abrir aquele armário… - Alohomorra! - Nicky tentou, e o feitiço ricocheteou quase a ponto de machucá-la. - Maldito Snape! Bombarda! - novamente, o feitiço qse explodiu o lugar e não arranhou o armário. Ele devia ter protegido aquela merda antes da invasão. Com certeza, havia algo mais importante que um benzoar naquele armário.
Ela olhou ao redor, não era possível que não havia nada corrosivo por ali. E ela não tinha muito tempo. Ela se levantou e olhou para os ingredientes do local… Não havia nada corrosivo, mas ela tinha sete anos de poções nas costas. E cerca de três minutos para salvar Melinda.
Nicky praticamente misturou todas as coisas perigosas que pode encontrar nos poucos armários que não explodiam ao tocados. Ela soube que havia dado certo quando a mistura começou a derreter o vidro onde ela a misturara. Rapidamente, a ruiva jogou o vidro contra a porta armário - que para seu deleite começou a derreter. Às vezes, o jeito não mágico era o jeito mais rápido. Afinal, numa guerra de bruxos, o ponto fraco de ambos os lados seria a falta de mágica. Ela sorriu e convocou o benzoar, que pousou quase graciosamente em sua mão.
Tempo para se alegrar, no entanto, era algo que ela não tinha. Nicky correu para fora da sala, usando a maior velocidade que conseguia, até chegar ao lugar onde deixara a prima - que para seu desespero, agora convulsionava.
- Merda, Melinda! - Nicky se jogou de joelhos, xingando baixinho com os cortes que o chão de pedra causara em sua pele, e forçou a boca de Melinda aberta, enfiando o benzoar quase agressivamente garganta abaixo dela, antes de forçar a boca fechada de novo. - Não morre, sua idiota!
Nenhuma reação, o corpo de Melinda estava rígido na mesma posição em que estivera quando ela engoliu o benzoar. Um, dois, três, quatro, cinco...trinte e sete segundos, Nicky contava em sua cabeça, mas Melinda ainda não parecia respirar. Ela não podia morrer, não ali, não daquele jeito. - Por favor, prima, reage! Você tem uma guerra pra lutar, você…
- MEL! - Nicky ouviu um grito desesperado, e olhou para ver Draco correndo em sua direção, lágrimas nos olhos. Ele se ajoelhou ao lado delas, e tomou Melinda em seus braços. Quarenta e um segundos, - O que aconteceu com ela? Ela estava bem, ela foi alertar os comensais, distraí-los, desviá-los, e eu… - Nicky não entendia nada. Quarenta e quatro.
- Eu também não sei, ela chegou passando mal, envenenada, me pediu pra buscar um benzoar… eu dei a ela, mas eu não sei se fui rápida o suficiente, Draco. Ela estava convulsionando quando eu cheguei com o benzoar, eu fiz ela comer, mas ela não responde! - ela socou o chão.
- Melinda, por favor. - Draco acariciou os cabelos dela, tirando-os do rosto pálido. As marcas vermelhas no pescoço e vestes rasgadas contavam uma história que ele não sabia se estava preparado para saber. - Meu amor, por favor, fica comigo. Fica conosco. Os três primos Black, reunidos, aqui… Não nos deixa orfãos… não me deixa viúvo antes da hora.
- Mel, por favor, a gente precisa de você… - Nicky pegou na mão da prima, chorando copiosamente, de uma forma que ela não podia mais controlar desde a chegada de Draco. - Você é a única herdeira que o seu pai tem,
- E a única pessoa que pode salvar a sua mãe… - Cinquenta e oito.
Sessenta. Este foi o número, após dois segundos longos e torturantes, um movimento, brusco, horrível e maravilhoso, quando os olhos dela se abriram de repente, e Melinda voltou a respirar, soltando um guincho de dor, como se o ar que enchia seus pulmões queimasse. Rapidamente, seu corpo se contorceu e caiu de bruços para o chão, vomitando o benzoar e tudo o que estava em seu estômago, tremendo e chorando de dor.
Draco e Nicky se jogaram contra a parede de pedra, suas próprias lágrimas manchando seus rostos, mas estas, estas eram de alívio.
