O plano de resgate
Mais uma vez, pensou Harry, os planos tomavam rumo diferente. Até agora ele não tinha feito quase nada do que tinha planejado com Rony, Gina e Hermione. Sabia que precisava salvar a diretora das mãos de Umbridge, mas pensava, com tristeza, que teria que deixar o confronto com Voldemort para mais tarde e isso daria tempo do inimigo se fortalecer cada vez mais.
Prometeu a Percy que encontraria uma maneira de tirar McGonagal do cativeiro, mas primeiro precisava conversar com os amigos. Voltou para seu quarto e ainda encontrou todos, menos Neville que precisou ajudar Madame Pomfrey, a sua espera.
_ E aí? – perguntou Rony.
Harry contou tudo aos amigos, que concordaram em resgatar a diretora antes de continuar com o plano.
_ Agora você precisa ler isto, Harry – disse Gina enquanto entregava o velho pergaminho para o rapaz.
Ele pegou o pedaço de papel da mão da garota. Surpreso de que nenhum dos amigos tivesse lido.
_ Isso é seu, cara – disse Rony – é você que tem que ler.
Harry desenrolou lentamente o pergaminho e identificou a mesma letra que estava no diário lido algumas horas antes. Era uma carta que Régulos escreveu para Sirius.
Sirius,
Eu sei que você sempre me disse para tentar ser diferente. Para tentar fazer como você, peitar a mamãe e o resto da família e me tornar um bruxo de caráter.
Hoje eu fiz uma coisa que com certeza o deixará orgulhoso. Eu descobri a fraqueza dele.
Não sei ao certo como, mas descobri que ele se dividiu em várias partes, meu irmão. Uma das partes eu mesmo ajudei a esconder. Só depois é que tive noção do que estava fazendo. Mas aí já era tarde demais.
Essa divisão permite que ele continue vivo, como se fosse imortal. Eu vou tentar voltar lá. Mas não sei se vou conseguir. Avise Dumbledore. Ele precisa saber disso.
R.A.B.
Abaixo da assinatura havia uma data, mas aquela não era a carta que Régulos escrevera um dia antes de morrer. Era uma carta mais antiga.
_ Faz sentido – comentou Mione – se Sirius tivesse recebido a carta em que seu irmão contava ter destruído o medalhão, Dumbledore não teria ido atrás dele.
_ Alguém impediu Régulos de mandar a carta – supôs Rony.
_ Alguém ou alguma coisa – comentou Gina com ar de desconfiada, enquanto lançava um olhar significativo para Harry.
O rapaz entendeu imediatamente e, em pensamento, ordenou que Monstro voltasse imediatamente à casa dos Black.
Um instante depois eles ouviram o barulho característico de um elfo aparatando e Monstro se curvava diante de Harry fazendo uma reverência horrorosa enquanto xingava o novo senhor.
_ Muito bem, Monstro – disse Harry com voz zangada – quero saber onde você escondeu a carta que Régulos mandaria para Sirius.
Monstro fez cara de desentendido. Olhou para Harry e respondeu:
_ Não sei do que fala, senhor. Monstro não sabe de carta, monstro nem sabe ler. O menino Régulos, aquele traidor, Monstro também não suporta ele, não suporta traidores...
Ele teria continuado suas lamúrias se Harry não gritasse:
_ Chega, Monstro! Daqui pra frente trate de me obedecer, se não mando você para a casa de uma família trouxa!
A ameaça fez efeito.
_ Não, senhor, eu imploro! Monstro ser bonzinho daqui pra frente! Antes um mestiço do que um trouxa. Monstro faz tudo que Harry Potter mandar.
_ Ótimo! – disse o rapaz com ar de vitorioso – Agora me diga onde escondeu a carta de Régulos e o espelho que Sirius usava para falar comigo.
Monstro indicou uma tapeçaria no corredor em frente ao quarto. Mas ninguém conseguia arrastá-la ou retirá-la da parede.
_ Anda – ordenou ao elfo – pegue a carta para mim.
Monstro obedeceu e puxou a tapeçaria sem fazer nenhum esforço. Retirou de lá a carta e a varinha que pertencera a Régulos e entregou ao seu senhor.
_ Onde está o espelho? – perguntou Harry.
_ Não está com Monstro. Monstro jura, Monstro se queima se estiver mentindo. O espelho, aquele bruxo abortado, aquele Mundungus roubou o espelho.
