Ne me quitte pas - Pt 1



Snape sabia, contudo, que por mais que desejasse o melhor e torcesse para que Gabrielle o perdoasse... O amor não era como feito por duendes, ele absorvia tudo, principalmente aquilo que o enfraquecia.




Herdeiras do Mal 2 - E começa a guerra bruxa


 


 


Capítulo 25 - Ne me quitte pas - Pt 1


 




 


 


Os meses se passaram com mais tranquilidade do que o esperado, dado o momento em que o mundo bruxo se encontrava. Era como se eles não estivessem em guerra, como se as crianças em Hogwarts tivessem o direito de ser crianças.


 


Um dos pontos principais que levara a essa falsa sensação de segurança, normalidade, era a volta do quadribol no inicio de Fevereiro, o campeonato que, para a surpresa de todos, se mantivera na gestão de Snape estava mais disputado do que em qualquer dos anos anteriores. ‘Talvez seja a falta de Potter’, alguns Grifinórios diziam, às escondidas, em momentos de discussão descontraída, arrependendo-se quase imediatamente, pois naqueles dias até mesmo as paredes tinham ouvidos dentro da escola.   


O jogo de volta, para adicionar ainda mais emoção à mistura, seria o imprevisível e sempre esperado confronto entre Grifinória e Sonserina. Como se ainda mais expectativa fosse necessária, uma semana antes, a Sonserina apresentara sua mais nova artilheira - substituindo uma lesionada -, e o fato de que se tratava de Melinda Callidora Black trouxe a tona suspeitas sobre a natureza da lesão de sua predecessora. Não que as mesmas fossem discutidas.


Sabendo que Melinda e Ginny Weasley se enfrentariam diretamente, os apostadores da escola começaram a colocar seus galeões em quem derrubaria quem da vassoura primeiro, se elas usariam as varinhas e seriam expulsas de campo. É, aquele seria um jogo no mínimo interessante.


Quando a data chegou, no vestiário da Sonserina, Melinda terminava de colocar o uniforme, ajustando as longas botas de couro de dragão, quando Nicky bateu palmas, animada.


- Eu não acredito que você está no time! - os olhos da ruiva brilhavam de excitação. - Nós vamos obviamente ganhar!


Melinda prendeu a varinha na bota, de forma ríspida, e virou-se para Nicky, cruzando os braços.


- E o que exatamente você quer dizer com isso? - por algum motivo, nenhuma legilimência era necessária para saber que a certeza de Nicky nada tinha a ver com suas recém aprimoradas habilidades com a Goles - e ela não estava exatamente confortável com o que estava implicito nas palavras da prima.


Nicky rolou os olhos, incrédula em relação a como Melinda havia reagido. Ela podia ser muitas coisas, mas ingênua de maneira alguma era uma delas.


- Por favor, Melinda, você não pode pensar que alguém vai de fato jogar contra você. - ela respondeu, sincera, apoiando-se contra a parede. - Todos te temem, não é como se fossem idiotas o bastante para te contrariar.


- Esse é exatamente o tipo de coisa que eu quero evitar, Nicky, eu não entrei no time para ajudar a Sonserina a ganhar o campeonato na marra, eu entrei por motivos pessoais... - ela deu um passo em direção a prima. - Motivos relacionados à guerra.


- Sim, eu sei disso. - Nicky sussurrou. - Assim como você convenceu Blásio e te treinar, mas as outras pessoas não sabem que você quer que elas tentem te dar uma surra no jogo... Vai fazer um anúncio público?


Melinda rolou os olhos e respirou fundo, não queria perder a paciência com Nicky, e no fim ela só estava dizendo a verdade. A maioria dos idiotas naqueles times temiam que se encostassem na vassoura de Melinda teriam suas familias mortas ou pior.


- Então imagino que seja ainda melhor ter o primeiro jogo contra a Grifinória, uma vez que nenhum deles tem o domínio próprio ou juízo o suficiente para dar-lhe qualquer tipo de tratamento especial.


Draco aproximou-se das duas primas, terminando de ajustar o próprio uniforme. Ele parecia mais apreensivo do que qualquer um ali.


- Está na hora. - foi tudo o que ele disse, pegando a mão de Melinda e beijando seu dorso sobre a luva. - Boa sorte.


- Para você também. - ela acariciou a bochecha dele, sorrindo. - Pegue aquele pomo por nós, capitão. - ela piscou e Draco não resistiu a abaixar o rosto até encostar os lábios nos dela. - Eu apostei em você. - ele sussurrou quando se afastou e Melinda franziu o cenho.


- Apostou em mim...?


- Você não ouviu? - Blásio riu, pegando o seu bastão e vassoura. - A diversão de Hogwarts essa semana foi apostar se você ou a Weasley ia derrubar a outra da vassoura primeiro, ou bater, ou atacar de qualquer forma. Eu tbm coloquei meus galeões em você, maninha.


Melinda suspirou, decidindo não discutir, mas mesmo assim todos puderam ver seus lábios curvando-se num discreto sorriso satisfeito. Ela esticou o braço para o lado e abriu a mão, convocando a vassoura, cujo cabo imediatamente se alojou entre seus dedos.


Draco juntou todos em um círculo, dando as últimas instruções e encorajamentos - ele era um capitão muito melhor do que lhe davam crédito, na verdade. Então o time foi chamado e deu os primeiros passos campo adentro, sendo leve e momentaneamente cegados pela luz da manhã refletida na camada de neve sob seus pés. Mesmo com o frio tempo, as arquibancadas estavam lotadas. Aquele tinha tudo para ser o jogo da temporada, pelo menos até aquele ponto.


Os dois times montaram nas vassouras e deram impulso de vôo para encontrarem Madame Hooch. Enquanto ela dava as instruções sobre o jogo, revisava as regras e fazia todo aquele discurso sobre jogar honestamente, os olhos de Melinda notaram que os membros da arquibancada estavam olhando muito frequentemente para a tribuna de honra, assim como todo o time da Grifinória, especialmente Ginny.


Ela deixou seus próprios olhos viajarem naquela direção, encontrando um par de olhos verdes muito similares aos dela. Bellatrix estava sentada ao lado de Snape, que comentava algo, inclinando-se para ficar próximo dela. Era muito engraçado como eles ainda fingiam ter aquele estranho tipo de amizade. Bellatrix parecia ainda mais imponente e intimidadora sentada lá, as roupas negras e grossas de inverno vindo até o encontro de seu pescoço com o queixo, os cabelos presos, a postura perfeita, o olhar fixo no campo.  


  Melinda fez uma pequena reverência, o maximo que podia da vassoura, sabendo que Bellatrix e que a audiência a viam. Os membros da Sonserina pareciam ainda mais animados com a presença da Lady das Trevas, os outros... Nem tanto. Melinda se perguntava em que estado estavam a Lady e o Lorde, da ultima vez que ela os vira... Não exatamente bem, não depois do incidente no Natal. Ela esperava que eles já tivessem acertado suas diferenças, mas não tinha tempo para isso, uma vez que Madame Hooch deu o sinal para começar a partida e soltou a Goles, os balaços e o pomo em jogo.


Melinda voou em direção a Goles, encontrando Ginny Weasley pelo caminho, nesse caso a experiencia de Weasley foi extremamente valiosa, e ela levou a melhor. A diferença naquele jogo era que Ginny era experiente e talentosa, mas isso não é muito válido quando a sua oponente pode prever os seus movimentos. Literalmente. Após três jogadas divididas entre as duas, para delírio do público, Ginny levando a melhor em duas delas, Melinda chegara a conclusão de porque jogar limpo era tão tedioso.


Ela respirou fundo e fechou os olhos por um único segundo, concentrando-se em todos ao seu redor, os mais próximos pelo menos. Nenhum deles estava usando Oclumência, é claro, ninguém esperava que alguém ia ler suas mentes durante um jogo. Ginny Weasley devia ser mais cuidadosa, é claro, porque toda a sua estratégia de jogo estava aberta como um livro para Melinda.


A Goles mais uma vez estava em jogo e, obviamente, prever os movimentos de Gina foi fundamental para que Melinda estivesse com a mão na bola antes que Gina tivesse saído de seu lugar.


A Sonserina tinha pontuado antes que qualquer um pudesse reagir, porque afinal de contas, ela sabia como eles iam reagir. Após várias jogadas, Ginny começou a perder a paciência. Melinda era novata, era impossível que, por melhor treinada que tivessse sido, ela conseguisse superá-la daquela maneira... Era simplesmente sem explicação, principalmente porque no começo do jogo ela estava bem pior.


Poucos minutos, vários pontos perdidos por Goles interceptadas por Melinda, e uma piscadela sarcástica da outra garota foram o suficiente para acabar com a paciência de Ginny.


- Vagabunda. - ela suspirou para si mesma e mandou a vassoura com toda a força na direção de Melinda, batendo seu ombro brutalmente contra o da adversária, as regras que se danassem.


Melinda, para delírio do público, demonstrou tanto apreço pelas regras quanto Ginny e devolveu a agressão com o mesmo entusiasmo. Elas se atacaram várias outras vezes, Ginny sempre tentando fazer Melinda soltar a Goles, girando em vários ângulos com as vassouras, mas no fim o ponto foi mais uma vez da Sonserina.


A partir daquele momento, a coisa mais interessante do jogo foi a disputa física entre as duas, que chegou aos extremos de socos para o lado e chutes para fora da vassoura. Quando o placar chegou em 160 para a Sonserina, 100 para a Grifinória, Madame Hooch já havia desistido de tentar controlar as duas, ela não havia sido contratada para se meter na briga de egos entre uma estrela do quadribol e, bem, basicamente a princesa do mundo bruxo naqueles dias.


Até que, em um certo momento, Ginny perdeu totalmente o controle de sua raiva e chutou para o lado da vassoura, atingindo as costelas de Melinda com toda a força que podia. Melinda não conseguiu evitar de perder o equilíbrio e cair para o lado da vassoura, sustentada apenas pelas mãos agarradas ao cabo.


Em um milésimo de segundo, todos os expectadores estavam se forçando para ficar o mais perto possivel da grade que os protegia, todos curiosos para ver o que aconteceria. Alguns olhos se desviaram para Bellatrix, que permanecera impassível, por mais que seus olhos estivessem obviamente grudados na filha.


Draco também parara a vassoura, assim como todos os jogadores com exceção de Ginny e do goleiro da Sonserina, que não conseguiu defender o ponto dela. Quando a comemoração do ponto com os companheiros não ocorreu, ela olhou para trás e viu todos observando paralizados sem saber o que fazer. Ginny estava certa de uma coisa, Melinda caindo ou não, ela estava ferrada.


Melinda respirou fundo, agarrando o cabo da vassoura, e usando toda a força que tinha em seus braços para forçar seu corpo para cima. Aquilo era de longe uma das coisas mais difíceis que ela já tinha feito, mas quando ela conseguiu levantar seu corpo o suficiente, ela passou uma das pernas para o outro lado da vassoura e a montou novamente.


Enquanto muitos na plateia aplaudiram, outros - sem dúvida aqueles que apostaram que Melinda seria a primeira a cair da vassoura - vaiaram.


- Pelo jeito as apostas diziam que vocês teriam que entrar em queda livre, sis. - Blásio comentou, voando ao lado de Melinda por alguns instantes enquanto o jogo era reiniciado.


- Ah, e eles verão uma queda livre. - ela grunhui em retorno, arrancando uma risada dele.


A briga particular das duas recomeçou com o jogo, sem perder no nível de violência, e Melinda não teve medidas para o uso de Legilimência, usando-a para antecipar os movimentos dos outros até abrir uma confortável vantagem de cento e vinte pontos para a Sonserina.


Ela decidiu então prestar atenção em outra coisa, deixando as outras artilheiras cuidar de manter o placar, contando com o desiquilíbrio emocional das adversárias.


O apanhador da Grifinória, que ninguém entendia porque não era Ginny - possivelmente porque ela gostaria de manter a posição com esperança de ser chamada para um time profissiona? - tinha os olhos fixos em algum lugar. O pomo. Ela tentou usar o que viu e transferir por meio de pensamento para Draco, mas ele pareceu tão surpreso com a repentina troca mental, que mal teve tempo de processar o que devia fazer antes que o apanhador grifinório agarrasse o pomo.


Madame Finch anunciou o fim da partida, com vitória da Grifinória por trinta pontos de diferença.


Imediatamente, os dois times pousaram as vassouras e as desmontaram, sob aplausos e vaias. A manifestação da torcida, no entando, se modificou no momento em que Ginny e Melinda começaram a andar na direção da outra, jogando os protetores de braços e pernas no chão.


- Você acha que me engana? - Ginny cuspiu, cruzando os braços. - Eu sei o que você fez!


- Ah é? - Melinda colocou as mãos na cintura, sorrindo com desdém. - E o que exatamente eu fiz? Porque todos nós sabemos o que você fez. Minhas costelas, por exemplo, não me deixam esquecer. Engraçado pensar que a Grifinória é conhecida por ser tão justa, é até de se pensar que jogariam limpo.


Ginny riu-se, o sarcasmo e sua expressão incaracterísticos dela, quase lembrando maneirismos de Melinda, tamanha sua descrença no que acabara de ouvir. Melinda era tão descarada que seria cômico, se não trágico e nojento.


- Jogar limpo? Você falando em jogo limpo? Logo a Senhorita Legilimência? - todos os jogadores da Grifinória começaram a cochichar entre si, a desconfiança e agitação crescendo com as palavras da Capitã.


- Essas são acusações muito sérias, senhorita Weasley. - Madame Finch tentou, sendo ignorada por ambas.


- Prove. - Foi apenas o que Melinda respondeu, arqueando a sobrancelha e dando um passo na direção da outra, que permaneceu quite. - Nada? Oh, sabe o que eu acho, Weasley? Que você está com o ego ferido por causa do seu desempenho hoje.


- O meu ego? - Ginny riu, algo no fundo de sua mente gritando para parar de discutir com Melinda ou com qualquer um deles, pelo bem de sua família, mas para todos os efeitos, aquilo era um embate entre duas jogaras de quadribol, nada relacionado a guerra. - Nós ganhamos! - o apelido nada agradável que ela ia usar ficou apenas em sua mente.


- Não por sua causa. - Melinda rebateu, dando de ombros.


- Escuta aqui, sua... - Ginny se controlou, mas apontou um dedo para o rosto de Melinda. - Não sou eu a pessoa com problemas de ego aqui, e nenhuma novata consegue prever os movimentos alheios assim!


Melinda soltou uma gargalhada, apoiando as mãos no joelho para conseguir parar de ir, respirando fundo de forma exagerada. - Você me subestima tanto que chega a ser cômico, Weasley. Não se esqueça de que quando você decidiu brincar de Armada com o seu namoradinho naquele seu passado vergonhoso, eu já estava sendo treinada e não parei desde então. Eu já estive em incontáveis campos de batalha, onde prever movimentos é uma questão de vida ou morte. Se eu consigo antecipar pessoas querendo me matar, desculpe-me por matar suas esperanças, mas fazer isso em um jogo se torna fácil, queridinha.


- Não me chame assim! - ela mais uma vez apontou o dedo.


- E tire o seu dedo, se quiser mantê-lo. - Melinda perdeu a paciência, e bateu a mão no dedo de Ginny.


- Olha, uma ameaça!


- Minha paciência tem limites.


- Sua cara de pau é que não tem.


- Nem a sua língua, e veja onde isso levou o seu namorado. - Melinda piscou, e Ginny perdeu o controle. Dificilmente os Comensais fariam algo contra a familia Weasley por uma estúpida briga num jogo de quadribol, mas se quisessem fazê-lo, que o fizessem, ela estava em seu limite e sua mão atingiu o rosto de Melinda antes que ela tivesse controle, causando um rebuliço na arquibancada.   


Melinda devolveu o tapa sem que Ginny pudesse notar o que a atingira, e os protestos para que elas tivessem decoro vindos de Madame Finch foram completamente ignorados.


Na vez seguinte em que Ginny tentou atacar Melinda, foi recebida com um feitiço, que a jogou com força no ar e a derrubou com um baque surdo contra o chão. Ela grunhiu com a dor, mas pegou a propria varinha e se colocou de pé novamente o mais rápido que conseguiu, lançando uma chuva de feitiços contra Melinda.


A resposta da outra foi a altura, e elas permaneceram naquilo por vários minutos, trocando feitiços e xingamentos, até que Minerva McGonagall puxou Ginny para um lado e Bellatrix, acompanhada de Snape, puxou Melinda para o outro. Quando elas olharam ao redor, todos os professores haviam deixado a tribuna de honra e estavam no campo, olhando-as em choque.


- Eu vou pedir, - Snape disse - que deixem suas brigas pessoais fora do campo.


- Exatamente, e por mais que os alunos tenham amado esse absurdo, - Madame Finch entrou na conversa. - estão suspensas do próximo jogo. Agora todos para o vestiário, o show acabou!


 


Assim que todos estavam no vestiário, Draco finalmente conseguiu falar a sós com Melinda.


- O que foi aquilo? - ele perguntou, enquanto ela terminava de arrumar o cabelo. Melinda suspirou, cruzando os braços, e ele deu um passo mais para perto. - Weasley tinha razão, não é? Você usou Legilimência.