- Maldita Parkinson! - Melinda socou o chão, em meio as lágrimas, quando seu corpo decidiu que havia expulsado o suficiente. Ela sentou-se e pegou a adaga presa à bota de Draco. O furo que fez na grande bolha que havia se formado em seu joelho fora doloroso, mas aliviante. Um liquido marrom escuro de forte odor escorreu, e Nicky quase vomitou enquanto Draco olhava horrorizado. - O veneno, expulso pelo corpo… - Melinda comentou, e fechou o ferimento novamente com magia assim que parou de vazar. - Não é bonito, mas é eficaz. - ela se levantou. - Vamos, temos uma guerra para terminar.
- Melinda, você percebeu o que aconteceu? - Nicky perguntou.
- Sim, prima, eu quase morri. - ela limpou a adaga, e a entregou para Draco, que também se levantava. - Chorarei por isto quando a vida de outros não estiver em perigo… Obrigada… pelo Benzoar.
Draco a puxou para um abraço, sem mais palavras, calado, sentido-a perto por alguns segundos. Melinda relaxou, em seus braços, esquecendo-se dos momentos de terror que passara nos momentos anteriores. Uma única lágrima, quente e carregada, escorreu por seu rosto. - Perdoe-me, princesa, se preciso chorar agora… - ele acaraciou o cabelo da namorada. - Mas por longos e horríveis segundos, acreditei que havia perdido o amor da minha vida. - ele se afastou, e beijou-lhe a testa. Melinda sorriu, ignorando como seu corpo todo gritava por socorro e descanso. - Agora todo ordens, general.
Melinda riu-se, e virou-se para Nicky, com a mão estendida. - Vamos, srta. Tonks, você tem muito a entender antes de sairmos destas masmorras. Nicky tomou a mão da prima, ainda gélida como um cadáver nas extremidades, mas que irradiava um calor quase reconfortante do meio. - Sou toda ouvidos.
Quando Gabrielle entrou em Hogwarts, com Snape a seu lado, sentiu-se quase com nojo de si mesma. Ela precisava encontrar Bellatrix a qualquer custo, e verificar aquela história maluca, antes de concordar com qualquer porcaria dita por Snape. Ele era ou tolo ou louco ou os dois para voltar àquele lugar com Voldemort colocando um premio por sua cabeça, mas o castelo parecia estranhamente calmo.
- Isso não é bom, - Snape comentou, - O prazo dado pelo Lorde das Trevas acabou há dois minutos, pela quietude, nem Potter nem Bellatrix se entregaram, nem foram entregues. Gabrielle, ele está no castelo. E em poucos minutos o Lorde das Trevas também estará novamente.
- Precisamos achar Bellatrix… Onde ela estaria?
- Qual o único lugar que ninguém em Hogwarts consegue entrar a não ser que tenha uma senha, e que poucos tem a senha?
Gabrielle quase engasgou com o ar. - A sala do diretor. - era longe, era perigoso, mas era a única opção que eles tinham com alguma certeza. Snape estendeu-lhe a mão, e Gabrielle a pegou. Num salto de fé, ela o seguiu, por todos os becos sobre os quais ela não fazia ideia daquele castelo, até chegarem na escada em espiral.
A voz de Bellatrix podia ser ouvida do meio da escada. - Cale a boca, Dumbledore. E deixe que eu me prepare.
A Lady das Trevas andava em círculos e, quando ouviu a porta se abrir, ela estendeu a varinha em impulso para a porta, e relaxou ao ver Snape e Gabrielle.
- É hora de sair de debaixo da pedra, Bella…
- Potter não se entregou, o que é impressionante vindo daquele menino que tem todo o talento para martir. - ela respondeu, e respirou fundo.
- Não acha que é interessantíssimo ver as alianças que o amor forma, Severus? - o quadro de Dumbledore comentou, - e como aqueles que o sentem são capazes de deixar de lado todo o amor que têm com as próprias vidas?
Snape desviou o olhar para o quadro, - Eu não creio que passou as últimas horas falando na cabeça de Bellatrix tentando fazê-la entender algo que ela nunca vai entender, Dumbledore.