Eles se entreolharam. Mundungus havia roubado muita coisa da casa. E agora eles precisavam saber com quem estava o espelho. Harry teve uma idéia.
_ Monstro, não quero que saia da casa nem que fale com ninguém além de mim. Você só poderá se comunicar comigo, e isso é uma ordem, fui claro? Agora, já que você consegue mover essas tapeçarias, quero que tire todas das paredes da casa, e todos os quadros também.
Monstro tremeu! Para ele aquilo era uma ofensa à memória de seus antigos senhores.
_ E tem mais – ajuntou Harry – guarde tudo no sótão. E se fizer tudo direito poderá viver lá em cima com as tapeçarias, quadros e outros objetos antigos da casa.
_ O senhor é muito generoso, senhor. Monstro não gosta de Potter, mas fará tudo direito para poder terminar sua vida com os pertences da família Black.
_ Ah, e tire aquelas cabeças dos seus parentes também lá do corredor.
Deixaram Monstro ocupado com seus afazeres e foram para a sala. Já era muito tarde e apenas Lupin permanecia acordado.
_ O que fazem aqui? Já deveriam estar na cama.
Em poucas palavras, Gina contou tudo ao professor. Explicou que tinham encontrado o verdadeiro medalhão e agora iriam ler a carta que Régulos escreveu para Sirius, mas não teve tempo de mandar.
_ Posso? – perguntou indicando o pergaminho amarelado e sujo que estava nas mãos de Harry.
O jovem assentiu com a cabeça e entregou a carta ao ex-professor. Harry estava com milhões de idéias na cabeça para conseguir ler alguma coisa. Então se sentou perto do fogo, abraçado a Gina e ouviu o que Lupin dizia.
Basicamente, a carta apenas confirmava a suspeita de todos. Régulos tinha voltado ao esconderijo, pegado a horcruxe, destruído e colocado uma falsa no lugar. O que ninguém sabia até então é como ele teria conseguido atravessar todos os encantamentos que Voldemort colocara para proteger aquele pedaço de sua alma.
Se Dumbledore sofreu para conseguir, e era um dos maiores bruxos de todos os tempos, Régulos teria morrido só para descer a encosta.
A novidade nas informações é que Régulos não tinha feito tudo sozinho. Ele apenas mostrou o local e executou o feitiço que quebrou o medalhão. Quem trocou os objetos foi Pedro Pettigrew.
_ O quê? – perguntaram todos ao mesmo tempo.
_ Pelo que diz aqui, Régulos dominou Rabicho com a maldição Imperius e o forçou a se transformar em rato e entrar na caverna. Como vocês devem saber, um animago, quando assume sua forma de animal, não deixa rastros de magia e pode atravessar qualquer feitiço de proteção.
_ É mesmo, a Rita Skeeter fazia isso para entrar em Hogwarts, mesmo depois de ser proibida de chegar perto da escola.
Eles começaram a fazer especulações sobre o que teria acontecido depois e como Régulos quebrara o medalhão. Harry continuava calado, observando a varinha do irmão de seu padrinho. Sem ninguém perceber, Harry apontou para um quadro particularmente feio de um tio-avô de Sirius e fez um leve movimento. A varinha lançou um raio verde muito forte que partiu o quadro ao meio, fazendo o velho que já estava dormindo, sair aos berros para outro quadro.
Todos olharam assustados para Harry e ele respondeu com naturalidade:
_ Ele usou o Avada Kedavra pra destruir o medalhão.
Diante da cara de espanto de seus amigos que não mudava ele completou:
_ A gente precisava saber o que deu certo para repetir quando encontrarmos os outros dois, aí usei o Priori Encantatem.
_ O Harry tem razão – disse Lupin – agora preciso ajudar vocês a bolar um plano eficiente e seguro para resgatar Minerva. Vou pedir a Tonks para ir com vocês.
_ Você não vai com a gente? – perguntou Rony.
_ Infelizmente, não! Amanhã é Lua Cheia e vou para um lugar bem afastado daqui! – respondeu melancólico o ex-professor.
Eles ficaram um bom tempo resolvendo a melhor maneira de salvar a ex-diretora de Hogwarts. Chegaram a conclusão que o melhor seria verificar onde Dolores Umbridge morava e se haviam comensais montando guarda em frente a casa. Pegariam o endereço com Percy e sairiam em seguida, acompanhados por Tonks para fazer uma vistoria na região da casa de Umbridge.