Melinda não conseguiu conter o sorriso.  - Sim, obviamente. Eu não tenho treinamento o suficiente para bater a Weasley na coisa que ela sabe fazer melhor. - ela deu de ombros. - Mas como você deve saber após tantos anos, eu não sei perder. Nem muito menos quero aprender.


- Por isso seguiu o apanhador deles também. - Draco olhou para o chão.


- Imagino que devia ter te alertado, mas eu não estava exatamente planejando jogar sujo, acredite. - ela tocou o rosto dele e sorriu. - Bom, pelo menos agora você já estará preparado para receber, hm, dicas caso seja necessário.


- Mel, eu sei pegar um pomo. - ele soou muito mais infantil do que o planejado.


- Eu sei que sim. - ela rolou os olhos, - mas se ele vir o pomo primeiro, até você notar, ele tem uma vantagem. E desde quando você se incomoda com trapacear?


Draco gaguejou, ela tinha um ponto. Ser honesto nunca fora o forte dele de qualquer maneira.


- Além do que, você é um apanhador muito melhor do que aquele... Qual o nome dele mesmo? - Draco riu, e ela arrumou a gola do uniforme dele. - Não podemos deixar uma variável como sorte se colocar em nosso caminho... Então faremos nossa própria sorte. - ela o beijou rapidamente, fazendo menção de sair, mas teve o pulso agarrado por Draco.


- Só não deixe ninguem te pegar, nem te suspenderem em mais um jogo, Black. - Draco usou com ela o tom reservado ao comando do outros do time, e ela riu.


- Só não deixe nosso pomo escapar, Capitão. - ela piscou, parecendo brincar, mas Draco conhecia Melinda muito bem e, como ela dissera, aquela garota odiava perder. Ele tomaria a brincadeira como um aviso, não da namorada dele, mas daquele lado obscuro e perigoso de Melinda, com o qual ele não queria problemas, muito menos por um motivo tolo como quadribol.


- Relaxa, loirinho. - ele tomou um tapa no ombro, e olhou para o lado para encontrar Nicky claramente rindo às custas dele. - Aquilo foi uma ameaça, caso você esteja em dúvida, mas a Mel nunca ativa o lado Princesa das Trevas super perigosa perto de você, e não o faria por causa de um jogo bobo.


Draco rolou os olhos, ele sabia que a prima estava certa, e se sentiu como um idiota, - e Nicky não ajudava em nada rindo. Bom, já que ela parecia tão confortável falando o que bem entendesse, ele usaria a mesma tática.


- O meu medo, prima, não é do que a Mel possa fazer, e sim do que ela possa não fazer. - ele respondeu com uma piscadela, e Nicky fez uma careta.


- Informação demais. - ela levantou as mãos, fingindo choque, e Draco riu com vontade, dando tapinhas leves no ombro da garota.


- Vou fingir que acredito que vocês não comentam coisas entre si...


- Hey! Se ela comenta algo com alguém, é com a loira. Sou prima dos dois, embaraço! - ela manteve a expressão de nojo e Draco voltou a rir.


- Okay, então! Desisto!


- Mas é sério... você está a salvo dela. - Nicky sorriu sinceramente. - É a diferença entre a Mel e o Lorde: ela ama.


Draco devolveu o sorriso com similar sinceridade, e abraçou a prina.


- Eu sei, obrigado.


- Disponha. - ela deu dois socos leves no peito dele. - Agora me solta antes que a Mel pense que eu decidi dar uma de Astoria. - ela brincou, e Draco suspirou dramaticamente, aquela história problemática entrava para o Top 10 de sua vida, sem dúvidas. Ele deu mais um aperto em Nicky, quase esmagando-a, e a soltou, para encontrá-la rindo.


- Te vejo depois. - ele andou de costas, na direção para a qual Mel tinha ido momentos antes.


- Okay, vai atrás da sua Princesa! - ela provocou, e ele respondeu simplesmente com um gesto obsceno antes de sumir da visão da ruiva, que gritou algo como “vai você!” e voltou a arrumar seus pertences.


Depois que deixara sua casa, os Malfoy eram sua nova família e Draco como um irmão... Era ótimo ter momentos relaxados em meio a uma guerra na qual ela perderia seus pais e irmã. Não que ela já não os tivesse perdido, mas seria tudo mais definitivo., Olhando para trás, contudo, ela não se arrependia, assim como Nymphadora provavelmente também não. Cada uma que seguisse seu caminho e a mais forte - ou adaptada - que sobrevivesse.


Para Nicky, as chances apontavam para ela, afinal estava no lado potencialmente vencedor. Uma pena que o resto de sua familia estivesse repetindo os mesmos erros num ciclo vicioso, e a vida cobraria tudo de todos eles, ela sabia, mas no fundo só esperava que não tivesse que assistir à destruição deles... Em meio a uma guerra, no entanto, sabia que não teria tanta sorte. Portanto, o jeito era preparar-se e juntar as forças para vê-los cumprir seus destinos. No fim das contas, os vencedores nunca saem intactos.


 


Assim que deixara o vestiário, Melinda fora na direção da sala de Snape, obviamente a procura de Bellatrix. Desde que vira a mãe na tribuna de honra, desejara falar com ela.


Quando ela chegou, Bellatirx já estava na metade do corredor, acompanha por Snape e uma muito infeliz McGonagall - a falta de esforço da dita senhora em esconder seu desgosto dizia muito sobre a professora, e Melinda imaginava se isso divertia a Bellatrix tanto quanto a ela.


- Exatamente quem estávamos indo procurar.  - Snape comentou, sem emoção, e estendeu a mão na direção de Melinda.


- Boa tarde, Prof Snape, Profª McGonagall. - a jovem fez um pequeno aceno de cabeça para ambos e sorriu para Bellatrix. - Milady. - Melinda fez uma reverência, conseguindo ver pelo canto dos olhos o quanto McGonagall se segurava para para não rolar os olhos.


- Melinda. - Bellatrix tocou o queixo da filha, que se colocou de pé mais uma vez. - Vejo que saiu inteira de sua estreia, o Lorde das Trevas ficará muito satisfeito.  - ah, Melinda finalmente tinha certeza de que Bellatrix estava se divertindo às custas de McGonagall tanto quanto ela.


- Obviamente, ele tem planos maiores para mim do que quadribol escolar. - ela deu de ombros e Bellatrix assentiu.


- Com licença, tenho aulas para dar. - Minerva disse e saiu de perto deles o mais rapidamente que pode.


Snape pareceu refletir por um momento, enquanto a colega sumia corredor adentro.


- Imagino que apreciariam a privacidade, e eu tenho afazeres. Até uma próxima oportunidade, Bellatrix, acredito que não precisa de um guia até a saída?


- Não, Snape, estou familiarizada o suficiente com a escola, agradeço a presteza.


- Não há de que. - e então, ele as deixou sozinhas.


Melinda não quis prolongar mais os fingimentos, e puxou a mãe para um canto mais afastado do corredor. - Como estão as coisas? - ela perguntou, sem enrolar, e a expressão de Bellatrix endureceu.


- O que quer dizer?


- Em casa! - ela cruzou os braços. - Quando eu os deixei no Natal, vocês... Bem, vocês estavam civilizados, mas eu não sou tonta, eu sei que era um tipo de trégua ou sei lá! - ela levantou a sobrancelha. - Para haver uma trégua, deve haver um desentendimento mal resolvido.


Bellatrix suspirou profundamente e repetiu o gesto da filha de cruzar os braços, porém parecendo muito mais desconfortável do que petulante. - Melinda--


- Se não me queriam no meio, fizeram um péssimo trabalho gritando pela casa. Aquela mansão pode ser grande, mas ecoa! Além do que, vocês são o Lorde e a Lady das Trevas, não é como se suas vidas fossem exatamente privadas! A última coisa que precisamos é a Mansão Slytherin se tornando um campo de batalha!


Bellatrix fechou os olhos e suspirou, parecendo mais cansada do que Melinda jamais a vira. Então eles ainda estavam balançados, algo nela já gritava isso.   


- Nós ainda temos nossas diferenças. - foi a resposta dela. - Elas na verdade são as mesmas há muito tempo e vêm se renovando, mas estamos em trégua, porque como você disse não precisamos de mais um campo de batalha. Temos problemas demais com a guerra para nos darmos ao luxo de deixar as diferenças particulares interferirem.


- Luxo? Apenas tomem cuidado para o adiamento dessa resolução não piorar as coisas. Eu conheço os dois, vocês e essa mania de jogar tudo para debaixo do tapete. Vocês brigaram no Natal, ainda estão semi brigados, vocês costumavam ser o lugar de onde o outro tirava força---


- Essa é uma linda noção romântica, Mel, contudo a história que eu ouço é que eu sou a fraqueza do Lorde. - ela riu amarga.


- Bullshit. E desde quando você ouve os outros? Talvez esse seja o problema! Vocês passam tanto tempo pensando no que outros pensarão, ou na imagem que vão passar que... - ela deu de ombros. - Finalmente todos estão conseguindo entrar em suas cabeças.


Bellatrix olhou para baixo, pela primeira vez em anos sentindo-se sem resposta, e de todas as pessoas para az própria filha. Ela suspirou e puxou um pedaço de pergaminho.


- O Lorde me mandou entregar. - ela esclareceu, estendendo o envelope a Melinda, que estava para protestar contra a súbita mudança de assunto, quando Bellatrix comentou. - Aparentemente era algo muito importante para mandar via coruja, perigoso.


Melinda pegou o envelope e o abriu, reconhecendo a caligrafia de Voldemort. No pequeno bilhete, ele dava instruções de um local e uma data onde ela devia encontrá-lo. Ela mal havia acabado de ler, quando o pergaminho pegou fogo sozinho e se consumiu.


- Aparentemente ele quer que eu vá em uma missão com ele durante o feriado de Páscoa. - esclareceu para Bellatrix.  


- Oh sim, Narcissa me convidou para passar com ela, Pandora, Draco e... parece que você não pode ir mais?


- Mande minhas sinceras desculpas a tia Cissy... - Bellatrix assentiu. - Mas... com Lucius lá?


- Meu problema em passar o Natal próxima a Lucius é bastante específico com a dita data, Melinda. - ela respondeu. - Além do que, eu só vou ficar algumas horas, e depois do fiasco do Natal nada pode ser pior.


- De fato... Mande minhas lembranças a todos, mandarei para a Mansão um presente para Pandora. Espero que até a Páscoa, quando eu a encontrar no fim da viagem... As coisas estejam de volta em seus devidos lugares.


Bellatrix sorriu e assentiu. - Todos esperamos que sim.


- Até a volta da Páscoa, então.


 


Mansão Malfoy - Páscoa de 1998


 


O lustre estava destruído no chão, todos feridos com cortes superficiais, menos Bellatrix, que naquela cena era quem estava mais destacada, com os outros ao seu redor. Bellatrix ainda olhava para o local de onde Harry Potter e seus amigos haviam acabado de escapar, e que por acaso a havia sido o mesmo local onde segundos depois o Lorde das Trevas e sua herdeira haviam aparatado.Se aquilo fosse uma piada, o timing teria sido perfeito.


 


- O que aconteceu aqui ? - perguntou Melinda aflita com a cena que via, claro que ela própria já havia começado a buscar respostas na mente de todos os presentes no local e, à medida em que o quebra-cabeça estava se formando, cada vez menos gostava da resposta. A única mente que não conseguia ler era a de sua mãe, e sabia que seu pai estava fazendo o mesmo.


Bellatrix fechou os olhos por um milésimo de segundo, engolindo seco. Não não não, aquilo não podia estar acontecendo, não ali, não com ela. Era azar demais, eles tinham acabado de sair. E mais cedo ela havia avisado a todos que se o chamassem naquele momento, estariam mortos. Por causa da espada, mas eles não tinham Potter. Ela podia sentir os olhos de Voldemort queimando nela, frios como gelo seco.


- O que aconteceu aqui? - ele repetiu as palavras da filha, mas cortante como uma navalha. Bellatrix não conseguia respirar e aquilo não tinha absolutamente nada a ver com o espartilho, era como se ela tivesse caído de costas de uma altura de quinze metros, ou pior, como se ainda estivesse caindo interminavelmente. Ela estava acabada de uma vez por todas, e sabia disso.


- Eu vou repetir: O que aconteceu aqui? - ele perguntou novamente, sem resposta. - Eu pensei ter dito que não devia ser incomodado em nenhuma hipótese... E agora eu não tenho nem o direito a uma resposta? - ele completou sarcasticamente.


O clima estava tão tenso que era quase palpável, ninguém falou nada, mas no momento que um começasse a falar iria acontecer uma chacina, a questão era quem ia acender o pavil da dinamite. Até Melinda tinha medo de opinar e acabar atraindo para si um pouco a cólera que exalava de seu pai, ela nunca havia presenciado um momento de fúria dele, não desse tamanho.


- Ninguém...que inspirado. - e a cada nova palavra que Voldemort pronunciava. o clima parecia pesar mais - Narcisa não sabe como explicar toda a situação, Lucius é esperto o bastante para ficar no canto dele coisa que ele demorou a aprender, Draco vai contar a história, mas sem incluir os próprios erros... Bellatrix, minha querida, porque não me conta aquilo que está escondendo, afinal não é você a mais fiel? - a ironia com que aquilo foi dito foi apenas a primeira bofetada no ego dela.


Ela ainda estava paralisada, sem coragem de se mover, sabia que tinha que respondê-lo, era o melhor a fazer. - Potter... - foi tudo o que ela conseguiu suspirar, os pulmões ainda lutando para conseguir qualquer resquício de ar que fosse.  


Voldemort enrijeceu ainda mais, lambendo os lábios. - O que disse? - perguntou, o maxilar tenso, os olhos mais vermelhos do que ela jamais os vira. Medo, mais uma vez na vida ela experimentava temê-lo profundamente. Eles estavam mortos, ela sabia, no mínimo mortos.


- Potter. - ela praticamente engasgou. - Granger e Weasley... Greyback, Greyback os trouxe. - ela continuou, notando que ele ainda não havia relaxado, ele sabia que algo estava muito errado ali.


- Aonde diabos estão eles? - ele a cortou quando ela ameaçou falar mais uma vez.


- Eu-eu não sei. - ela murmurou, a dor da vergonha tomando conta de seu corpo, fazendo com que as palavras agarrassem em sua garganta antes de sair..


O lorde das trevas se aproximou tão rápido que Bella nem teve tempo de piscar, muito menos se desviar da bofetada certeira que havia recebido na face. A agressividade do golpe fez a bruxa cair sobre os delicados cacos de cristal do lustre, que perfuraram o seu corpo corpo, o gosto metálico do próprio sangue preenchendo a boca dela, juntando-se ao amargor da bile que insistia em atormentar seu paladar desde a chegada de Voldemort.


- "Não sei" - Voldemort fez uma sátira ao imitá-la - INCOMPETENTES!  - o grito dele ecoou por toda a casa, fazendo até as chamas da lareira crepitarem.


No momento seguinte todos os " incompetentes" , estavam suspensos no ar de cabeça para baixo, a uma distancia considerável do chão, o bastante para matar caso um deles de repente despencasse ou fosse liberado muito bruscamente do feitiço, quem pensaria ao construir a casa que tetos altos um dia poderiam ser um problema para seus moradores?


Bellatrix era a única ainda no chão, ainda sobre os cacos, e sentindo a dor de ter sido jogada. A dor emocional, no entanto, era grande demais. Melinda estava congelada atrás de Voldemort, seus olhos arregalados enquanto ela olhava aterrorizada para Draco flutuando e depois para Bellatrix no chão. Assim como a filha, Bellatrix sabia que ter ficado no chão estava longe de ser um bom sinal.


- A coisa com você, Bella, é que você raramente me desaponta. - ele afirmou. - Muito raramente, devo acrescentar. - a voz dele era fria, em um unico tom, sem emoção e congelantemente aterrorizante. - Oh, mas quando você o faz... Você é magnífica, espetacular.


Os olhos dela começaram a marejar, a medida que pequenos flashbacks da noite no Ministério lhe vinham a mente, se naquela época, mesmo sem ter culpa, ela foi cruelmente torturada...Agora, com a culpa sendo quase totalmente dela, seria pior, muito pior.


Voldemort se aproximou lentamente de Bellatrix e a levantou de maneira bruta, segurando-a pelo pulso, fazendo com que seu olhar ficasse na altura do dela, a expressão de nojo que estampava o rosto dele era o que mais doía nela.


- O que você está escondendo? Sei que não me contou tudo.- nesse momento os olhos dele, por mais vermelhos que estivesse, fizeram até a alma dela congelar, só tivera uma sensação tão ruim assim quando os dementadores a sugavam, aquela sensação que se ele soubesse nunca mais seria feliz.


As palavras mais uma vez prenderam em sua garganta e ela se forçou dolorosamente a falar. - Eles tinham A Espada... - saiu praticamente em um soluço.


Os olhos de Voldemot se arregalaram e ele negou com a cabeça. Era impossível! A espada estava no cofre de Bellatrix em Gringotts, ninguém poderia ter entrado lá e... Ele congelou e viu nos olhos dela o mesmo terror: A taça.


