sem nome também...



Eles tinham acabado de jantar, quando algo no bolso interno das vestes de Snape lhe despertou a atenção. Ele retirou de lá uma pequena moeda, onde pareceu ler algo.
- O que é isso? – Alan, curioso, esticou o pescoço.
- Um aviso. Estão precisando de mim... – Snape respondeu, sério, ainda fitando a moeda.
- E como fizeram isso? Foi um feitiço?
- Sim, mas um feitiço muito avançado. Nível NIEM... se você um dia for a Hogwarts... vai aprender a fazer.
- Sério? – Alan arregalou os grandes olhos escuros – então, quero sim, ir a Hogwarts. Se foi lá que você aprendeu a ser um grande bruxo, também quero ir pra lá! Também vou ser um grande bruxo!
- Não diga bobagens!
- Acha que não posso ser um grande bruxo? – o menino tinha uma expressão tristonha e magoada.
- Não. Não foi isso que quis dizer. Quis dizer que não sei de onde você tirou a idéia de que sou um grande bruxo.
- Ora... – o menino parecia abismado coma resposta – Só um grande bruxo sabe tudo que você sabe. Quero ser grande também e dizer a todo mundo que sou filho de Sev...
- eu não sou seu pai – Snape o interrompeu abruptamente – Seu pai, este sim, era um grande bruxo, corajoso o bastante para morrer defendendo você. É a ele que você deve respeito, não a mim. Não passo de um réprobo...
- Ré... o que?
- Um réprobo, uma escória... um assassino sem escrúpulos que...
- Você matou alguém? Era um bruxo mau?
- Não... era o melhor e maior bruxo do mundo, e meu único amigo. E o matei. A seu pedido, ou melhor, sua ordem, mas o matei.
- Não fique triste _ Alan se levantara e viera até seu lado, pondo a mão em seu ombro – Eu agora também sou seu amigo. E vou ser sim, seu filho. Assim, você não vai mais precisar ficar tão triste.
Snape o fitou, estupefato. Quase respondxeu novamente que não era pai dele, mas desistiu ao ver sua expressão obstinada.
- Obrigado por tanta confiança, mas não a mereço... Bem, mas termine seu jantar, que precisamos partir. Acho que já sei com quem deixar você até...
- Me deixar? – o garoto murmurou, assustado – você vai... me abandonar?
- Não, não. É que preciso partir numa missão... E não posso deixar você sozinho aqui, sem quem cuide de você. E você vai gostar muito de pra onde estou te levando, vai ver.
- Não quero ir.
- É preciso, Alan. Cada um de nós tem que fazer o que é preciso, e agora, você precisa ir para outro lugar... até que eu volte para te buscar.
- Você volta mesmo? Promete?
- Prometo. E eu não costumo quebrar promessas.

****

A noite já ia avançada, quando Molly Weasley finalmente se deu por satisfeita em sua cozinha. Tudo pronto e limpo, já se preparava para se recolher, quando uma batida seca em sua porta a fez sacar a varinha, preocupada. Quem poderia estar visitando-a a essa hora?
- Quem é? Responda logo, ou nem poderá saber o que o atingiu!
- Sra Weasley... Sou eu. Severus Snape. Preciso de um favor.
- Snape! – ela quase gritou – E você acha que vou abri a porta para você, se for mesmo você? Que brincadeira de mau gosto é essa?
- Sério, sou eu. Estou a serviço da Ordem. O Potter está me aguardando, mas não posso ir sem pedir-lhe algo extremamente importante... Apelo – ele hesitou, mas completou com voz firme – para seu coração de mãe.
Vencida por este argumento, Molly abriu a porta, e se deparou com o quadro mais imprevisível de sua vida: Snape parado, com um garoto adormecido nos braços.
- Mas o que... entre, vamos! Não fique aí parado, com essa criança apanhando sereno, homem. Vamos, entre logo!
- Grato, Sra Weasley...
- Antes, você me chamava de Molly, pode voltar a fazê-lo. Soa estranho pra mim esta sua formalidade – ela disse, depois de um silêncio constrangedor, observando-o entrar, mancando um pouco, carregando seu precioso fardo – sente-se – ela lhe indicou uma cadeira.
- Obrigado... Molly. – ele olhou em volta.
Nunca tinha estado na Toca, mas era bem como imaginara. E constatou que fizera a escolha certa: aquele era o melhor lugar para deixar Alan. Era uma casa de verdade, com uma família de verdade.
Mas Molly já parecia aflita em saber o que afinal o levara até ali, e quem era o garoto, por isso, ele foi logo dizendo:
- Este é Alan Goldman.
- O filho do Velho Goldman? Minha nossa, todos pensaram que ele também tinha morrido! Estava com você este tempo todo?
- Sim. Estava. Encontrei-o, depois que todos haviam partido, e tenho cuidado dele desde então... Mas, hoje... agora, para ser exato, preciso partir para Londres, a serviço da Ordem. Encontraram outro comensal... o que escapou aquela noite...
- Entendo. – Molly murmurou, aproximando-se mais, afastando uma mecha de cabelo escuro do rosto do garoto, para vê-lo melhor.
Seu toque, embora suave, despertou-o, e ele a fitou com olhos escuros e sonolentos, para erguer-se desperto no momento seguinte:
- Quem é você? Onde estou? – ao ver que ainda estava com Snape, pareceu aliviado, mas ainda trazia uma interrogação no olhar.
- Alan, esta é Molly Weasley, a pessoa de quem lhe falei. Ela tem vários filhos e até netos. Então, é a pessoa mais indicada pra tratar de você até eu voltar. Quero que a obedeça com atenção, certo?
- Certo... pai.
- Eu não sou... seu pai.
Ambos se encaravam, ante o olhar surpreso e divertido de Molly. Mas ela mesma deu um jeito de acabar com a tensão entre os dois.
- Muito bem, então, Alan. Você vai ficar conosco até seu... até Snape voltar. Fique tranqüilo, vai gostar daqui. E tenho certeza de que todos vão adorar você... Venha, vou lhe levar para o quarto, está tarde.
Alan relutava em segui-la, mas Snape balançou a cabeça, sério. Então, num ímpeto, o garoto se atirou em seu pescoço, lhe disse que tivesse cuidado, beijou-lhe a face, e seguiu Molly rumo ao quarto.
Snape ainda ficou olhando-o se afastar,acenou-lhe brevemente quando o garoto olhou para trás, e depois saiu, aparatando logo que se viu fora da casa.
Da janela de um dos quartos, era observado pelo garoto, que fazia força pra não chorar.
- Bem, meu garoto. Tudo pronto. Acho que este velho pijama de Rony vai lhe servir, por enquanto. – ela usou a varinha pra reduzi-lo até o tamanho de Alan - Amanhã, vemos o que mais você vai precisar. Snape não trouxe suas coisas... Típico dos homens, não pensam nessas coisas....
Alan a ouvia falar, mas não se incomodava. Percebia que a mulher estava meio atônita ainda, tanto quanto ele, mas já gostava dela.
Quando ela finalmente terminou de ajeitá-lo sob as cobertas, ele perguntou:
- Posso... chamá-la de “vovó”? Não me lembro se tive uma...
- Claro, meu menino! – ela sorriu, emocionada – Você é mesmo cativante! Boa noite, meu querido.
- Boa noite.
Molly deixou o quarto. O que Arthur, ou mesmo seus filhos, diriam quando soubessem que ela recebera Snape em sua cozinha? Sozinha em casa! E acolhera um garoto que o chamara de pai...
A situação seria até engraçada, se já não fosse trágica... Snape resgatara o garoto dos Goldman, e ele agora o chamava de pai...
Severus Snape, pai! Era realmente algo impossível de se imaginar!

