O Testamento
- Olha, se ele está vigiando a sala comunal para saber daquilo eu não sei, mas acho que aqui é seguro para conversarmos. E preciso confessar a vocês que eu estou chocada, não sei como ele sabe, e se realmente ele sabe, pois podemos supor que seja um blefe, mas algo me diz que ele está querendo nos ajudar. – disse a garota, analisando os rostos dos amigos, e mexendo-se para frente e para trás na cadeira.
Capítulo 11 - O Testamento
A conversa que eles tiveram na sala precisa parecia estar girando como um carrossel de informações na mente de Harry, e assim que ele conseguiu por fim abrir os olhos, decidiu que a maioria das duvidas e questionamentos iriam ficar para mais tarde.
Hoje era o dia da abertura do testamento de seu ex-diretor, e as entranhas do garoto pareciam fazer com que ele desejasse nunca sequer ter aceitado aquele convite de Hagrid, em acompanhá-lo, pois ele descobriu que era um bruxo. Levantou-se lentamente, apreciando os raios solares que entravam no quarto por uma janela no alto da torre, e dava a sala um estranho tom dourado e cinza, em conjunto com um ar gélido, o que fazia o garoto sentir a pulsação de suas veias ante aquele frio, que parecia os desafiar, assim como a morte o desafiara tantas vezes.
Não havia muito tempo a perder, e o quanto antes eles chegassem no escritório de Dumbledore, por mais estranho que parecesse, era difícil imaginar aquela sala sem a presença daquele velho e sábio senhor, com as barbas e cabelos brancos, e aqueles óculos de meia-lua, que davam a ele um tom ainda mais bondoso, se isso realmente fosse possível.
Desceu sem ao menos analisar a cama de seus amigos, de tão perdido que estava, e se assustou ao reparar que Gina, Hermione e Rony já estavam postados na sala comunal, com caras extremamente sérias, e um Rony bocejando recostado em uma poltrona macia e confortável, que Harry lembrava de ser aquela que tanto o consolou em suas noites em claro nos anos passados.
Sem dizer palavra alguma, apenas recebendo um olhar significativo de Gina, eles seguiram pela abertura do quadro da mulher Gorda, e se dirigiram lentamente as gárgulas de pedra, onde era localizado a sala da atual diretora de Hogwarts. Ao se aproximarem, viram ao longe um auror alto e negro, parado junto a elas, analisando perdidamente o castelo, e Harry o reconheceu apenas a pouca distância, era Quim Shaklebolt.
- Chegaram cedo garotos – disse Quim em sua voz lenta e grave. -, Acho que não foram só vocês, pois ao que me parece só faltava vocês. – e dizendo isso indicou o caminho em caracol que as escadas de pedra faziam, seguindo após os garotos para a abertura do testamento de Alvo Dumbledore.
Harry divisou a sala agora apinhada de gente, entre eles Lupin, Tonks, Hagrid, Olho-Tonto, Molly e Arthur Weasley e a própria McGonagall.
A Diretora pigarreou e abriu um pequeno baú dourado localizado em sua mesa, e que foi prontamente preenchido por uma luz, e um pequeno holograma do velho diretor, que falou com sua costumeira calma:
-Sim, amigos, pois não se trata mais de uma mensagem entre o Diretor de Hogwarts e seus alunos, professores e companheiros. Nesse meu humilde pergaminho eu vos deixo algumas mensagens e pertences que julguei importante, e também alguns pedidos que eu espero que possam ser cumpridos. Esse era o último desejo de um velho que nada mais podia fazer por vocês. E é claro, a ordem dos nomes não reflete a importância da pessoa e nem dos fatos contidos, mas é sempre bom ressalvar para não haverem incorreções por parte dos presentes.
Harry Potter: - Sinto ter lhe decepcionado tantas vezes, mas como eu lhe disse, foi apenas na intenção de te proteger. Amei você como a um filho que eu nunca tive, e espero que a minha partida tenha feito você amadurecer e se aprimorar para a luta final entre o Bem e o Mal, que tenho certeza está próxima e terá um único vencedor: Você Harry, pois você tem a magia mais poderosa dentro de você, algo que você entenderá um dia, algo que você no devido tempo saberá que fará toda a diferença..
- Nunca se esqueça Harry, que você tem amigos que se importam com você, pessoas dispostas a dar a vida por você, pessoas que te amam de maneira incondicional, e que por isso o ajudarão até o momento decisivo. E é engano seu se pensas que todos eles não se importam com eles mesmos, mas a questão se baseia naquilo em que acreditam que seja o melhor para todos, e apenas a sua capacidade de amar e proteger a todos antes de você mesmo, seu altruísmo, é o que o fez conquistar esse “exército” que irá lutar por você, e com você até o fim.