Bellatrix foi novamente solta por ele, caindo dolorosamente sobre os cacos de vidro, mais ferimentos abrindo em seu corpo. Tudo, absolutamente tudo que eles haviam construído, estava acabado, provavelmente para sempre.


- E como diabos eles fugiram? - Bellatrix engasgou mais uma vez com as palavras e quase não conseguiu segurar um soluço de aflição, aquilo estava ficando cada vez pior.


- Rabicho... - ela sussurrou, olhando para Narcissa e Lucius suspensos. - E o elfo que pertencia a eles. Rabicho os deixou fugir. - Voldemort cerrou os olhos àquela parte, mas seus lábios se curvaram num sorriso cruel e Bellatrix se perguntou o que teria acontecido ao verme, não que ela se importasse de fato. - O elfo os tirou daqui e derrubou o lustre, nos atrapalhando... Quando o chamamos, Potter estava aqui. - ela assegurou.


Voldemort deu uma risada seca e deu um passo, se afastando dela, negando com a cabeça, suas feições duras e frias.


- Oh! Mas é claro que vocês os tinham. e os perderam graças a um verme e um elfo doméstico... Chega a ser irônico que estou falando com... - ele parou, mas ela sabia a continuação da frase 'com a mulher que se tornou a minha Lady'. - E mesmo assim ouço algo tão ridículo.  


Voldemort estava sentindo um ódio que, se possível, ultrapassava a cólera. Ele havia confiado nela, dera um pedaço de sua alma, aliás mais de um, como prova dessa confiança e Bellatrix falhar desta maneira era como cravar uma estaca na própria mão e não merecia ter seu perdão. Foi o tempo de tudo se encaixar, para que os gritos dela começassem a preencher o cômodo. A bruxa berrava a plenos pulmões, tamanha a raiva dele.


Bellatrix não era torturada havia tanto tempo que não se lembrava de doer tanto, mas também ela não estava tentando resistir. Diferente do Ministério, ela sentia-se culpada, ela havia provocado aquela situação ... Merecia ser castigada daquela forma.


Melinda se mantinha firme, apesar de querer impedir o que estava acontecendo; ela conseguia ler os pensamentos da mãe e sentia a intensidade da raiva do pai, tinha certeza que aquilo não acabaria bem.


-  Pai.. - tentou desviar a atenção dele, conseguir ao menos um tempo para mãe se recuperar.


Voldemort olhou para Melinda com os olhos ardendo em fúria, fazendo-a quase se arrepender de tê-lo chamado. Ele deu um passo na direção dela e os olhos de Melinda imediatamente encontraram o chão.


- Eu imagino. - a voz dele saiu sem emoção. - Que isso seja dificil para você, mas hoje, Melinda, é um dia muito importante de sua vida. É o dia em que você escolhe. - mais uma vez os gritos de Bellatrix encheram a sala, sem que ele estivesse ao menos olhando para a mulher que torturava.


Os olhos da mais jovem encontraram os da mãe novamente, que silenciosamente suplicavam e a negação dela com a cabeça a fez entender, era uma súplica para que ela não interferisse.


- I choose you, my lord – respondeu olhando-o nos olhos, de maneira firme, sem ao menos piscar. Por mais que aquela decisão a torturasse, se sua não mãe tivesse escolhido obedecer todas as ordem do Lorde das trevas cegamente, Melinda nem teria nascido.


Presa de cabeça para baixo a metros do chão Narcisa, desta vez não poderia fazer nada, mas no momento em que Melinda escolheu ela não conseguiu abafar o gritinho que saiu de sua garganta, aquela maldição já estava durando bastante, se nem Mel conseguiu salvar a mãe, o que seria de Bellatrix?


A tortura continuou enquanto todos se negavam a olhar, fechando os olhos ou focando os olhares nos próprios pés.


Apenas Bellatrix e Voldemort se olhavam, a fúria dela e a decepção que ela tinha consigo mesma por ter se colocado naquela situação. Um elfo doméstico e um bando de pirralhos tinham sido mais espertos do que todos eles, do que ela, e isso era imperdoável.


- Não se preocupe, Bellatrix. - Voldemort disse, assim que a tortura cessou. - Você não morrerá hoje... E nem será a única castigada. - todos os suspensos prenderam a respiração. - Só foi a primeira... O exemplo. Porque você me chamou, porque você não é como eles... Não é? Você deveria saber melhor do que pra acabar sendo derrotada por um elfo e algumas crianças...


Bellatrix assentiu, machucada fisica e emocionalmente em vários sentidos. Ela não tinha mais forças para se mexer, seu corpo estava grudado ao chão e ela sabia que dali não sairia por algum tempo.  


No momento em que que os gritos dela cessaram, o do grupo suspenso apenas começou, os gritos deles eram ensurdecedores, os de Narcisa por ser a única mulher se destacavam por serem os mais agudos.


Melinda não podia fazer nada, se interferisse novamente até ela seria torturada, doía ver a mãe e o namorado sendo torturados praticamente ao mesmo tempo, mas uma coisa ela tinha certeza sua tia não merecia está ali, duvidava que Narcisa alguma vez já tivesse sido torturada.


Os gritos continuavam, tempo o suficiente até Bellatrix reunir as forças e falar.


- Mestre, eu sei que não tenho o direito de pedir nada, mas poupe Narcisa do castigo. – ela estava fazendo aquilo não por amor incondicional à irmã, mas pois anos antes, quando ela estava sendo torturada, Cissy intercedeu por ela.


Voldemort parou e voltou sua atenção para Bellatrix, que parecia ainda mais temerosa do que alguma vez estivera. Ela tremia com o olhar dele, toda a bravura de interceder pela irmã se esvaindo da bruxa.


- Não tem, de fato, e eu não vejo nenhuma boa razão para poupar sua irmã... - ele disse, dando de ombros, e mais uma vez ela interferiu.


- Foi minha culpa, ela... eles seguiram as minhas ordens! Narcissa e Draco, quero dizer, eu usei meu poder sobre eles! - ela disse, deixando Melinda ainda mais pálida. Ela estava assumindo a culpa por Narcissa e Draco, por Merlin, ela devia estar louca.


Bellatrix, contudo, sabia porque tinha que fazer isso. "Não ouse dar ordens em minha casa, Bellatrix!", sua irmã bradara mais cedo naquela noite. "Eu sou a Lady das Trevas, Narcissa, eu dou ordens onde quiser", fora a resposta dela. Resposta da qual muito se arrependia.


Fez se um momento de silêncio, o choro de Pandora pode ser finalmente escutado, mas a situação lá em baixo esta tensa que Melinda não conseguia se mover a tensão aquela conversa a prendia ali. De certo sua filha havia sido acordada pelos gritos, não seria nada grave, assim ela teria de esperar mais um pouco.


Todos ficaram ainda mais receosos com o corpo de Rabicho entrou inverte flutuando pelo salão, com a mão ainda  presa fortemente em torno de seu pescoço:


- O Rabicho aqui, por exemplo, quando me encontrou devia sua vida a Harry Potter e pelo visto o moleque o lembrou disso e no momento que a lealdade de Rabicho fraquejou e, como pode ver, ele morreu. – o cadáver caiu bem ao lado de onde Bellatrix estava - Isso senhores é o que acontece com aqueles que devem favores ...


Bellatrix sabia que os ataques a ela não terminariam tão cedo, não era do feitio dele, ainda mais quando ele estava tão irritado daquela maneira, com razão daquela vez, ela devia admitir.


O corpo inerte de Rabicho atraiu os olhos de todos, não causando pena ou nenhum outro tipo de reação em ninguém, somente aumentando o medo que eles sentiam.


- Alguém por acaso ainda tem a intenção do tomar as dores do outro? -  ele perguntou irônico.


Bellatris olhou para cima Narcisa a olhava com aquele olhar maternal reprovador do tipo "eu avisei" e ao mesmo tempo " não faça uma de suas loucuras " já era tarde havia começado com aquilo e não era um cadáver que a faria desistir. Pandora precisava dos cuidados de Narcisa, Mel precisava de Draco. Lucius, se acidentalmente despencasse e quebrasse o pescoço não faria falta.


Nunca tinha sentido tanto medo dele quanto agora.


Voldemort se aproximou dela, numa lentidão que era de cortá-la em pedaços. O coração de Bellatrix apertou-se em seu peito quando ele a olhou de cima, anunciando seu mais cruel castigo.


- Poderá então proteger seus adorados Malfoys mais um pouco, mandar neles... - ele sibilou, o coração de Bellatrix quase parou. Não, não podia ser. - Com exceção de Draco que deve voltar a Hogwarts, todos, absolutamente todos estão confinados na Mansão. - Bellatrix sentiu que tinha novamente parado de respirar. - Não podem sair da propriedade a menos que tenham uma ordem expressa.


Bellatrix ficou inerte olhando para o teto em estado de choque ainda direrindo tudo aquilo que estava ouvindo. A palavra "presa " fez com que as lágrimas escorressem pelos olhos dela silenciosamente.


A vida inteira havia sido presa, por sua Familia, Azkaban  também foi sua prisão e o amor que ele sente por Voldemort também a prendia... Mas ele diretamente nunca havia feito isso, estar com ele sempre foi a chave para sua liberdade; e no momento ele a prendeu direta e friamente próxima com a pessoa que mais havia lhe feito mal. Ele estava negando-a. Até a morte chegava a ser melhor que aquela punição.


- Não ... - Bella estava sussurrando freneticamente este tempo todo repetidas vezes sem perceber, todas aquela sensações e lembranças e pensar que tudo poderia acabara assim tão fácil.


Quando de repente calou-se novamente, e voltou a repetir. Mel olhava aquilo horrorizada será que sua mãe havia finalmente enlouquecido?


Voldemort simplesmente ignorou Bellatrix e  desceu de forma nada delicada os Malfoy que permaneceram imóveis para que o sangue pudesse voltar a percorrer as partes dormentes do corpo .


A primeira a tentar se locomover foi Narcisa que  já estava a caminho de prestar socorro a irmã, mas parou no meio do caminho ao sentir os olhos do Lorde focados nela, o desprezo era nítido naquelas íris vermelhas. Aquilo era um sinal bem claro de que, se tentasse chegar perto de Bellatrix com ele ainda presente, pagaria caro.


Por mais preocupada que Melinda estivesse, aquele gesto significava, por hora, o fim da punição deles. Chegou a começar o caminho em direção ao quarto de Pandora, quando sentiu uma mão gélida sobre seu ombro.


- Vamos para casa. -  aquilo era uma ordem, o que significava que Melinda teria de ver a filha em outro momento.


- Sim, senhor.-  respondeu cabisbaixa, lançando um último olhar de pedido de perdão à mãe e ao namorado. Pandora não era o único motivo para querer ficar. Melinda ergueu a sobrancelha ao ver o corpo de Rabicho flutuar em direção a eles e voltou seu olhar para o Lorde, com uma expressão de duvida. O que ele estava...? Oh, é claro.


Voldemort e Melinda desaparataram para a Mansão Slytherin, o corpo de Rabicho causando repulsa na Princesa, não porque fosse o primeiro cadáver que tivesse visto na vida – ela poderia rir apenas com a possibilidade – mas porque o homem sempre a havia dado aquela sensação, ainda mais sendo um traidor confirmado.


Traidores, sangues-ruins, por razões óbvias agora eles lhe davam ainda mais nojo, maldição. Aquela guerra precisava ser terminada logo, Potter estava estendendo seu contrato de vida. Ela só esperava que a morte do garoto fosse lenta e dolorosa. Ela duvidava, infelizmente. A verdade era que seu pai provavelmente mataria Potter rapidamente, para acabar logo com aquilo. Uma pena.





Mansão Slytherin





Melinda suspirou, Voldemort entrou na casa impassível como cera, da maneira que ele costumava sempre ser – ou pelo menos ela imaginava – a imagem de Lorde das Trevas que ele sempre usava perto dos inimigos, estava usando perto dela agora.


Ela sabia, contudo, que o problema não era ela. Era ele. Ele estava usando a imagem de Lorde das Trevas consigo mesmo, trancando-se dentro de si, do que acabara de fazer e no que aquilo implicaria.


- Dinner Nagini - ele falou em silvos que apenas ela e a cobra entendiam, no momento em que o corpo de Rabicho caiu com um baque surdo no chão.


O Lorde das Trevas sumiu nas profundezas da Mansão Slytherin, deixando Melinda para trás sem dizer mais nenhuma palavra. Tudo o que devia ser dito naquela noite, havia sido, e eles conversariam mais pela manhã.


Melinda olhou a seu redor, a enorme casa mais vazia do que nunca, apenas os sons de Nagini atacando o cadáver a seus pés inundando o ar. A repulsa fez com que Melinda se afastasse, fosse em direção ao jardim. Não qualquer um dos jardins, o jardim que abrigava as rosas enfeitiçadas.


Ela não sabia porque seus pés a haviam levado lá, mas quando se aproximou, seus pulmões tiveram dificuldade de puxar o ar, seu cérebro de processar o que ocorria. As flores outrora esplêndidas estavam mudadas, era como se elas estivessem começando a deteriorar, ainda nas roseiras. Aos poucos, elas perdiam o brilho e Melinda se perguntava se começariam a murchar.


Os olhos dela se moveram na direção da varanda do quarto de Voldemrot, e ela o encontrou lá, olhando para a mesma flor que ela fitava. O olhar dele confirmava a teoria de Melinda, elas murchariam, ela só não tinha certeza se Voldemort era responsável por aquilo, ou se fazia parte do feitiço inicial, afinal de contas, aquelas flores deveriam ser eternas, como eles, que não pareciam mais tão eternos assim. Melinda não tinha certeza qual possibilidade era a pior.  


 


Voldemort voltou para dentro do quarto, olhando ao seu redor, sendo tomado pelas incessantes marcas de Bellatrix ali. Era como se ela ainda estivesse deitada naquela cama, mexendo na penteadeira, o cheiro dela o intoxicava ao nível do sufocamento. Ele se viu tocando uma camisola que ela havia deixado para fora do closet quando decidira ir visitar Narcissa na Páscoa, os nós de seus dedos ficando ainda mais impossivelmente brancos do que sua pele por causa da força com a qual ele torceu o tecido ao pensar naquela maldita visita.


Ele havia desistido de sentir algo décadas antes, e mesmo assim deixara-se envolver por ela e por sua imortal lealdade, por como ela tirava prazer em servi-lo. Ele deixara-se fraquejar, e seu peito enrijecia por culpa do que ocorrera. A pior parte, é que nem mesmo do topo de todo o seu poder, ele tinha certeza se aquela sensação incômoda fora causada pela falha de Bellatrix em si ou.... Ou se era remorso pelo castigo que aplicara. Ele nunca havia pensado duas vezes sobre um castigo, e obviamente não retrocederia neste, mas trancá-la com Lucius... Ele de repente jogou a camisola longe, estava feito. Bellatrix merecera, todos eles mereceram e aqueles pensamentos era fracos e ridículos. Ele deixou-se livrar daquilo e ir dormir, ignorando o perfume dela que parecia mais forte do que nunca nos lençóis.


 


Mansão Malfoy - Alguns dias depois


 


O chão da sala onde tudo acontecera ainda não estava livre de todos os fragmentos de cristal do lustre, por mais que Narcissa limpasse com magia, sem, obrigando os elfos a fazê-lo, parecia que eles estravam encravados no assoalho e dali não saíriam nunca, uma amarga lembrança do que acontecera. O lustre, por outro lado, estava reconstruído e de volta a seu lugar, por mais que ninguém passar por ele sem lançar um olhar de tristeza.


Greyback e seus homens haviam sido mandados para a área mais afastada da casa, e passavam seus dias patrulhando os jardins e portões - ordenados, por mais incrível que pudesse parecer, por Bellatrix. Como se nada tivesse acontecido, ela mantinha o punho firme que sua posição, ou devia considerar posição anterior, lhe dava. Ninguém ousava questionar as ordens da Lady das Trevas, ou seria ela ainda de fato...?


- Eu nunca fui destituída. - ela disse, uma manhã, sob um olhar duvisoso de Greyback. - Somente o Lorde pode retirar títulos que ele deu, - Narcissa engoliu seco, não tendo certeza se devia preocupar-se com a maneira como Bellatrix agarrava-se àquilo como um náufrago em desespero, ou se devia orgulhar-se da força da irmã. - E, mesmo que tivesse sido, sempre fui superior, e muito mais poderosa do que todos aqui, então o primeiro que quiser me enfrentar. - ela girou a varinha que pertencera à sangue-ruim, um lembrete humilhante da vingança que estaria por vir num futuro próximo. - Podemos testar a eficária dessa varinha que a amiguinha de Potter roubou de alguma bruxa verdadeira no passado.


A força de Bellatrix, contudo, era muito mais um escudo contra a própria dor do que tudo, Narcissa sabia. Ela percebera o olhar a irmã quando Melinda viera dias antes trazer-lhe roupas e outras coisas que acreditava serem necessárias para a mãe. Os dedos de Bellatrix tocaram levemente as roupas, seus olhos vagos, melancólicos, possivelmente sua mente inundada com lembranças de um tempo que ela sentia para sempre perdido.


Melinda havia, naquela ocasião, deixado escapar uma informação que Bellatrix não precisava: As flores do jardim estavam murchando. Obviamente não fazia sentido para ninguém, mas Narcissa entendera a referência e pudera ver nos olhos verdes de Bellatrix como sua alma parecia ter sido quebrada.