Eles foram arrumar as coisas para a missão e descansar. Ao subir para o quarto Harry reparou que não havia mais nenhum quadro ou tapeçaria pelo corredor nem em seu quarto de dormir. Monstro tinha feito um bom trabalho.
_ Monstro, venha cá – chamou Harry.
O elfo atendeu prontamente, desta vez resmungando mais baixo que da primeira.
_ Gostei do seu serviço, pode ficar com todas as tapeçarias no seu quarto novo no sótão. Mas não quero que saia dessa casa, nem que fale com ninguém ou insulte qualquer um dos meus convidados. E ajude a Srª Weasley se ela precisar de você.
_ Como quiser, senhor, Monstro ajuda bruxa traidora do sangue com muita honra – respondeu com uma de suas exageradas reverências.
_ Ah, e amanhã quero que cuide do resto das tapeçarias, em especial da sala da frente. Vou pedir que o Sr° Weasley arrume tintas e você pode pintar aquelas paredes. Pode usar mágica, mas faça direito, ou já sabe para onde vai ser mandado. Agora vá descansar!
Monstro estremeceu e disse que faria tudo enquanto subia para o sótão.
_ Se Mione visse o jeito que falou com ele – disse Rony enquanto entravam no quarto que agora parecia bem mais limpo que antes.
Eles acordaram com barulho de falatório no andar de baixo. Apressaram em se vestir e desceram tentando imaginar o que teria dado errado desta vez.
Rony chegou primeiro ao último degrau e estancou. Harry vinha logo atrás e não conseguiu parar a tempo. Chocou-se ao corpo parado de Rony e os dois foram para o chão. O barulho do tombo chamou a atenção dos demais que ao olharem a cena começaram a rir.
Pelo som das risadas Harry percebeu que não teria uma má notícia. Saiu de cima do amigo, ainda sem graça, e avistou Gina que estava abraçada a um rapaz alto, de cabelos compridos. Ao lado deles uma bela moça, de longos cabelos loiros estava parada.
_ Gui, Fleur – começou Rony – que horas chegaram?
_ Agorra mesmo – respondeu a meia-veela, e todos repararam em quanto seu sotaque havia diminuído – querriamos fazer uma surrpresa.
_ E fizeram mesmo – disse alegra a Srª Weasley – agora só faltam Fred e Jorge para a família ficar completa.
_ E você, Harry? - perguntou Gui – como tem passado? Precisa visitar a nossa casa. Está linda. E fica pertinho da Toca.
_ Eu vou, assim que tudo estiver mais tranqüilo, prometo que vou visitá-los – respondeu o rapaz com um sorriso.
Gina soltou o irmão e foi ficar com Harry. Todos se dirigiram para a cozinha para tomar um bom café da manhã. A conversa fluiu animada. Até Percy estava falando melhor. De todos os hóspedes daquela casa, só Lucius e Draco não estavam na cozinha.
Eles teriam passado o dia inteiro conversando se Gui não tivesse pedido notícias de Hagrid e de Minerva.
_ Hagrid – respondeu Sr° Weasley – está protegendo o castelo, junto com o irmão gigante dele. Agora Minerva ainda não foi encontrada.
Os meninos se entreolharam. Harry chamou Percy a um lado e perguntou onde fica a casa de Umbridge. Percy explicou que a casa da ex-ministra fica em uma fazenda, bem distante do centro de Londres. É uma casa muito antiga e pertenceu a uma família de sobrenome Olliver.
Percy prometeu que iria ajudar de alguma forma. Fingiu não se sentir bem e os pais o ajudaram a subir. Enquanto isso, Harry fez sinal aos outros para que saíssem. Ele só não esperava que Gui estivesse prestando atenção.
_ Posso saber aonde vão? – perguntou entrando na frente da comitiva.
_ Vamos dar um passeio – mentiu Gina.
_ E para um simples passeio precisam de vassouras, mochilas e a companhia de uma auror?
_ Está bem – disse Rony contrariado – vamos procurar a professora McGonagal. Ela está de refém na casa da Umbridge e a gente vai descobrir um jeito de tirá-la de lá.
_ Vocês vão até a casa de uma comensal assumida, que torturou Harry, quase matou Hermione, Rony e Percy assim?
_ Assim como? – questionou Tonks que até então estivera calada – Eles não estão sozinhos, estão comigo.
_ Não é disso que estou falando. O que quero dizer é que ninguém ia me convidar?
_ Mas e a Fleur? – perguntou Mione.