- Meu pedido a você é simples. Volte para Hogwarts, Harry, pelo menos mais uma vez, volte e termine seus estudos. Você entenderá a razão muito em breve. Prometo que as coisas serão explicadas em seu devido tempo e você nunca mais ficará privado de informações que possam lhe ser útil. Ao menos permaneça até estar pronto, pois estou certo que você não conseguirá permanecer em lugar algum senão àquele em que estiver caçando Voldemort.
- E um último conselho de uma pessoa que sempre estará com você: O AMOR, como desconhece Voldemort, o levará a caminhos na magia nunca vistos antes, pois como você bem sabe, a ligação entre vocês é única e rara, e você está com a vantagem em mãos.
Minerva McGonagall: - Presumo que nossa nova Diretora de Hogwarts esteja se dando bem em sua nova função. Muito me alegra em vê-la dessa forma, pois você com certeza é uma pessoa digna de todos os elogios que o mundo bruxo já presenciou.
- A você, minha querida, tenho pedidos a fazer também. Como você bem sabe, existe atualmente professores em nosso corpo docente com funções na Ordem, e gostaria que isso não fosse deixado de lado, e para suprir a falta de algum deles que por ventura estejam ocupados, gostaria que você recebesse cordialmente o professor que se apresentou a você como Moude, que é extremamente qualificado e goza de minha confiança em vida .
- Ele, assim como todos vocês, terá o seu papel nessa intermitente luta, mas tudo em seu tempo. Nunca deixem de confiar em seus amigos, pois essa poderá ser a grande arma de vocês contra as trevas.
- Como você bem sabe, gostaria também de lembrar a você que aquela mensagem que você recebeu pouco depois de assumir o cargo, deverá ser cumprida a risca, sem exitação, e infelizmente, penso que é necessário sigilo absoluto.
- E meu último pedido é que a espada que me pertencia e está atualmente em sua sala passasse as mãos de Harry Potter.
Alastor Moody: - Não ouso sequer duvidas de suas qualidades, e devo também presumir que você seja o novo Líder da Ordem da Fênix, e confesso que muito me alegra termos uma pessoa fiel como você, o mundo bruxo com certeza não deve perder as esperanças.
- A essa altura, nosso querido Quarteto inseparável já deve ter forçado sua entrada em nossa Ordem, mas caso não tenha ocorrido, peço que considere isso como um pedido de um velho amigo. Sua vigilância constante e também a sua lealdade devem ser fatores primordiais para assegurar a todos os seus amigos uma segurança maior. Lembre-se, suas desconfianças nunca devem ser desconsideradas, e siga sempre em frente, não importando o quão perdido possa parecer estar.
- A missão de nossos adorados jovens diverge, porém ao mesmo tempo converge com a nossa. Boa Sorte meu amigo, e espero poder revê-lo não tão em breve.
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Remo Lupin: - O último dos marotos por assim dizer, sinto um imenso orgulho da pessoa que você se tornou apesar de tudo que fizeram você passar. Sinto que devo muito mais a você do que pude fazer em vida, porém venho aqui também para pedir um grande favor.
- Acredito que Harry e seus amigos irão precisar daqueles seus velhos ensinamentos, que tão sabiamente vocês ocultaram de mim. E deixo a você a partir desse momento uma boa quantia de minhas reservas, pois a nossa querida Ninfadora Tonks precisa de um grande casamento e uma casa para construir uma família.
Molly Weasley: - Molly, Molly, uma das pessoas mais doces que conheci em minha longa jornada de vida. Espero que sempre esteja querendo engordar as nossas crianças e adultos, peço encarecidamente que entenda a escolha de seus filhos, que os apóie e não coloque empecilhos nessa grande jornada, que não foi escolhida, mas nos foi destinada.
-Acredito eu, que palavras não serão suficientes para descrever a pureza de uma pessoa como você, mas para realça-la, deixo também um pouco de conforto material, incluindo uma generosa quantia bancária já transferida para o cofre dos Weasley. E mais um adendo minha querida; Arthur Weasley estará sempre do nosso e do seu lado, ele apenas está cumprindo algumas missões que foram concedidas somente a ele por seu caráter imparcial e inestimável competência, então peço que o compreenda.
Gina Weasley: - Siga o seu coração e sempre haverá uma Luz. A chave para toda saída estará em suas mãos, os seus nobres sentimentos, uma vez canalizados para o que tem de ser feito, será essencial para o êxito de todos nessa terrível provação.
Ronald Weasley: - Quando não há mais esperanças, procure a Luz e você sempre poderá proteger àqueles que ama. Sua Lealdade e amizade nunca devem ser questionadas, mesmo que seja de seu interior.
- A força que emana de tais sentimentos, os une de maneira indescritivelmente poderosa, e para jovens como vocês, que deveriam estar se divertindo, e não carregando um fardo tão pesado, eu só tenho a agradecer, por seguir um caminho que nos levará a um futuro melhor.