Agora, dias depois, a pele de Bellatrix estava cada vez mais pálida, a maquiagem mal cobria as olheiras causadas pelas noites mal - ou não dormidas de fato. Ela sentava-se à mesa com todos, brincando com a comida com seus talheres, mas levando a boca porções tão pequenas que faziam o estômago de Narcissa revirar de aflição. Os efeitos nas clavículas e pulsos da irmã já podiam começar a ser notados, e as já pequenas porções tornavam-se  a cada dia menores.


Contrariamente a sua recém nascida aversão por comida, Bellatrix parecia dar-se muito bem com álcool, estando a maioria das vezes acompanhada de um copo ou taça. Narcissa tinha que controlar-se para não deixar-se tomar por lágrimas de desespero quando olhava para a irmã, que surpreendentemente parecia mais sóbria do que qualquer um ali. Bellatrix sempre fora controladora, possivelmente a tentativa de entregar-se ao álcool e sua resistência a isso seja psicológica ou física - possivelmente ambas - estavam sendo ainda mais frustrantes para ela.   


O desespero de Narcissa, contudo, tinha limites, e veio a uma explosão quando no final da segunda semana, eles receberam uma visita inesperada e dolorosa. Era óbvio que aquilo uma hora ou outra aconteceria, Voldemort viria checá-los, ter certeza de que não tivera sido desobedecido. Não era como se alguém tivesse de fato a coragem de testar se ele havia ou não colocado algum tipo de feitiço para mantê-los ali.


Ele chegou próximo à hora do jantar, não por acaso é claro, e Narcissa como a boa serva e anfitriã que era, chamou-o para permanecer para o jantar. Ela subiu as escadas e foi chamar Bellatrix, que estivera trancada em seu quarto - o mesmo que ocupara nos tempos em que ali vivera- , como normalmente ficava desde o incidente - a não ser quando estava com uma vontade absurda de exercer seu poder sobre o resto.


Narcissa nem mesmo bateu, entrou para encontrar Bellatrix com os olhos focados em um livro - a varinha de Granger girando em sua mão, um tique que ela havia adquirido. Bellatrix apenas levantou os olhos, encarando Narcissa pelo espelho.


- Sim?


- O jantar estará na mesa em alguns minutos. - ela disse e suspirou. - Não estamos sozinhos.


- Nunca estamos, ultimamente. - Bellatrix levantou uma sobrancelha e Narcissa negou com a cabeça.


- Não foi o que eu quis dizer, temos uma visita. - Narcissa não tinha ideia de como dizer aquilo para Bellatrix com o mínimo de dano a ela.


- Ah, ótimo, alguém decidiu vir sapatear na nossa derrota. Típico. - ela voltou os olhos para o livro e riu amargamente de lado.


Narcissa suspirou, dando alguns passos na direção da irmã. Só havia uma maneira de dizer. - Ele está aqui.


Bellatrix congelou, as mãos agarrando o livro até doer, ela piscou algumas vezes e fez menção de abrir a boca para falar, sem sucesso. Apenas após alguns segundos de choque, e olhos marejados que ela tentava esconder, ela olhou novamente para Naricssa e forçou uma expressão impassível. - Já não era sem tempo de ele vir checar Greyback e aqueles idiotas, não é como se nós fôssemos a algum lugar, não somos estúpidos o suficiente, mas talvez com ele aqui aquela escória se torne mais amigável. Enfim, dê-me licença para eu me arrumar.


Aquilo não fora um pedido e Narcissa entendeu bem, juntando-se mais uma vez ao Lorde das Trevas na sala de estar, e seu marido - que nem mesmo conseguia esconder o pavor que tomava conta de si. Voldemort, obviamente, sentia-se mais do que confortável ao colocar Lucius naquela posição.


Bellatrix não demorou a juntar-se a eles, aparecendo na porta da Sala, com um vestido negro consideravelmente curto para os padrões de Bellatrix e com um grande decote nas costas, mas que era coberto por uma renda que chegava ao pescoço na parte da frente, pulsos e calcanhares dela, de forma que suas costas eram o único pedaço de pele de fato exposto. Os cabelos presos elegantemente ajudavam a criar a ilusão que ela procurava, e Narcissa a odiava por isso.


Coberta daquela forma, mal dava para notar como ela havia emagrecido, e o penteado junto com a maquiagem impecável completavam a visão de Lady das Trevas que ela portava, forte como sempre fora.


Bellatrix curvou-se levamente, controlada. - Milorde. - ela cumprimentou. - Não esperava vê-lo na Mansão tão... cedo. - A voz dela nem mesmo tremeu ao falar com ele, e o esforço era notável para chegar a tal fim.       


Voldemort a olhou de cima a baixo, tão surpreendido com a aparência dela como Narcissa estava. Ela estava... bem. Melhor do que ele esperava, melhor do que - mesmo que ele nunca fosse admitir - ele estaria, ou estava. O ponto era que ele se acostumara tanto com ela que... Ou ele tentava se convencer daquilo.


- Ótimo. - Narcissa disse, rapidamente, ao notar que os dois estavam se encarando por vários segundos seguidos. - Estamos todos aqui.


- Boa noite, Bella. - Voldemort acabou com o espaço entre eles, Bellatrix não moveu um músculo, e ele tocou o queixo dela. Bellatrix engoliu seco, antecipando o que ele ia fazer, ela tinha certeza.


Voldemort inclinou-se e beijou-a, sua mão na lombar dela, puxando-a contra si, e instantaneamente o ar na sala ficou pesado demais para poder ser respirado. Narcissa levantou-se de sua posição, seguida por Lucius.


Bellatrix sentiu como se todo o ar tivesse sido arrancado a força de seus pulmões, sua alma parecia estar sendo sugada, senti-lo tão perto sabendo que estava tão longe, era demais para ela. Ela apoiou suas mãos nos ombros dele, e aquele beijo controverso estava acabado da mesma maneira que começara.


Aquilo significara que ele ainda tinha poder sobre ela, sobre as reações de seu corpo, ele estava reafirmando seu direito sobre Bellatrix e ela sabia. Ela não deixara de ser a Lady, não, porque enquanto ela o quisesse daquela forma, ele não a deixaria ir. E, por mais que tudo em seu corpo lutasse contra, aquele beijo despertara algo que a feria e deliciava ao mesmo tempo.


 


O jantar em si foi quieto na maior parte, e Narcissa estava começando a perder a compostura com o comportamento de Bellatrix, que comia como normalmente comeria antes de toda aquela bagunça, como se as duas semanas anteriores não tivessem acontecido. Ela estava fazendo um teatro para Voldemort, sendo a rocha que sempre fora, e ela sabia o quanto aquilo seria pior para Bellatrix, o quanto a destruiría mais do que já estava fazendo.


Cada segundo tirava Narcissa mais do sério, porque Bellatrix parecia nunca aprender com os próprios erros, guardando tudo para si como sempre, e ela não tinha certeza se sua irmã conseguiria superar aquela vez. Quando deu por si, seus talheres já haviam batido bruscamente contra a porcelana do prato.


- Chega. - os lábios dela também não estavam sob seu controle mais. Os outros na mesa, Lucius, Voldemort e Bellatrix, olharam em choque para ela, surpreendidos pela explosão dela. - Chega disso, Bellatrix.


- Do que?


- Dessa máscara de força que você está usando tão bem hoje, comportando-se como alguém que você não é desde que... Comendo, mantendo-se superior, essa não é você há dias. - ela falou, sincera, e Bellatrix empalideceu.


- Narcissa...


- Não come, não dorme, consome mais álcool do que o normal. O que mais? Tranca-se no quarto todas as horas do dia. E agora esse vestido? Escondendo o quão magra está, tentando maquiar as olheiras, mas eu te conheço, Bella. Eu te observei, e muito me impressiona que tenha vergonha de mostrar seu verdadeiro estado ao Lorde. Não devia estar orgulhosa de levar seu castigo tão a sério?


Bellatrix não olhou na direção dele, mas sabia que os olhos de Voldemort queimavam-na, ela podia senti-lo observando-a, tentando invadir sua mente, revelar seus mais íntimos segredos, suas lágrimas e aflições e, imediatamente, ela sentiu-se nua.


Nenhuma palavra foi dita, não com todos ali, Narcissa tremia em seu lugar, Bellatrix congelada em horror com o que acontecera, até que sentiu os dedos gélidos de Voldemort curvarem-se ao redor de seu pulso e puxarem-na para fora da sala, na direção do escritório de Lucius.


Quando a porta estava fechada atrás dos dois, ele decidiu falar.


- O que ela estava dizendo... - ele segurou o pulso dela com mais força, parecendo fortalecer algum pensamento seu com tal atitude. - É verdade, eu sei que é, Bellatrix. Você está destruindo a si mesma lentamente, não que eu honestamente tenha pensado que faria algo diferente.


- Não ocupe seus pensamentos com isso, milorde, o mundo ainda terá que aguentar minha presença por um longo longo tempo, se depender de mim. - ela respondeu, com um sorriso que carregava quaisquer emoções, menos felicidade.


Voldemort segurou os ombros dela, ficando próximo o suficiente para que ela pudesse sentir sua respiração em seu rosto. Ela segurou a respiração por um momento, não sabendo exatamente o que sentia. Medo, receio, arrependimento?


- Fico encantado em ouvir isso, Bella, mas lembre-se de que não depende de você, e sim de mim. Eu decido quando meus Comensais deixam de ser úteis, você incluída, e portanto quando podem morrer. Portanto, eu sugiro que supere seja lá o que a esteja levando a isso e lembre-se de que, principalmente na situação atual, está longe de ter o luxo de ser dona de si mesma. - as palavras dele eram ditas em um tom tão baixo, tão ameaçador, que ela teve certeza de que nunca havia sentido-se tão à mercê de alguém, nem mesmo dele.


Voldemort a soltou e saiu do escritório, deixando-a para cair sobre uma das cadeiras. A verdade era que eles mal haviam de fato se recuperado da briga do Natal, ainda muito recente, a ferida semi aberta e agora aquilo. No fundo de sua mente, Bellatrix se perguntava se eles sobreviveriam àquela.


Ao longe, ela pôe ouvir a porta da frente da Mansão bater, o baque soando por todo o lugar, e ela fechou os olhos fortemente, para segurar as lágrimas que ardiam tentando sair; seus esforços, contudo, foram inúteis face à força da dor que tomava conta dela.


Então, Bellatrix chorou. Deixou toda a angústia das duas semanas anteriores tomar conta de seu coração, quebrá-la em milhões de pedaços como acontecera com o maldito lustre que começara toda aquela confusão.


A garganta dela fechava dolorosamente, as lágrimas forçando sua saída, queimando seu rosto no caminho. Fraqueza, ela pensava, não devia demonstrar fraqueza, mas nem mesmo uma rocha pode se manter no lugar sem não estiver sustentada, e Bellatrix não sentia mais o chão a seu redor por um longo tempo.


Em questão de minutos, aquela sensação que a impedia de respirar tinha ido embora, pois se tratava dos soluçoes que Bellatrix segurara com tanta força, que acabaram por também subjulgá-la.


Bellatrix não conseguiu mensurar quanto tempo se passou até que ela não tivesse mais forças para se manter de pé, colapsando sobre uma das cadeiras do escritório, a boca coberta por uma das mãos, a outra sobre seu peito, sentindo o próprio coração pulsar sofregamente sob seu toque.


 


Voldemort saiu como um trovão da Mansão Malfoy, tendo desaparatado dentro de sua própria Mansão sem muito perceber o que fizera. Ele mal chegara, e suas mãos procuraram por uma garrafa de uísque de fogo, o líquido queimando sua garganta sendo quase um alívio, tirando sua mente de pensamentos que ele desprezava.


Como o pulso dela parecera delicado sob seus dedos, mais do que o normal, como ele vira o medo nos olhos dela como nunca antes, como ela era a única cujo medo não o agradava - quando devia, mas por algum motivo sempre o desagradara -, como ela acabaria por acabar com a própria vida antes de... Ele engoliu seco, talvez colocá-la na mesma casa que Lucius, presa, tivesse sido de fato o pior dos castigos imagináveis. De repente, após tomar mais um longo gole da bebida, ele a atirou contra a lareira mais próxima, saindo do local antes que pudesse notar como alimentara o fogo. Talvez com algumas horas de sono, seus pensamentos o deixariam em paz.


 


Bellatrix não sabia como diabos havia conseguido chegar ao próprio quarto, nem quanto tempo havia se passado desde que Voldemort saíra. Tudo o que ela sabia era que tudo estava escuro, como se a única pessoa acordada fosse ela. E talvez fosse, quem poderia saber.


Quando ela fechou a porta atrás de si e ela ouviu a tranca girar sem que ela tivesse tocado, ela congelou no próprio lugar, sabendo o que estava por vir. A varinha da sangue ruim não estava consigo, como poderia uma bruxa tão poderosa ter sucumbido a um erro tão simplório, ficar longe da varinha, uma sensação de deja vu a deixava enjoada.


Bellatrix não precisava acender a luz para saber, mas quando o fez lá estava ele, sentado em sua cama, girando a varinha daquela maldita entre os dedos, como ela mesma começara a fazer; na partilha das varinhas que Potter deixara para trás, Narcissa ficara com a outra e entregara a sua a Draco, mas Bellatrix fizera questão de manter a de Granger, como uma provocação a si mesma, um castigo.


Lucius não mexeu um músculo a príncipio, apenas encarando-a com aquele sorriso de vencedor, olhando-a de cima a baixo como se soubesse algo que ela desconhecesse, e, talvez esse fosse o caso, mas ela logo teria a dúvida resolvida, estava certa disso.


- Olá, Bellinha. - ele a cumprimentou como havia feito, quando... - Eu ainda não creio que você não escondeu essa varinha melhor, é impressionante o efeito que o Lorde das Trevas tem em você... - Lucius finalmente se levantou e deu alguns passos na direção dela. - Sabe o que todos dizem, sempre disseram? Que você era de fato a mais leal, a mais fiel, mas que exatamente por isso ele seria a sua ruína. Ninguém pensou, imagino eu, que seria uma ruína tão profunda e literal. Bellatrix Lestrange definhando por amor! Inacreditável, patético. Você não o ama, Bella, você está doente.


Bellatrix não resistiu a soltar uma risada sarcástica. - Como se você fosse alguém para saber a diferença entre amor e doença, ou entre amor e qualquer coisa. Então poupe-me de seus sermões. Você é tão ou mais patético do que eu. E já passou pela sua cabeça que, talvez, eu não esteja definhando por amor e, sim, por vergonha do papel ridículo que eu fiz?


- Qual deles? O showzinho de Potter com o Elfo? Ou a sua brincadeirinha de Lady das Trevas? - ele retrucou, agora a poucos centímetors dela. - Eu sempre lhe disse que a sua coroa não duraria muito, cunhada, você devia ter me ouvido. Imagino quais apostas foram ganhas e quais perdidas, mas também preciso ressaltar que você durou mais do que qualquer esperava. - ele bateu palmas sarcásticas. - Mas sabe o que dizem, quanto mais forte brilha uma estrela... - ele passou a varinha de Hermione por cima do vestido dela, desde os seios até ao pescoço. - No fim, Bella, nós sempre terminaríamos assim.


Bellatrix ouviu as palavras dele segurando-se para não deixar o nojo e ódio que sentia lhe tirarem o controle, mas toda força de vontade tem limites. - Diz o homem que preferia estar preso em Azkaban do que enfrentar o próprio mestre, sendo que já fora um de seus mais valiosos Comensais. Você não pode falar muito sobre quedas, Lucius, porque de todos nós, foi o mais rebaixado. Agora que Rabicho se foi, eu diria que você se tornou a escória dos Comensais, até mesmo Greyback é mais útil. Imagino se o Lorde se arrependeu de ter te marcado?


Bellatrix bateu o rosto contra a porta tamanha a força do tapa que a atingira e fizera com que perdesse o equilíbro. A segunda pancada abrira um corte considerável em sua testa e ela mal havia conseguido colocar-se de pé novamente quando Lucius agarrou seu pescoço, cortando o fluxo de ar em sua traquéia. Bellatrix se debateu, mas ele não soltou nem um pouco.


- Sabe o que eu acho? Que ele se arrependeu de ter te levado para a cama dele um dia. - ele praticamente cuspiu as palavras contra o rosto dela, arrastando-a em direção a cama para depois jogá-la sobre o colchão.


Bellatrix tossiu e inspirou dolorosamente, contorcendo-se na cama e mal tendo tempo de computar o que estava acontecendo quando seu corpo foi virado por um feitiço, de forma que ela estava deitada olhando para o teto e sem conseguir se mover.


- Agora ele te deixou aqui, à minha mercê. Isso diz muito. - ele sentou na beirada da cama, segurando o rosto dela com uma mão.


- Ah, Lucius, à sua mercê? Sabe tão bem quanto eu que isso são só os seus desejos se aflorando, porque eu estou presa agora, oh mas eu vou me soltar...


- Você está atrevida hoje, falando demais... - ele passou o polegar sobre o lábios inferior dela. - Talvez eu devesse tirar sua voz, ou então... Arrumar uma utilidade melhor para a sua boca.