_ Ah, ela sabe que eu não agüento ficar parado. Vim pra cá por causa disso mesmo, pra agir. E ela vai ficar bem com a mamãe. Ultimamente ela anda meio nervosa, sabe? Desde que um grupo de comensais tentou invadir a casa dos pais dela. Aqui ela vai ficar bem protegida.
Ele pegou sua vassoura e acompanhou o grupo. Não foi preciso muito cuidado para sair de casa ou sair com as vassouras, já que o inverno chegara bem rigoroso e quase ninguém queria sair às ruas.
Voaram por pelo menos quatro horas por causa do mau tempo e da inexperiência de Hermione com vassouras.
Avistaram um povoado, uma vila parada no tempo, como diria Rony mais tarde. Desceram entre algumas árvores, esconderam as vassouras com um encantamento e foram em direção ao lugarejo.
Já estava anoitecendo. Procuraram alguém para perguntar, mas pelo visto ninguém queria enfrentar a neve que recomeçava a cair. Avistaram uma estalagem e entraram. O lugar não estava de todo vazio, mas não era agradável. O dono do bar veio ver o que eles queriam, mas os rapazes se lembraram que não tinham dinheiro trouxa e só perguntaram onde ficava a casa dos Olliver.
De cara amarrada, o dono respondeu e disse que há anos aquela família se mudara dali. Agora uma velha esquisita cuidava da casa e não gostava de intrusos por lá. Eles agradeceram e saíram.
Começaram a caminhar em direção a pequena estrada de pedras que levava ao casarão. Antes que alcançassem o pé do morro em que a casa fora construída, Tonks percebeu que havia alguma coisa errada.
Gui já não os acompanhava de perto, tinha parado um pouco atrás. Seu rosto voltado para o alto, contemplando uma enorme lua cheia que brilhava no céu de inverno. Ela fez sinal aos outros e todos esperaram alguma reação. Mas ele não se mexia, não cresciam pelos em seu corpo, nem garras em suas mãos.
_ Ei, Gui – chamou Gina com a voz mais doce que conseguia fazer – sou eu, a Gina.
O rapaz virou a cabeça na direção deles. Seus olhos brilhavam tanto, como se a lua cheia estivesse dentro deles. Sorriu, e revelou dentes fora do tamanho normal.
_ Eu sei quem você é. Espero que não tenha esquecido quem eu sou, Gina. Não sou um lobisomem. A lua só me deixa um pouco mais forte e com algumas características especiais.
Ele começou a correr e revelou uma agilidade fora dos padrões normais. Todos o seguiram, mas ele chegou ao portão da casa muito antes. Não arfava, parecia estar bem disposto e animado.
_ Acho que é por isso que tenho vontade de lutar. Não contei a ninguém, nem Fleur sabe, mas em noites assim, eu consigo levantar uma árvore sozinho.
_ Isso é fantástico, Gui – respondeu Tonks – mas agora precisamos nos concentrar no problema maior: salvar Minerva.
Eles rondaram a casa e não encontraram sinais de nenhum comensal por perto. Jogaram uma pedra pela cerca que passou sem problemas. Mas a pedra era um objeto inanimado.
Gui saiu da estradinha e logo em seguida voltou com uma cobra.
_ Pronto Harry, agora é só pedir a ela para passar pela cerca.
Harry tentou falar com a serpente, mas ela se recusava a atender o pedido. Dizia que não entrava lá, que ela só entrava quando a outra saía.
_ Será que existe outra cobra aí dentro? – perguntou Mione.
_ Além da Umbridge? – brincou Harry – O que sei é que precisamos testar se algum objeto mágico pode passar por cima da cerca.
Tonks puxou sua varinha, encantou um pedregulho e o arremessou. Na mesma hora a pedra levou um choque e voltou para o mesmo lugar, ainda soltando pequenos raios.
_ É – disse a auror – acho que não é seguro.
_ Quem sabe se a gente a fizer sair, o encantamento pare – sugeriu Hermione.
_ É uma idéia interessante, mas o que tiraria a bruxa velha de sua casa numa noite como essa? – questionou Harry.
_ Quem sabe cascos de cavalo? – sugeriu Rony – Na floresta ela ficou apavorada com os centauros.
_ Ia ser complicado enviar o som até a janela e ela poderia nem ouvir. Tem que ser algo bem grande, que imponha medo e exija uma certa urgência.
_ A Marca Negra – disse Gui.