Bellatrix riu-se, amaga. - Oh Snape, mas eu entendi sim o amor. Até demais.
Gabrielle sorriu triste, e se aproximou. - Não é disto que ele está falando. - ela suspirou. - Sim, Bella, você entende o amor, como ninguém. - ela estava convencida, aquela porcaria de história maluca era verdade. Não fora difícil acreditar, se Snape não mentira fora ela quem desvendara aquele quebra cabeças insano. - É esse o ponto. Como do lugar de onde menos se esperaria, saiu uma história de amor tão complicada e profunda. Sobre como você tocou o Lorde das Trevas, como foi além da redoma de vidro, como está fazendo com que ele jogue este castelo abaixo hoje com paixão, com uma paixão que nem matar Potter causaria nele. Porque ele se abriu, e está ferido, Bella, porque ele abriu um coração congelado há décadas e acredita que você o quebrou.
- E o amor novamente se torna o ponto fraco de meu caro Tom, sua ruina toda a vez, porque ele nunca quer compreendê-lo… nem mesmo quando dentro de seu próprio coração.
Os olhos de Bellatrix encheram-se de lágrimas, e ela respirou fundo para controlar o choro que insistia em vir. Oh como ela queria acreditar naquilo, mas era impossível, e ninguém alé dela via isso. - Parem, chega, é o suficiente. Temos esta guerra para terminar. O fato de ser uma história sobre amor não a torna uma história de amor, meus caros, não quando ela é exclusiva de um lado. - ela cuspiu. - e não me venham com esta ladainha… eu não vou ouvir mais seus devaneios… eu consigo sentí-lo próximo da minha mente, ele está chegando, e precisamos impedi-lo antes que tudo isso seja jogado no ralo.
Um barulho ensurdecedor assolou as paredes do castelo, e os três caíram de joelhos com as mãos nos ouvidos. Voldemort. Já era quase tarde demais, ele voltara a invadir o castelo e com todas as forças daquela vez, incluindo as criaturas. As marcas nos três braços queimavam como nunca antes haviam queimado.
Assim que recuperou os seus sentidos, Bellatrix colocou-se de pé e saiu correndo escadaria abaixo. Potter apareceria, ali dentro do castelo, como o pequeno herói que adorava ser, e ela tinha pouco tempo. Conseguia ouvir Snape e Gabrielle em seu encalço, e os sapatos de salto fazendo estrondos contra o chão de mármore.
Ela desviou de muitos Comensais e incontáveis feitiços, e trombou em Minerva em algum ponto do caminho e - apesar de tudo o que ela gritou, ela só entendeu ou guardou uma parte “Salão Principal”.
A vida dele estava em suas mãos, como nunca antes, e os últimos vinte anos a assombravam naquela corrida, e era como se uma parte dela quisesse que ela se lembrasse dos últimos meses e de como aquela história caminhara para o fundo do poço, e como ela mesma colocara um fim, mas ela era incapaz de não usar toda a sua força para chegar naquele salão.
Existia a possibilidade de que aquela operação toda terminasse com ela morta, mas não tinha mais volta. Sua última e melhor tenente, a mais fiel, a mais legal, a única que podia por fim àquela guerra. Era seu dever, muito além de ser seu desejo, muito além do amor que ela sentia… era a peregrinação que ela devia percorrer pela devoção que um dia a levara a queimar o próprio braço e selar seu destino para sempre.
O Salão Principal estava tão lotado quanto no começo do ano letivo, mas o clima era de pânico e terror, uma roda estava aberta no meio, e todos apenas observavam. Bellatrix apertou a varinha, e viu do outro lado, Minerva assinalando para ela se aproximar mais.
Seus olhos encontraram-se com os olhos vermelhos dele quando ela deu o primeiro passo, e ela viu um borrão de cabelos pretos de costas para ela. Potter. Foi como se por um segundo, tudo tivesse parado, mas ele não a havia visto. Ao lado de Voldemort, o cadaver decaptado de Nagini estava estendido, e ela não sabia dizer quanto tempo levara da explosão até chegar no Salão.
