Animagia
”Talvez fosse o último dia de paz e tranqüilidade que poderia compartilhar com seus amigos” – pensou Harry. Então deveria aproveitar e curtir, nada mais a fazer além de um dia de amor, amizade e quadribol.
Capítulo 12 – Animagia
Acordou exausto, físico e mentalmente, mas sentia-se estranhamente feliz. Por pior que as coisas pudessem parecer, após ouvir as palavras de Dumbledore, e ver no olhar de todos os presentes um brilho diferente, como se a esperança houvesse se renovado dentro deles, ainda que por poucos segundos, seus medos foram pressionados e comprimidos e a idéia de resistência a Voldemort refloreava seus pensamentos.
Observou seu amigo dormindo por alguns segundos e rumou ao salão principal, com o café da manhã sobrepondo todos os seus pensamentos. “Céus, estou parecendo o Rony.”
Sentou-se e constatou que era um dos primeiros alunos a chegar, e passou a comer silenciosamente, onde um mar de perguntas e dúvidas inundavam sua cabeça. Após longos minutos, viu se juntar a ele Hermione, Gina e Rony, parecendo mal-humorado por ter sido acordado.
Hermione não agüentou todo aquele silêncio incomodo e disse por fim:
- O que vamos fazer, Harry? Eu andei refletindo sobre o que o professor me falou, e peguei alguns livros para tentar decifrar toda aquela mensagem, mas não estou tendo muita sorte, por enquanto. – disse apreensiva, enquanto esperava a resposta do amigo.
Ele olhou lentamente para ela, suspirou algumas vezes e por fim disse com a voz entalada:
- Acho que não temos muita escolha, não enquanto não descobrirmos nada sobre o nosso “projeto”, mas eu andei pensando em algumas coisas, assim que formos falar com o professor Moude podemos nos reunir e discutir os planos. – e levantou-se, no que foi acompanhando pelos amigos, acompanhado de resmungos de Rony, que empilhava alguns doces em uma das mãos para comer no caminho.
Não via por que era realmente necessário assistir as aulas, porém levantaria muitas suspeitas se eles não as freqüentassem, e pior ainda se não houvesse punição, então decidiu que iria ver o professor e depois traçariam os planos, mas ainda assim tomando cuidado para não levantarem suposições demais em relação a todos eles. Ao chegar à sala do professor Moude, Harry inspirou algumas vezes antes de bater na porta e ouvir um chamado para adentrá-la.
Moude estava de pé, pensativo, contemplando a janela, e não deu sinal de que realmente sabia quem estava presente. Gina ao vê-lo fechou a porta, e antes que pudesse pigarrear para chamar a atenção do professor, ele virou com um sorriso cordial e disse por fim:
- Fico feliz que tenham aceitado a minha proposta, vejam bem, não quero me meter em assuntos que não me dizem respeito, minha única preocupação, no momento, é ajudá-los. Vejamos o que posso fazer por vocês, garotos? – o professor indagou, mirando-os cuidadosamente, mantendo contato com todos eles.
- Bem professor – começou Harry -, precisamos de uma pequena ajuda para uma coisa digamos, não aprovada pelo ministério, e também alguns livros e dicas para azarações e tudo o mais que possa nos ajudar num possível combate que poderemos enfrentar, afinal, nunca sabemos quando iremos precisar nos defender, certo? – disse Harry, tentando ser o mais vago possível, dizer o mínimo ao professor, para ele não ter a noção alguma do que estava de fato acontecendo.
- Digamos que – pigarreou Hermione -, queremos-a-sua-ajuda-somente-com-uma-ou-duas-dúvidas-que-temos-para-nos-tornarmos-animagos. – disse a garota muito rápido, corando furiosamente.