- Se o que pretende é acabar com partes da anatomia faltando, tente.


Lucius riu, profundamente, como se estivesse se divertindo como nunca, e se inclinou na direção dela, seu rosto a apenas alguns milímetros, e ela podia ver o ódio brilhando nos olhos dele.


- Bella Bella, sempre caindo lutando, mas deixe-me refrescar a sua memória... Você fará tudo o que eu quiser, queira, ou mais provável, não... Porque, querida, hoje sou eu quem empunha a varinha. - Bellatrix apenas respirou fundo. - Ah, sem mais respostas calorosas... Realidade caindo sobre você? Ótimo, porque nós temos contas a acertar, e eu farei diretinho para que você lembre disso para o resto da sua vida, para que sinta por dias, semanas e saiba que é tudo culpa sua, que você causou isso a si mesma... - ele agarrou a renda do vestido e começou a puxar para cima. - Bem vinda ao Inferno.


 


 


A luz que vinha das cortinas abertas era quase cegante, ele não se lembrava quando havia aberto-as, nem da ultima vez em que alguém de fato deixara a claridade entrar completamente. Ele tocou a cortina, pretendendo fechá-la, mas parou no lugar em que estava, um perfume conhecido enchendo suas narinas de maneira inebriante. Ela estivera ali. Não era possível, ele mesmo ordenara que ela não deixasse a Mansão Malfoy, ele a vira pouco tempo antes - a julgar pela claridade, na noite anterior?


Voldemort virou seu corpo um pouco, seus olhos vasculhando todos os lugares a seu alcance, nenhum sinal de Bellatrix, ele nem mesmo conseguia encontrar a mente dela usando Legilimência, possivelmente ela estava muito distante. Ele andou, então, decidido a encontrá-la e averiguar o que diabos ela fazia ali.


Após vários minutos frustrantes, ele viu algo pelo canto dos olhos, um vulto tomando conta de sua visão periférica, e ele rapidamente virou-se na direção, conseguindo ver de relance as pontas dos cabelos negros dela no virar do corredor. Ele apressou o passo, Bellatrix não fugiria daquela vez por maior que a Mansão Slytherin pudesse ser e por melhor que ela a conhecesse.


Quando ele a alcançou, vários corredores depois, Bellatrix apenas o olhou por cima do ombro e sorriu, provocativa, incentivando-o a continuar perseguindo-a, até mesmo deu-se ao trabalho de contornar uma pilastra e mudar de direção para confundi-lo, algo que nunca teria acontecido normalmente, mas por algum motivo que ela viria a explicar quando ele a pegasse ele não conseguia ler a mente de Bellatrix.


E ela não parou com as provocações, sempre olhando para ele com a mesma intensidade como se o olhasse dentro da alma e rindo como se aquela brincadeira a estivesse divertindo como nunca. Ela teria sérios problemas, logo. Até que, tão subitamente como tudo aquilo começara, ela parou, no meio de uma das salas. Ela simplesmente parou, sem motivo evidente.


Voldemort se aproximou, quase apreensivo, tentando decifrar o que estava acontecendo ali, porque ela parara se a brincadeira parecia agradá-la tanto. Ela estava estática, parecia mal piscar, quando ele a contornou, os olhos fixos no chão.


- Bellatrix...? - ele a chamou, a voz saindo muito mais relaxada do que ele pretendera. Era como se ele tivesse que se lembrar de que a presença dela ali era uma desobediencia por mais que, após noites e mais noites de tormento com o cheiro dela recusando-se a deixar a cama não importando o que ele fizesse, fosse quase um alívio.


Ao chamado dele, ela levantou os olhos, opacos e tão diferentes da intensidade com a qual ele estava acostumado; os lábios dela curvaram-se em um meio sorriso, quase parecendo congelados com a dificuldade que eles pareciam ter com tal tarefa e com a cor azulada que começava a tomar conta deles.


Ele então notou que ela tinha ambas as mãos sobre o estômago e instintivamente, colocou as suas sobre as dela, que estavam geladas como a morte. Sem pensar muito, ele as puxou e viu a mancha vermelha nas palmas e o sangue que começou a jorrar livre pelo profundo corte que parecia ter surgido do nada.


Voldemort olhou para cima e, por mais opacos que os olhos dela parecessem, bem no fundo ele conseguiu ver algo: acusação, crua e desmedida, o sorriso que ela ostentava era um de sarcasmo agora ele conseguia entender.


Bellatrix abriu a boca, o esforço evidente, e ele nem havia percebido que eram as mãos dele nos braços dela que a mantinham de pé, mas as palavras nunca saíram, sendo substituídas pelo agonizante som de afogamento quando outro corte similar surgiu em seu pescoço.


Assim, ela perdeu de vez o equilíbrio e ele se viu ajoelhado no chão, com ela em seu colo, olhando-o não mais com toda aquela acusação, mas sim com uma súplica que ele não conseguia entender. Ela então pegou sua mão entre as suas trêmulas e escreveu duas palavras com o vermelho vibrante do sangue que agora se tornava uma poça sobre si. Save me.


Ele olhou para ela, não entendendo como podia salvá-la, parecia tarde demais, o sangue jorrando com cada vez mais força do corte horrendo em seu pescoço. E como diabos aqueles cortes apareciam, para começar?


E no segundo seguinte, ele se viu sentado na cama, a respiração mais forte do que provavelmente jamais a vira, o corpo gelado, e sem entender o que exatamente estava acontecendo. Olhou para a janela, noite.


- É claro... - ele suspirou. Pesadelo, mas... ele não costumava ter pesadelos, simplesmente. E aquele fora tão vívido, ele podia sentir e vivenciar de modo tão real, era quase como... - Aviso. - ele sussurrou para si mesmo e num ímpeto saiu da cama, vestindo-se em um tempo quase impossível e juntando as peças em sua cabeça: acusação, dor, súplica. Era tão óbvio que quase poderia doer se a pessoa não fosse ele. Mal cinco minutos haviam se passado desde que ele acordara e ele desaparatara na Mansão Malfoy, secretamente desejando que tivesse sido o primeiro de seus simples pesadelos.


 


Narcissa não conseguiu conter a surpresa quando desceu as escadas e encontrou Voldemort em sua sala, os enfos tendo-a avisado que o Lorde solicitava sua presença imediata. Ela fechou os braços fortemente ao redor do robe de dormiu e o encarou assustada.


- Milorde? Como posso ajudá-lo? - ela deu uma olhadela no relógio, passava da meia noite. Voldemort os havia deixado poucas horas antes. Ela forçou um sorriso, mas a preocupação com o que podia ter acontecido não a deixava em paz.


- Aonde está Bellatrix?


- Ah... - Narcissa hesitou. - Da ultima vez que eu a vi, ela estava no escritório, mas está vazio. Imagino que dormindo.


Voldemort pareceu ponderar por um momento, deixando Narcissa ainda mais apreensiva do que estivera antes. Ele deu um passo na direção dela, o rosto mudando como se tivesse tomado uma decisão.


- E o seu marido? - a pergunta reacendeu algo dentro de Narcissa que ela não queria admitir, no fundo ela sabia o que Voldemort estava insinuando. Ela tentou não gaguejar, ignorando aquele pensamento porque... simplesmente não.


- Ele.. hm... ele me disse que passaria a noite na biblioteca, pesquisando...


- Sobre? - Voldemort perguntou, ainda pensativo, e ela não sabia responder. Aquele medo incômodo no canto de sua mente voltou a atormentá-la. Os olhos dele localizaram o elfo. - Chame Bellatrix.


O elfo voltou quase imediatamente dizendo que não tinha acesso ao quarto dela. Narcissa falou novamente. - Ela sempre tranca o quarto com magia, para não ser incomodada. - mas Voldemort já havia passado por ela e subia as escadas, parando apenas na porta dela.


- Bata. - ele sussurrou para Narcissa, que já estava em seu encalço. Ela não discutiu e bateu na porta.


- Bella...? - ela chamou, o quarto estava quieto como se não houvesse uma alma dentro. - Bellatrix? - ela chamou mais alto, batendo mais forte na porta e mesmo assim, sem nenhuma resposta. Voldemort estava concentrado na porta, concentrado demais. Ela virou-se para ele. - É, parece que ela está dormindo...


As feições de Voldemort se endureceram e ele retirou a varinha, fazendo com que Narcissa desse um passo para trás extremamente assustada. Ele simplesmente negou com a cabeça.


- Ela não está dormindo. - foi tudo o que ele disse, os olhos quase flamejantes, e Narcissa estava para responder quando ele apontou a varinha para a porta e literalmente a explodiu, entrando no quarto de maneira tão abrupta como a explosão fora. Narcissa ouvira um grito, não fora de Bellatrix. Os pés dela a guiaram atrás de Voldemort e ela levantou os olhos para ver o que tanto temera.


Lucius fora jogado contra a parede com um simples feitiço assim que Voldemort pisou no quarto, e ainda estava preso contra a mesma, o olhar mais aterrorizado que ela já vira estampado em seus olhos. Ela não conseguia se fazer sentir pena. Nojo, talvez, mas ela sentia-se mais dormente do que tudo.


Voldemort deixou Lucius preso na parede, indo o mais rápido que podia para a cama, onde Bellatrix estava deitada, muito mais machucada do que ele inicialmente imaginara. O vestido estava em farrapos, todo destruído e o rosto dela era uma mistura de cortes, inchaço e hematomas, que desciam para as outras partes expostas de pele.


Ela não se movia, logo ele a soltou do feitiço de Lucius, a dor evidente quando ela moveu os membros há inimaginável tempo parados, presos contra aquela cama. As marcas das cordas invisíveis eram fortes, queimadas contra a pele dela.


Grandes hematomas no pescoço dela tinham a forma de dedos e ele só conseguia imaginar o quanto Lucius a machucara para deixá-la em tal situação. Quando ele a puxou para seus braços, ela se contorceu de dor, mal conseguindo soltar qualquer som, e isso piorou quando seus braços tocaram a cintura dela. Costelas, é claro. Ele simplesmente olhou para Lucius, e o outro soube que morreria da forma mais lenta e dolorosa possível.


Apesar dos protestos de dor dela, Voldemort passou os braços por trás dos joelhos e costas de Bellatrix e levantou com ela em seus braços, tornando-se para Narcissa.


- Leve o seu marido daqui, para as masmorras. - ele convocou a varinha que Bellatrix usava desde o incidente da Mansão, a mesma que Lucius usara contra ela, de forma que a outra varinha que fora deixada para trás e desde então pertencente a Narcissa fosse a única sobrando. - Deixe-o preso na parede, assim como está agora, até que eu tenha o tempo necessário para lidar com ele.      


Bellatrix não tinha forças para absolutamente nada, drenara toda a sua energia tentando não gritar enquanto Lucius fazia tudo o que sabia para causar o contrário. Ela não daria aquele gosto para ele, mas até mesmo ela tinha seus limites, e ela nunca esqueceria o brilho nos olhos dele quando ela soltou o primeiro gemido de dor, fraco uma vez que ela já se encontrava em um estado muito parecido com o que estava naquele momento, nos braços de Voldemort, sentindo-se mais quebrada e frágil do que em muito tempo.


Aparatar, então, não foi nem de longe fácil para ela. Principalmente como acompanhante, mas não havia muito que fazer naquele caso. Era estranho o quão confortante a Mansão Slytherin poderia ser, estar nela era... Estar em casa.


Quando Voldemort a colocou na cama que costumava ser deles, ela se sentiu imediatamente mais calma com o perfume conhecido dos lençóis, a mistura de seu próprio cheiro com o dele e algo que lembrava uísque de fogo e... Poder. Locais tocados por magia sempre tem traços, principalmente com a magnitude que os poderes de ambos tinham combinados.


Ele tinha descido assim que a deitou, e ela podia bem ao longe ouvir seu movimento no andar inferior, ele falava com alguém, e mesmo em seu estado avariado, ela sabia que era Parkinson. Por algum motivo desconhecido, ela não a seguira para a Mansão Malfoy – e ela agradecia que aquela víbora não presenciara o degradante processo que tornara Bellatrix no fantasma de si mesma naquele tipo de exílio.


Voldemort voltou com diversos frascos de poções, panos, ataduras, e água. Era quase hipnotizante, para ela naquele estado, como todos aqueles objetos flutuavam ao redor dele e desceram até tocar a cama delicadamente. Ele sentou-se ao lado dela, tocando o vestido, e ela instintivamente enrijeceu o corpo.   


- Bella... – ele só falou o nome dela, e era quase embaraçoso o quão rapidamente ela relaxou. Ele retirou o farrapo em que se tornaram o cetim e a renda e pôde ver melhor os ferimentos. Quem a olhasse, pensaria que ela acabara de voltar da pior batalha de sua vida. Os hematomas em suas costelas escuros demais, e ele tinha certeza de que pelo menos duas delas estavam quebradas.


Enquanto Voldemort cuidava das fraturas dela, Bellatrix o observou, as reações dele aos ferimentos, o olhar dele... Tudo no Lorde das Trevas dizia que ele se vingaria de Lucius, mas oh... Não era como se eles não pudessem prever aquilo. Todos sabiam, desde que ele fechara a porta atrás de si quando os prendeu na Mansão. Ele a renegara, mesmo sem dizer as palavras, e todos sabiam que a força dela sempre residira nele, Lucius como ninguém.


- Você não precisa nem mesmo dizer uma palavra. – ele sussurrou, sem tirar os olhos da luz colorida que preenchia o espaço entre sua varinha e uma das costelas dela, calcificando o osso gradualmente para minimizar a dor. – Nem preciso ler a sua mente. Está escrito no seu rosto. – estranhamente, a voz dele não trazia nenhum tom de reprovação.  


E isso ocorria por que, em um canto de sua consciência que Voldemort tentava como ninguém suprimir, ela não era a única que o culpava. Não isentando a culpa de Lucius, é claro, mas ele sabia que era responsável em grande parte pelo o que acontecera. Os olhos de Bellatrix imploravam para que ele não fizesse aquilo quando ele a deixara, ela estava assustada, temendo como ele nunca havia visto e ele simplesmente ignorara. Ela não confiava na própria força, o que era tão bobo, porque ela era tão forte, e ele devia saber melhor. Quando ele viu o estado em que ela estava, oh... Mas não, ele piorou a situação ainda mais e Lucius tirou vantagem da oportunidade que foi esfregada em seu rosto.


Bellatrix abriu a boca, mas não falou nada. Como ele dissera, mesmo que ela tentasse se conter, seus olhos refletiam a acusação silenciosa, assim como naquele sonho. Naquele...


- Não foi um sonho. – ele suspirou e ela franziu o cenho. – Você pediu por ajuda, mesmo que inconscientemente, pediu a minha ajuda. Nossas mentes ficaram conectadas por tanto tempo que... Eu só não imaginava que isso era possível, com você não sendo Legilimens.


Bellatrix apenas assentiu, não sabia o que ele achava que ela tinha feito, mas se o tinha avisado de alguma maneira inconsciente, ela não podia agradecer mais a si mesma. Ele continuou a cuidar dos ferimentos mais graves e fazê-la beber poções com gostos que apenas pioravam, mas em algumas horas ela já conseguia pelo menos respirar corretamente e falar.


- Nós sabíamos... - Bellatrix não mais do que sussurrou. - Eu pelo menos. - ela fitava o teto, enquanto Voldemort a janela. Ela deu uma risada amarga e chiou por conta das costelas feridas. - Nunca devia ter deixado ele me ver tão destruída, ele soube reconhecer a Bellatrix de três anos atrás quando a viu.


Voldemort conseguia reconhecer todas as linhas de ódio na voz dela, dirigidas a si mesma, a como ela se deixou arruinar e abriu uma brecha, mas o Lorde das Trevas sabia melhor do que isso, a causa daquela ruína fora ele e se ela não vociferava aquele fato, era por medo.


- Desta vez... - ela sentou-se na cama com extrema dificuldade. - Irá entregá-lo a mim?


Finalmente, as palavras dela carregavam acusação e cobrança, por mais que ela tentasse mascarar. Nenhum dos dois conseguia ignorar o fato de que ela estava lá por ordem dele, que ele, sabendo de todo o histórico, a trancara lá.


- Faça dele o que bem entender, Bellatrix. - ele respondeu, sem tirar os olhos da janela. - Ele não tem utilidade nenhuma, de qualquer forma.


- Incluindo...?


- Matá-lo? - Voldemort girou nos calcanhares e a encarou. - Se assim o quiser, sim. Apenas invente uma boa justificativa, ou anuncie a morte dele após o fim da guerra, não acredito que você deseja que a verdadeira razão venha à tona?


Bellatrix, conhecida em meio aos Comensais por ser forte, poderosa, capaz de derrotar qualquer um deles, menos temida somente do que Voldemort, raramente tinha dúvidas, e aquele era mais um daqueles casos. Pessoas o suficiente já conheciam aquela história.


- Não. - respondeu o mais decididamente que podia. - Ainda pretendo mantê-lo vivo por um tempo considerável.  


Voldemort assentiu e eles se encararam por um tempo, não ter o que dizer não era um lugar comum para os dois, portanto aquilo era tão constrangedor e terrível como podia ser. Bellatrix, então, quebrou o contato visual e olhou para suas mãos unidas no colo.


