O Fim do Pacto



O dia seguinte chegou sem sobressaltos. Pitchi trouxe outra resposta de Rony que parecia visivelmente abalado com o sumiço da amiga. A srª Weasley estava numa crise de nervos constante e cogitava a possibilidade de adiar o casamento de Gui caso Mione não fosse encontrada nas próximas semanas.
Os tios de Harry não voltaram do hospital e o rapaz já estava preocupado com o estado de saúde do primo. Ele sabia o que um dementador pode fazer com uma pessoa. E Duda foi atacado por quatro de uma única vez. E se ele não tivesse espantado os monstros a tempo de salvar o primo?
À hora do almoço sua tia telefonou.
- Harry, escute, Duda ainda está mal... – a voz dela era um misto de cansaço e tristeza – Acho que não voltaremos para casa tão cedo.
- Ele ainda não acordou? – perguntou o jovem visivelmente aflito e preocupado.
- Já sim... - a voz de Petúnia pareceu ficar embargada – Só que assim que me viu ele voltou a gritar e desmaiou novamente. Os médicos diagnosticaram uma fadiga mental crônica, ao que parece, provocada pela crise de hipotermia.
- E o que isso quer dizer?
- Bom, ele precisa ficar aqui até se sentir mais calmo. E os médicos me impediram de vê-lo. Ele se agita assim que eu entro no quarto, mesmo estando inconsciente.
Harry sentiu o quanto estava sendo difícil para sua tia aquela situação. Ela se sentia culpada pela pior lembrança de Duda ser uma coisa que ela fez com ele quando o menino tinha apenas 3 anos de idade.
- Posso fazer alguma coisa para ajudar? – perguntou com sinceridade.
- Ah, bem, se for possível, prepare algumas roupas para mim, Valter e uns pijamas de Duda. Tem três novos no armário do meu quarto. Eram para a viagem que ele faria semana que vem.
- Não se preocupe, tia. Eu faço isso e mando entregar. Em no máximo duas horas as coisas estarão aí.
- Ah, Harry, só mais uma coisa. Por favor, cuide de tudo até que um de nós possa voltar para casa, sim?
O rapaz desligou o telefone. Teria que ficar naquela casa até quando? Seu aniversário seria em duas semanas e ele pretendia ir embora.
Subiu, resignado, as escadas rumo ao quarto da tia e começou a preparar as malas. Arrumou roupas simples e confortáveis para ela e seu tio, pegou os pijamas de Duda e colocou junto alguns objetos de uso pessoal, como sabonetes, escovas de dente e escovas de cabelo. Também acrescentou um bolo que sua tia fizera no dia anterior e umas frutas.
Saiu à rua, chamou um táxi e foi até o hospital. Parou na recepção e pediu para que alguém entregasse as duas bolsas aos Dursley. Aproveitou e perguntou o que tinha acontecido com as pessoas que foram atacadas ontem.
A recepcionista se mostrou surpresa. Não havia ninguém no hospital que tivesse sido atacado. Harry fez cara de confuso e saiu dali.
- Coitado – comentou a recepcionista com uma enfermeira que passava por ali – deve estar em choque. Dizem que ele quem achou o primo depois que ele passou mal.
De volta a casa, Harry podia ficar a vontade. Não era muito correto se sentir assim, pensou ele, mas aquela era uma das raras ocasiões em que poderia ligar a TV e assistir o programa que bem entendesse. Sem contar em poder almoçar tranqüilo, comer sobremesa e tomar um bom banho demorado.
Ele fez as três coisas. Primeiro o banho. Estava realmente precisando disso. Demorou quase uma hora no chuveiro. A água quente escorria em suas costas e ele se deixou ficar ali, sentindo o corpo relaxando.
Depois fez um lanche do jeito que gostava: pão, salada, carne defumada, bastante maionese e mostarda. Um copo de leite para acompanhar e alguns cookies de sobremesa. Colocou tudo em uma bandeja e foi comer na sala, sentado no macio e confortável sofá, enquanto via televisão.