-Ho, Ho, disse o professor, vejo que vocês estão abrangendo a coisa de uma maneira muito maior do que eu esperava, e confesso que fico lisonjeadamente feliz. Pois bem senhorita Granger, enquanto eu separo alguns livros em meu estoque particular, porque você não me acompanha, e eu posso ir conversando com as paredes, sabe como é, eu não poderia ser culpado de ensinar algo ilegal a objetos imóveis, poderia? – Moude finalizou com um sorriso encorajador a garota.
Harry fez menção de dizer algo, mas Gina segurou o seu braço, e eles se acomodaram na sala, enquanto o professor saia, seguido de Hermione, provavelmente a biblioteca ou onde quer que ele estivesse guardando os tais livros.
O garoto ficou extremamente apreensivo assim que sua amiga saiu, mas relaxou aos poucos, passando a discutir planos, meios e modos de sair para caçar os objetos que levariam a ruína o “cara-de-cobra”. Ao que pareceram horas, e com alguma idéia vaga dos lugares que eles sairiam para visitar, Hermione retornou com um estranho sorriso enviesado, e carregando uma bolsinha de contas, pequena e discreta ao lado do corpo, o que Harry fez uma nota mental para questioná-la depois.
O professor passou apressado por eles, e justificou que recebera um chamado da Diretora, e teria que se ausentar por alguns minutos, o que foi prontamente felicitado pelo quarteto...
- Bem, então, o professor me deu boas orientações de como começar o “procedimento” que havíamos conversado, e me ensinou a fazer isso. – Hermione apontava para a estranha bolsinha jazida ao chão. Antes que eles pudessem indagar do que raios ela estava falando, ela continuou:
- É um feitiço muito útil ¹, a bolsa por fora parece simples, porém ela é enfeitiçada para poder guardar o conteúdo de uma casa inteira, e mesmo assim continuar com o peso de poucas gramas. Isso realmente vai nos ajudar, pois podemos guardar todo o tipo de coisa aqui dentro, e veja Harry, podemos usar aquela seu presente de Hagrid ² para escondê-la, afinal somente o dono pode localizar e retirar qualquer coisa que desejar.
- Vamos andando então? – propôs Gina. – Temos aula agora se vocês não se recordam, e como você mesmo disse Harry, não podemos chamar atenção. – e dizendo isso abriu a porta da sala, ao que passaram Hermione, Rony e por último Harry. Num impulso, Gina esbarrou “acidentalmente” no garoto, jogando-o em direção ao portal, onde seus corpos ficaram colados apenas por alguns instantes. Vendo o olhar de surpresa e uma expressão tímida surgir no rosto de Harry, a garota aproveitou a situação e sussurrou no seu ouvido:
- Podemos repetir isso de uma forma mais interessante, mas já que você ainda não se decidiu, eu ficarei aguardando o passeio na sala precisa que você tanto me deve. – sorriu marotamente para ele e saiu antes que ele pudesse dizer qualquer coisa.
De fato, os dias se alongavam no castelo, e pareciam cada vez mais cansativos. Enquanto utilizavam a Sala Precisa para os treinamentos de magia e suas tentativas de transformações, junto com as aulas diárias e algumas convocações extraordinárias da Ordem da Fênix, Harry descobriu que seus músculos e cérebro poderiam derreter sem o menor aviso. Isso sem contar os treinamentos de Quadribol, que pela primeira vez na vida de Harry, não eram nem sequer suas preocupações secundárias.
O garoto encontrava forças para continuar com essa maçante rotina nos sorrisos e descontrações que Gina dava ao ambiente e a ele próprio, e a proximidade cada vez maior de Rony e Hermione, e ele não podia deixar de ficar feliz, em ver que em meio a toda aquela guerra, parecia finalmente que aqueles dois cabeças duras iriam se entender, se bem que Harry tinha suas certezas questionadas pelo menos três vezes ao dia, ao presenciar brigas e discussões dos amigos se transformarem em uma paz excessivamente melosa.
Ao passo que se aproximavam de Outubro, a expectativa pelo primeiro jogo da temporada, a visita a Hogsmead e a festa de Halloween cresciam exponencialmente.