- Quer que eu volte imediatamente para a Mansão, ou pela manhã? - ela perguntou, soando cansada. - Porque eu sei que vai me mandar de volta, todos têm de ver que manteve seu pulso firme com todos, incluindo a mim, e como não quero divulgar o que aconteceu... Nada mudou. Eu continuo uma prisioneira na Mansão.


Se Voldemort dissesse que a reação dela não o havia impressionado, ele estaria mentindo. De longe, ele esperava que ela fizesse tudo o que podia para permanecer. O que parecia é que o que acontecera acordara a Bellatrix com a qual ele estava habituado, e, até mesmo, feito nascer uma nova Bella, ainda mais forte. Das cinzas, renascendo como uma fênix - ele estava mais orgulhoso do que poderia admitir. Contudo, ele não havia pensado ainda naquilo.


- Volte assim que sentir que consegue aparatar sozinha, e por mais que você queira fingir que é mais forte do que é, imagino que neste momento isso não seja possível.  


Bellatrix assentiu e recostou-se novamente à cabeceira da cama, não tendo nenhuma forma de discutir com ele. Ela ainda estava debilitada demais.


- Acredito que seria melhor para você dormir agora... - ele disse, se dirigindo à porta.  - Tenho trabalho a fazer. - ele respondeu à pergunta silenciosa dela, e saiu do quarto. A verdade era que o sono dele o deixara junto com aquele pesadelo, portanto trabalhar era uma opção bastante viável. Ele tinha muita pesquisa ainda a fazer, logo aproveitaria a oportunidade.


 


Voldemort somente retornou ao quarto horas mais tarde, para encontrar Bellatrix dormindo no canto que costumava ser dela, usando uma camisola - o que mostrava que ela havia ido até o closet para se trocar. Era absolutamente estranho tê-la naquele quarto novamente, e mesmo assim parecia natural, apesar de ela dormir virada de lado e parecendo tão rígida.


Ele não se deu ao trabalho de trocar de roupa e entrou debaixo das cobertas, mantendo-se também o mais longe possível dela. Era interessante como eles costumavam dormir tão próximos antes, e agora pareciam forçar a si mesmos a fazer o contrário.


O sono não foi algo que chegou facilmente para ele, e o fato de que ela inconscientemente rolou para o lado dele, uma de suas mãos tocando seu peito, não ajudou nem um pouco. Ele não teve reação alguma, não retirou a mão dela, nem a trouxe para mais perto, apenas fechou os olhos e se forçou a dormir.  


 


Bellatrix acordara antes de Voldemort, assustando-se com a posição em que se encontravam. Um sorriso no canto de seus lábios foi impossível de ser evitado. Força do hábito, ela pensou, levantando-se da cama para dar de encontro às mais diversas formas de dor. Ela imaginava como se sentiria caso não tivesse ingerido todas aquelas poções, ou talvez preferesse não imaginar.


Era quase inconsciente a forma como ela se movia no quarto, pegando as coisas, entrando no banheiro, enchendo a banheira. A familiaridade era confortante e, ao mesmo tempo, lhe trazia um nó na garganta que ela não conseguia desfazer. Bellatrix fechou os olhos, tocando a água que começava a encher o mármore, nostalgia, a saudade do que se perdeu. E, para ela, aquilo estava perdido.


Entrar na água não foi em instância alguma mais reconfortante, por mais que o calor dela a envolvesse, os ferimentos abertos ainda gritavam contra qualquer intruso, toque, movimento. O calor da água não foi o suficiente para superar aquele do fogo que queimava dentro dela, da vingança que tomava sua mente e veias, mas ela guardaria aquilo para depois, desfrutaria o prazer de cumpri-la, apenas não naquele momento.


Outras coisas a chamavam, a Mansão Slytherin era muito distrativa em todos os quesitos, muitas lembranças para tirar seu foco, muitos sentimentos misturados desconcentrando-a, quase enlouquecendo-a. E ela sabia para onde todas aquelas sensações a atraíam, resistir era inútil.


Ela saiu da banheira, secando-se para colocar um robe negro que parecia nunca ter deixado o banheiro desde a saída dela, pendurado da mesma maneira deixada pela própria Bellatrix semanas antes, misteriosamente limpo como se ela o tivesse tirado do armário naquela mesma hora. Ou talvez não tão misteriosamente, sua mente sussurrou, mas ela balançou a cabeça no mesmo momento, espantando aqueles pensamentos que a atormentavam.


Ela atravessou o quarto, dando uma rápida olhada na figura ainda adormecida de Voldemort. Apenas eu o vi assim, sua traidora cabeça mais uma vez se manifestou, e Bellatrix apressou o passo para fora do quarto, encontrando-se no andar de baixo em segundos. O caminho até o jardim fora tão dormente quanto o até a sala, suas pernas parecendo ter vida própria, ou desobedecendo as ordens diretas de seu cérebro - não que este também estivesse colaborando com ela.


A manhã de primavera estava mais fria do que deveria, mas nenhum frio fora de época era mais impressionante, e atingiu o corpo mal protegido dela em cheio, arrancando arrepios e tremores de Bellatrix, que riu de si mesma, ela já havia aguentado coisa pior. Na noite anterior, até, mas algo tão simples como um vento a fizera tremer... era quase irônico como ela era mais sensível às coisas simples, e tão forte às mais duras. Provavelmente porque as sofrera mais... ou porque aquele frio a lembrasse de Azkaban, dos anos lá perdidos, apodrecendo, que ela se forçara a esquecer, deixar no passado. Principalmente depois que...


Bellatrix engoliu seco e se deixou encarar o jardim à sua frente pela primeira vez; o antes resplandecente presente, uma promessa de eternidade, era uma sombra de si mesmo. As flores cada vez mais murchas, algumas já caídas na grama, completamente mortas, outras ainda mal resistindo em seus galhos. Quanto mais longe ela andava, mais as rosas pareciam lutar para sobreviver, todas em estágios diferentes de decomposição.


Ela nem mesmo se deu ao trabalho de segurar as lágrimas que vinham a seus olhos, a metáfora naquela destruição era dolorosa demais e ela nem mesmo ousava trazer seu significado a palavras, mas de uma coisa ela estava certa, ela não se sentira daquela maneira em anos, não desde os dementadores. Toda a felicidade sendo sugada de si a cada rosa que ela via naquela situação, o símbolo deles, magia ligada ao Lorde e a Lady das Trevas, que não mais eram assim como o objeto de representação, era como ter a realidade jogada com toda a força contra ela.


Ela começou a desejar então, que elas se mantivessem daquela forma, que ela não tivesse nunca que saber que todas aquelas rosas viraram cinzas. Quanto mais fundo ela ia no jardim, mais seu coração relaxava, com a visão das rosas menos danificadas, o anel em seu dedo pesando como nunca, o peso de ser quem ela era, quem ela fora, quem ela não sabia mais se devia ser.


Então que, quando ela jamais esperaria, seus olhos captaram uma única rosa, erguendo-se além das outras, perfeita em todo o seu esplendor e beleza, como fora no dia em que Voldemort a mostrara o jardim pela primeira vez, tanto tempo antes.


Bellatrix não saberia explicar exatamente porque sua respiração parou por um momento, mas a visão daquela rosa negra sobrevivendo a tudo... Ela não podia negar o quanto aquilo a alegrara, quase de maneira embaraçosa, mas a verdade era que na maioria do tempo, seu amor por ele era algo incompatível com quem ela era, sempre tão forte, caindo aos pés dele sem esperanças de se levantar. Alguns dizem que tudo no mundo se balanceia, talvez esse fosse o caso.


Com um fraco sorriso nos lábios, Bellatrix estendeu a mão e arrancou a rosa, que dependia de tudo menos da roseira para se manter viva, e acariciou as longas pétalas, a ultima do seu tipo, algo que seria uma raridade em pouco tempo.


Depois de tudo o que acontecera, Bellatrix sabia quem ela não era mais: A mulher dele, não fora desde que deixara Potter escapar, e com a guerra, tudo como estava, não era como se eles tivessem tempo ou energia para resgatar os pedaços espalhados por todo o lado, e nem ela queria que ele desgastasse a si mesmo com isso. Talvez, ela secretamente sonhava, quando eles sobrevivessem àquela guerra, eles teriam tempo para resolver sua situação propriamente, mas pelo momento, ela tinha que tomar a decisão pelos dois. A decisão que podia significar a vida dos dois, havia uma prioridade, e ela com certeza não era o relacionamento do Lorde e da Lady das Trevas.


A mão dela se fechou fortemente contra o cabo da rosa, os espinhos enfincando-se dolorosamente contra sua pele, mas como ela mantinha se lembrando, ela já estivera pior. Ela sabia o que devia fazer, e o faria sem hesitação. A lealdade dela vinha antes de tudo, até dela mesma, sempre.


Rapidamente, ela andava a passos largos para dentro da casa, ainda segurando a rosa, sem parar até que chegou novamente ao quarto onde ele ainda dormia, deixando a rosa sobre a penteadeira apenas para se arrumar no menor tempo em que conseguia, quase sem prestar muita atenção no que estava fazendo, sua mente funcionando a milhares por segundo, até que ela se viu pronta para retornar à Mansão Malfoy e, finalmente, ter sua tão esperada vingança. Apenas uma coisa devia ser feita.


Era quase estranho vê-lo tão desligado do mundo, e ela sempre duvidara que ele dormia de verdade, mas se assim ele o dizia... ela acreditaria, ou fingiria acreditar. Sentando-se na lateral da cama, Bellatrix o olhou de cima a baixo, como se memorizando aquela visão que ela duvidava ter novamente.


A rosa passou de suas mãos para a mesa de cabeceira ao lado do Lorde, a última gota de esperança daquele jardim, e ela se abaixou, beijando-o suavamente nos lábios, para, assim que se viu sentada mais uma vez, tocar o anel em seu dedo - sendo quase dominada por todas as lembranças, desde o dia em que o ganhara, mas resistindo a elas - e o puxou, o metal raspando sua pele, como se o anel tivesse vida própria e não quisesse sair dali, lutando para permanecer. A pior parte era que ela estava certa de que tudo aquilo era a imaginação dela.


Quando conseguiu puxá-lo até o final, ela o colocou ao redor do caule da rosa e, ainda com os pequenos ferimentos dos espinhos na mão e o peso do anel em seu dedo, que ela duvidava que a deixaria tão cedo, ela se levantou e deixou o quarto. Apenas a mensagem que parecia tão clara, mas ainda sim podia ser tão ambígua, ficando para trás.





Mansão Malfoy


 


Narcissa estaria mentindo se dissesse que em nenhum momento esperara não ter que passar por aquilo novamente, que nunca deixara-se acreditar que Lucius talvez tivesse mudado. Havia uma parte dela, por menor que fosse, que essa parte ainda caíra nas ridículamente óbvias tentativas de reconciliação dele.


A dita parte era a Narcissa do passado, aquela que se casara com Lucius, acreditando num final feliz que nunca chegaria. Ou que talvez tenha chegado, e se mantido por algum tempo baseado numa mentira atrás da outra e escondendo uma obsessão absolutamente doentia.


Dormir fora um luxo que ela não tivera naquela noite, passada a base de uísque de fogo, sua mente trabalhando a mil por hora mesmo com o entorpecimento do álcool. Ela encarara Lucius em sua cela por horas, olhando de cima para baixo, julgando-o, condenando-o, e ele nunca tirara os olhos cinzentos do chão sujo abaixo dele.


- Você cavou a sua própria cova, Lucius. - em algum momento ela comentara, fria como nunca esperara, respondendo à pergunta silenciosa do marido.


- Sua irmã cavou-a, Narcissa. - ele respondeu, ainda com os olhos fixos no chão de pedra.


- Não ouse culpar Bellatrix por suas ações!


- Ela destrói todos que se aproximam dela, - ele continuou, ignorando Narcissa. - Sempre foi assim, ela foi a sua ruína, a minha, de Rodolphus, e será a do Lorde das Trevas também.


Depois daquilo, Narcissa se recusara a ouvir mais loucuras e subira as escadas, ficando na companhia de seu uísque enquanto pensava na bagunça em que sua vida havia se tornado. Apenas Draco havia escapado, se é que podia-se dizer que ele havia mesmo.


Quando o dia amanheceu, ou talvez bem mais tarde do que isso - Narcissa não conseguia mensurar - Greyback e seus homens entraram em busca de ordens, para saber se continuariam vigiando tudo da mesma maneira, a verdade é que aqueles tolos precisavam ser comandados, mas ela não tinha vontade nem paciência para tal, então os ignorou completamente.


Pela milésima vez, eles entravam na sala da Mansão para perguntar alguma coisa absolutamente inútil, e Narcissa estava a ponto de fazer uma bobagem, quando ouviu uma voz muito conhecida - e se fosse sincera, não estava exatamente confortável em ouvir.


- Não percebe que Narcissa não está se sentindo bem, Greyback? - Bellatrix perguntou, entrando na sala a passos largos, largando a capa de viagem pelo caminho. - Mas é claro que devem continuar guardando a Mansão, e se caso o Lorde apareça, e queira falar com você, o chamarei. Algo mais?


Greyback deu um passo na direção de Bellatrix, e a olhou de cima a baixo, ainda vendo alguns vestígios da luta do dia anterior, mas ela o encarava com a firmeza de uma pessoa com todas as suas forças, intimidadora no nível máximo em que conseguir.  


- Não.


- Ótimo. Agora retire-se, quero conversar com minha irmã. A sós.


Greyback e seus homens se retiraram, murmurando coisas sem importância, mas Bellatrix pouco se importava, e Narcissa encarava algo nela em absoluto choque e terror. A irmã mais velha nem precisou de muito para perceber para onde os olhos azuis da outra estavam direcionados.


- O que...? - Narcissa mal conseguiu perguntar, e Bellatrix suspirou.


- Eu devolvi o anel a ele, apenas isso, Narcissa. Até essa guerra acabar, até tudo estar... resolvido, eu não quero ser mais um assunto a ser tratado. Temos uma guerra a vencer, Cissy.  


- Mas Bella--


- Onde está o seu marido? - Bellatrix demandou, mudando o assunto rapidamente. Narcissa apenas suspirou, e levantou-se da cadeira em que estivera jogada desde a noite anterior.


- Preso, nas masmorras, como o Lorde das Trevas ordenou que ele ficasse. - a loira respondeu, os olhos cansados e pela primeira vez, Bellatrix percebeu a falta de sono em Narcissa.


- Oh, minha pobre irmã. - ela comentou, colocando a mão sobre a bochecha da mais nova, sua expressão quase de pena. Quase, se algo nela não denunciasse a pontada de desgosto que sentia por Narcissa ainda se deixar afetar por Lucius daquela maneira, mas quem ela era para julgar alguém nos assuntos de até onde iria por amor. - Não dormiu a noite inteira, não é? Pode ir agora, se quiser, eu estou aqui para controlar aqueles primatas.


Narcissa franziu o cenho, e arquejou em choque por mais que tentasse não ser tão óbvia. A última coisa que podia esperar era que.... mas de qualquer forma, o anel devia ter sido um indicativo.


- Você.... Você vai ficar? - ela não conseguia manter o tom neutro, e sua voz transpirava desespero e dúvida.


- Mas é claro, Cissy. - o sorriso que Bellatrix ostentava era velho conhecido de Narcissa, e nunca um bom sinal, frio como cera, dando a impressão de ter sido moldado no rosto da outra, era aquele que Bellatrix usara anos antes em Hogwarts e eventos de sociedade, e o suficiente para alguém com experiência como ela temer. - Por que eu não ficaria? Eu tenho negócios não terminados aqui. - Bellatrix segurou o queixo da irmã por um momento e depois soltou quase bruscamente. - Vá descansar, Cissy.  


Bellatrix passou pela irmã, andando mais para dentro da casa, enquanto a cabeça de Narcissa processava toda a informação: Lucius fora estúpido o suficiente para atacar Bellatrix novamente, ela não era mais a Lady das Trevas (ou era, ou voltaria a ser, não estava claro?), ela estava em sua casa mais uma vez e andando...


- Aonde você vai? - Narcissa girou nos calcanhares, encarando as costas de Bellatrix, que havia parado.


A outra mulher riu-se, os ombros visivelmente movendo-se com a risada, e colocou as mãos na cintura, virando só o suficiente para olhar diretamente para Narcissa, um sorriso genuíno até demais estampado em seu rosto.


- Para as masmorras, onde mais? - se não conhecesse a irmã tão bem, Narcissa teria acreditado que sua pergunta a havia surpreendido, mas ela não era tão tola.


- Claro, eu só pensei que---


- Ah, verdade, que o Lorde das Trevas cuidaria dele. - Bellatrix assentiu com a cabeça. - Bem, novidades, Cissy... o Lorde está ocupado, não tem tempo de lidar com escória, portanto ele delegou a função a mim.


- Uma missão que você nunca negaria...


- Mais para uma missão que eu espero receber há anos, e farei questão de cumprir em maestria. Agora se me dá licença, tenho trabalho a fazer.


 


(AVISO: A partir daqui cenas fortes, contendo: sangue, dor, tortura, violência. Portanto, se você não quiser ler esse tipo de coisa, pule para o proximo capítulo. Fortes mesmo, não digam que eu não avisei.)