Assistiu alguns desenhos, mas logo a programação fora interrompida. Um informe urgente aconselhava as pessoas a não saírem de casa após das 19h. Ao que indicava, um grupo de terroristas atacava as pessoas e as deixava inconscientes. Já haviam sido registrados 7 casos com um total de 33 vítimas.
A repórter ainda informou que as vítimas estavam sendo levadas para um abrigo do governo, onde receberiam tratamento adequado, tanto médico quanto psicológico. E mais, uma câmera de segurança de um prédio registrou a imagem de um dos terroristas. Ele usava uma roupa pouco, segundo as palavras da repórter: uma longa veste negra, como se fosse um fundamentalista de alguma seita macabra.
A imagem passou repetidamente na TV. Harry aproximou-se da tela e viu um detalhe singular, o “terrorista” em questão era um jovem, com cabelos quase brancos de tão loiros.
- Malfoy! – exclamou Harry com ódio.
Sem acabar de comer, ele correu para cima, pegou uma pena e escreveu um bilhete a Lupin, contando tudo o que aconteceu, em rápidas palavras. Soltou Edwiges, amarrou o bilhete em sua pata e falou:
- Esta mensagem é muito importante, Edwiges! Esforce-se para encontrá-lo o mais rápido possível!
Draco Malfoy estava ali, no meio de trouxas. No meio de trouxas como seus tios, como os pais de Mione. E estava ali para torturar, provocar pânico na população.
Não conseguiu mais comer. Arrumou as coisas e tentou procurar algo para se distrair. A cabeça estava fervendo para que conseguisse pensar no que fazer.
Os dias seguiam da mesma maneira. Harry todo dia ia até o hospital levar algo para os tios comerem, mas não fazia questão nenhuma de vê-los. Era mais uma questão de caridade o que fazia.
Ficava olhando pela janela, à espera de algum sinal de sua coruja. Mas sabia que Lupin, muitas vezes estava longe e ela não voltaria até encontrá-lo.
Os ataques continuavam e ele desejava poder ir para a rua impedir os comensais de realizar suas atrocidades diárias. Mas sozinho não poderia fazer muita coisa. Seria arriscado demais!
Rony não mandava notícias também. E isso deixava Harry ainda mais nervoso. Sem Edwiges, ele não poderia escrever para o amigo ou qualquer um da família Weasley.
A coruja só deu sinal na semana seguinte e parecia muito cansada. O bilhete de resposta veio escrito no mesmo papel que Harry usara. Pelo visto Lupin também estava tendo problemas. Ele apenas respondera que estavam cientes e tentariam deter os ataques.
Harry esperou uns dois dias e escreveu para Rony. Disse que assim que sua tia voltasse para casa, pediria autorização para ir ficar com eles. Quem sabe juntos eles não poderiam encontrar Mione.
Duda só recebeu alta na semana do aniversário de Harry. Ele voltou para casa, mas parecia outra pessoa. O choque fora muito grande e o primo, antes arrogante, parecia um pobre garotinho assustado.
Seus tios arrumaram o quarto para que Duda ficasse confortável. Ele mal saía da cama e precisava tomar muitos remédios várias vezes ao dia. Harry ajudava sua tia em tudo que podia. Voltou a cuidar do serviço da casa, mas sem nenhuma obrigação. Apenas se sentia parcialmente responsável pelo que aconteceu ao primo.
Tio Valter quase não parava em casa. Sempre inventava uma desculpa para se demorar mais e mais no trabalho, no supermercado, na farmácia. A verdade era que ele nunca suportou doenças. Desde que Duda era pequeno, ele nunca acompanhou o filho ao médico, sequer para tomar uma vacina.
No hospital, foi obrigado a cuidar do garoto até que ele aceitasse a presença da mãe. Quando ele parou de ter ataques quando Petúnia entrava, Tio Valter deixou a responsabilidade toda com ela. Na opinião dele, é sempre a mulher quem deve tomar conta dos filhos. Os homens apenas pagam as contas e está tudo perfeito.
Petúnia parecia cada vez mais exausta e Harry desconfiou que quando ele saísse daquela casa, sua tia também cairia doente.