De fato, após visitar algumas vezes a ala hospitalar, em turnos alternados com Rony, Gina e Hermione, Harry se viu em meados do final Outubro, numa sexta-feira, dia antes de visita ao povoado. Era tarde da noite, e eles tiravam uma “folga” da rotina diária, conversando sobre amenidades e relembrando com saudosismo eventos ocorridos no passado. O preferido de Gina, na verdade ficava difícil usar o verbo no singular, eram todos aqueles em que Rony acabava mal, o que de fato fazia o Rony do presente ficar com as orelhas vermelhas e disparar impropérios contra a irmã, enquanto Harry e Hermione riam tanto que seus maxilares e estômagos já davam sinais de fadiga.
Infelizmente a felicidade não poderia ser aliada para sempre, e os garotos acordaram no dia seguinte com a péssima noticia de que o passeio fora cancelado, pois houve um ataque ao povoado, e a diretora se recusava a dar informações aos revoltados alunos, que protestavam a falta de produtos da Zonkos, Dedosdemel e afins.
A professora McGonagall lançou um olhar penetrante ao quarteto, dizendo claramente que as explicações seriam dadas mais tarde. Não restou a eles muita argumentação ante aquele olhar severo, e Harry acabou por marcar um treino extraordinário de Quadribol, em virtude da partida contra Sonserina, que seria realizada na Terça-Feira após a festa de Halloween.
Hermione recebeu a noticia com cara de quem havia tomado uma vitamina de excrementos de fada mordente, e saiu de cara amarrada, provavelmente em busca de algum livro.
O treino em geral foi razoável, e pela dispersão que o time da Sonserina enfrentou com a saída de alguns bons jogadores, Harry tinha certeza que não seria uma partida difícil, ainda mais com Gina jogando melhor que nunca, deixando-o aturdido com aqueles cabelos ruivos esvoaçando ao vento, e a forma que provocavam tamanho torpor em si mesmo. Rony, que ganhara mais confiança desde o último campeonato, parecia levemente mais calmo que nos outros anos, mas Harry teve certeza que viu um brilho esverdeado passar pelo rosto do amigo nas vezes em que ele deixou a goles entrar nos aros.
Após um banho relaxante, rumaram direto a sala da diretora, em busca de informações, sem Hermione, que havia feito mais uma vez uma daquelas caras de quem tirara um Dez numa prova, e saiu apressada a biblioteca.
- “Finta de Wronski” – pronunciou Harry, e a gárgula abriu passagem a eles.
Subiram a escada em forma de espirais e bateram na porta. Um suave “Entrem” os convidou a abrir a porta e adentrar a sala da diretora.
McGonagall estava em sua escrivaninha, analisando alguns papéis diversos espalhados ao redor, e como não pronunciou nenhuma palavra, eles se convidaram a sentar e passaram a encará-la. Após alguns minutos intermináveis ela por fim pronunciou:
- Não esperava que conseguisse mantê-los afastados por muito tempo mesmo. Pois bem, o que realmente aconteceu é algo que o ministério desconhece, porém a Ordem teve plena ciência – e suspirou pesadamente antes de continuar. –, Acreditamos que o ataque foi apenas para encurralá-los na escola, na verdade encurralar você, Harry. O ministério está aos poucos sobre o controle de Você-Sabe-Quem, e o nosso querido Ministro achou que deveria tomar medidas mais drásticas em relação à segurança dos alunos, delegando essa função ao departamento de execução das leis mágicas. – disse Minerva, analisando-os atentamente.
- O problema é que ele está desesperado com as ações d’Aquele-que-não-deve-ser-nomeado e parece incapaz de ver o que realmente acontece ao seu redor. Harry, ele bloqueou os acessos a nossa rede de flu, e o expresso de Hogwarts está paralisado por tempo indeterminado, isso significa que não existem meios de sair de Hogwarts, senão em campo aberto. Os Comensais para completar atacaram Hogsmead com a intenção de gerar um caos, e bloquear nossos acessos até a região. De fato, estamos investigando e temos quase certeza que o povoado está submisso agora a vontade de Você-Sabe-Quem, então estamos ilhados aqui. – terminou a diretora, olhando-os com uma expressão enviesada e aflita no rosto.