- Acabou… - ela ouviu Potter dizer, - Até a sua esposa se virou contra você! Está acabado, sem Horcruxes, sem apoio.
Voldemort riu-se, - Eu não tenho esposa, Potter! - não mais, sua mente completou.
- Não é a história que se conta por aí, Tom… A história de amor de Lorde Voldemort e Bellatrix Lestrange já é quase uma lenda.
- Não vai me distrair com seus devaneios, moleque! - e então eles começaram, e o pânico se instalou no Salão Principal, enquanto eles trocaram diversos feitiços entre si e os Comensais e a Ordem da Fênix travavam suas batalhas pessoais. Os alunos que haviam ficado no colégio se amontoavam nos cantos, se protegendo como podiam.
Foi então que ela e Minerva viram o que ia acontecer: ao mesmo tempo, eles levantaram as varinhas e ela ouviu Voldemort começar a pronunciar a maldição da morte, enquanto Potter por alguma razão começara um feitiço desarmante. Desarmente. Ela e Minerva tiveram um milésimo de segundo para pensar, até que levantaram as varinhas e: Expelliarmus!
No momento em que ambas as varinhas voaram para o outro lado do salão, tanto Voldemort quanto Potter olharam ao redor confusos, até vê-las. E então a teoria de Dumbledore começou a fazer algum sentido. Ela mal teve tempo de pensar em seu próximo passo, e Voldemort estava a dois centímetros de seu rosto.
- Achei que fosse mais inteligente do que isto, Bella. - e então o mundo parou, Minerva arrastava para fora do Salão um Harry Potter que esperneava, todas as lutas haviam parado para ver o que estava acontecendo, e ela estava de alguma forma grudada ao chão. - Imaginei que esta caça seria mais longe e divetida, - ele afagou os cabelos dela, de uma forma apavorante, e o soluço que ela ouviu provavelmente fora de Melinda. Ao redor deles, um circulo de pessoa começou a se formar, e ela engoliu seco ao ver os olhos de Voldemort brilharam de excitação. Ela lembrava daquele brilho, vindo de todas as lembranças que ela queria esquecer.
- Eu tinha um dever a cumprir, milorde. - e a varinha dele já havia sido convocada para junto ao bruxo mais uma vez. - Milorde, por favor, faça o que quiser comigo, mas me ouça esta última vez - e então, falar ficou muito dificil. Ela caiu no chão, a maldição Cruciatus cortando-a em pedaços pouco a pouco, - Milorde, por favor, me ouça! É tudo o que peço! - e ela só conseguir, então, gritar.
- E o que te faz pensar que quero ter ouvir, traidora. - era como se mesmo para ele, a palavra fosse estranha em sua lingua, um adjetivo que nunca usaria para com ela. E a maldição aumentou de intensidade, fazendo dos gritos desesperados dela o único ruído naquele Salão. E de repente, tudo parou.
- Não, não, não. - um feitiço a fez ficar de pé, seu corpo enfraquecido pela tortura quase incapaz de ficar em pé, - Você não merece o tratamento bruxo, Bella, não depois do que fez. - Ela o encarou por um momento, e antes de poder pensar em nada, os dedos de Voldemort fecharam-se em sua garganta, forte o suficiente para que ela não conseguisse praticamente respirar. As unhas de Bellatrix afundaram-se na mão dele, enquanto ela ignorava a dor que sentia e tentava desesperadamente dizer o que ele precisava ouvir.
- Milorde… - ela conseguiu falar, finalmente vários segundos depois, sendo observada pelos olhos aterrorizados de toda Hogwarts. - Tem que me ouvir, eu lhe suplico.