Todos olharam para ele. Conjurar uma Marca Negra era algo muito arriscado. Especialmente se tivesse outros comensais por perto.
_ Não se preocupem. Não há mais ninguém aqui. Não sinto cheiro de nada humano ou meio-humano além de nós. Pode fazer.
Tonks respirou fundo e já ia lançar o feitiço quando Harry a interrompeu.
_ Espere, não faça isso com a sua varinha. Use esta aqui – disse entregando a varinha que era de Régulos. – Ela já pertenceu a um Comensal. Assim você mantém a sua varinha com magias dignas.
A auror, que hoje tinha um cabelo muito longo e cacheado com mechas verdes, aceitou de bom grado e logo conjurou um símbolo no ar. Ela não conhecia o feitiço da Marca, mas projetou um sinal bem idêntico.
_ Ótimo – falou Gui – agora precisamos que Tonks seja voluntária mais uma vez.
_ Por que ela? – quis saber Hermione.
_ Porque ela pode ficar diferente. Vamos fazer um barulho, uma explosão, alguma coisa que chame a atenção da bruxa velha para a janela. Assim que ela vir a marca irá saber que alguém morreu e precisamos de um corpo.
_ Tudo bem, eu vou! – disse Tonks. – Mas só se vocês prometerem que vão estuporá-la assim que ela chegar perto de mim.
Promessa feita, Tonks, agora de cabelos loiros, lisos e na altura dos ombros, nariz mais fino e traços bem delicados, deitou-se sob a Marca.
Hermione, Gina, Harry e Rony, escondidos atrás de arbustos, lançaram vários feitiços ao mesmo tempo em uma única árvore fazendo-a explodir.
O silêncio do lugar fez o som parecer assombroso e logo a janela se abriu.
O rosto de Umbridge expressava uma mistura de pavor e admiração que a deixava ainda mais feia. Ela fechou a janela, vestiu um pesado casaco de peles e saiu para checar quem tivera a ousadia de fazer um ataque em suas redondezas sem convidá-la.
O plano era perfeito, ela agora se aproximava do corpo de Tonks. Agachou lentamente para ver o rosto do “morto” e sem entender porque endureceu e caiu de borco em cima da auror que agora gritava para que tirassem aquele peso de cima dela.
Hermione saiu feliz com seu desempenho. Fizeram um perfeito Petrificus Totalus silencioso.
Eles levitaram Umbridge e a empurraram para dentro da casa, sempre tomando o cuidado de reforçar o feitiço de tempos em tempos.
A casa da ex-ministra conseguia ser tão estranha quanto ela. Havia objetos que lembravam uma menininha de 15 anos misturados com objetos de tortura e livros de magia negra. Os cômodos eram iluminados por velas vermelhas que flutuavam acima da cabeça deles e peles de animais faziam às vezes de tapete. Algumas plantas carnívoras espalhadas pela casa, enfeitadas com lacinhos coloridos completavam o estilo bizarro daquele lugar.
_ Precisamos encontrar a professora. Se conheço bem a Umbridge, ela deve ter uma sala de torturas, um cativeiro ou um calabouço – disse Harry.
_ A casa tem dois andares compridos e um porão. Aparentemente não tem sótão. Então acho melhor nos separarmos... – ia dizendo Tonks até que Gui a interrompeu.
_ Não podemos nos separar. Temos que ir todos juntos e levar a velha junto. Eu sinto cheiro de traição saindo junto com o suor dela.
_ Está bem, vamos todos – concordou a auror que agora voltava seus cabelos ao tom rosa habitual.
Eles se dirigiram ao porão. Encontraram a porta trancada e foi a vez de Rony usar sua varinha para abrir a porta. Estava tudo escuro e quando ele pronunciou Lumus viram um verdadeiro laboratório, ou melhor, um consultório médico.
O porão era todo branco, tinha uma mesa cirúrgica no centro e vários instrumentos que eles já tinham visto no St. Mungus. À direita da entrada eles viram uma porta mais limpa ainda, com uma janela de vidro ao centro. Harry foi até lá e quando olhou para os amigos eram seus olhos que brilhavam de maneira intensa.
Sem mencionar uma palavra, fez um gesto com sua varinha e a da ex-ministra, que estava escondida entre suas vestes voou para as mãos do garoto. Mais um gesto e Umbridge sentiu um zumbido invadir seus ouvidos.