Harry tratou de ajudar a tia o máximo que podia. Assim também conseguia se distrair um pouco e parar de pensar em problemas sem solução. Antes de dormir, ele deixava o café da manhã de Duda semi-pronto. Durante a tarde, ele preparava uma sopa bem reforçada além de um suco com vários tipos de frutas para sua tia.
Sem reclamar de nada, ele só sentia raiva de seu tio. Como podia, ver o filho daquele jeito e não fazer nada? Harry pensou que se seu pai fosse como Tio Valter, teria dado o filho de bandeja nas mãos de Voldemort.
Duda já estava em casa havia dois dias, quando Tia Petúnia informou a Harry que precisaria buscar o resultado de uns exames no hospital.
- Nem para isso Valter serve – comentou sem se importar em manter as aparências – Preciso de um favor seu. Duda tem que tomar os remédios de duas em duas horas. Se eu não voltar a tempo, você pode fazer isso por mim? A lista com os nomes e os horários está do lado da mesa com a medicação.
Harry concordou um pouco receoso.
- Não se preocupe! É só servir com um pouco de suco que ele toma o remédio muito bem. Parece que voltou a ser criança...
Ela saiu em seguida e Harry foi para o quarto do primo. Era muito estranha aquela situação. Duda estava dormindo, mas deveria acordá-lo logo. Pensou então em fazer uma coisa para agradar o primo pela primeira vez em sua vida.
Pegou a escada de limpeza de Tia Petúnia, levou para cima e com algumas ferramentas encontradas no armário abaixo da escada instalou a TV, que antes ficava na cozinha, na parede de frente para a cama. Pegou o aparelho de DVD e instalou também, colocando para rodar os filmes que encontrou no armário do primo.
Assim que Duda acordou, pareceu bem contente em ver a TV ali. Tomou seus remédios e ficou assistindo. Harry trocou o disco quando o primeiro filme acabou e mal colocara o segundo, sua tia entrou em casa.
Ela seguiu o barulho das falas e músicas do desenho preferido de Duda e encontrou o filho sentado e mais feliz.
- Obrigada – disse para Harry – nem tive tempo de pensar nisso.
- Sem problemas! Pegou os exames?
- Sim, sim! As seqüelas são reversíveis, mas ele precisa fazer um tratamento psiquiátrico e posteriormente terapia. Pode deixar que agora eu cuido dele. Vá descansar, você já fez muito hoje!
Harry foi para seu quarto. O dia seguinte seria seu aniversário e ele precisava informar à tia que iria embora. Só não sabia como!
Uma idéia, de repente, lhe passou pela cabeça. Ele desceu rapidamente as escadas e se dirigiu a uma casa que conhecia muito bem, desde sua infância. Atravessou o jardim em passos rápidos e decididos. Apertou a campainha e uma velha senhora, trajando um longo vestido de veludo roxo, uma pantufa de coelhinhos cor de rosa e um chalé verde esmeralda atendeu.
- Bom dia, Srª Figg!
- Harry, que surpresa! O que faz aqui?
Ele explicou rapidamente o que aconteceu com o primo e o que sua tia estava passando. Disse ainda que era provável que seu tio não aceitasse a ajuda dos vizinhos por não gostar de ninguém “mexericando” sobre a vida deles. Mas como ele passava a maior parte do tempo fora, ela poderia ajudar sua tia durante a tarde.
- Claro, meu rapaz! Com todo gosto vou fazer isso! Imagine só, deixar uma mãe passar isso sozinha! Não é a toa que você é um grande bruxo, meu jovem! Como Dumbledore sempre falou, você tem um coração tão puro quanto o da sua mãe!
Ela apertou as bochechas de Harry e o convidou para uma xícara de chá, que ele aceitou de bom grado. Já estava sentindo falta dos chás típicos dos bruxos. Eles ainda conversaram sobre algumas coisas antes dele se despedir.
A Srª Figg teve a sensibilidade de não mencionar os acontecimentos do castelo com o menino, imaginando como ele estava se sentindo. Tratou de falar sobre os 12 gatos que criava agora em sua casa.