- Eu não tenho que fazer nada, Bella! - ele apertou ainda mais seus dedos no pescoço dela, que já estava levantada a alguns centímetros do chão. - Você, no entanto, tinha tantas coisas a fazer na noite de hoje e que não fez, meu bem… - os lábios de Voldemort quase encostarem-se nos dela, e Bellatrix mais uma vez teve que usar toda a força de seus pulmões para respirar, a cada vez que ela conseguia inspirar, Voldemort forçava mais os dedos contra sua traqueia, e como aquilo doía, no corpo, na alma. Ela precisava falar, ele precisava ouvir. - Em teoria, tem explicações para me dar, também… mas eu cheguei à conclusão de que eu não ligo. Eu simplesmente não quero ouvir o que você tem a dizer: eu te deixei chegar perto, a mais fiel, a mais leal, para ser apunhalado pelas costas? Eu te levei para a minha cama, eu te dei uma coroa, e ganhei um punhal. - ele abaixou o tom de voz, para que apenas ela conseguisse ouvir. - Oh, mas o mais terrível, Bella, é que todos estavam certos sobre como você seria a minha ruína. Aqui estamos nós, Potter a dois metros de mim, e tudo no que consigo pensar é em como quero te matar.
- Milorde, por favor… eu ainda sou, eu sou a mesma Bellatrix de sempre, por favor, eu estou fazendo isso por você, só por você- ele apertou mais e Bellatrix não podia mais falar, o ar não passava mais e ela começou a sufocar.
- Mentiras, e mais mentiras, mas eu sinto falta… O pior de tudo é que eu sinto falta de quem você era, da minha Bella, da mulher que eu coloquei a meu lado, que… - ele parou como se engolisse as palavras, por mais que parecesse que ele tivesse esquecido que estava cercado de pessoas haviam coisas que ele não dizia nem para si. - Bellatrix, eu vou te matar, e matar junto com você tudo o que aconteceu nestes últimos meses, desde aquela maldita noite na mansão Malfoy em que Potter escapou de você… quando tudo começou a entrar em ruínas. - ele soltou um pouco e ela conseguiu respirar, mas logo ele apertou com mais força, ele estava prolongando seu sofrimento, e ela sabia.
Bellatrix bateu desesperadamente no pulso dele, as lágrimas correndo de vez livremente por seu rosto, e todos ao redor observavam em completo choque o que estava acontecendo, completamente paralisados pelo horror do que estavam testemunhando. Pela visão periférica, Bellatrix podia ver Melinda aos prantos sendo segurada por Draco. Melinda, Melinda teria de terminar isso por ela, caso ele a matasse de fato.
- Mas esta traidora aos prantos, implorando por perdão e por clemência, não é a minha Bellatrix. Não, ela não me trairia, e não precisaria de minha misericórdia… é dela que eu quero me lembrar, somente dela. - a mão dele soltou de uma vez, e Bellatrix caiu no chão com um baque surdo, tossindo e puxando o ar dolorosamente. Mas seu sossego durou apenas alguns segundos, e Voldemort a puxou pelos cabelos e a levantou para que o encarasse novamente. A varinha dele passeou pelo rosto de Bellatrix, e ela soluçou, sua voz ainda não respondendo a ela como deveria, seu pulmão em chamas. Se fossem seus dedos, aquele caminho que a varinha fazia seria quase carinhoso, ou tão carinhoso quanto ela lembrava-se de Voldemort. - Lembre-me dela, Bellatrix, ajude-me a me lembrar de quem você foi, ou fingiu ser. - sem aviso, os lábios dele pressionaram-se contra os dela, com uma delicadeza que ela não esperava.
Bellatrix chorou, novamente, as lágrimas salgando um beijo que já era amargo quando ela abriu os lábios para ele, e quase que instintivamente agarrou-se ao pescoço dele; a mão de Voldemort que agarrava seu cabelo desceu para sua nuca, pressionando-a mais perto, e se não fosse pela varinha que estava agora pressionada contra seu queixo, ela deixaria-se esquecer do que estava acontecendo e entregaria-se ao prazer de tê-lo tão próximo novamente, sua lingua explorando sua boca, mas tudo ali tinha um gosto amargo e doía, como doía. A dor vinha de uma verdade que ela conhecia bem: aquele era o último beijo do Lorde e da Lady das Trevas, selando o fim deles e o destino dela.
A respiração de Bellatrix voltou a falhar, e sua mão agarrou-se às vestes de Voldemort fortemente, não conseguindo respirar. Estaria ele atacando-a com algum feitiço sufocante? Não faria sentido, não era o estilo dele, mas cada vez menos ela conseguia respirar, e o controle sobre seu corpo estava falhando, e subitamente, ela não viu mais nada.