Harry levou algum tempo para raciocinar tudo o que havia sido dito, mas Gina foi mais rápida que ele.
- Mas professora, qual a intenção de nos ilhar aqui se eles teoricamente não podem invadir Hogwarts? E se eles estão pensando em vir pegar o Harry, podemos tirá-lo com a capa da invisibilidade, ou de alguma outra maneira, sei lá, pela Floresta Proibida? – falou a garota, olhando de Harry para McGonagall com apreensão.
- Srta. Weasley, admiro muito a sua perspicácia, mas você acha que já não pensamos nisso? O fato é que eles querem o Harry exatamente aqui para poderem pegá-lo quando o ministério for deles, e de fato talvez não demore muito tempo. Além do mais, a Floresta Proibida não seria uma opção viável, uma vez que eles a estarão vigiando, e a capa pode ser uma possibilidade, se bem que temos que estar preparados para os Comensais estarem em alerta. Eles podem não ver você Harry, mas existem feitiços que detectam a presença de humanos ³ em determinado local, e não iremos arriscar algo desse tipo.
- Mas professora, o que vamos fazer então? – perguntou Rony, com uma cara apreensiva e ligeiramente pálida, encarando o seu melhor amigo.
- Ainda não sabemos, mas a Ordem está bolando algum plano para tirar o Harry daqui o quanto antes – disse McGonagall, e antes de ser interrompida pelos irmãos Weasley, ela continuou –, Calma, quando eu disse o Harry, isso inclui vocês também. Peço que, por favor, isso não saia dessa sala, e assim que tivermos uma posição, avisaremos vocês, certo? – perguntou a diretora com seu olhar severo.
- Ok, diretora. – disse Gina, puxando Harry pelo braço, que ainda continha uma careta estranha estampada, sem dizer absolutamente nada. Rony se levantou e empurrou o amigo levemente, tentando tirá-lo da sala o quanto antes.
Ao sair da sala, Harry havia digerido parte do que havia sido dito, e pensava em como as coisas eram injustas para com ele, como tudo parecia acontecer com ele, e quando ele teria paz, se é que um dia ele saberia o que é isso. Ao chegarem perto da biblioteca, se depararam com Hermione eufórica, que disse rapidamente sem reparar da cara de enterro que os amigos exibiam:
- Vamos ao sétimo andar, existe algo que eu preciso contar a vocês. – e saiu andando apressada, puxando Gina pela mão, e Harry e Rony não tiveram escolha senão acompanharem-nas.
Seguiram silenciosamente até o corredor do sétimo andar, e Hermione para qualquer pessoa que passasse no local, pareceria uma pessoa com problemas sérios na cabeça, pois andava em círculos murmurando algo incompreensível. Após alguns instantes uma sala se materializou vindo de lugar algum, e eles entraram.
Ela parecia uma cópia luxuosa da sala comunal da grifinória, com uma lareira gigantesca, pufes dourados, mesas espaçadas didaticamente e bem distribuídas, e no centro da sala, uma mesa redonda e ligeiramente mais baixa que o normal, circundada por quatro cadeiras almofadadas, todas desenhadas com símbolos de animais, alguns conhecidos, outros nem tanto.
A garota de cabelos castanhos não conseguia conter a excitação com tudo que estava acontecendo, e parecia que finalmente havia chegado a hora. Quando Hermione viu todos os olhares convergindo para ela, se pôs a falar:
- Então, eu revi todo o nosso processo, e estávamos pecando em um ponto que eu não havia dado conta. Apesar de todos estarmos cientes dos animais que queremos nos transformar, é necessário um feitiço prévio que nos guarneça antes de tentarmos nossas transformações. Na verdade não é nada complexo, e eu acho que com isso conseguiremos enfim finalizar o nosso trabalho. – falou Hermione num fôlego só, e reparou que os amigos pareciam um pouco dispersos, apesar da concentração que eles demonstravam.