Harry voltou para casa no fim da tarde, a tempo de preparar a sopa costumeira e o suco reforçado. Dessa vez, acompanhado de torradas com bacon. E diante da recusa de sua tia, ele insistiu:
- Você não pode se dar ao luxo de ficar doente também, tia!
Pela primeira vez, Petúnia viu o quanto o sobrinho era um rapaz maduro. E se arrependeu do modo como o tratou aqueles anos todos.
Harry deitou-se e adormeceu logo. Sonhou que passeava em um longo campo verde, o céu estava nublado e havia alguns casebres com aspecto deplorável. O ar era pesado e frio. A frente avistou um lago, muito parecido com o lago de Hogwarts. No centro uma pequena ilha, mas Harry não conseguia avistá-la direito. Ele tentou se aproximar, mas foi impedido por plantas que se enrolavam em seus pés.
Ele procurou sua varinha, mas não a encontrou. Bateu nas plantas com as mãos. Elas soltavam um pouco para em seguida prendê-lo novamente. Quando chegou a margem é que percebeu o quanto o lago era extenso.
No centro do lago, a ilha parecia deserta. Harry não conseguia avistar uma viva alma. Deu as costas para o lugar, mas ouviu um grito de socorro. Ele reconheceu a voz. Era Mione chamando por ele, pedindo ajuda!
Harry acordou todo suado e ofegante. Que pesadelo estranho. O dia estava quase amanhecendo e ele decidiu se levantar.
Lavou o rosto, preparou o café da manhã para o primo e sua tia e deixou tudo na bandeja pronto para servir. Apenas o bule de café ainda estava sobre o fogão, para que não esfriasse.
Ele voltou para o quarto, arrumou a cama e só então se lembrou que finalmente chegara o dia tão esperado. Seu 17° aniversário. A expectativa de tudo que ele poderia fazer a partir de agora provocou uma tontura no rapaz, que teve que abrir a janela e sentir o ar da aurora para não cair.
- Hoje tudo se resolve! Eu vou embora!
Começou a colocar de volta as poucas coisas que tirou do malão desde que chegara. Algumas peças de roupa, os pergaminhos, a pena e o vidro de tinta. Escolheu uma roupa para viajar até a Toca, separou a varinha (era um perigo andar desarmado naqueles dias) e fechou tudo, inclusive a gaiola de Edwiges.
A coruja deveria estar na Toca, e mesmo que não tivesse ela era capaz de encontrar seu dono em qualquer lugar do mundo.
A única coisa que não saberia fazer era chegar à Toca. Até então sempre tinham ido buscá-lo. Mas ele daria um jeito. Procuraria o Sr° Weasley no Ministério.
Harry saiu do quarto e deu de cara com a tia no corredor.
- Ah, já se levantou?
- Faz algum tempo. Vou buscar o café de Duda e o seu.
- Espere, por favor! – pediu ela.
O rapaz parou já na beira da escada e olhou para a tia.
- Hoje é seu aniversário, não é?
Ele se espantou. Os Dursley pareciam fazer questão de esquecer o aniversário de Harry. Apenas concordou com a cabeça. E então levou um susto maior ainda. Sua tia retirava de dentro de um armário do corredor um grande embrulho e entregava para ele.
- Parabéns, Harry! – disse envergonhada. – Espero que goste.
Ele pegou a caixa, desamarrou a fita azul que segurava a tampa no embrulho prateado e abriu. Ali estava um pacote fechado de uma loja que Harry sabia ficar perto de casa. Era uma camiseta vermelho-sangue, com um enorme raio bordado em linha mostarda, na frente.
- Se não me engano, são essas as cores da sua turma da escola, as mesmas da turma da Lílian – disse tia para justificar a escolha.
Harry ficou sem ação. Sempre ganhara coisas usadas das pessoas daquela casa. Um presente novo, escolhido para ele.
- Obrigado – disse sem jeito.
- Ainda tem mais algumas coisas na caixa – explicou sua tia.
Ele olhou. Dentro da caixa, num pequeno saquinho de veludo cinza puído estava um relógio de bolso, com ponteiros engraçados e que parecia não marcar hora nenhuma.
