Parte VI Uma notícia surpreend

Parte VI Uma notícia surpreend



Harry nem acreditara quando, na manhã seguinte ao dia em que ocorrera a longa conversa de Snape e Sarah, eles se sentaram lado a lado na mesa de professores, como se nada tivesse acontecido. Dumbledore os olhara por cima dos oclinhos de meia-lua, um sorriso maroto, mas nada comentara. Minerva, por sua vez, estava séria e olhava Snape com um ar de quem “comeu e não gostou” mas, talvez em obediência a uma determinação de Dumbledore, também tomou seu café silenciosamente. A maioria dos alunos fazia seu desjejum, indiferentes como sempre ao que ocorria na mesa dos professores, mas Harry, Hermione, Gina e Rony os espiavam disfarçadamente.
- E então? – indagou Rony, perplexo – O que vocês acham? Estão agindo como sempre!
- Não exatamente... – Hermione comentou, franzindo a testa, observando-os atentamente – Acabaram de se tocar sob a mesa, que eu vi. E vejam como se olham e sorriem, quando pensam que ninguém percebe.
- Vai ver eles querem manter um pouco mais só entre eles... e nós. – Gina sorriu, marota –Mas não vão conseguir. Olhem!
Pelas altas janelas, como sempre ocorria, entraram neste momento um grupo de corujas com as entregas matutinas do correio. Edwiges, a primeira a entrar, soberana, planou sobre a mesa da Grifinória e, para espanto de Harry, foi direto à mesa dos professores, pousando mansamente em frente ao casal estarrecido. Antes que eles se recobrassem da surpresa, e enquanto Edwiges beliscava um biscoito, mais quatro corujas disputavam espaço entre copos e pratos, querendo cada qual entregar a sua carta.
Agora, todos fitavam, curiosos, o rosto lívido de Snape. O professor não deixou de dirigir aquele olhar mortífero para Harry, mas Sarah segurou seu braço gentilmente e, sorrindo-lhe com doçura que não passou despercebida a pelo menos 200 olhares curiosos, estendeu-lhe a carta que Edwiges trouxera, enquanto se encarregava de abrir as demais e dispensar as corujas impacientes, que logo decolaram em direção ao corujal ou ao seu local de origem. Apenas Edwiges voou mansa e graciosamente até Harry, que lhe coçou a cabeça, enquanto lhe oferecia pedacinhos de bacon frito, ainda atento aos professores. Minerva McGonagall, com expressão aturdida, lia um dos pergaminhos que a sobrinha lhe estendera.
Logo, um burburinho tomou conta do salão, enquanto Dumbledore parecia ser o único a considerar o prato à sua frente como a coisa mais importante do mundo no momento. Entretanto, por mais que os colegas da Grifinória indagassem se eles sabiam o que estava acontecendo, Harry fez sinal para os amigos: já haviam interferido demais, não podiam revelar nada sem o consentimento de Sarah e, principalmente, de Snape, que já observava com expressão notadamente perigosa a movimentação sorrateira de alunos em direção a Harry. Mas a sineta logo tocou, indicando o quanto todos já estavam atrasados, e a curiosidade teve que ficar pra depois.

Na sala de aula, Sarah continuava a mesma, quase como se não percebesse os cochichos e murmúrios. Apenas a sombra de um sorriso sonhador pairava por seu belo rosto moreno, e a moeda em sua testa cintilava. No entanto, ao percorrer as carteiras para recolher os deveres de casa – coisa que parecia fazer com gosto, ao invés de simplesmente usar um feitiço convocatório - foi impossível esconder dos alunos o belo anel de ouro que agora refulgia em seu dedo, e o curioso desenho dos “esses” abraçados não passou despercebido às garotas mais românticas. Tanto que Parvati, não conseguindo se conter, ergueu a mão, quando a professora retornou tranqüilamente para a frente da classe.
- Professora, desculpe mas... É que... percebi que não está usando o mesmo anel de antes.
- É mesmo? – Sarah sorriu. Ergueu a mão, examinou o anel detidamente, depois o mostrou à turma toda – Na verdade, querida, é o mesmo anel. Vocês é que... desculpem, não vou mentir, é que ele estava diferente, mesmo. Mas, agora, não preciso mais esconder.
O murmúrio cresceu pela sala e um tímido “esconder o quê?” pôde ser ouvido claramente.
- Na verdade, ainda não tínhamos resolvido como e quando contar. Nós mesmos precisávamos de um pouco mais de tempo para nos acostumarmos com a idéia, mas parece que não teremos escolha, graças a um pequeno empurrão de alguns... amigos muito espertos mesmo!
Seu olhar recaiu, entre divertido e repreensivo, sobre Harry e Hermione, mas o fato de estar usando o plural causou ainda mais espanto aos alunos. Vendo suas carinhas atônitas, pareceu penalizada e, num gesto de quem não tinha outra saída, ampliou com a varinha a imagem do anel em pleno ar. Perplexos e mudos, os alunos viram nitidamente cada “S” do monograma sair com relutância do seu abraço dourado e formar o resto dos nomes no ar: Severo e Sarah.
Então, ante um murmúrio geral de assombro, ela explicou:
- O Prof. Snape e eu vamos nos casar.
Um kit completo de Fogos Espontâneos Weasley não teria causado mais estrago. Espanto, incredulidade, alegria, surpresa, todos os sentimentos se mesclaram naqueles rostos juvenis, enquanto gritinhos excitados e murmúrios tomavam conta da sala.

Até a hora do jantar, a notícia se espalhara pela escola como um rastilho de pólvora acesa. Mas as surpresas ainda não haviam terminado. Á revelia dos noivos, principalmente de um noivo nervoso, o salão estava enfeitado com faixas e fitas, em que as cores de Grifinória e Sonserina se misturavam. Snape sorria sem graça para os colegas que vinham cumprimentá-lo, com sugestivas piscadelas e tapinhas nas costas, enquanto as professoras mais emotivas abraçavam Sarah, chorando copiosamente e assoando os narizes em grandes lenços coloridos. Apenas Minerva mantinha a postura, como única “matriarca” presente da família McGonagall, permanecendo de pé orgulhosamente ao lado da sobrinha e respondendo aos cumprimentos com distinção quase de rainha. O clima de festa era tanto que parecia a recepção do início de semestre, ainda mais quando Dumbledore se levantou e, erguendo sua taça dourada, propôs a todos um brinde:
- Nos tempos difíceis que atravessamos, em que alianças em favor do bem geral são buscadas exaustivamente, nada poderia nos trazer maior alegria do que a união de dois representantes de duas de nossas casas que, ao longo da história de Hogwarts, atravessaram tantos momentos, digamos, difíceis em sua convivência. Tanto quanto a felicidade do casal certamente querido de todos, esperamos que isso possa trazer a todos a certeza de que só a união, o amor e o respeito mútuo podem nos fortalecer e nos dar condições de vencer esta guerra. – e, depois de fitar a cada um presente no salão, se detendo por fim em Snape e Sarah, bradou com voz firme e feliz – Ao amor! A Severo Snape e a Sarah McGonagall!
Todos repetiram a saudação em uníssono, nem mesmo os alunos de Sonserina ousaram não fazê-lo, desta vez, talvez por temerem seu diretor mais do que detestavam Grifinória.
E o jantar se estendeu pela noite adentro, transformado em festa, sem que ninguém se importasse com o fato de que na manhã seguinte todos teriam que se levantar cedo para mais um dia de estudo e trabalho sérios.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.