Hermione Granger: - Deixo também a você, essa pequena charada, que eu creio que lhe será útil na hora certa:
- Ainda um pouco mais de tempo estará a luz entre vós. Caminhai enquanto tiverdes luz e que não vos surpreenda a escuridão: o que caminha na escuridão não sabe para onde vai. Enquanto tiverdes a luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz...
Hagrid: - Meu fiel e bom amigo, gostaria de pedir que continuasse o trabalho que começamos, pois ele terá sua parte em nossa incrível jornada. Peço também que lembre de mim em vida, todas as nossas conversas, e tempos em que passamos juntos. Não quero que chore por mim, e muito menos sinta a minha falta. Sinta apenas o amor que eu o amei, sinta a minha presença em seu coração, pois ele é tão puro quanto o de uma criança.
- E um último pedido de seu velho amigo, proteja Harry Potter, cuide dele por mim como o fez tantas vezes, pois essa é uma tarefa que eu não posso mais cumprir, pelo menos fisicamente.
- Bem, acho que os assustei com meu velho discurso de deixar as coisas para o final, porém serei aqui o mais breve possível:
- A luta contra Voldemort não está perdida, NÃO desanimem antes dos fatos se desenrolarem e tudo houver terminado. Peço a todos que sempre procurem a si mesmos no coração de seus amados. O amor vencerá essa guerra, contanto que as pessoas sejam fortes o bastante para achá-lo nos momentos em que não há esperança.
Harry vislumbrou as pessoas ao seu redor, e cada um parecia estar analisando com profundidade as mensagens que receberam, e a de seus companheiros também. Harry pigarreou alto e pronunciou:
- Acho que vou dar uma volta, preciso tomar um ar. – e seguiu em direção a escada de caracol, sendo seguido por Rony e Gina.
O garoto agora tinha mais preocupações do que esperava, e já na sabia ao certo que rumo tomar. Sentou-se a bera do lago, seus pensamentos indo da proposta do professor Moude para as palavras do velho diretor, e todos os planos de partir em busca das horcruxes. Simplesmente tudo parecia tão difícil, e ele não estava certo se estaria preparado, ou algum dia poderia estar, para tudo o que estava por vir.
Tão absorto em pensamentos, não notou que Gina e Rony estavam sentados ao seu lado, contemplando toda a vastidão dos terrenos de Hogwarts, esperando ele pronunciar a primeira palavra, e quebrar aquela tensão que pairava entre eles desde a abertura do testamento.
- Sabem – começou Harry. -, tudo parece estar se transformando num quebra-cabeças, eu tinha todos os planos definidos, pelo menos os primeiros, sobre nossa partida e tudo o mais, e agora não consigo mais ver por onde começar e que caminho seguir.
- Estou com você, Harry. Já dissemos que iríamos lutar com você, e não é agora que vamos voltar atrás... – mas Rony foi interrompido por Gina.
- Porque você não topa o que o professor Moude nos propôs, ao menos enquanto não decidirmos quando e aonde iremos. Você ouviu o professor Dumbledore, ele confia no Moude, não é possível que ele seja uma má pessoa. – disse Gina em tom firme e decidido, olhando fixamente para Harry.
- Não sei, precisamos pensar. Mas afinal, onde está a Hermione? – indagou Harry.
- A ultima vez que eu a vi, foi na sala da professora McGonagall, será que ela ainda está lá? – disse Rony pensativamente, se levantando em seguida.
Mas não foi necessário, pois Hermione vinha correndo ao seu encontro, com uma expressão diferente no rosto.
- Ainda não consegui saber o que o professor quis me dizer com aquilo – disse Hermione, arfando com as mãos no peito. – Acho que é algo que ele achou importante, mas porque ele não poderia simplesmente me dizer na lata o que ele queria? Todos ali são confiáveis, não consigo compreender. – disse mais para si mesma do que para eles.
-Acho que não vamos saber sentados aqui, mas que tal tirarmos o dia de folga e jogar um pouco de quadribol? – sugeriu Rony, com o olhar fixo em Harry.
-Ah, bem, ah, talvez seja uma boa idéia. – disse Harry por fim. – Amanhã pela manhã podemos procurar o professor Moude e esclarecer tudo de vez. Então, vamos? – Harry falou se encaminhando para o campo, ao tempo que convocava sua vassoura.
“Talvez fosse o último dia de paz e tranqüilidade que poderia compartilhar com seus amigos” – pensou Harry. Então deveria aproveitar e curtir, nada mais a fazer além de um dia de amor, amizade e quadribol.
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Mil perdões pela demora.
Os agradecimentos eu faço assim que eu puder.
Thank you so muchhhhhh !
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