- Era do meu pai, seu avô. Lílian lhe deu num Dia dos Pais. O outro embrulho você pode ver mais tarde. São fotos da sua mãe, em algumas ela até aparece com seu pai. Estavam nas coisas de meus pais e quando eles morreram, bem eu não quis jogar fora.
Ele ficou parado no corredor, com os presentes nas mãos. Olhou para a tia e saiu para seu quarto. Ia começar a olhar o álbum, mas duas corujas entraram rapidamente pousando na escrivaninha e piando alegres. Um pio de parabéns, pensou Harry.
Uma era Edwiges. Ela trazia a resposta de Rony, finalmente. O amigo pedia desculpas pela demora, mas não estava em condições de escrever cartas aqueles dias. Mandava felicidades, reafirmava o convite e dizia para ele procurar o Sr° Weasley se quisesse ir para a Toca.
O presente, enviado por Gina e pela mãe dos dois, era um enorme bolo de nozes, com cobertura de chocolate e recheio de creme de baunilha.
A outra coruja era certamente de algum correio. Trazia um embrulho pequeno e um bilhete, ambos de Hagrid.

Harry, aí está o presente que eu guardei para você esses anos todos. Sirius a deixou comigo e agora ela é sua. Faça bom proveito!

Hagrid

No embrulho, Harry encontrou uma chave que com certeza seria da tal moto que o meio-gigante usou no dia em que levou Harry para a casa dos Dursley, há 16 anos. Mas onde a moto estaria, isso Harry teria que perguntar a Hagrid depois.
- Bem, está na hora!
Ele se levantou, guardou os presentes e foi saindo do quarto, puxando o malão.
Assim que desceu as escadas, deu de cara com Tio Valter saindo para o trabalho. Ele olhou furioso para o menino e começou a berrar.
- Aonde pensa que vai, sua aberração? Você tem suas responsabilidades nesta casa agora que Duda está doente. Precisa ficar aqui e fazer tudo o que Petúnia mandar!
- Não preciso fazer nada disso – respondeu Harry furioso – Hoje completo 17 anos, já sou um adulto e vou aonde quiser.
- Não seja mal-agradecido! Depois de tudo o que fizemos... Fique e cumpra com seus deveres agora mesmo!
- Quem deveria cumprir com seus deveres era você – respondeu Harry desafiador – Afinal, o filho é seu! Deve ser muito cômodo, passar o dia na rua enquanto sua mulher rala o dia inteiro para cuidar do seu filho!
Tio Valter veio para cima de Harry pronto para lhe esbofetear quando Tia Petúnia entrou na sala.
- Não se atreva, Valter!
O tio de Harry parou de imediato e olhou para a mulher, ali, em pé na porta da cozinha.
- O que disse? – perguntou atônito.
- Disse para não se atrever a tocar em Harry. O tempo dele aqui em casa acabou. Ele já é um adulto segundo as tradições da família e do povo dele. O trato que o prendia aqui se extinguiu à meia-noite e agora ele não tem mais porquê ficar.
Valter Dursley bufou de raiva, deu as costas e saiu.
- Tia, você não precisava... – começou Harry.
- Precisava sim! – interrompeu Petúnia – Agora, vejo que já vai embora...
- Sim, mas antes queria lhe falar.
Ela sentou num banco na cozinha e indicou um para que o jovem também se sentasse.
- Pode falar!
- Bem, eu não queria que você ficasse sobrecarregada. Então procurei ajuda.
Ela olhou intrigada para o menino.
- Eu sei que Tio Valter não aprovaria, mas ele passa muito tempo fora e nesse período a Srª Figg se dispôs a ajudá-la com o que for preciso.
Petúnia respirou fundo. Ela estava no limite de suas forças. Comia mal, dormia pouco e sempre preocupada com uma possível recaída do filho.
- Vou aceitar a ajuda, harry. Pelo Duda. Como você disse antes, eu não posso ficar doente. E pelo que você viu, também não posso contar com a ajuda de Valter.
Harry fez um aceno com a cabeça. Levantou-se do banco, pegou novamente o malão e indo em direção à porta disse para a tia:
- Então é isso! Adeus...