Antes que ela pudesse perguntar qualquer coisa, Harry se fez presente.
- Depois te atualizamos de nossa conversa com a Diretora, Hermione. Acho que é hora de finalizarmos isso logo, e tentar de uma vez por todas nos transformarmos, eu sinto que nosso tempo em Hogwarts está se acabando. – e apontou para Hermione com um gesto educado, porém autoritário. – Qual é o feitiço? – finalizou, empunhando sua varinha.
De fato o feitiço foi extremamente simples, mas agora eles estavam enfrentando dificuldade extrema ao completar todo o ritual de animagia. Harry reparou que constantemente ouvia explosões e algum de seus amigos era arremessado para longe, bem como ele próprio.
As horas se estenderam e quando Harry estava se sentindo exausto o bastante, ouviu um barulho irritante, porém melodioso ao mesmo tempo e se virou para contemplar espantando e estarrecido um belo lince parado diante deles, onde deveria estar sua amiga de revoltos cabelos castanhos.
Hermione voltou à forma humana e os olhou com um sorriso de orelha a orelha.
- Consegui, finalmente. Olhe, porque vocês não conjuram um patrono, porque assim vocês canalizam as boas energias no seu corpo, e fica mais fácil executar o feitiço final de animagia.
Gina prontamente ergueu sua varinha e bradou “Expecto Patronum” e uma bela corça os circundou diversas vezes, no que foi acompanhado por Rony, com seu Terrier lealmente postado ao seu lado. Harry também não encontrou dificuldades em realizar o feitiço do patrono, e se pôs a trabalhar agora mais do que nunca.
Ao executar os movimentos correspondentes com a varinha, o garoto sentiu um formigamento em todo o corpo, uma explosão, raios luminosos em seus olhos, e sentiu como se todas as suas células estivessem executando um looping ao redor de seu corpo, uma tontura nauseante, e parecia que ele estava sendo dragado da existência e deixado o seu corpo.
Quando conseguiu por fim abrir os olhos, ele se deparou com o rosto espantado dos três amigos olhando para ele.
- Por Merlim, Harry. Acho que você deveria ficar assim para sempre, está muito mais bonito. – disse Rony, arrancando risadas de Hermione e Gina, que se recuperou rapidamente da piada e lhe deu um cutucão.
Harry desejou com todas as suas forças a voltar para sua forma humana, e se virou para eles quando percebeu que havia conseguido. Constatou também que a volta para a forma humana era muito menos dolorosa e desconfortável.
- E então, estou parecido com o meu patrono? – o garoto perguntou exultante.
- Er, Harry, você estava querendo se transformar em um cervo? – Gina se dirigiu a ele rapidamente, como se estivesse dizendo algo muito errado.
- Lógico – disse o garoto. -, foi o que vocês acabaram de ver, ou vocês estão tomando as fantasias debilitantes dos seus irmãos? – finalizou Harry, analisando os amigos, com uma preocupação crescente em seu estômago.
- Harry, você se transformou em uma fênix, igualzinha a Fawkes. Acho que você não percebeu porque estava no chão, e não tentou voar. Pelo que eu li, não existe nenhum caso em que houve sucesso em transformações em animais fantásticos, como fênix, trestálios e outros perigosos o suficiente. – sussurrou Hermione, com uma expressão intrigada no rosto.
- Fênix? Mas como eu posso ter me transformado numa fênix se eu fiz os feitiços todos em cima da minha transformação de cervo? – falou Harry, tentando compreender o que havia acontecido.