Bellatrix deixou o beijo lentamente, como se o corpo dela estivesse ficando mais pesado, e pendendo para atrás, e no momento em que os lábios dela descoloram-se dos dele, Voldemort precisou mover-se rapidamente para segurar a mulher inconsciente que caía em seus braços. Teria ele apertado demais seu pescoço antes? Ele não havia feito nada que fosse de fato causar sua morte, muito menos atacado-a durante o beijo, ele não sabia o que estava acontecendo. E, por mais que continuasse dizendo a si mesmo que queria matá-la, de que queria vê-la morta, a visão dela inconsciente despertou algo dentro dele. Um desespero, uma certa noção de irreversibilidade que o tirou de seu controle, e que fez com que aquela parte que se enganava com mentiras começasse a se calar.
- Bella… - ele sussurrou e a sacudiu, - Bellatrix! Não! - ela novamente não respondeu, e ele deixou-se cair no chão junto com o corpo inconsciente dela. - Bella, me responde, isso é uma ordem! Bellatrix, isso não tem graça, e se você acha que isso vai prolongar a sua vida, só vai ser pior! Só eu tenho o direito de te matar! Você não tem o direito de fazer isso! - ele deu tapas no rosto dela e a sacudiu com força, sem convencer nem a si mesmo das palavras que dizia, e Bellatrix continuava inerte. - Bella…. Bella… Não, não, não… - ele sentia-se fraco, derrotado, mas não conseguia evitar que o desespero causado pela ideia da morte dela se espalhasse por seu corpo. Ele não devia, ela o traíra, mas era incontrolável.
- O que diabos você fez a ela? - Melinda jogou-se ao lado deles no chão, acariciando o rosto dela. - Ela estava tentando te ajudar, só isso e você a matou em sangue frio. - as palavras da filha apenas o confundiam mais. - Todos estão certos, você é um monstro fora de controle e-
- Eu não fiz nada… - Voldemort parecia estar em algum tipo de estado de choque causado pela falta de controle que tinha daquilo tudo. - Eu falaria se tivesse, ela estava lá, Melinda, e de repente ela não estava…
Melinda pareceu ignorar o que ele dizia, e pressionou dois dedos sobre o pescoço da mãe, no ponto do pulso. - Ela está viva, - ela quase não conseguiu conter a emoção, - Por pouco, mas está, meu Merlin, obrigada.
Subitamente, Melinda apontou a varinha para o pai, que apenas a olhou confuso ao ser desarmado. - Eu não vou deixar que termine seu trabalho, papai, vai ter que passar por mim, se quiser. E vai me ouvir.
Minerva acabara de conseguir voltar com Harry, após fazê-lo ouvir tudo o que ela tinha para dizer, e ver Bellatrix no chão e Melinda apontando a varinha para o pai não era um bom sinal.
- Tudo o que ela queria era te ajudar, porque ela sabia que não podíamos vencer essa guerra, não do jeito que estava. Por quê? Porque Lily Evans atrapalhou muito mais do que você acha! Você não pode matar Harry Potter, não mais do que ele não pode matar a você, ou vai morrer! - ela gritou. - E ela descobriu isso! Na noite em que Lily Evans morreu pelo filho, por um milésimo de segundo, ela ligou vocês e criou um Elo Mágico entre os dois. Um pedaço de sua alma está presa no corpo do Potter e um pedaço da alma dele no seu. Ela mudou a profecia, o amor verdadeiro que salvou Harry Potter na verdade o condenou a estar para sempre ligado a você… “Enquanto um viver, o outro poderá viver” foi no que aquela menina transformou a profecia quanto interferiu nela. Este é o perigo sobre prever o futuro, você pode mudá-lo acidentalmente! - Melinda olhou para baixo, e lambeu os lábios, dando de ombros. - Ela notou as mudanças em você, ela o conhece tão bem… e Potter, todos sabiam que tinha adquirido poderes depois do encontro com você, a ligação mental… tudo faz sentido.
- Mudanças? - foi tudo o que Voldemort perguntou, sem deixar de olhar para Bellatrix.