 


As paredes da masmorras ecoavam os sons como nada mais, qualquer gota de água em uma goteira parecia um estrondo sem fim, o suficiente para deixar um homem louco. Talvez essa seja a ideia, ele pensou, curvando-se em uma bola no canto de sua cela, contando as horas que tinha até a sua morte, quando ouviu um som nas escadas. Pareciam... Saltos altos? Era um som similar ao que os saltos de Narcissa haviam feito quando ela o deixara, por que estaria ela voltando? Para se vangloriar mais dele?


A verdade era que naquele ponto, Lucius não conseguia ligar para mais nada, a única coisa que conseguia fazer era olhar para trás, para suas ações e tudo o que lhe trouxera tão ao fundo do poço, e ‘tudo’ tinha nome e sobrenome. Como ele deixara uma obsessão acabar com ele? Como não percebeu o nível de perigo em que estava se jogando quando tomara aquela estúpida decisão na noite anterior? Seus instintos de sobrevivência haviam sido ligados tarde demais.


Ele ouviu outros passos, diferentes, seguindo os saltos, e decidiu prestar atenção, podendo ouvir uma voz.


- Onde devo colocá-lo? - um homem perguntara, um dos capangas de Greyback, como Lucius reconheceu.


- Para o nível inferior da masmorra, assim que eu petrificá-lo, deve levá-lo para lá... No final do corredor, tem uma câmara com uma porta de ferro.


Não fora o que a voz falara, Lucius conhecia a tal câmara e visitá-la não era uma ideia agradável, mas a quem ela pertencia, que arrepiou todos os pelos do corpo dele. Bellatrix estava ali, ordenando que ele fosse levado para aquela sala, e quaisquer ilusões que ele tivera de morrer naquele dia foram embora.


O Lorde das Trevas teria sido menos aterrorizante, sem dúvida, porque ele não tinha tempo para lidar com Lucius no meio da guerra, então acabaria matando-o, no máximo usando uma Cruciatus ou alguma coisa com a mente. Ele sofreria, sem dúvidas, mas morreria. Bellatrix contudo, faria seu melhor para mantê-lo vivo e sofrendo pelo maior tempo possível, ele estava perdido.


Demorou apenas alguns segundos para que ele não pudesse se mover, e ela entrasse em seu campo de visão, de braços cruzados, enquanto o outro homem entrava em sua cela e o arrastava para fora bruscamente, arrastando-o escadas abaixo pelo cabelo, a dor em seus joelhos e cabeça - ele imaginava - nada comparada a que ele viria a sentir dali para frente.


Ele não apenas foi jogado dentro da sala, como preso em uma mesa, mãos e pés estendidos e presos por correias de couro. O cheiro de mofo do lugar era intoxicante, a umidade cobria as paredes, as paredes e a mesa abaixo dele tinham manchas de sangue em vários estágios de envelhecimento, mas todas antigas. Aquele lugar não fora aberto em anos.


Seu corpo voltou a responder a seu cérebro no mesmo momento em que Bellatrix aparecera na porta, olhando-o predatóriamente, sorrindo como nunca ele havia visto antes, e sinalizando para que o capanga deixasse o local.


- Deixe a porta aberta. - ela ordenou, quando ele saía. Eu quero que todos ouçam seus gritos, ficando implícito.


Bellatrix esperou pacientemente até que os passos deixassem de ser ouvidos para dar os primeiros passos na direção dele, os olhos brilhando com a possibilidade e vingança, e parar aos pés da mesa.


- Enfim, sós. - ela comentou. - Sabe Lucius, eu antecipei esse momento por tanto tempo... Eu, você, a câmara de tortura que os seus antepassados construíram. Bárbaro, eu diria, esse lugar. Em todos os sentidos. - os olhos dela passearam pelo lugar, vários instrumentos enferrujados pendurados na parede. - Quase trouxa, mas acredito que tenha sido construía para trouxas, criaturas tão bárbaras que nem mesmo valhiam o uso de feitiços. Nada mais apropriado do que usá-la em você.  A única coisa me impedindo até hoje fora uma permissão, concedida há poucas horas. Você sempre quis ser meu, Malfoy, agora você é.


- Não, Bellatrix, eu sempre quis que você fosse minha. É diferente. - num súbito acesso de coragem ele retrucou, e ela riu.


- Oh, é claro, você não percebe que não há diferença na realidade, ou não devia haver, mas explica bastante o porquê de estarmos aqui. Sabe Lucius, eu não sou de me arrepender das coisas do meu passado. Mas você? Ah, você vai para o topo de terríveis decisões que eu tomei. Pelo menos tenho a desculpa de ter sido jovem e estúpida. Agora e você? Qual a sua desculpa para ser tão burro? Você terá muito tempo para pensar nisso.... Muito mesmo.


Lucius engoliu seco, fechando os olhos e respirando fundo, ele preferia não imaginar o que estava para começar a experimentar. A única coisa certa era que ninguém, mesmo que nunca tivesse cruzado o caminho de Bellatrix, gostaria de cair nas mãos dela. O fato de ela ter carta branca, e além disso estar com ódio, apenas piorava sua situação.


Ela apoiou a mão na mesa, ao lado da cabeça dele, e inclinou-se até estar próxima o suficiente para que ele sentisse a respiração dela.


- O que foi que você disse ontem mesmo, Lucius? Oh... Bem vindo ao inferno.


Com isso, ela se afastou, andando em direção à parede ao lado, onde vários instrumentos enferrujados estavam expostos, analizando um por um, com os braços cruzados e - até onde ele podia ver - o cenho franzido, pensativa.


- Não precisa se preocupar, Lucius, não vou deixar que você pegue tétano, ou qualquer outro tipo de doença... - ela comentou, sorrindo por cima do ombro, e voltando a encarar a parede. - Ou talvez eu deixe, mas te cure antes que você morra.


O homem apenas a observou passar a mão sobre uma lâmina longa e fina, fechando a mão esquerda sobre o cabo. Lucius franziu o cenho, o uma parte dele não resistindo em sorrir. Não era como se ele pudesse piorar sua situação, de qualquer forma.


- Não tem algo faltando aí? - ele ousou perguntar, usando o resto de coragem que tinha, ou de orgulho.


Bellatrix soltou uma risada quase divertida, enquanto puxava a varinha e murmurava alguma coisa. A lâmina que ela puxara da parede estava em chamas, adquirindo uma cor vermelha que nada tinha a ver com a ferrugem sobre ela espalhada. Definitivamente aqueles bruxos não haviam usado nada feito por duendes em trouxas, o melhor metal nunca seria usado na escória... Bellatrix ter escolhido aquela sala era simbólico.


- Quanta obsessão com um anel. - ela suspirou, girando a lâmina em sua mão algumas vezes, as chamas desaparecendo aos poucos, deixando o metal em brasa para trás.  - A verdade Lucius, é que nenhuma jóia deve ser desperdiçada nesse lugar, ainda mais uma com um valor tão especial. Aqui, Lucius, há apenas lugar para dor, para barbaridades, não para a beleza. - ela voltou a se aproximar da mesa, e colocou a lâmina sobre uma pequena mesa de metal ao lado daquela em que ele estava deitado.


- Interessante que você sabia exatamente do que eu estava falando. - o sorriso dela se dissipou, e as mãos da bruxa seguraram os dois lados das vestes dele, puxando para lados opostos até que os botões arrebentassem e voassem para todos os lados, expondo a pele pálida dele.


- Quantas vezes você sonhou em ver-me fazendo isso, Lucius? Em todos esses anos?


- Incontáveis. - ele respondeu, ele cairia e sofreria de qualquer maneira, já estava condenado, não daria a ela o gosto de se render, pelo menos não tão facilmente. - Maiores ainda foram as vezes em que me masturbei pensando nisso, ou em ter você de joelhos mais uma vez, como em Hogwarts... Lembra como você gostava? Oh, a sala dos troféus.


Bellatrix não respondeu, pelo menos não com palavras, ela pegou a lâmina incandescente e a encostou sobre a pele do abdomen dele, cujo corpo se debateu e lutou contra as correias. Era possível ver o desespero e a dor nos olhos dele, e como ele mordia os lábios para não berrar, as lágrimas começavam a embaçar sua visão, não sendo o suficiente para que ele não visse o prazer nos olhos dela, no sorriso dela.


Vingança naquele caso ardia, e cheirava a carne queimada, e Bellatrix não poderia nunca em sua vida sentir-se mais satisfeita do que em ter Lucius a sua mercê depois de tantos anos esperando, maquinando. Ela se divertiria tanto com ele.


A mão dela se movimentou muito pouco, movendo a lâmina de forma que ela não apenas queimasse, mas cortasse, e ele se contorceu mais ainda, alguns sons animalescos já saindo de sua boca.


- Eu nunca fui a melhor desenhista de todas, mas acho que esse brasão dos Malfoy não vai sair nada mal. - ela continuou movendo a lâmina, cortando, queimando, o cheiro metálico do sangue invadindo o lugar rapidamente, formando pequenas poças sobre a pele de Lucius, sendo cauterizadas pelo calor da lâmina, e ele se contorcia sem parar, fazendo um trabalho cada vez pior em esconder a dor. E ela estava só começando.


A dor era excruciante, e Lucius já não sabia se ia aguentar por muito mais tempo, era aterrorizante, e ele sabia que era só o começo... Ele não tinha escapatória, mas mesmo assim ele tentava não gritar, tentava manter-se forte, porque não havia como ‘piorar’ o que Bellatrix faria a ele. Ela já faria o pior.


Quando Bellatrix retirou a lâmina ainda em brasa, era possível ver pedaços de pele rompida agarradas a ela. Ela murmurou algo como ‘definitivamente não feita por duendes’, e observou o ferimento abaixo dela. A pele estava enegrecida nos cantos, mais fundo o sangue e a carne brilhavam vermelho escarlate, o abdomen dele tremendo - ela imaginava, gerado pela dor, - e os pulsos estavam claramente fechados em punhos.


- Não ficou tão bom como eu queria, mas... Eu tenho muito tempo para praticar.. - ela girou a lâmina mais uma vez na mão, analizando o corpo dele de cima a baixo. - Não precisa se preocupar, Lucius, você não vai sangrar até a morte, eu estou fazendo questão de deixar os cortes o mais superficiais possível. E eu preciso dizer, isso demanda uma quantidade imensa de força de vontade.


- Aposto que sim. - ele respondeu, as palavras trazendo lágrimas a seus olhos. A dor era algo... Indescritível. A cada segundo que passava, piorava, e ele tentou conter as lágrimas engolindo seco.


Bellatrix parecia fora de si em contentamento, e ele tinha certeza que ela estava sentindo-se ainda melhor do que ela aparentava. Tortura sempre a excitara, era a especialidade dela, logo era de se imaginar que em uma vingança ela ficaria tão extasiada.


- Ter-me amarrado, a sua mercê, gritando de dor, sangrando... tudo isso te deixa louca de tesão, não é, Bella? Eu te conheço. - ele provocou, sorrindo forçadamente de canto, e ela simplesmente deu uma risada sarcástica.


- Ah, de fato... Você não tem ideia do que a dor alheia faz comigo... E nem nunca terá, porque tudo isso será descontado em um outro local, com uma pessoa que não é você. Agora, temos um problema. Você ainda não está gritando. - ela franziu o cenho e mordeu o lábio, pensativa, ou fingindo estar. - Precisamos mudar isso.


Bellatrix moveu novamente a lâmina, passando-a acima do corpo de Lucius, na perna dele, subindo até o joelho, mas sem nunca encostar, deixando-o na aflição de não saber qual seria seu próximo movimento, se ela iria e quando iria encostar aquilo e recomeçar a tortura.


- Sabe Lucius, - ela olhou para ele com o canto dos olhos, sem olhar o que fazia com a lâmina. - existe uma coisa que facilitaria nossa vida e, talvez, selaria as coisas entre nós... - ela subiu a lâmina até a virilha dele, aproximando mais o metal dele, de forma que Lucius podia sentir o calor dele, circulando perigosamente aquela área tão sensível. - Muitos já sobreviveram a tamanha dor, poderíamos ver se você seria tão resistente... Mas sabe qual é a verdade? Eu não posso arriscar te deixar morrer, não tão cedo....quem sabe mais pra frente? - ela piscou para ele, que suspirou aliviado por mais que tenha tentado segurar. Bellatrix riu, satisfeita até demais. - De volta à questão... Onde mais devo te marcar?


Lucius não teve nenhuma resposta cheia de espírito, então fechou os olhos e esperou pelo pior, mas quando o pior veio era além daquilo que ele podia antecipar. O ferro ardente tocou a pele do rosto dele, queimando profundamente, deixando-o em agonia mesmo sem cortar, todos os nervos daquele local gritando desesperadamente. As lágrimas que ele estivera segurando rolaram pelos cantos de seus olhos, todo o seu orgulho se dissipando a medida que o odor de carne queimada aumentava naquela cela.


Os lábios de Bellatrix contraíram-se em um sorriso, as lágrimas dele enchendo seu ser de satisfação, alimentando o prazer a vingança. De todas as sensações por ela já experimentadas, esta era sem dúvida das melhores.




N/A: AAAAAAAAAAAAAAAAAAAH nem vou mais pedir desculpas porque já pedi tanto e ai :// Gente, juro que to escrevendo o mais rápido que eu consigo com facul+trabalho, juro mesmo, e tentando não ter bloqueios monstro. Por isso agradeço a Pan que me ajudou horrores a sair do bloqueio e dps ir pro trabalho toda louca com 4 hs dormidas OKOASKOASKOSKAAKOKO 
Espero que gostem, o 26 é a continuação desse. O título do cap vem da musica idem e significa Não me deixe. ^^ Pra quem quiser a musica! http://www.youtube.com/watch?v=slHjkszSAKs 
Terminando o 26 pra postar! ;D
Beijo beijo, não me matem!
Mel Black (30-03-13) 

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Comentários (9)

  • MaryLestrange

    Finalmente, um século depois de ler o capítulo, eu consegui arrumar um tempinho pra redigir meu costumeiro testamento... digo, comentário aqui. Acho que nem preciso dizer mais que essa é minha fic favorita, que vc escreve pra caralho e que eu sou viciada em HdM como se fosse um droga, né?! Sério, não faz mais isso de ficar tanto tempo sem postar, eu tava com uma abstinência terrível!!!! E meeeeeu Merlin, que capítulo foi esse?!?!?! *______* Fiquei o capítulo todo com aquele choro sem lágrigas entalado na minha garganta, e só o fimzinho dele mesmo pra me fazer rir feito uma louca... Foi tortura psicológica de mais alto grau que vc fez comigo nesse cap! Se n fosse aquela conversa pelo facebook, eu tinha chorado desesperadamente o capítulo inteiro e tudo ia ficar bem, mas vc veio com aquele "leia e descubra" e eu fiquei o capítulo todo pensando: Oq vai contecer? Será que vão rolar todas aquelas merdas q ela disse que ia? Ou será que ela mudou? Foi desespero purinho! E aquele sonho? Sério, aquele sonho acabou comigo, eu fui pro degrau máximo do desespero com aquela coisa do sangue na barriga dela, pensei: pronto, fudeu, vai rolar aquela merda toda!!!! Aí eu falo contigo e vc: "ah não, n tem nada disso mais não" >.< Foi o alívio da minha vida, sério! Mas me doau muito ver a Bella sofrendo esse cap todo, e aquela vontade básica de arrancar as tripas do Lucius quando ele entrou no quarto dela... Foi agonia esse cap... E as rosas???? Oh my fucking Merlin, já falei isso umas duas vezes, e falo de novo: é a metáfora mais linda, maravilhosa, sutil, bem colocada, emocionante e perfeita que eu já vi!!!!!! Aí, meus olhos já estão enchendo de lágrimas de novo, só em pensar. Aaaah, e quando o Voldy chega lá na mansão Malfoy pra salvar a Bella, todo lindo e maravilhoso, ao melhor estilo cavaleiro de armadura brilhante?!?! derreti completamente *-* E fiquei praticamente de luto quando a Bella deixou aquela rosa com o anel do lado da cama deles T.T tãããão Fantasma da Ópera, tão romanticamente triste e maravilhoso *____* Aaah e o quadribol!!! Foi totalmente arrasante aquela partida, a Mel manda muito *-* adorei ela batendo na Gina! hahahaha e a briga delas depois?! Sempre gosto de ver os barracos da Mel, ela é diva e não tem ninguém melhor que ela pra dar tapas na cara verbais!!! kkkkkkkk To adorado a Princesinha virando badass e batendo em todo mundo hahaha até espero q ela se meta em uma briga física com o Cedric daqui a um tempo, só pra poder bater nele, revidar hahaha Agora a metade do comentário reservada exclusivamente pro final: Queria que desse pra colocar emoticons aqui da FeB, pra descrever minha reação com aquilo!!!!!! merlin do céu, saltitando e gritando de alegria aqui!!! Toda hora que eu lembro, fico com um sorriso besta na cara *-* Nunca fiquei tão feliz com uma totura na minha vida!!!! Desde o comecinho de HdM1 eu to esperando por isso, acho que tão ansiosamente quanto a própria Bella! Já tem oq, uns cinco anos que eu leio essa fic, quase seis, então é muuuiuto tempo *__* Preciso dizer que esse filho de uma puta merece sofrer toooooodaaas as dores do mundo antes de um morte lenta e sofrida?!?!! Galera acha q oq a Bella fez com os Longbotton foi hardcore, pois por mim aquilo vai parecer brincadeira comparado com a tortura do Lucius, quero que ele perca muuuito mais que a sanidade naquelas masmorras *--* Espero que todo capítulo tenha um espacinho reservado pra tortura do Lucius, quero ver sempre tecnicas diferentes de turtura, com muitos requintes de crueldade! Adorei a ideia de não usar magia nele, aquele merda realmente n é digno, e adorei o brasão gravado no peito dele *-* Quer uma ideia? usa a pêra da angústia nele uma vez, ele tem q sentir como é oq ele fez com a bella, com a dor multiplicada, claro! Esperando anciosamente pela parte 2 *-*

    2013-04-21
  • Hellie Lestrange

    Flor, finalmente um novo capítulo!É ótimo não poder ler ainda. Minha sede por HdM tava tão grande que eu recomecei a ler. To a quase uma semana. Se fosse um livro, seria meu favorito♥Mas só por ter colocado uma música da minha cantora favorita no mundo como tema, já me conquistou!Hey, e continue!! 