- Não sei Harry, talvez algo em sua essência quisesse que fosse assim, depois podemos procurar o professor Moude e pergunt... – mas Hermione foi interrompida por Harry novamente, que falou:
- Não, se você conseguir descobrir, ótimo, mas não quero que ele saiba que conseguimos. Ele disse que queria ajudar, e já ajudou, não faz sentido compartilharmos esse tipo de informação com mais ninguém. E outra, acho que vocês, disse Harry apontando para os irmãos ruivos, não se transformaram ainda. – finalizou energicamente “o eleito”.
Imediatamente, eles trabalharam com mais afinco que nunca, e Harry e Hermione se transformavam e voltavam a sua forma, tentando aperfeiçoar o processo e a comandar as funções na forma de animago. Não demorou muito para Harry conseguir voar e pousar corretamente, parecia um instinto que ele possuía desde que nascera e ao pousar pela décima vez contemplou feliz que um bela égua-alada o analisava onipotentemente, com um ar quase divino.
Quase que ao mesmo tempo, ele sorriu feliz já em sua forma humana, para um enorme lobo, com pelos negros e brilhantes, e um sorriso tão bonito quanto feroz.
Todos voltaram as suas formas, bateram curtas palmas, e Hermione se fez presente mais uma vez.
- Semana que vem teremos a festa de Halloween, e até lá precisamos treinar nossos patronos para se dividir e enviar mensagens. Acho que uma semana será o suficiente para isso.
Harry constatou ao passar da semana, que após todo o treinamento para se tornarem animagos, aprender o restante seria moleza, e pela primeira vez estava certo. Sorriu feliz ao ver a lontra de Hermione falar e se dividir, dando voltas ao lado da bela corça de Gina, e sorriu ainda mais ao ver o patrono de Rony, um terrier belíssimo dar apenas uma volta quando conjurado e se postar fielmente ao lado do dono, era algo realmente raro de se ver e tudo aquilo fez um nó se formar na garganta do garoto, o que foi rapidamente disfarçado quando Gina passou ao seu lado e disse:
- Viu como nossos patronos combinam, que tal levarmos eles para passear no seu dormitório, ou talvez em um quarto particular aqui na sala precisa? – e saiu sorrindo de orelha a orelha em direção ao irmão, que também sorria, e sequer se deu conta que o rosto do seu melhor amigo exibia tons mesclados de vermelho e verde.
Estavam na véspera do dia das bruxas, e a festa era aguardada por todos os alunos, afinal era na opinião da maioria deles, a melhor e maior festa do ano letivo. Até mesmo Hermione se deixou contaminar pelo clima de festa, e dessa vez finalmente um Rony Weasley suando frio e pálido como o Nick-Quase-Sem-Cabeça a convidou para o baile, o que foi prontamente aceito pela garota.
De fato, a festa era mais uma celebração do que um baile no sentido formal da palavra, porém a maioria dos alunos levavam acompanhantes, orgulhosos de si mesmos. Harry naturalmente, nem precisou convidar ninguém, porque mesmo não estando oficialmente com Gina Weasley, o convite era tão explicito quanto um contrato tácito *, não sendo necessário nem a insinuação sobre quem iria os acompanhar.
Harry foi se deitar imaginando o que aconteceria naquele salão escuro, com toda aquela cerveja amanteigada, e um clima nada agradável para quem não queria envolvimentos amorosos.
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Notas:
1 – Feitiço Indetectável de extensão
2 – Bolsas de Pele de Briba
3 - Homenum Revelio
* - Aquele contrato em que o simples fato de aceitação entre as duas partes configura uma relação entre duas pessoas, sem ser necessário falar ou escrever o que quer que seja.
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Gente, eu tive um período de recesso de idéias, e realmente tudo que eu tentava escrever ficava um lixo. Peço desculpas pela demora em postar o capitulo, e gostaria de informar que o próximo capitulo já está semi-pronto.
Muito Obrigado a todos que ainda acompanham a FIC, e prometo que de agora em diante ela será atualizada regularmente.
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