Foi então que Melinda riu-se, - De acordo com ela, você tinha tornado-se capaz de amar. Especificamente, de me amar, pois ela nunca acreditou que você a amava. Na teoria dela porque a relação de vocês começou antes daquela maldita noite. No momento, depois de tudo o que aconteceu, tenho minhas dúvidas de se ela estava certa ou não, mas se ela estava disposta a dar a vida por isso e a se aliar com pessoas que ela odeia… levarei adiante.
Voldemort que até então apenas ouvia Melinda em choque, examinou o corpo de Bellatrix e viu um papel preso na bota dela, e o pegou, era o acordo que ele a vira assinar em sua mente. Ele não o leu, apenas viu a assinatura dela em tinta.
- Ela fez um acordo, não mataríamos Potter, não mataríamos ninguém que não nos atacasse primeiro… e daríamos uma única cadeira no Ministério para um membro da Ordem, provavelmente Kingsley, e continuaríamos no poder seguindo esta regra de não atacar até ser atacados, e todos poderíamos seguir nossas vidas. Potter destruiu as Horcruxes, e eles sabem disso tão bem quanto nós, por isso ela assinou isso, ela não arriscaria sua vida, nunca. E eu preciso dizer que ela é uma rainha, pois te conseguiu a melhor merda de acordo que qualquer um conseguiria! - ele abriu a boca para respondeu, mas somente fitou a assinatura de Bellatrix, tudo o que acontecera passando por sua cabeça como um turbilhão. Fora um tolo, perdera o controle, não confiara nela, deixara o ciúme cegá-lo e quase… ou talvez tivesse matado-a.
Minerva aproximou-se o máximo que podia, junto a Madame Pomfrey, que parecia aterrorizada. - Melinda, por favor, precisamos levar a sua mãe… não sabemos o que aconteceu, ela ainda está viva, pode ser salva, e eu não vou perder mais nenhuma vida esta noite.
- Ninguém vai tocar em Bellatrix, - Voldemort respondeu, e a mão de Melinda tremeu na varinha, mas ele não fez menção nenhuma de ser agressivo. Colocou o acordo no bolso das próprias vestes, e olhou para todos eles. - Ninguém além de mim. - ele passou a mão por detrás dos joehos da bruxa e levantou-se junto com ela, ele consertaria aquilo, ele tinha quem. Bella era forte, sempre fora… sobrevivera a tanto, ela não o abandonaria agora. Ela não podia, ela não iria, ele não deixaria. Voldemort olhou para Madame Pomfrey, e a mulher fitou imediatamente o chão. - Lidere o caminho.
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The End... or not.
N/A: Então, eu meio que achei que o único jeito de postar o último capítulo depois de quase dois anos de hiato era... deixar um cliffhanger. PORQUE É OBVIO QUE ESSA HISTÓRIA NAO ACABOU AINDA NÉ MEUS AMORES? AKOSAOKSASAOK Mas agora... vamos sentar e esperar HdM 3 pra descobrir o que acontece com a Bella e com Bellamort, né galera, porque a coisa ta meio tensa. oO Além do que... como seria um mundo bruxo após a guerra? hahaha veremos :P Não está betada, então pode haver erros, mas quis postar antes pra vcs não me matarem! Obrigada por essa jornada, e espero que tenham gostado... 2 fics completadas, 1 faltando para o fim fim da HdM. Obrigada pelos últimos 09 anos, perdão pelos hiatos... e que venha mais HdM!
Comentem aí, hein? Mto tempo e quero ver as reações lindas de vcs de que eu sinto tanta saudade! Beijos, Mel Black (que tarda mas não falha - 07/09/2015)
Comentários (2)
não sei nem o q falar...ajuda aqsem orrrrmel dels morri varias vezes nesse capitulo, tava com maior medo de chegar no fimja tava aq pensando "vou ler sa porra toda de novo" AI VC VAI E FALA DE FAZER UMA HdM3!!!!!!!!!!!!!!X O R E YMIGA ME DA SEU TWITTER PQ PRECISO FALAR CONTIGOte amas, vc escreve super bem. Bjao
2015-09-18Só sei que não to bem e depois eu comento direito
2015-09-07