    2013-04-03
  • Kamilla Bacchi

    Ai meu deus que capítulo foi esse!Depois de ler e reler o capitulo vai o meu comentário. Eu nunca fui exatamente a maior fã de quadribol nos livros sempre achei uma perda de tempo mas eu amei o seu quadribol, que nem foi tanto quadribol assim foi mais uma disputa entre a Melinda e a Gina, nossa princesa arrasou, aliás sacanagem eles terem perdido o jogo hein. Eu sempre temi o que aconteceria quando eles perdessem o Potter mais devo dizar que colocar ela pra morar com o Lucius foi realmente péssimo. E o que foi aquele pesadelo? Adorei sua teoria Wanessa seria uma boa forma que impedir que eles morresem na Batalha de Hogwarts. Nem precisava daquele aviso acho que estamos esperando pela tortura do Lucius a anos, bem feito espero que ele sofra bastante nas mãos da Bella.E que foi aquilo das flores? Deu o mair dó imaginar ela murchadas. Nem acredito que ela devolveu o anel, mal posso esperar pra ver como o Lord irá reagir.  A Mel já havia dito que ia ter Herdeiras do Mal 3 mas não consigo imaginar HDM sem a Bellatrix e Voldemort. Espero que isso não aconteça. Segunda Parte por favor. Estamos merecendo.

    2013-04-03
  • claudia snape riddle

    kkkkkkkkkkkk é isso mesmo wanessa, eu adoro postar comentário aqui por causa da fanfic que é boa. já li um monte de fanfics, mais nenhuma é tão digna de ser analisada como essa. gostei de "Why do you love me?" e não gostei de voldy matar Bella no final. é uma fanfic muito "dark" e tal, mas acho que voldy matar Bella é um pouco demais, ele nunca faria isso. tem outras que eu tbm gostei, mas nunca como Herdeiras. falando de Snape/Gabie, eu gosto do personagem do snape pq ele tem um charme e estilo único, e acho interessante o modo como ele trata de emoções e sentimentos, tão intenso... não gosto de ve-lo como um "porco traidor" que na verdade ele é, eu prefiro o snape comensal da morte, leal ao lorde das trevas, com seus olhos negros e a pose de morcegão... eu gosto dele assim, por isso gostei dele se envolver com uma aluna, isso é um fetiche né, professor/aluna e tal... tem gente que curte muito snape/mione mas eu não, pra falar a verdade num sou muito chegada na mione... então a mel vem com Gabrielle, a francessinha loira, uma aluna linda e perfeita, do lado do mal, sonserina junto com a melinda, perfeita pra libertar o snape desse fantasma da sangue-ruim morta, a lily; se ela conseguir apagar a lily das lembranças do Severus, talvez ele se redima de uma vez dessa mentalidade dividida de traidor e seja o "comensalzão" da morte que eu quero que ele seja, muito mais digno que o Lúcio, que pra mim é o maior monstro desgraçado dessa história, ele tem que sofrer... eu quero ver ele sofrer!!!! #olharassasinoesádico kkkkkkk sim o lúcio tem que sofrer todo tipo de tortura antes de morrer. agora os do bem podem morrer tudinho, e guardem todos eles pra naguini devorar um por um,kkkkkkkkk inclusive o hary e a gina. nem vo falar da gina pq ela não merece, só o nome dela já é o final de uma palavra bem xula, kkkkkkkkkkkk ai ai, sou surtada e doida mesmo adoro os personagens "maus" de HP. por mim os bons morriam tudinho, e eu ainda esquartejava um por um e mostrava os pedaços, kkkkk menos a umbridge, essa tem que morrer mesmo, não tem jeito. eita, mais uma vez outro comentário monstro, mais fazer o que né? a fanfic tá bombando....bjs 

    2013-04-02
  • Laris Black

    Eu pensava que eu era a unica surtada que ficava entrando toda hora aqui para ve se tinha comentario novo... e que so eu lia todos os comentarios e sentia a emoçao e orgulho de ter tantas leitoras loucas e tal. kkk EU ADORO LER O COMENTARIO DOS OUTROS, é tão legal, voce ve algumas coisas por outros olhos  igual a Claudia que gosta do Snape e da Gabi... o que eu não curto kkkk Mas fazer o que.... gosto é gosto. E com base nessa ficts também eu escrevi algumas mostrando como o Roldolphus sofreeu na mão da LINDA Bella. Infelizmente a maioria das vezes que eu entro estou pelo celular, o que nao permite eu fica postando comentarios toda hora.... as notificaçoes da Mel só deve ter Herdeiras das trevas, leitoras loucas e surtadas. #EuAmoABella

    2013-04-02
  • claudia snape riddle

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk adorei os comentários das meninas, wanessa e thealiens, muito maaaaassaaaa!!! eu senti tudo isso e muito mais!!!!! kkkkkkkkkk amei mesmo essa fic ta demais, num aguento de ansiedade pelo próximo capítulo, entro aqui toda hora, o dia inteiro, isso tá virando obssessão cara!!! pelamordemerlin, não demora pra postar o próximo capítulo, ninguém aqui aguenta mais!!!! puxa vida to esperando ANSIOSAMENTE a reconciliação voldy/bella, vai ser uma coisa de louco, nem sei o que falar!!!! o final dessa fic promete mesmo... vou chorar até sangue.... hein, não esquece do snape e gabie, hein... eu amo eles dois... acho lindjo que a gabie o "liberte" desse amor sem futuro pela lily... tava na hora, né; vai ser "a redenção" de snape, pra ele não ser mais um traidor nojento; sinceramente, bem que ele, pra se redimir com o lorde, trouxesse ele mesmo o desgraçado do Potter numa emboscada para o lorde, sei lá, pra mudar essa idéia dele ser um traidor nojento... eu tenho pena da gabie; me lembro quando ela disse "eu me apaixonei por um comensal da morte, o favorito do lorde das trevas, não por um traidor." isso é uma facada no peito de snape. ele tem que pagar, mas tem que se redimir e ficar com ela no final. o draco é um pouquinho mole ainda, mais eu sugiro que ele e o pai tenham uma "conversinha" e ele veja o monstro que o pai dele se formou, e no final ele veja o pai morrer horrívelmente, junto com narcisa, aquela tapada que ainda o ama, hunf. mais a maior e melhor cena da história vai ser a reconciliação de voldy/bella. mal posso esperar!desculpe pelos comentários gigantes, mas quem manda escrever uma fanfic tão boa assim, vc tem potencial pra escritora, viu? começa a pensar sériamente no assunto. vc já tem inúmeros fans. te aguardamos.Herdeiras do mal forever!!!! bjs 

    2013-04-01
  • thealiens

    O quadribol voltou, coisa diva. Mel jogando com o Draco lá no jardim, que bonitinho. Apesar de ter sido no capítulo anterior, acho que não comentei. Enfim, tá tudo muito bom. Agora a parte dramática. MEU DEUUUS QUE DESESPEROOOO!! TT_TT Gente, morri com a Bella... Ahh tadinha foi torturada de novo. (Aii meu coração!) Tio Voldie deixou ela com o vadio do Lúcius. QUE ÓDIO!! Pelo menos ela está se vingando. Não, não PARA TUDO!! Voldemort salvando ela, o que foi aquilo???????? Gente, ela se "comunicou" pela mente!! Será que tem um pedaço da alma do Voldie nela?? G-ZUIS Não dúvido! Acho muito lindo isso ♥ Aiiinnnn significa, sei lá, que ele vai continuar precisando dela, mas isso já é óbvio. Ç.Ç A parte do jardim quando a Mel falou eu já fiquei louca da vida, ai quando a Bella viu AAAAAAAAAAAAAAAHHH MORRI, MORRI E MORRI. Aiiin ela andando e vendo as rosas todas destruídas até encontrar uma em perfeito estado. Quando ela arrancou e tomou a decisão... LÁGRIMAS, LÁGRIMAS E MUITAS LÁGRIMAS!!! TT_TT NÃOOO, NÃOOO... Não pode ser, apesar que eu acredito que vá ter uma reconciliação... ASSIM ESPERO, mas é muito, foi muito doloroso! Ai meu deus, quando ela chegou no quarto com a rosa e colocou lá com o anel!! Sei nem o que comentar... FOI A PARTE MAIS DIFÍCIL DE LER!!!! Muito, muito triste TT_TT A descrição dela tirando o anel, beijando ele... G-ZUUUUUUUUUUIS A relação deles não pode acabar, ele ainda tem que dizer eu te amo pra Bella, perceber que ama ela de verdade... A rosa que sobrou é a prova que o amor ainda existe. Agora tenho que dizer, cê escreveu muito bem!! BEEEM DEMAIS!! *---* Coisa linda, meus eternos parabéns! Continuando, eu estou extremamente CURIOSA pra quando ele acordar e ver!! O que será que ele vai fazer??? Ele pode agir sem dar importância, mas acho que no fundo ele vai sim dar muita importância.. Não vai aguentar ficar sem ela!! Acho digno! MAAAS nunca se sabe, é o Lorde das Trevas. Próxima parte, GO. LÚCIUS VADIO, BEM FEITO!! Pena que ele ainda é útil. u_u Ahhh pode morrer, não vai fazer falta. AII QUE VINGANÇA LINDA, acredito que ainda vai ter continuação. Espero que ela tire o couro dele! AIIII POR FAVOR NÃO DEMORA PRA POSTAR!! Eu preciso, eu necessito muito ler o próximo capítulo pra realizar toda a situação! PELO AMOR, posta logo!! *--* Ufa, cansei. \õ/

    2013-03-31
  • Laris Black

     Você começou de leve eu senti aquela briga da Ginny com a Mel fo só para preparar a gente pro restante que estava por vim, mas a questão é , quando é que TODO mundo vai morrer? To querendo sangue! A Ginny é burra, muito pqp. Queria ver uma luta da Bella com a Minerva... sería pedir MUITO?! Amei as duas implicando a Minerva a coitada não resistiu e pediu pra sair. kkkkk Eu amo a Nicky, serio ela é um dos meus personagens favoritos da sua ficts e por incrivel eu não sou muito fã do Draco, acho ele muito mole ,apesar de tudo que ele ja fez na sua ficts, será que ele vai descobrir o que houve naquela noite tensa? Ele tinha que ter uma conversa com o pai dele, seilá, como o Draco é muito sentimental podia ir lá, chorando falando como o pai é burro escoria, escroto, doente, retardado, fudido e praticamente um morto-vivo. Ok, VAMOS PARA A MANSÃO SLYTHERIN. EU fiquei infinitamente triste com o lance das rosas ! CARA, ISSO FOI UM PEDAÇO DA MINHA ALMA -qq Voltando um pouco para a mansão malfoy. Caralho, o lord tava realmente muito puto... eu quase chorei junto da Bella e tava acabando com meu dedo, pq a unha já era né... entrei em desespero e quis gritar para ve se passava a agonia pq tava foda, muito legal da parte da Bella pedir por Narcisa, não ajudou muito, mas... o que vale é a intenção. Gostaria de informar que esse jeito de mostrar que está otima quando na verdade não está so VAI FODER A MINHA BELLA, mas não adianta, isso nunca vai mudar, eu sinto, no fundo do coraçao que ela nao vai parar de se ferrar dessa forma. E caralho, que castigo do cão esse que o Lord arrumou e por culpa dos dois, bella e sua mania de ser "forte" e  do Lord e 'eu sou o foda voce errou feio e eu noa to nem ai se vou me arrepender depois o que vale é agora. E agora eu to te torturando.' O Lúcius é um DESGRAÇADO! Ele é mais odiado que o Potter kkk . Continuando eu falando do VIADO do Lucius. Eu fiquei depressão quando ele entrou no quarto, gelei até o dedo do pé e pensei FUDEU! e realmente, fudeu mesmo.. com gosto para falar a verdade. Agradeço todos os dias por ter essa conexão da Bella com o Vold e ele ter tido aquele PESADELO, outra parte agoniante, de chorar, de fazer o Lord Voldemort chorar, fala serio. E como a Narcisa é sonsa, tava na cara que o lucios nao tava na biblioteca pqp... Mas ok, foi lindo o salvamento, a bella relaxando quando ouviu a voz dele, ela indo até ele dormindo... foi TUDO LINDO até que o dia amanheceu. CARA EU CHOREI QUANDO ELA DEIXOU O ANEL.  Essa parte com a da rosa foi a facada que faltava no meu coraçao louco pelos dois... Eu nem quero pensar mais sobre, a reaçao do Lord... será que ele vai chorar? Gritar,beber, matar uns 100 ele até pode mas eu sei bem que ele vai ser compreensivo e nao vai ir atras dela, ele vai ficar lá e esse abismo dos dois so vai aumentar e a minha depressao também. nao quero isso quero os dois juntos já! kk Sobre o aviso. Acho que nem precisava, pq todo mundo ta esperando por esse momento a tanto tempo que o que querems é ver as tripas dele no chao sendo cozinhado para ele comer depois. Ou ela rancando tda a pele dele e depois dele cagar de dor ela dar uma poçao que melhora e recomeçar tudo de novo. Acho dificil alguem NAO querer ter o gostinho de ver o sangue nojento do lucios espalhado naquela masmorra. VEEEEEEI ! Será possivel a Bella ter ficado com um pedaço da alma do LORD pra ela, pq a relaçao dos doiis é muito intensa né , nao custa nada... e isso explica ele poder ver o que aconteceu... hummmmm, vários trouxas por seu pensamento. Bem, acho que já ta bom... se nao eu volto mais tarde... vou almoçar aqui e surtar, pq eu quero  outro capitulo. eu nem sei o que é pior, um novo capitulo e voce fica morrendo pra ter o outro ou a agonia da espera e curiosidade. bEIJOS. 

    2013-03-31
  • claudia snape riddle

    Puxa vida que capítulo foi esse? ai meu merlin, chorei horrores com a punição da bella... entrei em depressão quando vi o castigo que o lorde lhe deu, definhei junto com ela, quando ela emagreceu, se entregando ao álcool... puxa, poderoso Salazar, pq ele simplesmente não a chama de volta e diz que se arrependeu? ah já sei, pq ele é o lorde das trevas, é óbvio... delirei ainda mais quando ele teve um pesadelo com ela... menina, que coisa sombria, mórbida, sei lá... uau, parece que vou ter esse mesmo pesadelo hoje, com bela abrindo a boca pra gritar mas não saindo som nenhum, eu vi claramente a figura fantasmagórica dela em preto e branco, mostrando as mãos de onde jorrava sangue, onde estava escrito "save me"... chorei, sofri, fiquei aliviada quando o lorde a salvou... caramba fortes emoções... mal posso esperar pela reconciliação deles, estou roendo as unhas de ansiedade e tristeza, puxa vida, o jardim está morrendo! e ela tirou o anel e deixou na cabeceira da cama com a única rosa que tinha sobrevivido, é claro que ainda há uma esperança... tenho a impressão de que falta muito ainda pra voldemort descobrir o amor que ele tem pela bella, ele ainda não entende, na verdade ele nem sabe... acho que muita coisa ainda tem que acontecer pra ele perceber... bom, mas haverá uma reconciliação, e eu mal posso esperar... pelo amor de merlin, ve se não demora a postar, tá? e sinceramente, pouco me importa se rabicho morreu, nagini tava com fome mesmo... o lúcio tambem tem que morrer, aquele desgraçado, pra mim ele é o maior monstro da história, ele é pior do que snape e voldemort juntos, a sua alma podre tem que ser comida pelos dementadores, e até mesmo a nagini vai ter nojo de devorar seu corpo fétido e nojento; a bella ter que torturá-lo por cada palavra dita, com requintes de crueldade. morra lúcio, chafurde no seu próprio sangue podre! rsrsrsrs ai, ai, espero pela reconciliação de bella e voldemort, parece que vai ser o melhor sexo da história,  com ainda mais sentimentos indecifráveis envolvidados, tornando tudo extremamente complexo e interessante...Herdeiras do mal forever!!! bjs 

    2013-03-30
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