(o trecho a seguir é descrito na fic “O Paciente Inglês” – cap 13)

Enquanto isso, Snape já chegava ao Caldeirão Furado, ponto de encontro com os Aurores.
O comensal fora visto indo para o Beco, Lupin e outro membro da Ordem o seguiram. Apenas Harry recebeu Snape. Sentaram-se afastados, não apenas pela necessidade do disfarce, mas porque ainda não se suportavam.
Perto dali, uma mulher deixava uma festa tediosa, onde se esforçara o tempo quase todo para se livrar de um chato a lhe passar cantadas idiotas, e caminhava distraída, sem perceber que errara o caminho para seu hotel e entrara por uma rua deserta e perigosa àquela hora da noite. Quando percebeu que estava perdida, não viu ninguém por perto. Viu o letreiro do Caldeirão Furado, e luzes que vinham lá de dentro, então, deveria ter alguém lá que pudesse lhe dar alguma informação. Já estava batendo a porta quando alguém saiu repentinamente, derrubando-a...

Inesperadamente, o comensal voltara para o Caldeirão Furado, encaminhando-se para a porta. Snape ergueu-se para segui-lo rapidamente. O homem, porém, já percebera que era seguido, então se virou, lançando feitiços pra todos os lados, correndo para a saída.
Saiu tão intempestivamente, que se chocou com a mulher que se preparava para entrar, derrubando-a na calçada.
Snape saiu em seu encalço, Harry o alcançou. O homem percebeu ser uma cilada e tentou reagir. Mas Snape e Harry se defendiam bem, e pareciam não querer feri-lo de morte. Queriam capturá-lo vivo, mas ele também se defendia bem.
De repente, viu a mulher caída, ela se ferira. Ou perdera a varinha, ou estava zonza pelo tombo, ou era uma trouxa, para ter continuado no meio da luta daquele jeito. E ele viu que poderia distrair aqueles dois idiotas que pensavam que ele não era esperto o suficiente... eles iriam ver... Não queriam tanto defender toruxas e sangues-ruins? Que o fizessem então...
Atacou-a como que parecia ser um feitiço mortal, mas Snape, percebendo sua intenção, impetuosa e inexplicavelmente, pulou à sua frente. A mulher, parecendo despertar de um rápido desfalecimento, gritou algo, erguendo os braços, como se imaginasse que Snape caía sobre ela e tivesse a intenção de aparar sua queda. E aconteceu!

Snape foi atingido pelo feitiço, não um avada, mas uma cópia mal arranjada de seu “sectumsempra” enquanto luzes explodiam ao seu redor, e que, estranhamente, pareciam partir da mulher caída. Harry lançara um feitiço sobre o comensal, interrompendo-o, mas o maior mal já estava feito... e Snape viu tudo se apagar à sua volta, tendo a sensação de estar caindo num poço em chamas...

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