_ Virem essa velha nojenta para lá. Ela não pode saber o que quero aqui. Já cuidei para que ela não escute, agora cuidem para que ela não veja.
Dizendo isso, entrou na sala. Pouco depois um clarão verde refletiu na janela de vidro.
Todos se sobressaltaram quando a porta tornou a se abrir e Harry saiu de lá, ileso.
_ O que aconteceu? – perguntou Gina.
_ Menos um, agora só faltam três. – respondeu e fez um sinal para que procurassem a professora em outras salas da casa.
Ele devolveu a varinha para o bolso de Umbridge e reforçou o petrificus de Hermione.
Eles olharam em mais uns cinco cômodos até encontrar uma nova porta trancada. Não foi de admirar que um simples alorromora fosse capaz de abrir. Umbridge não era uma bruxa brilhante. Mas para garantir que não havia nenhuma armadilha, o corpo duro e flutuante da ex-ministra foi empurrado para dentro antes dos outros entrarem.
Como nada aconteceu, eles foram para dentro e a cena foi no mínimo chocante. Muito mais que a de Draco, já que eles sabiam o que encontrariam quando fossem resgatar o garoto.
A diretora estava amarrada a parede. Pesadas correntes mágicas a seguravam com braços e pernas separados e sem tocar o chão. Era como uma sala de tortura medieval, pensou Harry.
As roupas de Minerva estavam muito esfarrapadas e sujas, seu rosto estava mais magro e ela parecia inconsciente. Seus braços, pernas e seu rosto apresentavam sinais de cortes ainda recentes.
Harry e Gina reconheceram aqueles cortes. Eram parecidos com os que deixaram a mão de Harry cheia de cicatrizes. Mas o corpo da ex-diretora não tinha sido marcado com a frase “Não devo contar mentiras”. A inscrição tatuada a força em Minerva McGonagal era uma espécie de texto, escrito em rúnico antigo.
A vida da diretora corria perigo e eles não se preocuparam em tentar traduzir o que estava escrito. Desfizeram o encantamento das correntes e Gui pegou a professora no colo.
_ E agora? O que a gente faz com ela? – perguntou Tonks.
_ Ela precisa ficar viva, ainda não fez tudo o que tinha que fazer – respondeu Rony já do lado de fora da casa.
Gina, Harry e Hermione reconheceram aquele tom de voz do garoto.
_ E o que ela tem que fazer, Ron? – perguntou Mione.
_ É ela quem vai impedi-lo de provocar um estrago maior. Ela precisa viver.
Os três fizeram cara de que “é melhor obedecer” para Gui e Tonks. Eles se certificaram de que ela ainda ficaria umas boas 9 ou 10 horas petrificada e saíram da casa, trancando a porta por fora.
A noite estava ainda mais fria e eles decidiram que seria perigoso viajar com a professora naquele estado. Decidiram aparatar. Gui voltaria direto com a professora para o Largo Grimmauld n° 12, enquanto o resto pegaria as vassouras e depois aparataria também.
Quando entraram em casa, a diretora já estava sendo medicada pela Madame Pomfrey e por Neville. Todos queriam saber o que havia acontecido e, aos poucos, eles foram contando toda história.
Percy pareceu bem melhor depois que viu a diretora viva e a salvo no esconderijo da Ordem. A Srª Weasley ordenou que eles tomassem uma xícara de chocolate bem quente e fossem se deitar.
Quando chegaram ao quarto tudo estava diferente. A lareira estava acesa, as paredes com cores novas e as roupas de cama foram trocadas. Harry chamou Monstro e perguntou:
_ Você fez tudo isso?
_ Como o senhor Potter mandou, Monstro fez. Monstro cuidou da sala e depois daqui, e como podia usar magia, Monstro fez mais rápido, senhor mestiço Potter.
Os insultos do elfo agora não o incomodavam mais. Ele estava realizando um grande trabalho, só de se livrar de toda aquela tranqueira que deixava Sirius tão infeliz, Harry já ficava contente.
_ Então, Monstro, pode pegar os quadros para o seu quarto também.
O elfo guinchou de alegria e deu um sorriso horroroso para Harry.
_ Agora vá descansar! Amanhã continue o serviço nos outros quartos.
Rony saiu do banho mais cansado que nunca. Deu boa noite a harry e desmaiou na cama ao lado. Harry também tomou um banho quente, pos seu pijama e foi deitar. Antes de adormecer, pensou que agora sim, aquele lugar ficava com cara de uma casa, de um lar.
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