Ela respondeu com um aceno de cabeça e Harry cruzou a porta da sala. Estava livre dos Dursley. Quando chegou à calçada, a moto preta que fora de seu padrinho estava na porta, à sua espera.
Como ela havia ido parar ali era um mistério. Mas Harry se animou bastante ao vê-la. Era um modelo bem antigo, mas muito charmoso. Tinha uma espécie de carrinho ao lado da moto para carregar um passageiro com todo conforto.
Muito bem conservada, a pintura ainda brilhava como se fosse nova. Os detalhes eram cromados e davam ao veículo um estilo rebelde e jovial, exatamente como Sirius deveria ser na juventude.
Harry prendeu a gaiola de Edwiges no malão e os acomodou no lugar que seria do passageiro. Soltou a coruja e disse para encontrá-lo na Toca. Ele iria de moto até o Ministério.
Sem saber muito bem o que estava fazendo, ele subiu no veículo, colocou a chave na ignição e ligou. Ela fazia um barulho suave e logo Harry percebeu que não seria tão difícil pilotá-la.
Apesar de grande, era uma moto leve, e seu formato ajudava a manter o equilíbrio. Harry observou que havia botões bem diferentes das motos trouxas que ele conhecera. Mas achou melhor não testá-los ali, no meio de trouxas e em plena luz do dia.
Ele demorou cerca de quarenta minutos para chegar ao Ministério. Não conhecia as ruas pelo caminho dos “veículos”, pois até então só andara a pé ou no Ford Anglia Voador do pai de Rony.
Quando chegou à cabine telefônica que era a entrada do Ministério, procurou um bom lugar para estacionar a moto. Deixou num estacionamento trouxa e pagou 5 libras adiantadas, já que não sabia quanto tempo demoraria lá dentro.
Ele desceu e encontrou o Sr° Weasley atarefado com alguns problemas provocados por comensais que achavam divertido ferirem trouxas sabotando seus objetos pessoais.
- Ah, oi Harry. Bom ver você. Pelo menos você não sumiu, nem se atrasou. Vou levá-lo para casa e depois volto aqui. Tenho mesmo que checar algumas coisas perto da Toca.
Eles saíram conversando. O pai de Rony contou a Harry tudo o que estava sendo feito para encontrar Hermione Granger. Quando chegaram a rua, o Sr/ Weasley propôs a Harry alugarem um carro até um local mais afastado e de lá aparatar na Toca. Mas Harry explicou que tinha outro jeito de ir.
Levou o Sr° Weasley até o estacionamento e mostrou o presente que havia ganhado naquela manhã.
- Mas é mesmo uma beleza, hein? E você já sabe pilotá-la?
- Sei sim, é bem fácil, até! O único problema é o malão, que ocupa todo o espaço do passageiro.
- Isso é fácil de resolver, Harry!
Ele verificou se não havia ninguém olhando e quando tudo estava tranqüilo, puxou a varinha e mandou o malão diretamente para sua casa.
- Pronto, agora só falta nós dois.
Eles subiram no veículo e Harry deu a partida. Fizeram uma viagem tranqüila e depois de uma hora e meia de viagem, avistaram o terreno em que a casa dos Weasley ficava.
O coração de Harry disparou. Iria ver Gina, conversar com Rony e se sentir bem em um lugar novamente.
Arthur Weasley percebeu que Harry estava ansioso e comentou:
- Você parece emocionado, rapaz!
- É verdade... – respondeu – estou feliz de estar aqui hoje!
Eles chegaram no portão, desligaram a moto e Arthur chamou pela mulher e os filhos. Logo todos que estavam em casa apareceram à porta e vieram de encontro aos dois. Rony correu para Harry e abraçou o amigo. Parecia aliviado dele não ter sumido como Mione.
Gina deu um abraço rápido em Harry e logo correu para ver se Gui precisava de alguma coisa. Fleur também estava por perto e cumprimentou o rapaz.
A Srª Weasley foi a mais efusiva, e agarrou o menino pelos ombros, levando-o para dentro, para que comesse alguma coisa e descansasse.

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